FIM. 03-06-2025
Próxima leitura e resenha: UM RIO NA ESCURIDÃO - Autor Masaji Ishikawa
FIM. 03-06-2025
Próxima leitura e resenha: UM RIO NA ESCURIDÃO - Autor Masaji Ishikawa
capítulo 8 maio de 2025
Após 1822 quando o Brasil conquistou a independência, o rei
perde poder aqui e os ricos influentes e funcionários graduados civis e
militares, com destaque para estes últimos, crescem em poder a ponto de
prejudicar os mais pobres.
“Assim o pobre lastima o Rei e os capitães-generaes porque
não sabe mais a quem implorar apoio”.
Um nobre de Vila Rica (atual Ouro Preto-MG) tinha terras com
plantio de mamona. Deixou de cultivar a área
e cresceu a mata no local por setenta anos.
Após esse tempo, a área voltou a ser cultivada com a derrubada da mata e
a mamona voltou a vegetar e produzir normalmente.
As terras dos fazendeiros perto das estradas tem as casas
dos agregados, sendo que os donos fazem suas casas longe da estrada para não
serem incomodados pelos viajantes.
Na rota SP ao RJ, “é
para lá de Lorena-SP que recomeça a encontrar os homens ricos. Devem todos a fortuna à cultura do café”. (página 185)
O autor encontrou pelas estradas tropas transportando sal e
ferro. Este ficou indignado e disse que
é uma vergonha um país tão rico em minério de ferro, ficar importando ferro da
Europa. Sugere que o Governo deveria
colocar uma taxa alta do ferro importado e assim os ricos daqui seriam
induzidos a montar fábricas para a produção de ferro ao menos para o consumo
interno.
Destaca a recorrente figura do Capitão Mor que manda nos
vilarejos. Fala de Areia, local no
trecho Rio- SP onde ainda havia a cultura do café.
“Tiram-se mudas dos velhos cafezais. Começam elas produzir aos três anos e estão a
pleno vigor aos quatro anos”.
“Já no pleno viço cada pé de café dá de três a quatro libras
(cada libra 453 gramas) de frutos.
(penso que é café em coco, ou seja, com casca)
Podam os ponteiros dos pés de café para que não fiquem muito
altos e assim facilita as colheitas manuais.
Cafezal velho, fazem a recepa, cortando quase toda a planta
deixando algo em torno de meio metro de tronco e vem uma rebrota que retoma o
vigor da planta e volta a produzir por anos.
Encontrou na região vários imigrantes europeus, dentre eles,
franceses que vieram em busca de prosperidade e o Brasil era visto como boa
alternativa.
“Nos últimos seis anos tem imigrado para este país, grande
quantidade de franceses, atraídos em sua maioria, pela fama de riqueza de que o
Brasil goza na Europa e a esperança de rápida fortuna”.
“Consta a maioria de militares de ambições contrariadas,
operários sem clientela e aventureiros desprovidos de princípios e moral”.
Muitos se deram bem no Brasil e alguns voltaram frustrados
para a Europa ou migraram para a América Espanhola.
Cita a vila de Cunha-SP.
Local na Serra da Mantiqueira, lugar alto na rota do caminho real de MG
a Paraty-RJ e de lá derivando para SP e RJ.
Em Cunha também se plantava café. No meio do cafezal, plantavam milho e
feijão. (destaco como leitor que até os
anos 70 inclusive aqui no Norte do Paraná era comum os pequenos cafeicultores
plantarem o que chamavam de lavoura branca no meio dos cafezais. Milho, feijão e arroz)
Cita que ouvia do povo local que precisava de três negros
para cuidar de dois mil pés de café em produção.
Quanto mais o autor de aproxima da cidade do Rio de Janeiro,
mais via cafezais e riqueza. Cita a
vila de Rezende – RJ e seus cafezais.
Havia fazendas de 40, 60, .. 100 mil pés de café.
Os ricos pouco se interessavam em estudar os filhos. Não se vestem bem e comem basicamente arroz e
feijão. ...”o aumento da fortuna se
presta muito mais para lhes satisfazer a vaidade do que lhes aumentar o
conforto”. (página 198 de 220)
O povo local sempre sabe quantos pés de café tem os grandes
proprietários e quantos negros eles tem.
