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sábado, 23 de agosto de 2014

RESENHA DO LIVRO – DA MINHA TERRA À TERRA - Sebastião Salgado

crédito da foto:   https://www.google.com.br/search?q=foto+de+sebasti%C3%A3o+salgado+em+galapagos&espv

RESENHA DO LIVRO – DA MINHA TERRA À TERRA
Livro do fotógrafo Sebastião Salgado (O fotógrafo da Luz) e da jornalista Isabelle Franqc – Editora Schwarcz – São Paulo – 2014 – 152 páginas – 1ª.edição

Resenha feita pelo Eng. Agr. Orlando Lisboa de Almeida

     Página 10 – O fotógrafo em Galápagos tentando fotografar uma tartaruga que não colaborava.  A forma que usou para “conquistá-la”.    Paciência e talento.   Ele rastejou um tempo grande até conquistar a confiança da tartaruga e só então ela fez poses.
     Página 10 – “É preciso descobrir o prazer da paciência”
     10 -  Lembra que Charles Darwin no passado fez importantes estudos em Galápagos na sua viagem no Navio Beagle.
     11 -  O fotógrafo Sebastião Salgado ficou em Galapagos por três meses em seu trabalho de fotografar no importante arquipélago.
     12 -  Os exploradores das novas terras na época da colonização (séculos XV-XVI) caçavam tartarugas em massa e colocavam vivas nas caravelas como estoque de alimento fresco por longo tempo.   Tornou as tartarugas mais arredias, quem sabe.
     13 – Albatroz, ave de grande envergadura de asas.  Os albatrozes são ótimos no vôo e ruins de decolagem e pouso.   Constatação do fotógrafo.
     15 – Ele é mineiro do Vale do Rio Doce – cidade de Aimorés – MG
     16 – Distâncias e tamanhos.   O Brasil é 15 vezes maior que a França em território.  Quando ele era menino, chegou a participar de marchas de até 45 dias com os peões que levavam gado da fazenda do seu pai até a cidade onde era feita a venda e o abate.    Diz que isso o ajudou em seu exercício da paciência e da contemplação da natureza.
     Conta que seu pai e equipe chegavam a levar de 500 a 600 porcos tocados à pé em marchas de 45 a 50 dias até a cidade onde tinha o ponto de venda e de abate.     Eles tinham tempo de conversar, olhar as paisagens.    “Essa lentidão é a mesma da fotografia”.
     17 – Velocidade no mundo atual....  “A vida não segue a mesma escala”.
     20 – Foi estudar em Vitória-ES, morando em república de estudantes.   Viveu o período de industrialização e de proletarização.   Se aproximou da Ação Popular que seguia idéias cubanas.   Fez Mestrado em Economia na USP, depois de cursar a faculdade de Economia em Vitória-ES.    Tempo da luta armada (anos 60).   Pós 64, os engajados mais jovens foram encaminhados para o exterior.  Ele e a namorada foram a Paris como exilados.  
     23 – No tempo de colégio, estudou francês como uma das matérias no colégio público.   Na época, cidades no Brasil com mais de cem mil habitantes tinham escola da Aliança Francesa, geralmente comandada por um francês.    A França para os jovens da sua época era a pátria da democracia e dos direitos humanos.
     26 – Ele foi espionado pelo SNI Serviço Nacional de Informação (órgão da Ditadura Militar) até na França.   Ele posteriormente viu os documentos relativos a isso.
     27 – “Que o Lula, que participou da oposição (à Ditadura) e nunca saiu do Brasil pois era proletário, tornou-se o maior presidente que o Brasil já teve.”
     29 – Como a fotografia entrou na vida dele.   Sua esposa estudava Arquitetura e precisava fotografar com qualidade vários prédios em Paris como parte da atividade acadêmica.    Compraram equipamento adequado na Suíça e leram os manuais com atenção e partiram para as fotos.   Pegou gosto e técnica.
      (Chamado de fotógrafo da Luz porque sua marca registrada é foto em P&Branco)
     30 – Por ter Mestrado em Economia, conseguiu em Londres um destacado emprego junto à OIC Organização Internacional do Café.   Viajou por vários lugares fotografando pela entidade, inclusive na África.
     39 – O casal jovem foi uma ocasião a Praga encontrar um parente que militava no PC Partido Comunista e estava refugiado da URSS em Praga.  O parente disse ao jovem casal para esquecer o PC e fez sua justificativa para tal sugestão.
     42 – Falou que em função da sua visão de mundo acabou focando a chamada “foto social”, envolvendo os problemas sociais ao redor do mundo que ele viu e sentiu.
     44-  A partir de Agência de publicidade em Paris, chegou a fazer foto reportagem para variadas e conceituadas revistas como:  Paris Match, Times, Stern, NewsWeek, et.
     52 -  Na América Latina, enfrentou montanhas, frio.  Ficou longo tempo longe do filho pequeno e da esposa por conta do trabalho.  Chorou às vezes.
     86 -  Com seu trabalho fotográfico...  “quis dar voz aos Sem Terras brasileiros”. 
     57 – Fala um pouco do MST, do Paraná.
     58 – Um dos seus trabalhos resultou no livro chamado “Terra” versa sobre as ações do MST em fotos dele e poemas de Chico Buarque.   (1996)
     58 – “A fotografia é uma escrita tão forte porque pode ser lida em todo o mundo sem tradução”.
     59 -  O segundo filho dele – Rodrigo – nasceu com síndrome de Down.
