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segunda-feira, 31 de março de 2025

cap. 8/9 - fichamento do livro - TRILHOS, CAFÉ E TERRA VERMELHA - Autor: Jornalista ROGÉRIO RECCO

 Capitulo 8/9  

         Capítulo – São quatro cidades-polo.  Amedeo se torna fazendeiro

          Londrina, Maringá, Cianorte e Umuarama PR.

         Aliás, Cianorte leva no nome referência à Cia Melhoramentos do Norte do Paraná.

         Os corretores a serviço da CMNP eram chamados de picaretas e os que chegavam interessados em comprar terras eram os “jacus”.

         As derrubadas das matas sempre tinham acidentes com os operários.  Derrubar no machado e picadas com foice.  Depois da derrubada, retirar a madeira nobre e queimar o que sobrava.  Deixar a área livre para plantios.

         Plantio de café principalmente.  No meio dos cafezais, costumavam plantar o que chamavam de “lavoura branca” de ciclo curto para manutenção das famílias.  Lavouras como arroz, feijão e milho.

         Anos de boas safras, preços do café oscilando para baixo, safras ruins, preço subindo.   E tinha sempre o fantasma das geadas fortes.

         Muitos cafeicultores se davam bem no negócio e sempre havia uns outros que não acertavam e poderiam sair mais pobres do que chegaram.

         O avião torna o trem obsoleto

         Já na década de 1940 o trem, por ser lento e ter muitas paradas, já passa a sofrer a concorrência com os aviões.

         Paranavai – PR foi fundada em 1961.

         Amedeo comprou mais uma fazenda, desta vez em Paranavai.  Só que o local é de terra arenosa e bem menos fértil que a terra roxa do eixo Cambará a Maringá.   Terra arenosa e muito mais suscetível à erosão.

         O café não se dá bem em Paranavai por conta da fertilidade baixa, erosão e ataque de nematoides que atacam o sistema radicular do cafezal e derruba a produtividade.

         No livro, entre os pioneiros de Maringá, são citados família Bulla, Romero Fontes  (que conheço).

         Umuarama PR, a derradeira etapa da colonização pela CMNP.  A cidade foi fundada na última gleba adquirida pela CMNP.  Era a Gleba Cruzeiro com 40.000 alqueires.  Foi comprada em 1952.

         Umuarama em dez anos, de área de mata, em 1961 já é uma cidade com 50.000 habitantes.    (Cheguei como Eng. Agrônomo recém formado em Umuarama em 1977, logo depois da grande geada de 1975 que arrasou os cafezais do Paraná).

         Ocorre que Umuarama também tem solo arenoso e o café não se desenvolveu bem nesta região, semelhante ao que ocorreu em Paranavai.

         No local a cafeicultura foi substituída por pastagem e criação de bovinos.

         Eu, leitor, atuando profissionalmente no setor de Crédito Rural do Banco Mercantil de SP que tinha vínculo com a CMNP, presenciei a debandada de muitos pequenos produtores de café atingidos de forma radical pela geada.   Muitos seguiram para Rondônia e Mato Grosso, onde conseguiam comprar extensões de terras bem maiores, apesar da carência de estrutura.  Era um recomeçar com derrubada da mata, plantio e assim por diante.

         O autor do livro cita que após a geada de 1975 Umuarama chegou a perder dois terços da população.    O café ocupava bastante mão de obra e as pastagens de gado envolvem ocupação de poucos empregados.

         Voltando ao trajeto do Engenheiro Amedeo.   No começo da colonização em Umuarama PR, havendo muita madeira das derrubadas das matas, Amedeo transfere sua Serraria Aratimbó de Arapongas para Umuarama.

         Capítulo – Nada de Improvisos

         Nos anos 1940 Amedeo já registrava seus empregados.  Coisa rara no setor em sua época.

         Em 1950 a serraria dele tinha 47 empregados.   Em 1958, com o declínio da oferta de madeira para serrar, a empresa estava com 22 empregados.

         Quando a serraria de Amedeo estava em Umuarama era comum as concorrentes locais não registrarem os empregados e supunha-se que viviam se acertando com os fiscais do governo.   Fiscais estes que sempre faziam operação pente fino na serraria de Amedeo e sempre a papelada estava em dia.   Consta que os fiscais chegavam a fazer a chamada de empregado por empregado para conferir com os livros de registros.   Sempre em dia.

