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terça-feira, 8 de dezembro de 2020

CAP. 16/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

CAP. 16/20                dezembro de 2020

         “O povo brasileiro é tão heterogêneo, culturalmente falando, que não se curva à identificação”.    A autora cita hoje para o Brasil   .... uma  democracia em estado embrionário.      Inclusive a língua portuguesa imposta pela Ditadura de Getúlio Vargas.  

         “A língua da colonização que somos convidados a amar não contempla a língua dos imigrantes, ou dos povos nativos, ou dos povos africanos que aqui chegaram na condição de escravizados”

         149 – Item 56 – Brasil Recalcado

         O Brasil lá fora tem a imagem ligada ao carnaval, samba e mulheres na praia...  Há também o olhar que engloba a Amazonia, o Rio, o samba e futebol.

         A autora fala um pouco dos problemas sociais do Brasil.  Descaso com o meio ambiente, injustiça social, violência etc.

         “Um país que oculta a ignorância geral fomentada a cada dia pela ausência de um projeto de educação real para o povo”.

         150 – Item 57 – Terra de Ninguém Simbólica

         “Qualquer um fala o que quer do Brasil”.   “Ora, um Brasil estereotipado é bem mais fácil de vender do que um Brasil complexo”.

         A autora cita o inadequado mito do “brasileiro cordial” de Sergio Buarque de Holanda em seu livro Raizes do Brasil datado de 1936.   Ninguém se contrapunha à interpretação dele, até que recentemente o pesquisador Dr Jessé Souza em seu livro A Ralé Brasileira – Quem é e Como Vive, desvenda o lado furado desse mito do brasileiro cordial formulado por Sergio Buarque.

         Dr. Jessé Souza também se contrapõe aos preceitos dos estudiosos Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro, Roberto da Matta dentre outros.   Destaca os pontos positivos em cada um e os pontos com os quais discorda, sempre com argumentos da ciência.

         Como leitor, informo que conheci o Professor Dr. Jessé Souza em palestra que o mesmo proferiu em Curitiba não faz tempo.   Ele tem estudos no Brasil, Alemanha e USA e mais de uma dezena de livros publicados.    Dele li dois livros, fiz fichamento e publiquei no Face e no blog.   São eles A Elite do Atraso e A Radiografia do Golpe.   Considero ambos fundamentais para ajudar na compreensão do Brasil atual.

         152 – Item 58 – O Brasil para os Brasileiros

         No texto a autora cita livro de Cristovão Colombo – Diários da Descoberta das Américas, editado pela LP&M do RS.

         A novidade de alguns aderirem ao ir pra rua em manifestações.

         “No Brasil atual não devemos acobertar o fato de um crescimento de tendências fascistas, de ódio ao outro, a negros, índios, homossexuais.   Esse ódio não é novidade, mas que ele esteja em alta é algo que só se poderá enfrentar com a lucidez que se preocupa em desmanchar os mitos”

         153 – Item 59 – O Brasil contemporâneo.

         ... “senso comum tornou-se uma espécie de campo de concentração de onde não se pode fugir...

         Educação precária, meios de comunicação manipuladores...

         Desespero, esgotamento, insensibilidade, crueldade... são estados afetivos que surgem no cenário de um país...  é ser convidado diariamente a abandonar as próprias potencialidades em nome da repetição do mesmo.

         ... nesse contexto, pensar é raro.

         Por que assim foi aprendido e assim nos tornamos vítimas de ideias prontas.

         156 - ... nos faria bem entender de política, de ética, de educação, de sociedade.

         Buscar entender a postura de quem se afasta da ideia pronta, de quem quer descobrir, de quem se dispõe à novidade, à diferença, à alteridade...

         O importante termo Alteridade no dicionário Oxford:

1 - natureza ou condição do que é outro, do que é distinto.

