capítulo 02/10
Ela um dia lamentou para seu único filho, ainda menino. Que ela teve tantos filhos e perdeu todos e
ficou só ele, esse fraquinho, o “pior”.
O menino sabia ler.
Vivia triste e sabia que não trazia alegria para a mãe.
O menino sentado na duna de areia vendo o mar com suas ondas
e o sol se pondo. ...”quando o sol
se ajoelhava na barriga do mundo”.
Um dia uma baleia veio agonizando para morrer na praia e o
povo correu para tirar suas carnes para comer, estando a baleia ainda em vida.
...”estou mais perdido do que meu mano Junihito”.
Marcas da guerra nas casas abandonadas da vila. Marcas de balas.
“As paredes cheias de buracos de balas, semelhavam à pele de
um leproso”.
No passado recente trouxeram o cimento e as casas com ele
construído ...”residências que duravam
mais que a vida dos homens”.
A fraqueza física da mulher indiana, mulher do único
comerciante da Vila. ...”não
aguentaria o peso do mundo”.
Em Moçambique, monhé é o termo designado para filho de
indiano. Os moçambicanos se sentem
desprezados pelos monhés que vivem por lá.
Bronca grave dos povos nativos contra escolas e professores
que traziam saberes de outras culturas.
Dava conflito com a cultura ancestral do povo moçambicano. Professores e pastores eram vistos com muita
reserva.
O menino gostava de ficar lá no comércio do indiano. E no fim da tarde eles contemplavam o Oceano
Índico. De um lado Moçambique e do
outro a Índia.
O indiano explicava ao menino que do outro lado ficava a
Índia, sua terra e suas crenças.
O indiano e o menino se distraiam na prosa e nos
pensamentos. O comerciante chegava a
esquecer de atender alguns fregueses.
O menino pensa. “Eu
me confortava: nunca ninguém se havia esquecido nada por causa de mim”.
Encrenca do indiano com um nativo que quis roubar na loja e
na discussão queria atear fogo na loja.
Veio em socorro do indiano um Naparama.
Os naparamas são nativos moçambicanos militantes contra a guerra. Usavam vestes diferentes, agiam pela paz e encaravam os armados com a
benção do feitiço deles.
Um naparama apareceu na loja e botou o ladrão para correr
sem usar a violência.
Daí o indiano explicou para o menino que o pai do menino
sumiu e era um naparama que continua vivo e atuante.
Afirmou que o pai do menino e vai até a casa comer a comida
que a mulher leva para ele toda tarde.
O indiano considera o menino como filho dele e nunca teve
filho.
“Você é como filho que Assma nunca me deu”. O indiano e o menino ficam muito
emocionados.
Sobre o indiano.
“seus olhos tinham modos menineiros de quem não nasceu para aprender as
manhas de ser feliz”.
Um dia bandidos invadiram e incendiaram a loja do
indiano. O povo local não sentiu pena do
indiano. O indiano decidiu abandonar
Moçambique.
O menino se sentiu sozinho.
O irmão no passado, colocado no galinheiro, pai esconder o filho para
evitar a convocação para a guerra.
Depois some o pai. Agora o seu
grande amigo vai partir.
No passado, ele e o indiano nos fins de tarde e a ideia de
que africanos e indianos eram um povo só, unidos pelo Oceano Índico. Agora o indiano se sente estrangeiro e vai
partir.
O menino vê que assim o oceano divide o povo dele do povo
indiano.
O indiano “não tinha ninguém de quem se despedir”.
“Sem família, quem somos?
Menos que a poeira de um grão.”
O conselho do indiano ao partir, ao seu amigo menino.
“Fica, tu não sabes o que é andar, fugista, por terras que
são dos outros”.
O menino tinha dois amigos que não eram da sua gente. Eram o indiano e o pastor Afonso. A escola do pastor também foi incendiada
pelo povo local. Por razões culturais.
O menino resolve procurar o amigo pastor Afonso. Descobre que o pastor tinha sido
assassinado.
Capítulo 03/10
Nenhum comentário:
Postar um comentário