     66 -  Barricada de saco de areia  (saco de juta) na guerra.   A bala penetra, é retida na areia e o furo de entrada da bala se “fecha” após o ocorrido.
     71 – Serra Pelada (garimpo de ouro no Norte do BR).  Foi descoberto o ouro por lá em 1980.   Serra Pelada e o garimpo eram administrados pela Polícia Federal e o SNI Serviço Nacional de Informações.   Em 1986 a administração passou para a cooperativa dos garimpeiros.
     72 – Em Serra Pelada, 50.000 homens com picaretas, sacos, cavando e transportando solo barranco acima para a “lavagem” e ver se tinha ouro.   Um buraco enorme de 70 metros de profundidade.
     77 – Falando de migrações pelo mundo.    Década de 90, de 150 a 200 milhões de pessoas pelo mundo andou migrando por ano do campo para as cidades.  Um impacto enorme e sem precedentes.
     78 – Mecanização – migração, favelas, drogas, violência...  isto pelo mundo afora.
     78 – “Às vésperas do século XXI, tentei mostrar a necessidade de reformularmos a família humana sobre as bases da solidariedade e da partilha”
     79 – Mais recentemente ele retornou a vários lugares do mundo onde passou e viu as migrações e viu que o êxodo piorou tudo por lá.   Citou os casos de Xangai, Jacarta, Bombaim.       “Vi ilhas de riqueza num oceano de pobreza”.
     89 – Guerra na Ruanda.   2 milhões de refugiados.    Viu nos campos de refugiados mortes em massa, montes de mais de 100 m de comprimento.   Gente morta sendo recolhida com trator tipo pá carregadeira e despejados em valas comuns.   Também viu nos rios, cadáveres descendo rio abaixo.    Ficou quase doente (muito depressivo) de ver tudo isso por tanto tempo.   Seu médico recomendou que ele voltasse para a França.
     95 – Suas fotos resultaram no livro “Êxodos”.    Narra essas migrações pelo mundo.
     96 -  De volta à sua terra natal em MG, refloresta a antiga fazenda da família.   Antes eram 30 famílias de empregados.  Quando voltou recente, era só o capataz e as terras todas desmatadas e devastadas.    A tarefa de reerguer e reflorestar.
     Criou o Instituto Terra e vem somando o esforço próprio e de entidades inclusive do exterior para reflorestar a fazenda para preservação da natureza.   Já plantou mais de 2 milhões de árvores no local, sendo de mais de 200 espécies diferentes, sempre da sua região, para ficarem compatíveis com o bioma local.
     101 – Agora o Projeto Genesis, no qual pretende voltar a viajar o mundo e fotografar os locais onde há preservação na Natureza.
     101 – Nas andanças descobriu como viajar apenas com o essencial.    Agora, ver tantas belezas pelo mundo.  Muita alegria nisso.   Em abril de 2013 foram publicados 2 livros da série Genesis com fotos do projeto.
     103 – Os giros pelo mundo e as aulas de humanidade pelas quais vivenciou.    “Descobrindo o planeta, descobri a mim mesmo.”
     106 – O Quarup – ritual funerário indígena.  O tronco que o índio carrega sobre o ombro no ritual do Quarup representa o morto sendo reverenciado.
     117 -  Ele transportava numa missão até 600 rolos de filme fotográfico e estes sofriam com os raios-X dos aeroportos.    E o rigor nos aeroportos só piorou após o atentado de 11 de setembro às torres Gêmeas.    Maleta de filmes – peso de 28 kg.
     Quando migrou para as fotos digitais os cartões de memória pesavam ao todo 700 gramas.   Não mais problemas com os raios-X dos aeroportos.
     129 -  Curiosamente para quem fotografa em preto e branco, em cenário de neve é complicado para ter profundidade nas fotos.
     132 -  Fala da tribo dos Nenets na região Polar Ártica.   Frio de -30 a -40 graus na região dessa tribo.   Esse povo não precisa de muito para viver e tem que tudo que possuem caber num trenó e na tenda do acampamento.   Eles tem que migrar com suas tendas em busca de pastagem, caça, etc.    “Esses homens do frio vivem com pouco; mesmo assim, sua vida é tão intensa, tão plena e tão forte em emoções quanto a nossa.  Talvez até mais, pois tanto multiplicamos os bens materiais para tentar nos proteger que acabamos nos esquecendo de viver.  Não olhamos mais para a Natureza e para os outros, nos separamos da nossa comunidade.”
     134 – Sobre os povos primitivos pelo mundo afora.   “Eles me ensinaram mais do que eu a eles”.
     137 – Ele visitou mais de 120 países pelo mundo.
     139 -  Um cineasta alemão fez um documentário sobre Sebastião Salgado.  O cineasta é Wim Wenders    (quem sabe tem no Youtube, digo eu)
     146 – “O mundo moderno urbanizado, cheio de regras e leis, nos esgota.  Somente na natureza encontramos um pouco de liberdade”.
     147 a 157 -  Estão descritas as premiações que recebeu pelo mundo.   A primeira citada é de 1982, fora do Brasil.   Curiosamente (quem sabe até pelo posicionamento político dele) no Brasil a primeira premiação dele só veio em 1997, ou seja, somente 15 anos após seu pleno reconhecimento internacional.   E olha que entre 1982 e 2010 ele teve uma ou mais premiação por ano.   

     Leitor assíduo, eu já vinha acompanhando a vida e a arte do Sebastião Salgado e apreciando seu trabalho e postura diante da vida.  
                     orlando_lisboa@terra.com.br        blog  resenhaorlando.blogspot.com.br