2   FILOSOFIA

situação, estado ou qualidade que se constitui através de relações de contraste, distinção, diferença [Relegada ao plano de realidade não essencial pela metafísica antiga, a alteridade adquire centralidade e relevância ontológica na filosofia moderna ( hegelianismo ) e esp. na contemporânea ( pós-estruturalismo ).

         Voltando à autora:  Evitar pre conceber e abster-se de falar sobre o que não se conhece...

         Descrever o Brasil.    Os grandes nomes da ciência humana do passado já não dão mais respostas satisfatórias sobre nosso Brasil.    “Há um Brasil que só cabe nas bibliotecas”.   Assim como há um Brasil que passa na TV.   Um Brasil da classe média etc.      ... um Brasil que nunca iremos conhecer – há um Brasil de quem não se contou sua história porque foi vencido e não vencedor.

 

         Continua no capítulo 17/20 

CAP. 15/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora: Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

CAP. 15/20            dezembro de 2020

         Página 143 – Item 53 -  Falação Mecânica

         “O não dito está em todo lugar e usamos a falação para acobertá-lo”.

         Para atrapalhar o diálogo, ruídos entre uma “ilha” e outra.   Escombros como: rádios, TV, telefones, carros, filmes, propaganda.  Objetos que são coisas barulhentas.

         ... em tempos de falação sem sentido.      ....”não é possível escutar o que o outro tem a dizer, porque estamos despreparados para o sentido alheio.

         (Na Ilha) gritamos desesperados para alguém do outro lado, alguém que não pode nos escutar e quando dizemos algo que poderia permitir uma real comunicação – aquela que nos libertasse da ilha – não encontramos ouvintes”.

         Nos ruídos do cotidiano, “falamos, mas não vamos fundo em nenhuma de nossas conversas”.    Há barulhos demais, coisas e falas jogadas entre nós, e o diálogo se torna impossível.

         Falamos para nossos pares (na bolha).   Conversamos o mais ou menos com quem pensa como nós.    ... quando confirmamos o que já sabíamos.

         “Saimos felizes de uma conversa, em que somos contemplados narcisisticamente porque o outro, com seu espelho opaco, nunca nos apareceu”.

         “Conversa com quem não pensa como eu, eis o desafio do diálogo”. A metáfora:  Sair da minha ilha ou deixar que o outro venha me visitar.  Ser generoso e hospitaleiro com essa visita.  Contudo não será fácil...    Conversar com quem está com medo de conversar.   Com quem está na defensiva.    

         Osso duro:  ...”com quem tem teorias prontas demais e uma visão de mundo fechada demais.  (exemplo – aquele que diz:  não assisto tal canal de TV, não leio tal autor, não leio tal jornal)

         “A impotência para entender significa falta de abertura para o outro”.

         ... “impotência para o diálogo se transmuta facilmente em negação do outro, ódio ao outro, discursos e práticas de humilhação, violência simbólica e física e, no extremo, vai ao extermínio do outro”.   (deleta-lo)

         “Teríamos que, contra isso, encontrar o mistério do outro”.

         Página 146 – Item 54 – Mitos e Ressentimento brasileiro

         “O poder do mito é a explicação relativa ao desconhecido”.

         Mitos ancestrais; mitos fabricados.     ... fabricados.... “de modo a sustentar interesses ideológicos.  Neste caso o mito mostra alguma coisa para esconder outra.   Construir mitos inclusive para designar um país.  Exemplo – brasileiro cordial.

         (vale relembrar que o livro é de 2015, portanto, anterior ao governo federal atual).

         ... interesse em transformar o desconhecido em algo conhecido por identificação.      ... “controlar sua estranheza”.

         “O povo brasileiro é tão heterogêneo, culturalmente falando, que não se curva à identificação”.    A autora cita hoje para o Brasil   .... uma  democracia em estado embrionário.      Inclusive a língua portuguesa imposta pela Ditadura de Getúlio Vargas.  

