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sábado, 13 de setembro de 2025

Cap. 11/12 - fichamento do livro VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor Botânico francês SAINT-HILAIRE (1816 - 1822)

Capítulo 11/12

 

         Entre outros fatores, os homens da ilha (atual Florianópolis) temiam o serviço militar forçado e se dedicavam à pesca e assim a ilha ficava com mais mulheres do que homens.   Nisso a prostituição era elevada e havia muitas crianças que eram abandonadas.

         Sobre terras exauridas em decorrência de sucessivos plantios.    ...”é preciso formar esterqueiras, bem como estudar uma forma de fazer rotação de culturas”.   (plantar culturas diferentes uma em sucessão às outras).  

         ... cita recorrentes casos de disenterias na população.    “Não seria totalmente impossível que as disenterias fossem causadas pelas laranjas, que existem em abundância e são comidas pelos moradores do lugar muito antes de estarem inteiramente maduras”.

         Capítulo XIV   Permanência do autor na Cidade de Desterro

         Como foi dito, era o nome da atual Florianópolis naquela ocasião.

         “Havia o projeto de se construir um hospital militar e de devolver aos pobres o estabelecimento que lhes pertencia.   O local onde ficaria o novo hospital já estava demarcado, mas a escolha não poderia ter sido pior:   ao lado do quartel e no sopé do morro, numa baixada onde o ar não circulava livremente”.

         Visitou fábricas de potes de barro na ilha do Desterro.

         Festividades por ocasião do nascimento de Dom João VI.   No Desterro teve parada militar e festividade que incluiu dança.

         No baile da elite, umas trinta mulheres.     ...”Eu já tinha tido oportunidade de admirar o talento das senhoras de SC para a dança; admirei-as mais ainda ao ficar sabendo que elas nunca tinham tido professor de dança e haviam aprendido a dançar exercitando-se umas com as outras”.

         Capítulo VI   Viagem de Desterro a Laguna

         Na época plantavam até um pouco de café na Ilha do Desterro.

...   “As mulheres que vi à minha chegada usavam geralmente um vestido de chita e um xale de seda”.

         Cita na região a fruta silvestre chamada camarinha e que dá cachos com frutos saborosos.   Frutos da cor negra.

         Cita a palmeira anã que recebe na região o nome popular de butiá e que dá cachos de frutos saborosos.

         (há no sul um ditado que se algo foi assustador, dizem que foi de cair os butiás dos bolsos).

         Jantar na fazenda de um militar local.   O autor cita que a mulher do fazendeiro também participou da mesa do jantar, o que não é costume no interior de MG e GO por exemplo.

         As pessoas que o abrigavam, arranjavam provisões e transporte para a próxima caminhada do autor e sempre cobravam por tudo isso.   Cobravam e indicavam (e recomendavam) a equipe dele para as paradas que ainda viriam pela frente.

         O autor disse que na região de Curitiba e desta para o litoral ao Sul, o gasto da equipe dele foi dez vezes maior que no interior de MG e SP.    E além do mais, não era tempo de florada dos vegetais e assim ele pouco conseguiu de material para sua coleção e pesquisa.    Era mês de maio.

         Cita o Rio Garupava, entre outros.

         No caminho rumo a Laguna viu grupo de pessoas que estavam voltando a cavalo de uma missa no povoado.    As mulheres usavam também chapéu, só que de modelos femininos.   Isto em contraste com as mulheres do interior de MG que montadas a cavalo usavam chapéus iguais aos dos homens.

         Na caminhada para Laguna, passou pela enseada de Embituva.

         O autor cita que encontrou na região vários homens que combateram contra a França em território Francês.    Cita uma tal Vila Nova no trecho entre Desterro e Laguna.    Diz que Vila Nova fica distante 30 km de Laguna.

         Ele se refere sempre em léguas, equivalentes a 6 km cada.

         Na época as casas em Laguna eram bem próximas à igreja local.   As casas geralmente ficavam fechadas durante a semana e os donos iam cuidar das lavouras e criações na zona rural.   Vinham aos domingos para o povoado para a missa.

         (Meus avós que eram da região de Tatui-SP citavam o fato dos agricultores ter uma “casa de assistência” na cidade para virem nos fins de semana para a missa).    Isto nos anos 1910/1920 por aí.

                   Capítulo 12/12 a seguir... 

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Cap. 10/12 - fichamento do livro VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor: Botânico francês SAINT-HILAIRE (1816-1822)

 Cap 10/12

 

Em torno de quarenta anos, armação que caçava até 500 baleias por temporada, foi caindo e chegava perto de 50 abates por ano.  