Continua no capítulo final 9
capítulo 7 maio de 2025
As estalagens para viajantes no interior ... “não
passam de verdadeiros prostíbulos, quer mantidas por mulheres ou homens”. ....”tais mulheres, além disto, são muito
raramente bonitas e sempre desprovidas de graças e atrativos”.
A abundância de peixes nas vilas do vale do Rio Paraíba do
Sul. No comércio, peixe fresco ou peixe
conservado salgado como se faz com o bacalhau.
O autor cita pastos de ervas peludas e eu, leitor, acho que
se trata do capim gordura ou capim catingueiro.
Ele diz que essas tais ervas peludas não são bem aceitas por cavalos e
burros.
Vê na região povo muito pobre, mal vestido e sujo. As crianças são até bonitas mas dos doze
anos em diante ficam feias de feição por
conta da má nutrição.
Jacareí – SP - página
153 de 220
“Desde Baependy-MG até Jacareí – SP não cesso de vier gente
com bócio” (papo por falta de iodo na
alimentação por isso hoje em dia se adiciona iodo ao sal comum para evitar esse
mal)
“Mais gente com bócio em Jarareí-SP”.
Os homens dessa região do Vale do Paraíba “Não mostram a menor curiosidade, falam
pouco e são muito menos educados que os de Minas. Os mulatos são comuns em Minas e raros no
vale do Paraíba”
Diz que o povo não via quase nada de vantagem entre o Brasil
colônia de Portugal (até 1822) e o Brasil agora independente. Ele em expedição no Brasil entre 1818 e 1822
neste percurso. Ele fez outros por
Goiás, Norte de MG, estados do sul.
A única diferença que os povos locais notam é que após a
independência, podem exportar produtos como tabaco, açúcar e café sem passar
pelo crivo e taxação de Portugal.
Na região de Jacareí, nota a rotina do povo em casa na beira
da estrada catando piolhos entre si sem preocupação em ser vistos.
Mogi das Cruzes SP.
Terras pouco férteis. Na época a
principal produção era de algodão nessa vila.
No passado plantavam cana mas o café passou a ser mais lucrativo e foram
migrando para a cultura do café.
Taubaté -SP e Jacareí – SP.
Região de criação de porcos que são tangidos até o Rio de Janeiro ou
abatidos em parte e enviado o toucinho para Santos.
A paróquia de Nossa Senhora da Penha na cidade de São Paulo
fica num lugar alto e é vista de longe.
O pesquisador destacou o papel relevante de José Bonifácio
de Andrada e Silva e do irmão deste no desenvolvimento da região.
Capítulo VI A
volta de São Paulo rumo ao Rio de Janeiro.
Alugou oito burros para a viagem. Custo de uma “dobra” por animal alugado.
Atrasou a partida de São Paulo por causa das festas da
Páscoa. Ele descreve de forma
interessante como o povo celebrava a Semana Santa em São Paulo no ano de 1822. Ele participou dos ritos e chegou a tomar a
comunhão das mãos do Bispo de São Paulo.
Lamentou que o povo simples não dava muito atenção para os ritos em si. Disse que o povo conhece pouco dos
fundamentos da religião Católica e tem pouca leitura.
Cita passar na estrada por pessoa nobre. O nobre leva um copo de prata preso por uma
corrente também de prata pendurada ao pescoço.
Usa o copo com a corrente para alcançar água nos regatos da estrada sem
descer do cavalo. Viu isso de forma
recorrente entre os nobres na região.
(uns tropeiros na terra deste leitor, anos 1960, usavam um
copo feito de guampa, o cifre de boi na forma de copo e um cordão para pendurar
no pescoço e poder alcançar água sem descer do cavalo)
O algodão é plantado na região porque é colhido antes da
chegada do inverno. Assim fica salvo de
sofrer geadas. Já a cana e o café ficam
por longo tempo em campo e em invernos com geadas, são afetados.
Fala dos nobres paulistanos presunçosos... “Neles entretanto não exclui esta balda e
polidez e a benevolência, não sendo irritante como a arrogância dos hespanhois. Estes parecem reunir à alta opinião que de si
tem o desprezo pelos demais humanos”.