         Próximo capítulo 16/20 

CAP. 14/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora: Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

CAP. 14/20     - dezembro de 2020

         Página 132 – “O grande desafio... parece ser o que envolve os que pensam e os que não pensam”.  Sem pensamento não há diálogo possível, nem emancipação em nível algum”.

         133 – Item 49 – O Consumismo da Linguagem

         “Um dos traços da cultura de hoje é a  proliferação dos textos, das ideias e das opiniões”.  Falamos muito, dizemos demais...replicando tudo que nos aparece pela frente.

         “Falamos muito e pensamos pouco no que dizemos.   Seguimos deixando de lado a possibilidade de compreender.   O que já está explicado nos serve bem.

         ... dizer qualquer coisa.   “Há um prazer em falar que não se compara ao prazer de calar, ele mesmo atualmente bem enfraquecido”.

         “O barulho serve para muita coisa, sobretudo `geração do vazio”.

         Vazio coletivizado...   “Quem é alvo de uma fala odiosa, por exemplo, percebe o sem sentido daquilo que é dito”.

         136 – Item 50 – Deriva    (como um barco à deriva)

         Se sentir à deriva como um barco sem rumo.   “Celulares e computadores se tornaram remos que nos direcionam a lugar nenhum”.

         É que na verdade, talvez em nossa época não haja busca realmente.

         139 – Item 51 – O Ato Digital

         A segurança de não querer por os pés fora da nossa ilha.   “Aventura não é o nosso negócio no tempo da segurança a qualquer custo”.

         A aventura digital se torna a única possível.  Por exemplo, nas redes sociais nos sentimos seguros ou assistindo TV.    “A segurança é uma ilusão, mas a ilusão de segurança é o que nos convém”.

         “Resolvendo tudo na clicada do computador, do celular.    “Estamos cada vez mais sozinhos, porque, ao falar demais, sem ter nada a dizer, estamos sempre falando sozinhos”.

         Do lado de lá há alguém, também perdido na sua própria ilha.    “Fico parado diante do computador agindo digitalmente.  A inação me convém.  Sinto-me uma pessoa do meu tempo agindo assim com a ponta dos dedos.   Sem sair do mesmo lugar, ajo sem agir.  A inércia é a função protetora da vida.   Conservadorismo por inação”.

         141 – Item 52 – O Outro Lado

         “O outro, esse alguém com jeito de ninguém, entra em nossa ilha quando o ouvimos e nos desestabiliza”.   O outro sempre exige demais:  ele ameaça nossas certezas, e também nossas dúvidas... o outro nos põe em xeque cognitivo e afetivo, ou seja, nos ameaça relativamente ao que sabemos e ao que sentimos.”

         Ouvi-lo pode ser insuportável.   Não apenas, porque ele é diferente.  É provável que, assim como nós mesmos, ele esteja ilhado e não pare de dizer o mais do mesmo.

         “Esse outro pode ser um espelho opaco de nós mesmos, tão indesejado quanto nós para nós mesmos” .

         “Nos proteger em um cancelamento da vida que é o individualismo”.

         “O desejo de escutar o outro estaria em nós, mas ele também desaparece de nossas vidas com tanta facilidade que sobra um rastro de mistério explicável apenas pelo medo do outro, esse alguém que só conseguimos ver como se fosse ninguém”.

 

......................... continua no capítulo 15/20 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

CAP. 13/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora: Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

CAP 13/20             dezembro de 2020

         Página 123 – Item 46 – Coronelismo Intelectual

         Podemos chamar de coronelismo intelectual a prática autoritária no campo do conhecimento.   “Coronelismo intelectual é a postura da repetição à exaustão de ideias alheias.  A reflexão só atrapalharia, por isso é evitada”.

         “O coronelismo intelectual infelizmente segue forte na filosofia e nas ciências humanas, na verdade dos especialistas, tanto quanto dos ignorantes que se separam apenas por titulação ou falta dela.   Professores e estudantes, sábios e leigos, todos se servem metodologicamente dos frutos dessa árvore apodrecida”.