         “De cada baleia se retirava de 12 a 20 barris de óleo, sendo 15 em média.”  

         Barcos de caça à baleia eram de seis bancos para remadores.   Levavam arpões.    Ao saírem para pescar o capelão abençoava cada partida, inclusive porque a atividade era arriscada.

         Matavam as baleias, arrastavam elas até a armação, retiravam a gordura, ferviam para obter o óleo e o torresmo em geral ia para a queima na caldeira de derreter gordura.    O óleo produzido era colocado em barris e embarcados para venda no Rio de Janeiro. 

         A temporada da caça anual era curta, menos de dois meses.    Após retirar a gordura da baleia, largavam a carcaça apodrecendo junto à costa, deixando a região com muito mal cheiro.

         “As pessoas que se ocupavam da pesca eram lavradores muito pobres quase todos.   Ao invés, porém, de guardarem para o futuro um pouco do dinheiro ganho na curta temporada da caça e de cultivarem as suas terras nos dias de folga, eles ficavam à toa quando terminava a pesca e passavam a vida bebendo cachaça, cantando e tocando violão até que o dinheiro acabasse”.

         O autor passou de barco perto de dois fortes na Ilha que hoje é Florianópolis.  Forte da Ponta Grossa na Ilha e o de Santa Cruz no continente ao lado da ilha.

         Capítulo XIII

         A ilha de Santa Catarina – a cidade de Desterro

         Quando o pesquisador visitou a ilha ela tinha em 1820, 12.000 habitantes.

         Ressalva que o medo que as famílias tem do Estado requisitar seus filhos para o Exército, faz com que muitas famílias omitam dados para o governo.

         ...”pois num país onde é aceita a escravidão o número de escravos serve de base para medir a fortuna dos indivíduos livres”.

         O autor fez grande elogio à ilha onde hoje é Florianópolis pela beleza do lugar.   Na ilha, muitas casas de dois andares, bem construídas e vidraças nas janelas.

         Em 1820 os artigos de exportação pelo porto de Desterro eram principalmente farinha de mandioca, arroz, óleo de baleia, cal, feijão, milho, amendoim, madeira, couros, potes de barro, peixe salgado, tecidos de linho e tecidos feitos com uma mistura de cânhamo e algodão, além de melado de cana.

         O autor cita muitos sítios e chácaras perto da cidade, sempre com plantações.   Comumente a mandioca, laranja e outras culturas sem simetria, não alinhadas.

         Casas simples e bem cuidadas.  Pouca mobília.  Mesa e tamboretes para pessoa sentar.   No chão a esteira sobre a qual se faz os trabalhos domésticos de cócoras e são servidas as refeições também consumidas de cócoras.

         Todo sítio da região tem seu tear para confeccionar tecidos para uso doméstico principalmente.

         Pessoas de cabelos finos que demonstra pouca mistura com sangue indígena.

         “As mulheres mais ricas da cidade acompanham a moda do Rio de Janeiro e estas, por sua vez, acompanham a moda da França”.

         ...”Quem passa diante de suas casas ouve-as batendo o algodão; elas fiam e tecem mas de um modo geral empatam o que ganham unicamente para satisfazer o seu gosto pelas roupas bonitas”.

         Em Desterro (1820)...   “Os homens que pertencem à Guarda Nacional deixam crescer o bigode”.

         Em SC, poucos negros escravizados e os brancos fazem inclusive os trabalhos de cultivo da terra.   Diferente de MG onde a cor branca da pele dá uma certa nobreza às pessoas e estas deixam as tarefas mais duras como cuidar de lavouras aos negros escravizados.

                   Capítulo 11/12

sábado, 30 de agosto de 2025

Cap.8/12 - fichamento do livro - VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor: Botânico francês SAINT - HILAIRE (1816-1822)

Cap. 8/12

 

.    Em 1820 o povoado de Guaratuba não tinha mais do que quarenta casas.

     “Não há mais do que quarenta casas”.   Igreja local é dedicada a São Luis em homenagem ao Rei da França.

         No litoral, Guaratuba é a última paróquia pertencente a Curitiba.  A próxima,  mais ao sul já pertence a Santa Catarina e é a paróquia de São Francisco, na ilha do mesmo nome.

         Na época (1820) São Francisco tinha 900 habitantes no seu distrito.

Muito pobres.   Se alimentam basicamente de peixes e de farinha de mandioca.   Má alimentação, pele amarelada e hábito de comer terra.  Isto pela deficiência de minerais no organismo deles.

