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quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Cap. 10/10 - fichamento do livro - VIAGEM ÀS NASCENTES DO RIO SÃO FRANCISCO - autor: Botânico francês SAINT-HILAIRE (1819)


         O pobre que em GO não consegue pagar o dízimo abandona sua terra e se afunda para lugar mais ermo e a pobreza aumenta.  Viver isolado aumenta até o número de incestos por “falta de opção de vida”.

         ... “à falta de outras mulheres a não ser as da família...”

         Além de tudo, cobrar dinheiro da produção tira do agricultor o ânimo de produzir e isso é ruim para a economia da região.   Plantam e criam só para o gasto e quando o tempo não corre bem, há fome.

         Quem vem de fora não tem alimentos para comprar.    Justo numa região de solo tão fértil, isso acontece, o que é lamentável.

         “Numa terra que daria para sustentar com folga 20 milhões de pessoas, mal conseguem sustentar os 80.000 goianos”.

         Clero, Instrução Pública. 

         “Os padres são, na verdade, os únicos homens da província que possuem alguma instrução”.    

         ...”Enfim parecem considerar como seu único dever a celebração da missa aos domingos e a confissão dos fiéis à época da Páscoa, mediante a contribuição de 300 reis”.  

         Desde a colonização, GO só tinha como Bispos, os jurisdicionados pelo RJ e depois, do Pará.   Quase nunca os Bispos iam até Goiás.

         Raros professores na Província de GO.

         Cita entre os militares que atuam em GO, a Companhia de Dragões, da cavalaria.   Eles são encarregados de manter a ordem, impedir o contrabando e fiscalizar os direitos de entrada.    São muito corretos, transportam os valores dos tributos à sede e não há desvio de conduta.   São mais respeitados que os policiais de MG e do RJ.

         Atuam no sistema da Cavalaria.   Geralmente são brancos e de famílias remediadas.

         Extração do Ouro

         Diferente de MG que explorou ouro em leito de rios e também escavou minas para buscar ouro no subsolo, em GO só se buscou ouro de forma improvisada nos leitos dos rios.

         Em GO, dessa forma, durou pouco o ciclo do ouro.   Enriqueceu alguns rapidamente e empobreceu geral logo que o ouro deixou de ser abundante.

         Cultura da terra

         Em GO há terras férteis em várias regiões.   Produzem vários tipos de produtos agropecuários.   Até o trigo produz nas terras mais altas onde o clima é mais ameno.    Um exemplo seria Santa Luzia GO.   (em torno de 800 m acima do nível do mar – anotação deste leitor)

         Em terras mais altas, até a uva produz bem e dá duas safras por ano se for podada em fevereiro logo após a colheita da primeira safra.

         Pouco mercado para os produtos agrícolas e baixa população no interior da Província.    Apenas a capital da Província é mais povoada com seus 10.000 habitantes.

         O autor cita outras culturas com potencial para certas regiões de MG e GO como a sericicultura, a cultura do bicho da seda.

         GO é rico em minério de ferro e não tem industrialização deste metal.   Importa até os cravos para as ferraduras dos animais.   Fornos grandes para produção de ferro são inviáveis mas os “fornos catalães” poderiam ser adequados.   (deve ser uma forma mais artesanal e menor de fornos).

         A economia no Brasil até então tinha tão pouca circulação de dinheiro, que no caso de GO, era uso corrente o ouro.   Então os valores eram considerados em peso de ouro como oitavas, meia-oitava, quarto de oitava, cruzados de ouro, patacas de ouro, meia pataca.

         Meios de Comunicação

         Os caminhos mais promissores na época eram os rios.   Para o Sul do Brasil, o Rio Paranaiba e para o Norte, o Araguaia e o Tocantins.

         Partindo da capital da província, Vila Boa GO era possível sair navegando em pequenas embarcações pelos afluentes e chegar até o Pará numa distância de 420 léguas (cada légua, seis km).  Ao redor de 2.500 km ao todo.

         Costumes

         Aos mineiros à medida que o ouro trouxe riqueza, trouxe conforto e algum estudo, deixando o povo mais polido.

         O goiano teve um ciclo do ouro mais curto e não se tornaram muito polidos.

         “O mineiro de hoje (1819) sabe conversar, e o faz muitas vezes com espírito e cordialidade, já os colonos goianos mantém o silêncio da ignorância...”

         ...”apesar de tudo o que digo acima, não se deve concluir que esses homens sejam desprovidos de inteligência”.

         Poucos na época se casavam porque tinha um custo e também moravam distantes das igrejas.

         O autor diz que praticamente não havia roubos na região, apesar da pobreza.

         “Não há assaltos aos viajantes, nas estradas...”

         No trechinho final, o autor dá muitas dicas de ações que educariam melhor o povo e traria a este uma vida mais digna onde todos teriam benefício.

         Frase final:     “Não lamentarei a perda de minha saúde, pois poderei dizer:  paguei uma dívida da hospitalidade, e minha passagem pela terra não foi inútil”.                       FIM                                 18-10-2025

 

Em tempo:   Há um quarto livro dele que adquiri e trata das pesquisas no Rio Grande do Sul.   No caso ele anotou uma enormidade de coisas em mais de 400 páginas.   Vejamos quando encaixar essa empreitada de leitura e resenha.

         

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