Capítulo 2 março de 2025
Página 21 – Capítulo – Primeira Parte – Os
cafeicultores avançam rumo ao Norte Pioneiro do Paraná
Um dos pioneiros dos desbravadores das matas da região foi o
cafeicultor paulista Major Barbosa Ferraz.
Era cafeicultor em Ribeirão Preto-SP.
O Norte Pioneiro do PR conta com solos férteis, relevo
ondulado, altitudes entre 400 e 700 m acima do nível do mar. A cidade de Jacarezinho-PR foi fundada em
1.900, sendo das mais antigas do Norte Pioneiro.
Curiosamente essa nova fronteira para o café em parte
decorre do Convênio de Taubaté SP de 25-02-1906, celebrado pelos governos de
SP, RJ e Minas Gerais para frearem a expansão da cafeicultura nos seus estados
visando sustentar os preços para o café.
O norte pioneiro do PR era praticamente inexplorado e havia
muitas terras devolutas, que pertenciam à União Federal. Na Constituição de 1891 as terras devolutas
passaram à alçada dos respectivos Estados da federação e regulamentados por lei
de 1893.
Barbosa Ferraz era conhecido por Tonico Barbosa. Foi dos pioneiros em explorar áreas no Norte
Pioneiro do PR com formação de lavouras de café.
O café puxando a colonização, tendo como empreendedores,
cafeicultores paulistas. Havia a linha
férrea que ligava a vizinha Ourinhos-SP ao Porto de Santos. Em Santos, também fica a Bolsa do Café. Em decorrência disso tudo, o Norte Pioneiro
tem mais influência de São Paulo do que de Curitiba que é a capital do Paraná.
O governo paranaense, vendo o “perigo paulista”, trata de
tentar construir ferrovia ligando o Norte Pioneiro ao Porto de Paranaguá.
Construir ferrovias na época era caro porque demandava muito
material importado da Europa. Esta que
passou por duas grandes guerras em período relativamente curto.
Quando começou a expansão do café no Norte Pioneiro, já
havia outra ferrovia que ligava São Paulo ao Porto de Rio Grande no RS e
passava pela região de Jaguariaiva-PR.
O Paraná tentou puxar a ferrovia que demandava Santos via Ourinhos-SP através
de um ramal que chegaria a Jaguariaiva-PR e desta, acessar o Porto de
Paranaguá. O problema é que esse ramal
dava uma volta de uns 300 km e tudo ficava moroso e caro.
Falta Estrada
A saída é o trilho.
A estrada de ferro no Norte Pioneiro ia a passos lentos e “desmaiava” a
obra por falta de dinheiro. O povo
fazia piada. Entre 1912 e 1930 a obra
da ferrovia conseguiu atingir somente 152 km.
Em 1924 o Norte Pioneiro já tinha expressiva área cafeeira:
7 milhões de pés de café em Jacarezinho-PR
6 milhões em Ribeirão Claro-PR
2 milhões em Santo Antonio da Platina PR e
2 milhões em Siqueira Campos PR
A fazenda Água do Bugre
O cafeicultor Tonico Barbosa e outros, fundaram Cambará-PR
em 1924. Terras férteis cobertas de
mata e quase sem estradas. Tonico
compra 5.000 há (cada hectare são 10.000 m2) de terra virgem para derrubar o
mato e plantar café. Monta assim a
fazenda Água do Bugre.
Os cafeicultores se cotizam para construir a ferrovia
visando chegar até a vizinha Ourinhos, já no estado de SP e ligada ao Porto de
Santos.
O projeto ficou a cargo do Engenheiro paulista Gastão de
Mesquita Filho. Ele já tinha experiência
na construção da ferrovia Noroeste de SP na região de Bauru-SP.
Isso contrariava o interesse do governo do Paraná que
buscava fazer a ferrovia ligar o Norte Pioneiro com o Porto de Paranaguá-PR. Busca o estado puxar o ramal do Norte
Pioneiro, via Jaguariaiva-PR para chegar ao Porto de Paranaguá.
Por volta de 1920 a erva mate que era importante item de
exportação do Paraná estava em decadência pela expansão da produção da Argentina.
O Contratempo
Em 1923-1924 o governo de SP se rebela contra o Governo
Federal e até a população civil paulista participa do conflito armado. O governo federal bombardeia vários locais
da capital paulista. Cita-se mais de
500 mortes no conflito.
Continua no capítulo 3