Na região de Jacareí o povo plantava fileira de caraguatá
(planta da família do abacaxi). Planta
de folhas com espinhos nas bordas que servia de cerca das propriedades.
Continua no capítulo 8
capítulo 6 maio de 2025
No cultivo do fumo, semeavam na região em setembro/outubro e
transplantavam as plantinhas novas no local definitivo em dezembro. No
canteiro fica mais fácil de cuidar e até molhar as plantinhas novas. Depois que elas estavam mais crescidas, eram transplantadas
para a lavoura em si.
Após colher as folhas do fumo, arrancavam as plantas e
plantavam milho por um ou dois anos e
depois deixavam a terra descansar.
Na época Pouso Alto MG era sede de comarca em 1822. (hoje em dia não sei se mantem o mesmo nome).
No local chamado Passa Quatro, o rio Paraíba faz quatro
curvas seguidas e daí vem o nome da comunidade local.
Alguns ricos de MG iam ao RJ comprar escravos baratos e
levavam para MG e vendiam para receber de forma parcelada ganhando juros e
ficavam mais ricos. Costumavam
receber dos produtores mineiros fumo como pagamento em certos casos, produto
este que tinha franco mercado no RJ e até para exportação.
No meio do caminho havia uma cruz de madeira indicando a
divisa do RJ com SP. Rumo a SP,
chegaram no vale do Paraíba a terras mais baixas e encontraram inclusive
lavouras de cana e de café. Nesta
fase da caminhada, estão em Lorena-SP. Seguiram
por longo trecho com estrada acompanhando de perto o rio Paraíba.
Para atravessarem o rio na região, usaram três canoas
emparelhadas, amarradas entre si e colocaram até oito burros numa só travessia.
Cita que havia também bananais e plantações de laranja em
pequena escala na região. A goiaba era
cultura bem recorrente por lá também.
Nas vilas, sempre havia as oficinas de pessoas que colocavam
ferraduras nos animais de carga, o que era algo essencial na época.
Destaca a importância da estrada que havia entre o RJ e
Baependy-MG. Uma das cargas comuns para
o RJ era o fumo e do Rio para MG, o sal vindo do litoral.
Quem descia a Serra da Mantiqueira vindo de Minas Gerais,
num ponto a estrada se bifurcava, sendo à esquerda para o RJ e à direita, para
SP.
Guaratinguetá, região de terra arenosa. Culturas de cana, café e mandioca.
O autor compara. Em
MG mesmo os mais simples moravam em casas e não tinham o hábito de dormir em
redes como fazem os índios. Já no
interior de SP era comum o povo simples da roça dormirem em redes.
Ele destaca: “Já
tive muitas vezes a ocasião de notar que por toda parte onde existiram índios,
os europeus, destruindo-os, adotaram vários de seus costumes e lhes tomaram
muitas palavras da língua”.
Diz que os mineiros tem algo de superior porque “pouco se
misturaram com os índios”.
Cita da passagem por Guaratinguetá. Cidade de igreja grande. Maioria do comércio fechado durante a semana
e as moradias também. Os moradores ficam
nas roças e criações durante a semana e vem para a Vila nos fins de semana para
ir à igreja e para fazer as compras.
Fala da cidade de Aparecida, banhada pelo rio Paraíba. Em Aparecida... “não se vê uma casa que denuncie
bem estar”...
Gente aos domingos indo à missa. Inclui mulheres acompanhadas e sem companhia. Ao passar, não olham para os lados e nem
respondem ao cumprimento. Só olham “de
rabo de olho” ao passar.
Falou de Aparecida e da imagem que lá tem de Nossa Senhora. “A imagem que ali se adora, passa por
milagres e goza de grande reputação, não só na região, como nas partes mais longínquas
do Brasil”.
Região de estrada plana e perto do rio. Dava para se viajar numa berlinda. (algo como uma carruagem de quatro rodas).
Taubaté, Pindamonhangaba, também na rota rumo a SP.
Capítulo V - página
145
“A vila de Taubaté é a mais importante das quais atravessei
desde que entrei na capitania de SP.”
