capítulo final
No caso da traição do marido com a irmã dela
doente... “A única coisa certa é que
não perdoaria o marido por nada neste mundo”.
Depois dessa traição, a vida dela nunca voltou a ser a
mesma.
No flagrante, a esposa chamou os bombeiros
socorristas. Ela cunhada ficou
internada num sanatório e ele, após exames constatarem que ele não tinha
problemas mentais, foi levado preso.
A família se afastou da doente mental e do causador de
tudo aquilo. Se afastou e não ajudou
nas contas com o internamento dela.
Ficou tudo por conta da irmã da vítima que teve que
continuar a visitar a irmã, acompanhar o tratamento, pagar as contas do
tratamento e tudo o mais. E ficou
também sem o marido depois daquilo tudo.
Na mudança de hospital, o enfermeiro, dentro do protocolo
de segurança para evitar tentativa de suicídio da paciente, revistou a bagagem
dela para ver se haveria algo cortante ou algo que pudesse ser improvisado para
um enforcamento.
A interna, neste caso, costuma ficar de cabeça para baixo
tentando imitar uma árvore da floresta.
Acha que vai tirar a nutrição da terra e não precisará de mais nada além
de água.
Gesto que ela já fazia de vez em quando na fase em que
era criança.
Pacientes no sanatório.
Olhar fixo e demorado para as pessoas é recorrente.
Se aproximar e ficar ali ao lado do outro também é
recorrente.
“Alguns tem o olhar vazio típico de quem vive encerrado
no próprio mundo”.
A doente definhando na cama, só pele e osso. Acamada.
As irmãs dela quando eram crianças foram muito castigadas
pelo pai que batia nelas e era violento.
Veterano da guerra do Vietnã.
Um dia, quando crianças, elas duas se perderam na
mata. A irmã mais nova, agora doente,
quando se perderam não queria mais voltar para casa. Já o irmão quando criança, apanhava em casa
e podia descontar na rua. As irmãs não
tinham essa alternativa.
A irmã, casada com o fotógrafo que aprontou com a
cunhada, viveu com ele por oito anos.
Se separaram após o episódio da traição.
Depois do casal separado, ele uma noite ligou querendo
ver o filho. Ela nada respondeu e
desligou o telefone. Após desligar ela
murmurou para si mesma. “Eu não te
conheço. Não preciso te perdoar, nem
precisa me pedir perdão, porque não te conheço”.
Ela cuidando da loja, do filho, das suas dores e sem
achar um sentido para a vida.
“Outra vez passou a vista pelos objetos da casa. Não pertenciam a ela. Do mesmo modo que sua vida nunca tinha sido
sua”.
“Foi nesse dia que percebeu que estava morta havia muito
tempo.”
Ela, mãe do menino Jiu só conseguia rir quando o filho
fazia graça para ve-la rindo.
No sanatório tentando se comunicar com a irmã que segue
de mal a pior. Não aceita refeição nem
por sonda. É transferida para um
hospital na capital.
O livro se encerra com as irmãs na ambulância a caminho
do hospital da capital. Fica
implícito que os dias finais da doente estavam muito próximos. Livro com final aberto. A vida tem dessas coisas.
FIM. 18-12-2024
resenhaorlando@gmail.com
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