         125 – Intelectual Serviçal

         Os lacaios dos poderosos.   “Os seguidores dos líderes de rabinho entre as pernas latem para mostrar que aprenderam bem o patrão”.     ... medo de pensar.    “É o fato de que já não se pensa mais”.

         “A ausência de debate não é o medo de expor ideias, mas a falta delas”

         ... “o campo das ideias onde surge a vida já foi minado”.

         Os do poder...   “odeiam o cultivo de ideias diferentes ou de ideias alheias.”

         “O autoritarismo intelectual não é feito apenas de ódio ao outro, mas da inveja de que haja exuberância criativa em outro território, em outra experiência de linguagem”.    Conservadorismo é seu nome do meio.

         127 – Item  48 – A Arte de Escrever para Idiotas

         A autora oferece o item “para aqueles que não lerão este artigo (e para os que amam a ironia).”

         “Atualmente, idiotas de direita tem mais espaço do que idiotas de esquerda na grande mídia”.

         ... idiota...    Velho uso psiquiátrico.    “Etimologicamente, ´idiota´ tem relação com aquele que vive fechado em si mesmo.   Sub categorias:

         Idiota raiz – paranoico.

         Neoidiota, com destaque para o idiota mercenário que lucra com a arte de escrever para idiotas.

         Sub grupos de idiota raiz:

         1 – Ignorante orgulhoso; 2 idiota burro mesmo; 3 do conhecimento paranoico e 4 – curioso.

         Já na neoidiotia: 1 idiota mercenário; 2 – idiota cool.

         “O burro mesmo, faz uma manifestação “democrática” para defender a volta da ditadura”.

         Paranóico -  “O paranoico tem certezas, a falta de dúvidas é o que o torna idiota”.   Se duvidasse ele poderia virar filósofo.

         O conhecimento paranoico cria monstros que ele mesmo acredita combater a partir das suas certezas.  O comunismo, o feminismo, a política de cotas ... ocupam o lugar de monstro para alguns paranoicos midiaticamente importantes.

         O idiota mercenário – “Ele escreve aquilo que faz o ´burro mesmo` pensar que é inteligente.

         Idiota cool – lê o que escreve o idiota mercenário.   “Repete suas ideias na esperança de ser aceito socialmente”.    De ter um destaque como sujeito de ideias.

         ARTIFÍCIOS DOS QUE ESCREVEM PARA IDIOTAS:

         1 – Tratar como idiota todo mundo que não concorda com as idiotices defendidas.

         2 – Não  deixar jamais que seu leitor se sinta um idiota;

         3 – Abordar de forma sensacionalista qualquer tema;

         4 – Transformar temas desimportantes em instrumentos de ataque e desqualificação da diferença;

         5 – Distorcer fatos históricos adequando-os às hipóteses do escritor;

         6 – atacar alguém.  É um dos aspectos mais importantes da arte de escrever para idiotas;

         7 – Reduzir tudo a uma visão maniqueísta.  

         8 – Desconsiderar distinções conceituais;

         9 – Investir em clichês e ideias fixas.   Clichês são pensamentos prontos e de fácil acesso.  (Goebbels, chefe da propaganda nazista usava muito isto – com o argumento – repetir uma mentira mil vezes até que o povo acredite que é verdade)

         10 – Escrever mal. Limitações gramaticais etc.

................................... continua no capítulo 14/20 

domingo, 6 de dezembro de 2020

CAP. 12/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora: Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

 CAP. 12/20                dezembro de 2020 

         Problema é que aqueles que falam contra a legalização não ouvem o que dizem aqueles que a defendem.   Não ouvem as próprias mulheres enquanto legislam sobre elas.

         “Os desentendidos do assunto falam demais.    E porque falam pensando que dizem verdades, não se calarão”.

         Consideram a si mesmos. como qualquer personalidade autoritária, donos do outro a quem tomam por “ninguém”.