Cinco ruas cortadas por muitas travessas.
Casinhas com quintal e neste, plantação de bananas, de café
etc.
Igreja grande mas sem janelas laterais. Muito escura por isso.
Na vila de Taubaté já havia um convento dos Franciscanos em
1822.
Terra de cana e de café
na época.
Continua no
capítulo 7
capítulo 5 maio de 2024
Os que criam carneiros, tosquiam os animais duas vezes por
ano. Para gado bovino, colocam em pasto
de 12 km x 12 km ao redor de 600 a 700 bovinos.
O pesquisador, já experiente de outras expedições pelo
interior, carrega feijão como reforço alimentar. Se alguém dá pouso e comida para eles, se o
café da manhã for fraco, ele pede para os da casa cozinharem feijão e ele leva
o feijão cozido para reforçar a dieta da equipe.
Encontra na região do eixo RJ SP pequenas cidades perto dos
rios e a igreja sempre em lugar mais alto, livre de enchentes.
Na época, nas fazendas de gado havia menos escravos porque a
pecuária exige pouca mão de obra comparando com lavouras.
Na época (1822) a média de empregados em fazendas de gado
era de um escravo para cada três homens livres. Diferente das fazendas com lavouras, onde a
proporção de escravizados era bem maior.
Uns plantam café entre os morros mas não é raro as geadas
afetarem os cafezais no inverno.
Plantam mandioca para fazer farinha, mas preferem comer
farinha de milho que é mais nutritiva e saborosa.
O milho também alimenta porcos, burros, cavalos, galinhas.
Os colonizadores chegaram a plantar trigo na região até que
a doença fúngica da ferrugem do trigo dizimou as lavouras.
Encontrou na região do vale do rio Paraiba entre outras
culturas, frutas como pêssego, maçãs e uva.
Além da goiaba e banana.
O autor chama a araucária (pinheiro do Paraná) pelo nome
então popular de Pinheiro do Brasil.
...”com sua forma majestosa e pitoresca”.
O pesquisador cita cena recorrente de curiosos nos lugares
onde se hospeda e faz suas análises de plantas coletadas.
“Enquanto trabalho, as mulheres, segundo o hábito de MG,
intrometem a nariz pela porta adentro para verem o que faço. Se me volto bruscamente, percebo ainda um
pedaço de rosto que se adiantara e retira-se apressadamente”.
...”chuvas... estava o tempo muito enfarruscado.... “ (a expressão enfarruscado era comum na
região de Cerquilho-SP, onde nasci)
Cita a altura aproximada de uma cachoeira. 50 covados, que equivaleria segundo ele a 33
m aproximadamente.
Rio Juruoca. Cita
a planta verbena. Também a planta
congonha.
Ele anda pela serra do Papagaio que é um pedacinho da Serra
da Mantiqueira. Vai coletando (e
citando) as ervas do interesse dele.
Cita a planta nativa que fornece frutos comestíveis: o imbiri.
Pousou num casebre bem pobre e sujo acima da média na
região.
Disse que apesar do casebre nessas condições, a dona os
atendera bem.
Ele disse que no interior da França também há casas pobres,
mas a diferença é que o bom atendimento traz consigo a expectativa da
remuneração. Que seja quinze minutos de
serviço prestado, já tem preço. Qualquer
item que servem aos viajantes também tem seu preço. Essa busca de remuneração não se via tão
evidente no interior do Brasil de então.
Cidade de Baependy MG.
Lugar de montanhas e matas. Por
lá também tem araucárias. Hotel na cidadezinha
com vários quartos com porta para a rua.
O dono não cobra o pouso e cobra aluguel do pasto para os animais e as
refeições dos viajantes.
Página 119
Em Baependy os curiosos na porta vendo o pesquisador
manipular seus materiais de vegetais, o herbário. Ninguém entendia o trabalho do pesquisador. Uns achavam que ele estava coletando imagens
para futuras estampas de roupas de chita, tecido comum para o povo mais
simples.
Rotina do povo local é a criação de animais. Alguns agricultores plantam fumo que é
bastante valorizado de tal forma que propriedade que tem a cultura tem seu
preço avaliado pelo tanto de pés de fumo que há nela plantado. Cita que em 1 alqueire (24.200 m2) cabem
20.000 pés de fumo.
