Nestes tempos carrancudos, mesmo para quem já carrega
sete décadas de vivência, andei como eterno aprendiz escolhendo para ler uma
pequena série de livros que tentavam mostrar alguma luz no fim do túnel que não
fosse o trem. Que ajudassem a explicar
de onde a humanidade vem, onde estamos e para onde vamos.
Só do
Yuval Noam Harari, li e fiz fichamento de três obras e segue uma pequena lista,
sempre publicada no Face e no blog.
Para “espairecer”, resolvi colocar na pauta um livro de crônicas do
cronista que mais me atrai, que é o capixaba de Cachoeiro do Itapemirim, Rubem
Braga. Desta vez escolhi Recado de
Primavera.
A
crônica Recado de Primavera o autor diz que escreveu a pedido da Globo para
homenagear o poeta Vinícius de Morais na data do primeiro ano da morte dele.
Eu iria
fazer o fichamento deste livro de 175 páginas de crônicas seguindo uma rotina
do meu hobby de leitor. Sempre li, mas
de julho-1994 em diante, faço fichamento numa sequência de cadernos e este é o
de número 25. (Cada um de 192 páginas tamanho
14x20). Não iria publicar o
fichamento no blog mas há uma série de pérolas, na minha avaliação, que me fez
decidir por compartilhar com os amigos do Facebook e do blog.
Então
vamos ao eito: (edição do Círculo do
Livro - 1984)
Página 7
- “Era loura, chamava-se Norka”. Ele e seus 16 anos deslumbrado no Teatro
Fenix do Rio de Janeiro. (e ela tocava
violino) – Ano de 1960, a crônica, muito depois da cena em si.
11 –
“foi bom”. Os dois num apartamento
dele. Um caso. “É verdade que houve algum perigo – mas
quanto cigarro fumado no sossego, também”.
Maio-1962
12
- “Fumando espero aquela.... – cita
verso do poeta Augusto dos Anjos:
“Toma um
fósforo // Acenda um cigarro // O
beijo, amigo // é a véspera do
escarro”. (Na Paraiba do poeta ele
era o Doutor Tristeza)
Cita
ainda o amigo poeta argentino Villafañe:
“Mate y cigarrillo / /
cigarrillo y mate // y hablar de mujeres // se nos van las tardes”
14 – Cita
o centenário do poeta e humorista Bastos Tigre e suas propagandas de cigarro
- “do bom cigarro York, marca
Veado”. No tempo em que veado era só um
animal silvestre.
Olavo
Bilac teria ganho 100 mil reis com os versinhos:
“Aviso a
quem é fumante // Tanto o Principe de
Gales // Como o doutor Campos Sales // Usam fósforo Brilhante”.
14 – Na
Revista Sousa Cruz.... só poemas. Os
melhores poetas brasileiros (e os piores também) começaram publicando nessa
revista.
A
empresa Sousa Cruz era de um comendador português. Depois passou à British American
Tobacco. A revista fazia a cabeça dos
adolescentes poetas – “e naquele tempo todos os adolescentes éramos poetas”.
15 – O
sambista e compositor Noel Rosa – fumante.
Também o compositor Lamartine Babo.
Colocam o tema em composições.
“Nos dois casos fumar aparece como algo fatal - fumar é humilhante mas
ao mesmo tempo é viril”,
16 –
Lamartine Babo coloca num samba...
“Fuma Yolanda”...
Fumar
cigarros Abdullah.
16 –
Osvaldo Aranha (diplomata) fumava.
“Como era homem bonito, importante e tremendamente simpático, aquilo era
uma propaganda viva de cigarro”.
..................continua
no capítulo 02/10