         Ela fala de deputados com essa postura:    “São atualmente os donos do Brasil e agem como donos dos corpos e mentes das brasileiras que, de algum modo, eles levam à morte, no contexto do aborto ilegal”.

         A ilegalidade mata.

         Página 115 – Item 42 – As pessoas não sabem o que dizem quando falam de legalização do aborto.

         Oprimir as mulheres não é novidade nenhuma.  O ódio no discurso contra a legalização do aborto defende ocultamente a morte das mulheres pobres ou desamparadas legalmente no seu ato comum de abortar”.

         Item 43 – O aborto e a bondade das pessoas de bem.      

         “Ora, a sociedade da culpabilização  é a sociedade que mata as mulheres pela culpa e pela ausência de direitos”.

         Item 44 – A Postura a favor da ilegalidade

         Se referindo às mulheres de posses:   “As demais fazem o aborto que querem em clínicas bem pagas”.

         Item 45 – “Olho Gordo” Uma pequena nota sobre a inveja, o medo e ódio na televisão.

         “No Brasil a televisão substitui os livros”.    A TV é uma experiência intelectual, uma experiência de conhecimento, só que empobrecida”.

         O telespectador:    “Ele olha para o invejado e se sente menor... Ele gostaria de ser o outro, mas não é”.   A vida do invejoso é muito triste porque ele não pode fazer nada.

         O telespectador é aquela pessoa que é orientada à inveja, não ao desejo.    Qual a diferença entre uma e outra?      O invejoso não quer ser uma pessoa singular.    É que a inveja faz você imitar o outro enquanto o desejo permite a você se inventar.

         A imitação faz comprar.   Comprar, aliás, já é um ato de imitação.   Outro comprou, eu também compro.  Outro usa e eu também uso.    A televisão tenta administrar afetos das pessoas.  A inveja é um afeto bem primitivo.

         “Um malefício político, porque de tanto ver televisão são convencidas a ficar em casa trancadas e bem distantes das questões políticas, que decidem sobre suas vidas”.

         As pessoas que ficam sentadas na frente da TV não sabem o que está lhes acontecendo.   Não sabem que perderam a capacidade de entender.  Não sabem que simplesmente repetirão o que a TV lhes deu.   Mas também erram porque pensam que a TV lhes dá alguma coisa de graça...

         A tela da TV é uma vitrine.

         No Brasil atual, o poder tem usado o ódio.  E a TV, que é um braço do Estado e do capital, começa a vender o ódio.

         OBS de leitor:    Sobre essa de se desligar um pouco da TV.   Me recordei de um depoimento da Dra. Zilda Arns, proferida em Maringá pouco tempo antes da morte trágica dela no terremoto no Haiti.   Ela que foi fundadora da Pastoral da Criança.    Ela foi falar sobre a Pastoral do Idoso que foi um desdobramento natural da pastoral da Criança.    As mulheres voluntárias da Pastoral notavam que era comum nas casas assistidas, haver três gerações.   Avós, pais e crianças.   E as voluntárias notavam que na pobreza, as pessoas acabavam dando mais atenção para a criança e os idosos ficavam em segundo plano, às vezes mais carentes.   E surgiu a ideia de se criar a Pastoral do Idoso.   Só que as voluntárias tinham em geral um perfil mais voltado para atuar com crianças e descobriram que teriam que prospectar voluntárias específicas com vocação para dar atenção aos idosos.    Assim nasceu a Pastoral dos Idosos.     E desta, ela relata algo curioso que vem se ajustar ao discutido sobre TV.    Numa pequena cidade do interior, os que trabalhavam com idosos faziam reuniões periódicas com estes e promoviam dinâmicas de bate papo, de integração com jogo de dama, bingo e similares, tirando o pessoal da TV e levando eles a interagirem na comunidade.    Eis que um dia, tiveram a ideia de ir até a Câmara de vereadores assistir umas sessões.   Lá viram aqueles da geração dos seus filhos, mais estudados que eles, fazendo e falando coisas que não tinham a ver com o bem comum.   Aí só a presença deles na Câmara já mudou muita coisa.    E isto ficou como um caso para reflexão.  Há caminhos e caminhos a trilhar quando se tem preparo, vontade e criatividade.

