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segunda-feira, 3 de junho de 2024

Fichamento do livro - cap 7 - QUARTO DE DESPEJO - Diário de uma Favelada - CAROLINA MARIA DE JESUS (ANOS 50/60)

capítulo 7

 

         “Já percebi que minha filha é revoltada.   Ela tem pavor de morar na favela.”   

         Lavar a roupa na lagoa e a ameaça da “doença do caramujo”.   (esquistossomose, popularmente – barriga d´água).

“Dona Rosa sabe que aqui na favela não pode alugar barracão.   Mas ela aluga”.      ... maldosa....    catar lenha.

         “Parece que eu vim ao mundo predestinada a catar.   Só não cato a felicidade”.

         A cidade de São Paulo que é bonita mas  ...”está enferma.   Com as suas úlceras.  As favelas”.

         As pregações do Frei.   Pede que os favelados sejam humildes.          “Penso:   se o frei fosse casado, tivesse filhos e ganhasse salário mínimo, aí eu queria ver se ele era humilde.  Diz que Deus dá valor só aos que sofrem com resignação.   Se o frei tivesse filhos comendo gêneros deteriorados... havia de revoltar-se porque a revolta surge das agruras”.

         ...”aqui tem uma nortista (nordestina) que quando bebe, torra a  paciência”.     (torrar a paciência era termo que eu ouvia na infância...)

         Deixar os filhos em casa e ir catar papel.    Um dia acusaram o filho dela, o menino, de querer abusar de uma criança de dois anos.   Carolina chorou.  Foi conversar com o Juiz de Menores.

         ... Tem hora que me revolto comigo por ter iludido com os homens e arranjado estes filhos.

         ... cita mais adiante um episódio de meninos que fugiram do Juizado de menores.    Os fugitivos    ...”contaram-me os horrores do Juizado.  Que passaram fome, frio e que apanharam muitas vezes”.

         “Os juízes não tem capacidade para formar o caráter das crianças.  O que é que lhes falta?   Interesse pelos infelizes ou verba do Estado?

         Tem um barracão na favela e os crentes vem cantar e rezar três vezes por semana.

         “A favela é uma cidade esquisita e o prefeito daqui é o diabo.  E os pinguços que durante o dia estão ocultos e à noite aparecem para atentar”.

         ...”O meu filho com onze anos já quer mulher”.    Meu filho ouviu a Florência dizer que eu pareço louca.  Que escrevo e não ganho nada.

         ...”Estou mais disposta.  Ontem supliquei ao Padre Donizeti para eu sarar’.   ( esse padre pregava pelo rádio e benzia água para os ouvintes).

         ... uma pessoa que passava na favela vendendo miúdos de vaca.  (rim, coração, fígado, bucho...)

         A filha Vera está com cinco anos de idade.

         “Hoje não lavo roupas porque não tenho dinheiro para comprar sabão.  Vou ler e escrever”.

         Vender garrafa vazia para conseguir uns trocados.    “Aqui na favela do Canindé há 160 casos de doença do caramujo.

         A filha Vera de sapato consertado.   Sorrindo.   “Fiquei olhando a minha filha sorrir, porque eu já não sei mais sorrir”.

         Uma vizinha, mãe solteira, três filhos pequenos.   Um deles reclama da mãe e diz que queria ser filho da Carolina.  Ela diz que não.  Que se fosse filho dela, ele era preto.   – E você é branco.  A criança respondeu:  - Mas se eu fosse seu filho eu não passava fome.

         O filho José Carlos faz dez anos (6 de agosto), mesma data que eu, leitor, faço aniversário por coincidência.

         “... deixei o leito às quatro horas.  Eu não dormi bem porque deitei com fome.   E quem deita com fome não dorme.

 

         Continua no capítulo 8