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quinta-feira, 13 de outubro de 2022

CAP. 04/20 - fichamento - livro - O NEGÓCIO DO JAIR - A História Proibida do Clã Bolsonaro - edição 09/2022 - Autora - Jornalista - JULIANA DAL PIVA

CAP  04/20

 

         Meses depois, em dezembro de 2018, Queiroz foi rebaixado pelo Clã Bolsonaro a pária, “catapultado para os holofotes de um escândalo, após a publicação de uma reportagem do jornal O Estado de São Paulo”.      Após essa reportagem, ferveu de jornalistas  acampados na entrada do Condomínio Vivendas da Barra pouco antes da posse do Bolsonaro.

         Nesse condomínio Jair Bolsonaro vive com sua terceira esposa e a filha Laura.  Vive lá desde 2009.  Perto da casa dele, mora Carlos Bolsonaro em imóvel do pai.

         Condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, de frente para a praia.    Flávio também mora nas imediações, só que fora desse condomínio.

         O Jair sempre foi de difícil acesso aos repórteres.   Ainda mais depois do atentado que sofreu e o período de recuperação.    Não tinha um escritório para atender os jornalistas, estes que tem a missão de saber os planos dele para governar o Brasil, já que sua posse se aproximava.   Planos e quais seriam seus ministros.

         Os jornalistas tinham que acampar na entrada do condomínio ao sol e sem um WC para poder usar.

         Meio por acaso...   o jornalista Fabio Serapião, repórter do Jornal O Estado de São Paulo passava férias no RJ.   Em contato de bar consegue uma fonte que lhe fornece um calhamaço de dados, inclusive do COAF.  (O COAF é um pequeno órgão destinado a rastrear movimentação bancária de pessoas chamadas de “sensíveis” que podem ser políticos, parentes deles ou de afinidade visando levantar suspeita de manter movimentação financeira incompatível com as rendas da pessoa).   Quando o COAF levanta algo dentro do que manda a lei, tem que comunicar às autoridades e estas tem que pesquisar mais a fundo para ver se está havendo algo ilícito.

         Foi o COAF que “pegou” a movimentação de dinheiro do Fabrício Queiroz, muito acima dos ganhos dele.   Em doze meses, ele movimentou 1,2 milhão de reais.   Queiroz era assessor de Flávio que nesse momento se elege senador e é pego pelo COAF.

         Entre janeiro-2016 e janeiro de 2017 Queiroz tinha salários mensais de 8.500 reais da ALERJ (Assembleia Legislativa)  como assessor e 12,6 mil como PM do RJ.

         O achado do COAF (movimentação acima dos ganhos) foi a pista que levou às rachadinhas do Flávio Bolsonaro no curso das investigações.

         Dia 06-12-2018 a reportagem no jornal:  “COAF relata conta de ex assessor de Flávio Bolsonaro”.

         Jair Bolsonaro conhece Queiroz desde 1984 e são amigos.

         Queiroz sacava em dinheiro vivo seguidamente de caixa eletrônico na sede da ALERJ.   Caracterizou as rachadinhas no curso das investigações.

         “Com isso, o vereador, deputado ou senador, passa a enriquecer com o dinheiro que não é seu”.   O sistema da rachadinha está tipificado em três crimes cumulativos.  Peculato (mal uso de dinheiro público); lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

         O diminutivo “rachadinha” está só no nome.  O político ficava com até 90% do salário dos seus assessores que tinham emprego fantasma.

         Os repórteres cobrando ministros e nada de explicações.   A família Bolsonaro foge da imprensa.

         Sergio Moro, então Ministro da Justiça, a poucos dias da posse foi perguntado sobre as rachadinhas.   Deu resposta suscinta.  “Vou colocar de forma bem simples.  Fui nomeado Ministro da Justiça.  Não cabe a mim dar explicações sobre isso”.   (dentre outras tarefas, ele teria o comando da PF que investiga crimes...).   Logo o Moro que foi juiz e se dizia entendido de combate à corrupção...

         O calhamaço com dados da rachadinha tem 422 páginas.  A Jornalista teve acesso a material sob investigação...

         Havia também investigação do MP Ministério Público do RJ envolvendo políticos e empresas de transportes coletivos urbanos.  Mais uma vez aparecia o Queiroz como um dos operadores do esquema.

         Sendo de âmbito federal, o processo foi para a Procuradoria do MP do RJ para encaminhamento.   Nesta o processo ficou parado por seis meses no período eleitoral de 2018.    A imprensa sempre cobrando andamento na Justiça e esta se esquivando.

         Nathalia,  filha de Queiroz, é personal training até de pessoas famosas no RJ.   Foi descoberto eu ela foi por uma década funcionária fantasma em gabinete do Flávio Bolsonaro quando ele era deputado.  Ela também foi por quase dois anos assessora de Jair Bolsonaro até 2018.

         Flávio sempre foi o mais articulado e habilidoso dos filhos do Jair.  Acuado pelas denúncias, ficou desnorteado e evitou o que pode a imprensa.  Só respondia via assessoria.   “Flávio vivia momentos de muito estresse”.

         Flávio desabafou com um amigo...   “De quem é o Queiroz? E cheque para a Michelle?  Para quem foram esses cheques?   O que eu tenho com isso?”

         ...”eles operavam como clã   (clã Bolsonaro).

 

         Próximo capítulo 05/30 

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