         Continua no capítulo 13/20

sábado, 5 de dezembro de 2020

CAP. 11/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora: Doutora em Filosofia - MÁRCIA TIBURI

 CAP. 11/20             dezembro de 2020        

         98 – Item 32 – O Amor é Histórico

         Há muito quem verbalize o amor de forma falsa, inclusive.   Já o ódio infelizmente é sempre verdadeiro.

         Riscos -   “seja por intensifica-lo na paixão amorosa possessiva e cruel que leva a crimes...”

         99- Item 33 – Eu te amo.    Outra expressão de enorme importância nas relações: o respeito.

         101 -  Item 34 – A cultura do Assédio.  Assédio Moral; Assédio Sexual.    O assédio é uma prática antiética de opressão baseado na pressão direta a um indivíduo.     O assediador é aquele que pressiona o assediado a fazer sua vontade.    “Ele trata o assediado como um objeto que deve lhe servir”.

         ... em sociedade que não valorize o outro como sujeito de direito.

         Cobranças de todo tipo sobre as pessoas.   Estado cobra impostos, família cobra papéis de gênero e responsabilidade... escola cobra sucesso e obediência, o mundo do trabalho cobra produção, a Economia cobra consumo.

         ... há sempre um padrão a seguir na sociedade.  Surge a figura do inadequado.   “O inadequado faz qualquer coisa para eliminar a culpa”.

         A sociedade do assédio é a sociedade da culpabilização.   A máquina de propaganda batendo na tecla...   para que desejem, queiram e comprem.

         Publicidade...   “assédio, um tipo de violência que esconde a violência.

         “A criança confia no adulto, assim como o cidadão rebaixado a consumidor confia na publicidade”.

         104 – A Condenação prévia e responsabilidade.

         Fazendo um paralelo entre estupro e a ditadura, a autora coloca:

         “Ditadura é quando o poder mata sem precisar responsabilizar-se pelo que faz”.

         Item 37 – Toda mulher é “estuprável” ou o sexo é apenas lógico.

         “Pela lógica do estupro, a mulher é sempre `caça´, ´presa´.     Pela lógica do estupro, pensa-se mais no ´erro´ da vítima do que no criminoso”.

         Consta que Brasil e Índia são destaques negativos no mundo pelo tanto de estupros.

         Preocupante pesquisa do IPEA Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas entrevistando homens e mulheres e 65% dos entrevistados concordaram com a frase:   “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser estupradas”.

         Em outro item, a ambiguidade do povo brasileiro na pesquisa.    O item “marido que bate em mulher deve ir para a cadeia”.   90% das pessoas, homens e mulheres, concordaram com esta frase proposta.

         110 – Item 38 – O que é “ser mulher” enquanto “ser estuprável” ?

         112 -  Item 41 – Ignorante com poder – Um problema no âmbito da legalização do aborto.

         Ela registra a fala de um deputado federal em resposta a uma pergunta sobre a legalização do aborto.     Ele respondeu que “só se fosse passando sobre o cadáver dele”.        

         “Quem defende a legalização do aborto sempre toma o cuidado de deixar claro que ninguém é a favor do aborto puro e simples”    Que a questão do aborto é a do direito das mulheres à saúde e ao seu próprio corpo, bem como à sua escolha de vida.

         Problema é que aqueles que falam contra a legalização não ouvem o que dizem aqueles que a defendem.   Não ouvem as próprias mulheres enquanto legislam sobre elas.

         “Os desentendidos do assunto falam demais.    E porque falam pensando que dizem verdades, não se calarão”.

