Cap. 1 abril de 2025
Este livro é de 2007 e a autora que eu não conhecia é bem
conceituada e tem vários prêmios no setor.
Descobri a obra por ter sido lida por uma das filhas antes da
pandemia. O livro ficou por aqui e
resolvi ler apesar de ter sempre uma fila de livros para ler como costuma
ocorrer com muitos leitores.
O livro é uma ficção e tem como mote uma família paulistana
de classe média alta decadente nos anos 80.
Tem um protagonista na família e a autora conta um pouco da trajetória
deste narrada por várias pessoas. Pela
avó do protagonista, pelo amigo mais próximo dele na juventude.
Há também narrativa de outros membros da família e também
por amigos próximos destes, como amigo do avô do protagonista.
Neste caso, pelo que achei mais relevante em pensamentos
expressos e que mostram um pouco da visão de mundo expressa na arte mas que
conversam com nossas vivências e percalços também.
Um narrador explicando para o protagonista Benjamim.
“Tuas tias Flora e Leonor eram as meninas mais modernas que
eu conhecia. Acho que foi a primeira
casa onde namorados e namoradas passavam a noite juntos e a gente podia fumar o
que quisesse numa boa”.
Isabel falando de Xavier, avô do protagonista:
No passado Xavier partiu para longe e conheceu Elenir com
quem teve Benjamim que morreu poucos dias após o parto a fórceps (a “ferro”
como se diz no popular).
Se encontraram e começaram a se relacionar em São Paulo
depois que ela deixou os pais. Ela teria
uns quinze anos apenas e tiveram o caso e o filho.
Xavier fez Direito na renomada faculdade do Largo São
Francisco em São Paulo. Leu na
juventude muitos livros, filósofos.
...”descobria a minha infinita ignorância, no lugar das nossas certezas
de ignorância”.
... “A alienação veio depois, porque alienação
é quando o cara não consegue enxergar a realidade, começa a criar uma outra
realidade que só ele vê”.
Nas falas da Isabel
Isabel vinha de um colégio de freiras, onde só estudavam
meninas. Decidiu fazer Letras dos
Clássicos na USP. Mudança radical,
inclusive por estudarem alunos de ambos os sexos juntos. Para ela, um mundo novo.
Um da família um tempo ficou surtado e foi parar num
sanatório. Andou lendo bastante a Biblia
e no dia da visita da família começou criticar a religião com base numa
passagem do velho testamento. Sobre
Abraão e a decisão de Deus sobre o destino de Sodoma e Gomorra. A relação incestuosa deste com as
filhas. Segue nesse trecho um diálogo
complexo em família.
Agora é Raul, amigo de Teodoro, o Teo, pai do protagonista.
Raul contando das andanças dele e Teo na juventude. Passeio de barco pelo Rio São Francisco. Eles e três amigas. Bebedeiras, sexo e encrencas.
A avó de Teo, Isabel, professora. Fumou muito no passado e enfrenta um
câncer. Ela falando ao neto
Benjamim. “A velhice é uma merda. Não teria feito diferente, mas que é uma
merda, é.”
Isabel é a esposa de Xavier .
Na juventude, Teo deixou São Paulo – SP e foi morar na Serra
do Cipó em MG e lá nasceu Benjamim. Numa
fazenda, numa condição tosca de vida e moradia.
Teo não foi visitar o pai quando morreu. Lá na fazenda Teo era Tito e o filho
Benjamim era Beibi.
A família de Isabel era da burguesia paulista e estranhava
ver ou saber de filhos ou netos sendo empregados. Isabel e Xavier tiveram quatro filhos em
cinco anos.
Isabel recordando na fala com o neto Teo. ... “nos anos que fiquei em casa cuidando
dos filhos, foi uma coisa meio de bicho, ancestral. Parir, amamentar, lavar, afastar os perigos”.
Continua no capítulo 2
(de aproximadamente 4 capítulos)