         Uso da extração de cal dos sambaquis.  Estes eram amontoados de conchas de séculos pelos indígenas que habitaram a região.  Se alimentavam das ostras e iam amontoando as conchas destas que formaram os sambaquis, ricos em cálcio.

         Capítulo X   Esboço geral da Província de Santa Catarina

         SC até o século XVIII era coberta de florestas e tinha os índios Carijós.    Logo após o ano de 1500 os europeus que passavam pela ilha onde hoje é Florianópolis, a chamavam de ilha dos Patos, devido à grande ocorrência dessas aves na região.    Em 1559 há relatos do viajante Hans Staden percorrendo esta região e fazendo anotações.

         O governo de São Paulo em 1732 visando povoar SC para defender a região, mandou famílias para lá e passou a enviar prisioneiros para cumprir pena no “Desterro”, isto na ilha onde hoje é Florianópolis.

         Antes dessa época, os presos eram enviados para presídios no Pará ou no Maranhão.

         Há relatos da época que a região tinha na costa de SC gente que recebia muito bem os navegantes, os viajantes que passavam pela região.   Os moradores locais eram leais no comércio com todos.

         Item 2 – Colonização

         A província de SC era bem pequena em 1820.  O limite oeste   ...”ainda não se acham perfeitamente definidos”.

         Na narrativa do autor ele faz referência ao “cruel” coronel Rodrigo de São Paulo que na “guerra contra Artigas mandou muita gente convocada para a guerra”.   O povo ficava em polvorosa por ser convocado.

         Em 1820 a província de SC tinha três cidades.  São Francisco, Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis) e Laguna.  Todas no litoral.

         Administração Eclesiástica.

         Na época (1820) a Diocese do RJ ao norte ia até a divisa com a diocese da Bahia.  Ao Sul, tinha jurisdição, pulando São Paulo, nos estados do sul como Paraná, SC e RS.    Essa falta de sintonia das paróquias do sul com a Diocese do RJ causava sensação de abandono pelo povo e mesmo para os padres que atuavam na região.

         Os poucos padres para atender às paróquias eram mal preparados para a função.   Acabavam entrando na promiscuidade do povo local.

         Quando vieram uns padres espanhóis ligados a Ordens Religiosas, estes tinham preparo sólido e vivência correta e os resultados foram muito bons.    “seus costumes são austeros; eles pregam a doutrina cristã em toda a sua pureza, mantém-se alheios às coisas mundanas e se consagram sem reservas ao serviço de Deus”.

         Instrução Pública    -  Por volta de 1840 os padres ligados à Ordem religiosa fundam um colégio e mediante pequena contribuição, tem alunos internos cursando Latim, noções de história e geografia, francês, geometria, retórica e filosofia.   Formavam jovens muito bem preparados.

         Administração judiciária.

         Em 1820 a segunda instância da Justiça em SC ainda era ligada a Porto Alegre, o que dificultava muito para o povo de SC.

         Em SC na época do pesquisador, só havia picadas e não havia estradas.   Não havia como produzir lavouras no interior, nem meio de transportar a produção para comercialização.

         Os primeiros portugueses que migraram para SC e RS tiveram progresso diferente.   Os do RS encontraram os campos com pasto nativo e sem a presença de mata.   Áreas propícias para criação de gado sem o elevado custo de desmatar a área.

         Já os portugueses que vieram povoar SC, como os anteriores eram de origem do Arquipélago dos Açores.    Ficaram restritos a povoar  o litoral, já que fora deste era tudo mata virgem de difícil acesso e que requeria muito esforço para desmatar, construir caminhos e povoar.    Assim, ficavam no litoral e tinham como principal fonte de subsistência a pesca.

         Os do RS lidando com gado, tinham carne abundante e eram bem mais saudáveis que os de SC.

         Relembrando que na ocasião que os portugueses colonizaram SC os índios locais já tinham migrado para o interior em decorrência da vinda dos colonos.

                   Continua no capítulo      9/12 

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Cap. 7/12 - fichamento do livro - VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor: Botânico francês - SAINT-HILAIRE - (1816-1822)

capítulo 7/12 

         Sobre a difícil descida da Serra do Mar pela trilha da época rumo a Paranaguá, usando burros cargueiros.     O autor se admira da habilidade dos burros que fazem aquele trecho.   Os animais são treinados para essa travessia.   Primeiro os burros descem a serra sem as cangalhas e sem carga para se ambientarem ao terreno.   Numa segunda fase, descem com a cangalha vazia.   Numa fase posterior, descem com meia carga e quando estão bem treinados, levam carga completa.