 

         Continua no capítulo 12/20     

CAP. 10/20 - fichamento - livro - COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA - Autora: Doutora em Filosofia MÁRCIA TIBURI

 CAP. 10/20        - dezembro de 2020

         27 – Histeria de Massas.    A TV com seus publicitários tem prática em “vender” a felicidade e também o ódio.   Um para vender produtos dos anunciantes e o ódio para arrastar as massas para as ruas inclusive.

         87 -    Conseguem a adesão do povo numa verdadeira histeria coletiva.

         87 – Item 28 – Depressão:   uma questão Cultural

         Depressão – mal psicofísico da nossa época.   Antes o pessoal encarava como um estado melancólico.  Tipo:  “estou meio down”, meio pra baixo.   Diante de um fato triste, o razoável, de qualquer ponto de vista, é sofrer.

         “O deprimido em geral acredita que seu sofrimento é único.     ....sofrer faz parte da condição humana.

         90 – Item 29 – Luto proibido.

         Freud.     ...”o luto seria uma perda de objeto que implicaria um trabalho psíquico para acostumar-se à vida depois dessa perda”.  

         “O luto seria normal quando superado, anormal, quando insuportável”.    “O luto, o trabalho de superação”.     ... essa época em que a indústria cultural da libido e da felicidade está em alta pressionando cada um à crença de que nada se perde e que tudo pode ser conquistado, que qualquer sofrimento pode ser superado, o luto não é bem-vindo assim”.

         O luto interrompe a produção e o consumo.    “Convocamos uma bizarra idéia de progresso, somos proibidos de fracassar.    O que o deprimido vive é, na verdade, uma espécie de proibição do luto, uma impotência para o luto”   ... viver    ....”no contexto de uma ideologia de produção e de consumo vindos como únicas dimensões da vida”.

         “Assim é que o deprimido é o estigma daquele que não consegue voltar à norma do sucesso, da felicidade de plástico no âmbito da ação esvaziada produtivo-consumista.    Nesse contexto, seria de se perguntar se o deprimido e sua depressão não teriam algo a ensinar sobre o estado geral da sociedade”.

         92 – Item 30 – O peso Mais Pesado.   Ódio e meios de Produção do Sentimento.

         Pessoas que carregam algum peso e não conseguem se livrar dele.

         Cada um tende a jogá-lo em algum lugar.   Podemos dizer que, no esforço de nos livrarmos dele, tendemos a joga-lo na direção do outro.

         “Esquecer, diante do ressentimento, seria uma espécie de virtude própria de quem vive o amor ao destino”.   “Amor de algum modo, ao que se é, ao que se tem, ao que nos acontece”.

         “A leveza, contrária ao peso seria, neste caso, uma força.   Seria como deixar ir, como deixar passar”.

         “Amar o destino seria, antes de mais nada, um ato de desapego.   Seria o ato de aceitação do peso das coisas, não de sua negação abstrata”.

         “O amor ao destino implicaria abandonar o peso morto do ressentimento no meio do caminho”.    “Deixar o peso do passado ao passado...

         95 – “O ódio é fechado e triste, o mais pesado de todos os pesos”.

         “A democracia é a luta amorosa contra esse fogo fraco  e impotente que ameaça incendiar o mundo”.

         96 – Item 31 – Mais Amor, Por Favor.

         “É o sentimento de inadequação diante da expressão do amor que está muito mais presente em nossas vidas atualmente”.    Quantas vezes não recuamos do desejo de manifestar amor por não saber como sua expressão pode ser recebida?

         ... “a delicada planta do amor não anda tendo espaço para crescer nesse mundo em que a cultura do ódio avança tão rapidamente.”

         “Quem diz amor se sente fora dos jogos da linguagem do nosso tempo.”

         ... e existe também o falar de amor só de fachada, da boca para fora...

         98 – Item 32 – O Amor é Histórico

         Há muito quem verbalize o amor de forma falsa, inclusive.   Já o ódio infelizmente é sempre verdadeiro.

        

         Continua no capítulo 11/20