        

         Continua no capítulo 9/9

segunda-feira, 24 de março de 2025

Cap. 4/8 - fichamento do livro - TRILHOS, CAFÉ E TERRA VERMELHA - autor: Jornalista ROGÉRIO RECCO

capítulo 4/8 

         P. 55 – Capítulo – Um ambiente hostil

         Colaboradores da CTNP na obra da ferrovia tinham direito a tomar por conta da empresa, após o expediente, duas doses de uísque escocês para relaxar após o serviço no sertão.

         Um dia ouvem pelo rádio de galena na obra que houve a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929 e veio a crise...

         Havia o problema da malária na região.  Quem contraia a malária se curava mas perdia boa parte da força para o trabalho.   Na obra na mata, vida dura, monótona e longe da família.   Os técnicos graduados tinham direito a cada três meses de trabalho, férias de quinze dias para visitar parentes.

         Personagens Memoráveis

         Picada na mata para ter caminho em 1934 e se coloca o  marco onde seria a cidade de Apucarana – PR.  Na ocasião estava entre os presentes, o alemão Kurt Jabowatz que foi pioneiro e morou por muitas décadas em Apucarana-PR.

         Cita o suíço Alfredo Werner Nyffler.   Ele e Amedeo gostavam de fazer pescarias juntos no Rio Tibagi nas horas vagas de fins de semana.

         Década Importante.    Os anos 30 foram bastante conturbados na Europa e no Brasil.   Quebra da Bolsa de NY, recessão nos USA, guerras e ditadura Vargas no Brasil.

         Nos anos 30 a CTNP Companhia de Terras Norte do Paraná e sua ferrovia conseguem a proeza de construir 96 km de ferrovia em um só ano. Seguindo entre Cambará rumo a Londrina.

         Os trens da estrada de ferro local eram movidos por locomotivas a vapor, na base da queima de lenha que era abundante na região.

         Locomotivas importadas da Índia que foi colônia dos ingleses no passado.

         O trem era mais confortável que os caminhões e ônibus que enfrentavam barro ou poeira e podiam encalhar no trecho.   A duração da viagem por estrada era menos confiável e o trem era mais pontual.

         A caldeira da locomotiva soltava por vezes fagulhas de madeira que atingiam a roupa dos viajantes deixando pequenas marcas do queimado.   E também fagulhas não raro geravam queimadas nas matas adjacentes aos trilhos.

         Os trens, no sistema britânico, sempre pontuais.

         Lord Lovat e a comitiva real.    Dois príncipes, integrantes da coroa Britânica visitaram as obras da ferrovia em 1931.   Estiveram inclusive na nascente Cornélio Procópio-PR.   Eram Edward, o irmão mais velho e Albert, o mais novo de ambos.

         O herdeiro do trono era Edward, logo que foi alçado ao trono se casou com uma plebeia e renunciou ao cargo de Rei da Inglaterra.  Assumiu Albert que era tímido e gago já com o nome de George VI.

         Fim da linha.

         O trem chega a Jatahy em 1932.

         Em 1929 o então presidente do Estado do Paraná era Affonso Alves de Camargo.   Para garantir a presença do Paraná na região assediada pelos paulistas cafeicultores, criou o povoado de três bocas  (tem um rio na região com esse nome).   Depois a companhia colonizadora, detentora das terras na região, formaram a cidade de Londrina na localidade em 1932.

         Em 1932 ainda não havia a ponte no Rio Tibagi que é o terceiro maior do Paraná.    Na margem do Rio Tibagi havia o povoado de Jatahy que era um foco de malária até pelas lagoas que se formavam quando o rio enchia as várzeas.

         Sem Lord Lovat nada existiria.

         Uma serraria em Nova Dantzig.   Povoado colonizado por alemães e depois da guerra, passa a se chamar Cambé-PR.   Lei brasileira obrigou a mudarem o nome de cidades que tinham nomes de locais dos adversários na guerra.  (Alemães, Italianos e Japoneses).

         Amedeo, solteiro, nas folgas de uma quinzena, passava o tempo em São Paulo onde inclusive frequentava um clube com maioria de sócios imigrantes italianos.   Lá conheceu a jovem que viria a ser sua esposa.