Continua no capítulo 6
capítulo 4 de 10 maio de 2025
O autor fala que na região de Barbacena-MG o Rio Grande tem apenas 22 passos de largo e
é curioso saber que no sul este rio e outros afluentes desaguam no enorme Mar
Del Plata entre Argentina e Uruguai.
São João Del Rei, uma comarca populosa, já em 1822. Pouco comum na sua época. Decorrência da descoberta do ouro.
Cita a vegetação de Cerrado na região de Barroso-MG.
No trecho, a equipe do pesquisador pegou muitos bichos de pé
e isto causava transtorno já que a caminhada na ocasião era à pé ou em lombo de
burro.
Comenta passagem pela região do Rio das Mortes. Na região, ele foi descontar uma carta de
crédito com um comerciante e este pediu o desconto de 6% por conta do que seria
uma taxa que na sede do governo no RJ iriam cobrar do comerciante. Não era usual cobrarem essa taxa dos
viajantes. Depois o autor descobriu que
o comerciante mesquinho era europeu.
“Como eu já tive, muitas vezes, a ocasião de observar, os
comerciantes europeus estabelecidos no Brasil, são quase todos grosseiros e sem
educação”.
Os brasileiros dissipam mais do que tem... já os
europeus “ajuntam tostão por tostão,
privando-se de tudo para se tornarem ricos”.
...”ao se tornarem ricos conservam a grosseria inata e a ela sobrepõem a
mais insuportável arrogância, tratando com desdém os Brasileiros a quem devem a
fortuna”. (página 79 do livro na
edição que li)
Ele fala de Vila Rica
(depois, Ouro Preto MG). Fala de
quão dura é a despedida de pessoas que você tem por elas amizade e você sabe
que não as verá mais.
Ele falando da forma de construir porteiras de fazendas já
naquela época, com o mourão meio torto de forma que fica meio pesada ao abrir e
ao soltar, ela volta a fechar por conta do peso e do mourão um pouco torto. Isto eu conhecia no meu tempo de morar na
zona rural.
Cita na região de MG, muro de pedras da altura de uma
pessoa, separando a casa do patrão das senzalas dos escravos. (escravizados)
A ponte sobre o Rio Grande na região tinha um pedágio
cobrado pelo governo central que foi quem fez a obra.
Nas andanças de coleta de materiais botânicos pela região,
de vez em quanto algumas pessoas ficavam admiradas com aquilo. Vinham perguntar sobre a coleção de plantas e
os objetivos. O autor faz uma bela
reflexão sobre aquele que se interessa pela ciência.
“Pode-se esperar que aqueles que se envergonham de sua
ignorância, dela logo procurem sair”.
Cita o Rio Juruoca, afluente do Rio Grande. Serra das Carrancas. Muito pasto e pouco gado na região. Produção de queijos que são enviados em lombo
de burros até o Rio de Janeiro. Em Vila
de Carrancas, a igreja feita de pedra.
Era rotina haver caravanas levando sal para MG e de MG,
levando toucinho (gordura de porco) e queijos.
Para transportarem queijos de São João Del Rey até o RJ,
usavam balaios feitos de bambu trançados.
Também chamados jacás. Dois
balaios em cada burro de carga. 50 queijos
em cada balaio. Quando é toucinho de
porco, são 3 arrobas (15 kg cada arroba) cada balaio para animais mais jovens e
quatro arrobas por balaio em burros já treinados.
Pouso na fazenda de uma viúva. Ela foi criadora de carneiros, mas a estrada
virou rota de tropeiros e os cães destes acabavam devorando os carneiros nos
pastos e foi dizimado o rebanho com o tempo.
Página 95 – foto de tela com o tema Pousada de Tropeiros já
em Jundiai de Goiás. Obra de Hercules Florence,
ano de 1826.
Capítulo IV - A
fazenda dos Pilões
Num local de pouso a dona da fazenda foi muito gentil com a
equipe mas o autor percebeu que ela tratava os escravos dela aos gritos. Ele diz que era uma atitude usual na época,
apesar de absurda. Diz que os brancos
na época não consideravam os escravizados negros como seus semelhantes.
