capítulo 10/25
A justiça do RJ descobriu
a falcatrua das rachadinhas envolvendo o clã Bolsonaro e um policial amigo do
presidente alertou-o sobre o caso. “Ele
ainda contou que a operação não iria mais ocorrer entre o primeiro e o segundo
turno da eleição de 2018 para não criar embaraços durante a campanha”. (página 110)
A Operação Furna da Onça que
investigava deputados do RJ, desencadeada em 08-11-2018, prendeu dez deputados,
mas não chegou ao Queiroz que era investigado também no caso, ligado ao
gabinete do Flávio Bolsonaro. Como já
foi dito, vazaram dados de investigações que afetavam inclusive Bolsonaro em
plena disputa presidencial em 2018. E
a justiça “segurou” o andamento da coisa para depois da eleição para não afetar
o momento eleitoral. (algo descabido
essa de segurar.)
O fato é que Queiroz ficou
sabendo da bronca tanto que entre o primeiro e o segundo turno da eleição, foi
exonerado do gabinete do Flávio, assim como sua filha Nathalia.
Advogado destacado para
defender Queiroz se reúne inclusive com Bebianno em São Paulo para tocar a
causa que atingia o clã Bolsonaro. As
rachadinhas. Entra em cena o advogado
paulista Frederick Wassef para ajudar na defesa do clã Bolsonaro.
Jair Bolsonaro aceitou
logo o Wassef para sua defesa porque já não confiava mais no amigo empresário
Paulo Marinho, na mansão de quem fez muitas reuniões de campanha para a
presidência.
Motivo especial para sair
do advogado indicado por Marinho e passar para Wassef. Desconfiança em relação a Marinho pois este
é suplemente do Senador Flávio e se o senador perdesse o mandato, assumiria
Marinho.
Flávio Bolsonaro foi
diplomado senador no dia 18-12-18 nesse climão. Medo de ser cassado por conta de anos de
rachadinha.
Wassef como parte da
estratégia de defesa resolve “sumir” com Queiroz. E assim fez.
Wassef age de forma meio anônima por meses. Ele conquista poder e passa a indicar pessoas
próximas para elevados cargos no governo Bolsonaro. Um toma lá, dá cá.
Inclusive Wassef é “padrinho”
da indicação de Kassio Nunes Marques que foi parar no STF com apoio do
Bolsonaro. Uma pessoa quase desconhecida
e que surpreendeu muita gente no círculo do poder de então.
Wassef orientou o pessoal
do clã Bolsonaro a não comparecer para depor na Justiça, incluídos aí os
funcionários fantasmas. Assim fizeram.
Pelas mãos de Wassef,
Queiroz passa por exame de saúde em renomado hospital em SP e que cobra uma
fortuna de clientes particulares.
Queiroz foi diagnosticado
com câncer no intestino. Não fosse a
tutela do Wassef, ele não descobriria o câncer e poderia descobrir tarde demais
e não conseguir mais se tratar. Wassef
passa a ser o anjo do Queiroz.
O tratamento médico
ajudava o advogado a manter o sumiço de Queiroz tanto da justiça como da
imprensa. Ficou famoso no Brasil o
tal: Onde anda o Queiroz?
Articulado pelos advogados,
depois de meses de sumiço, Queiroz foi apresentado à imprensa. Ele disse que seus negócios eram rolos de
carro. “Sabia fazer dinheiro com rolos
de carros”. Compra e venda de usados.
E declarou aos jornalistas: “Meu problema é meu problema, não tem a ver
com o Flávio Bolsonaro. Não tem a ver
com ninguém. Eu vou responder pelos meus
atos”. Página 120
Página 121 – Capítulo 9 - O
advogado em off
Escondido, Frederick
Wassef coordena defesa de Flávio a pedido de Jair.
São Paulo, 24-11-2019
Zap de Fabrício Queiroz à
esposa: “Estamos indo para a casa do
anjo”. (para o esconderijo arranjado pelo advogado)
“Queiroz recebia ajuda,
mas devia obedecer a todas as orientações do seu protetor”, do seu advogado.
O STF julgando parte do
caso da lista de movimentações financeiras suspeitas levantada pelo COAF. Dados que acusam as movimentações de
dinheiro muito acima dos ganhos do Queiroz e que tudo indicava ser das
rachadinhas coletadas dos funcionários fantasmas do clã Bolsonaro.
Queiroz escondido pelo
advogado (em Atibaia SP) por quase dez meses, desde dezembro de 2018.
A jornalista autora deste
livro na ocasião vinculada ao jornal O Globo, buscando pistas sobre o paradeiro
do Queiroz. “Era parte do nosso
trabalho cobrar explicações do senador Flávio e dar espaço para que ele também
fosse ouvido”. Isto faz parte do
Jornalismo.
(notar que em denúncias anônimas comuns na
internet não há fontes e é tudo um recorte duvidoso sem ouvir o outro lado)
A jornalista, buscando uma
pista com o advogado Wassef e ele atacando a imprensa. Ele insinua: “Você aí dentro desse imenso prédio azul do Globo
acha que é a todo-poderosa Juliana Dal Piva, mas quando você sai na rua, você é
só mais uma que pode tomar um tiro no meio da cara porque a violência no Rio...”
O COAF (órgão de governo)
não tem acesso aos extratos bancários dos clientes, que são protegidos pelo
sigilo bancário. O órgão só recebe dos
bancos, por lei, aquelas movimentações financeiras “atípicas”, que estão fora
do normal, do padrão do cliente e que gera suspeita. O banco é obrigado a repassar ao COAF e este
encaminha à justiça para averiguação.
Wassef conseguiu no STF
melar as provas obtidas pelo COAF e aceitas pela justiça em outras
instâncias. Melou as provas e parou a
investigação sobre o clã Bolsonaro e as rachadinhas já mapeadas.
A decisão deu uma enorme repercussão
nacional e visibilidade ao advogado Wassef.
Wassef no passado, em 1992,
em Curitiba, ele aos 26 de idade, sendo arrolado no processo no Caso Evandro,
de ampla repercussão nacional. Caso do
menino Evandro Caetano assassinado em suposto ritual de magia negra em Guaratuba-PR
em 1992. Naquela ocasião, Wassef
esteve reunido em um hotel da cidade de Guaratuba com suspeitos do crime.
Continua no capítulo 11/25