        

         Segue no capítulo  5/8 

domingo, 16 de março de 2025

Cap. 2/8 - fichamento do livro - TRILHOS, CAFÉ E TERRA VERMELHA - Autor: Jornalista ROGERIO RECCO

 Capítulo 2                                                       março de 2025

 

     Página 21 – Capítulo – Primeira Parte – Os cafeicultores avançam rumo ao Norte Pioneiro do Paraná

         Um dos pioneiros dos desbravadores das matas da região foi o cafeicultor paulista Major Barbosa Ferraz.    Era cafeicultor em Ribeirão Preto-SP.

         O Norte Pioneiro do PR conta com solos férteis, relevo ondulado, altitudes entre 400 e 700 m acima do nível do mar.    A cidade de Jacarezinho-PR foi fundada em 1.900, sendo das mais antigas do Norte Pioneiro.

         Curiosamente essa nova fronteira para o café em parte decorre do Convênio de Taubaté SP de 25-02-1906, celebrado pelos governos de SP, RJ e Minas Gerais para frearem a expansão da cafeicultura nos seus estados visando sustentar os preços para o café.

         O norte pioneiro do PR era praticamente inexplorado e havia muitas terras devolutas, que pertenciam à União Federal.   Na Constituição de 1891 as terras devolutas passaram à alçada dos respectivos Estados da federação e regulamentados por lei de 1893.

         Barbosa Ferraz era conhecido por Tonico Barbosa.   Foi dos pioneiros em explorar áreas no Norte Pioneiro do PR com formação de lavouras de café.

         O café puxando a colonização, tendo como empreendedores, cafeicultores paulistas.   Havia a linha férrea que ligava a vizinha Ourinhos-SP ao Porto de Santos.   Em Santos, também fica a Bolsa do Café.   Em decorrência disso tudo, o Norte Pioneiro tem mais influência de São Paulo do que de Curitiba que é a capital do Paraná.

         O governo paranaense, vendo o “perigo paulista”, trata de tentar construir ferrovia ligando o Norte Pioneiro ao Porto de Paranaguá.

         Construir ferrovias na época era caro porque demandava muito material importado da Europa.  Esta que passou por duas grandes guerras em período relativamente curto.

         Quando começou a expansão do café no Norte Pioneiro, já havia outra ferrovia que ligava São Paulo ao Porto de Rio Grande no RS e passava pela região de Jaguariaiva-PR.    O Paraná tentou puxar a ferrovia que demandava Santos via Ourinhos-SP através de um ramal que chegaria a Jaguariaiva-PR e desta, acessar o Porto de Paranaguá.    O problema é que esse ramal dava uma volta de uns 300 km e tudo ficava moroso e caro.

         Falta Estrada

         A saída é o trilho.    A estrada de ferro no Norte Pioneiro ia a passos lentos e “desmaiava” a obra por falta de dinheiro.   O povo fazia piada.   Entre 1912 e 1930 a obra da ferrovia conseguiu atingir somente 152 km.

         Em 1924 o Norte Pioneiro já tinha expressiva área cafeeira:

         7 milhões de pés de café em Jacarezinho-PR

         6 milhões em Ribeirão Claro-PR

         2 milhões em Santo Antonio da Platina PR e

         2 milhões em Siqueira Campos PR

         A fazenda Água do Bugre

         O cafeicultor Tonico Barbosa e outros, fundaram Cambará-PR em 1924.   Terras férteis cobertas de mata e quase sem estradas.    Tonico compra 5.000 há (cada hectare são 10.000 m2) de terra virgem para derrubar o mato e plantar café.    Monta assim a fazenda Água do Bugre.

         Os cafeicultores se cotizam para construir a ferrovia visando chegar até a vizinha Ourinhos, já no estado de SP e ligada ao Porto de Santos.

         O projeto ficou a cargo do Engenheiro paulista Gastão de Mesquita Filho.  Ele já tinha experiência na construção da ferrovia Noroeste de SP na região de Bauru-SP.

         Isso contrariava o interesse do governo do Paraná que buscava fazer a ferrovia ligar o Norte Pioneiro com o Porto de Paranaguá-PR.   Busca o estado puxar o ramal do Norte Pioneiro, via Jaguariaiva-PR para chegar ao Porto de Paranaguá.

         Por volta de 1920 a erva mate que era importante item de exportação do Paraná estava em decadência pela expansão da produção da Argentina.

         O Contratempo

         Em 1923-1924 o governo de SP se rebela contra o Governo Federal e até a população civil paulista participa do conflito armado.    O governo federal bombardeia vários locais da capital paulista.   Cita-se mais de 500 mortes no conflito.

         Continua no capítulo 3