Caminho novo do Parayba.
(região do Rio Paraiba do Sul)
Num local de pouso onde foram bem recebidos, o casal tinha
filhos na faixa dos vinte anos. O autor
notou que ao despedirem para dormir, beijaram a mão do pai e pediram a benção. Era pouco usado o costume na época e o autor
achou curioso.
A praxe dos pecuaristas da época era venderem no máximo 10%
do rebanho para não desfalcar o capital.
E manter sempre as vacas de cria para novas expansões do rebanho.
Continua no
capítulo 5
capítulo 3 maio de 2025
Fala de andar por matas fechadas que tem sua beleza, mas não
se avista longe. Já quando se abre um
campo, vegetação baixa, a vista alcança longe e se vê muitas plantas floridas
que são uma beleza. ...”é impossível...
que não nos ocorra certo deslumbramento”.
Lamento por ter que voltar ao país dele, a França. “... mas desejaria ao menos gozar, mais
tempo, do prazer de admirar este belo país...”
A decisão de partir de Barbacena-MG até São Paulo. Num dos pousos, numa fazenda, o
pesquisador despachou para a Vila dois criados com as mulas e as cargas para comprarem
provisão para a partida rumo a São Paulo.
Na época na Corte no RJ estava um reboliço político (1822). A população da Vila ficou em alvoroço
achando que fosse gente do governo vindo recrutar contingente para enfrentar
rebelião na Corte.
...”nossa chegada causara alarme na cidade”.
Capítulo II
Cita o roteiro de lugares onde passou. Entre estes, Bicho de Pé e São João Del Rey. (há um lugarejo histórico naquela região
que se chama Bichinho. Será que teria
relação com o tal Bicho de Pé)
Pág. 59 - Fazenda do
Tanque. Cita também Rio do Sal, Rio
Brumado e Rio do Peixe em MG.
Descreve um lugar com paredão de pedra ao lado de um riacho
e no paredão há algo da natureza parecido com uma imagem humana. Na crença popular ligaram a imagem a Santo
Antonio e o local virou ponto de peregrinação da região. Iam inclusive pedir para encontrar objetos
ou animais perdidos. Os devotos diziam
que após a visita e as preces, sempre encontravam o que procuravam.
Ele cita que encontrou num rancho na zona rural uma mulher
mulata e várias criancinhas bonitas. O
marido dela estava no serviço do campo por perto. Ele perguntou à mulher se não achava tedioso
ficar num lugar assim sem vizinhança.
Ela “disse-me que
ali estava, havia apenas um ano e nunca sentira um único momento de tédio. Os trabalhos caseiros, as galinhas e os
animais domésticos tomavam-lhe o tempo todo”.
O dono da casa disse que em um ano se estabelecendo no local
teve que matar dez onças para tornar o local mais seguro para a família e os
animais de criação.
O autor fala que estava num dos lugares mais altos da
montanhas onde se chegava a avistar ao
longe o Rio de Janeiro.
Página 63 – Reprodução de uma tela com a cena de tropeiros
acampados. Tela de Jean Baptiste
Debret. (não cita data)
No trecho, o pesquisador percebe que seu guia já andava
enfadado com as paradas dele para coletar amostras de plantas.
Nos pastos, fala do capim flecha que seria muito comum na
região.
Cita ter visto no alto de montanha na Serra da Mantiqueira
em MG, um bosque de araucárias (tipo o
pinheiro do Paraná). Região de
Ibitipoca.
Destacou que as araucárias são vistas em lugares de altitude
de Minas Gerais para baixo, pelo Sul do Brasil.
Encontrou comitiva indo para Araxá-MG buscar algodão para
levar ao comércio do RJ. A demora é em
torno de sete meses para fazer a ida e volta por estradas de chão usando burros
no transporte das cargas.
Ele fala um pouco de Barbacena-MG que já era comarca em
1822. “É célebre, entre os tropeiros,
pela quantidade de mulatas que nela habitam e entre as quais deixam os homens o
fruto do trabalho”.
Continua no capítulo 4 de 10