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sexta-feira, 5 de abril de 2019

EXPEDIÇÃO À ÍNDIA - TEMA CANA DE AÇUCAR E SEUS PRODUTOS - PARTE II - UM PANORAMA DO SETOR

Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida - Curitiba - PR    (ESALQ-USP turma 1976)

     Conforme já citado na matéria anterior aqui no blog sobre nossa visita a Mumbai com ênfase na reunião no Consulado Brasileiro na cidade, também visitamos dentro do agendado, a Bolsa de Mercadorias daquele grande centro urbano.
     A visita foi capitaneada pelo PECEGE  Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas ligado à ESALQ-USP Piracicaba-SP que destacou um Doutorando para nos acompanhar e ser nosso porta voz nas visitas técnicas.       
     No contexto da economia canavieira da Índia que atualmente é a segunda maior produtora de cana de açucar do mundo, ficando só atras do Brasil, em Mumbai então visitamos o Consulado Brasileiro e a Bolsa de Valores.    Na cidade de Pune, visitamos uma Usina de açucar, um Instituto de Pesquisa da cana e lavoura de cana em fase de colheita.
     Na cidade de Nova Delhi, a capital, visitamos o Instituto Nacional daquele país para assuntos da cana de açucar e seus produtos, onde fomos recebidos pelo Presidente do referido instituto, ocasião em que houve troca de impressões e informações sobre o setor em ambos os países.
     Anotei uma série de informações da nossa Consul, que sendo brasileira, propiciou a coleta de mais informações, já que nos demais eventos que foram em inglês eu fiquei meio deslocado por tem pouco domínio do citado idioma - por enquanto!
     Vamos ao resumo do que consegui anotar da fala da Consul Rosimar Suzano, fluminense de Petrópolis-RJ.     Ela já tem contato com a Índia desde 2001.     Ela deu um perfil do setor da cana na Índia.    Disse que desde a independência da Índia (1947), país com 1,3 bilhão de habitantes e muita pobreza, há subsídio governamental ao setor rural para tentar amenizar o êxodo rural, que viria complicar ainda mais as já super populosas cidades polos regionais.
     Os produtores de cana por lá tem em média dois acres (menos de 10.000 m2) de área de lavoura e comumente as áreas são irrigadas.       Há muita miséria no campo e é recorrente suicídios de agricultores que tomam crédito e não conseguem pagar.   Caso de morte, a dívida não passa aos herdeiros.   Estima-se em mil suicídios de produtores de cana por ano, mas o assunto é sempre encarado de forma reservada.   Uma forma trágica de se livrar de uma dívida.
     Ela disse que desde 2001 para cá que ela conhece a Índia, há essa mesma toada e ela não vê perspectiva de retirada de subsídios à agricultura.     Se houvesse retirada de subsídio, haveria risco de aumentar os suicídios, êxodo rural e agitação social.
      Os usineiros locais (que tem seus representantes no governo)  querem que o governo promova leis que permitam aumentar a mistura de álcool à gasolina automotiva, mas o lobby do petróleo é muito mais forte e a coisa não deslancha.     A mistura tem sido na faixa de 4% de álcool na gasolina por lá.
     Tem mais um detalhe:   Se estimular o uso de álcool como combustível, demandaria mais água para irrigação de cana e água é bem escassa por lá.        Chove em aproximadamente quatro meses do ano e os demais meses são quase sem nada de chuva.
     O subsídio à agricultura na Índia não é só à cana.   É à agricultura em geral.
     A principal fonte de energia no país vem do carvão.      Estão em acelerado processo de uso de energia solar.      Ela disse que nesse setor a Índia está bem mais avançada do que o Brasil e que tem havido empresarios brasileiros que tem visitado a Índia em busca de contatos nessa área de energia solar.    Busca de usar carros movidos a energia elétrica.    
      O Grupo Mahindra é um dos que tem investido pesado em carros elétricos.
     Os grandes grupos econômicos daqui da Índia já nasceram com a vocação de buscar mercado fortemente no exterior.      São fortes em gestão.
     Ela vê o Brasil como um país com forte mercado interno e que encara a exportação de muitos setores como suplementar, diferente do que ocorre na Índia.
     Preço do litro de gasolina:  74 rúpias (a moeda local).    Aproximadamente 1 dolar.
     As usinas são pequenas e muitas funcionam só durante o dia.     Cada uma tem em média 70.000 micro fornecedores de cana.     Sempre num raio bem próximo à usina.      O colega do PECEGE disse que esse número (70 mil) é quase a totalidade de todos os fornecedores de cana do Brasil. 
     Canavieiros tem tido problemas com intoxicação por agrotóxicos.   Não usam EPI  Equipamento de Proteção Individual, etc.  
     Por outro lado, a Índia está num ritmo acelerado de crescimento da economia, algo ao redor de 6% ao ano.
     Em termos de geopolítica, o pêndulo mundial, inclusive pela densa demografia, se deslocou para a Ásia, com destaque para Índia e China, ambas com mais de 1 bilhão de pessoas cada.
     A Índia é forte inclusive em TI Tecnologia da Informação.    O domínio do idioma inglês ajuda nas relações comerciais com o mundo.
     O governo que está no poder tomou medidas positivas ao longo do tempo.      A Índia por herança do domínio britânico era muito burocratizada e cheia de taxas.   Tem havido um esforço do governo para diminuir isso.
     Ela falou um pouco de Pune, que vamos visitar em seguida, cidade com 3,1 milhões de habitantes, lugar serrano, uns 750 m acina do nível do mar  (Mubai é 15 m acima do nível do mar - costeira).    Distante 125 km de Munbai, Pune é um polo acadêmico, forte em indústria automotiva e também tem cultura milenar com sítios históricos super relevantes.
     A Índia tem mais de 1.600 dialetos, pois antes de ser unificada pelo colonizador britânico, tinha ao redor de 500 pequenos reinos independentes.    Na cédula de votação, há impressos em 15 diferentes dialetos para buscar contemplar a maioria dos votantes.
     Nossa Consul está no cargo lá na Índia há quatro anos.     Disse que para trazer produtos do Brasil para cá não é tão fácil.    Ela vê mais chance para parcerias, incluindo startaps.    Diz que os jovens da Índia gostam do Brasil - destaque para carnaval, futebol, jogos eletrônicos, etc.
     Quanto ao BRICS    (acordo Brasil, Russia, Índia, China e África do Sul), ela vê como algo positivo.    Ela acha que o BRICS se mantém e isso seria bom.
     Produtos frigorificados - primeiro, que eles são mais vegetarianos até por questões culturais.   Segundo, que eles tem o hábito de consumir produtos frescos.    A maioria vem da agricultura familiar.
     Esse foi o panorama que nossa Consul nos passou e em seguida, dentro do que estava agendado, ela nos brindou com um almoço em sua própria residência, gesto que nos deixou muito agradecidos.
     
     Foto da nossa Expedição PECEGE à Índia - (Mumbai) em março de 2019.  No Consulado, tendo ao centro nossa Consul. 




















5 comentários:

  1. O que achou da comida indiana, Orlando? As especiarias lá são fantásticas e aprendi muito convivendo com indianos aqui onde moro.

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    1. Como tinhamos uma agenda de reunioes la, a coordenacao procurou que tomassemos refeicoes mais nos hoteis e em cardapio meio parecidos com os nossos pra não haver risco de alguma pane. Gostarmos da comida. Temperos muito saborosos.

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    2. Boa opção! Quando nos visitar em Leicester vai poder experimentar muita comida indiana!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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