         O autor registra na região de Paranaguá o Rio Cubatão que tem o leito com pedras no fundo.

         Descreve a parada em Morretes e fala do lugarejo e seu povo.   Cultivam banana, mandioca e cana.   Cana para fazer rapadura e cachaça.

         Entre Morretes e Paranaguá, o pesquisador viajou de barco.  Mangue no entorno e muitas aves aquáticas com destaque para os coloridos guarás com sua cor coral.

         Segundo o autor, Paranaguá foi o primeiro lugar onde se descobriu ouro no Brasil.    “Antes mesmo de 1578”.    O governo de então criou uma fundição de ouro em Paranaguá.

         Até 1812 Paranaguá foi comarca e neste ano a comarca passou para Curitiba.

         Em Paranaguá..  “A Câmara Municipal está instalada num prédio bastante grande que defronta o rio e tem dois pavimentos.   Conforme o costume o andar térreo é ocupado pela cadeia”.

         Cita o prédio grande feito pelos Jesuítas.  (Conheço o prédio que está bem conservado e tem instalação ligada à UFPr Universidade Federal do Paraná).

         Pelo porto de Paranaguá na época se exportava muita madeira de peroba e canela preta, além de mate e alguns produtos mais.

         Em 1836 foram 134 os navios que aportaram em Paranaguá.   Sobre este povoado:   “Essa cidade é certamente uma das mais bonitas que já visitei desde que cheguei ao Brasil”.    Destaca porém que a água da cidade é de qualidade medíocre.

         “Ali e em Guaratuba... singular costume de comer terra...”  (por má nutrição).  As pessoas que comem terra ficam com a pele amarelada e morrem mais precocemente.

         Escravos...   “veem-se negros com mordaça na boca rolando na terra para poderem aspirar um pouco de pó”.    ...”comer cacos de potes de barro, de preferência oriundos da Bahia”.   (provavelmente com mais microelementos)

         Um padre, ao dar a comunhão perguntava se a pessoa tinha o costume de comer terra e transformou isso em pecado.  Não dava comunhão a quem comesse terra.

         Em 1820 o distrito de Paranaguá tinha 5.000 habitantes.

         Ele diz que acha qual razão de fazendas de gado terem menos escravos.  Primeiro, porque a atividade usa pouca mão de obra.  Segundo, porque os brancos não se sentem diminuídos trabalhando montado num cavalo e cuidando do gado.

         Paranaguá e sua área de planície litorânea.   Muitos bananais.  Produz mandioca e cana mas o clima não é bom para produção de café.

         Árvores cortadas na altura de um metro.  Nasce mato em volta do toco e assim a árvore não rebrota.   “Se este livro cair nas mãos de um fazendeiro ele rirá dos meus conselhos...   mas seus netos...”  irão me agradecer e ficar ricos porque adotando a limpeza no entorno do toco da árvore ela revive e será de novo uma árvore de grande utilidade e valor.  (como faziam na França da época).

         Sobre topografia e clima...  “Isso viria a confirmar a lei segundo a qual há muito maior uniformidade, de um modo geral, na temperatura e vegetação do que nas terras do interior”.     (terras próximas ao litoral estão em altitude próxima da altitude do mar e assim tem clima e vegetação semelhante na faixa costeira)

         Visitou a Ilha da Cotinga  (no guarani, Cotinga – semelhante ao quati)

         Visitou em Paranaguá a capela do Rocio onde é celebrada anualmente uma festa que junta muita gente da região.  A capela era dedicada a Nossa Senhora do Rosário.

         Viu por lá os ritos da Semana Santa e de malharem o Judas no sábado da aleluia.   Essa tradição veio de Portugal.

         O autor que usava burros de carga para suas andanças na pesquisa botânica, notou que no litoral de Paranaguá era difícil encontrar burros.  Usavam mais as canoas e nos trechos por terra, carros de boi.

         Ao partir rumo a Laguna, teve que contratar carros de bois para a missão.

          Capítulo IX  Viagem de Paranaguá a Guaratuba.  Essa última cidade e seu distrito.

         Uso de canoas num trecho e carros de boi em outros trechos entre Paranaguá e Guaratuba.    Em Paranaguá, na Ilha do Mel, já existia o pequeno Forte (um fortim) para proteger a cidade de invasores por mar.

         Caiobá, do guarani caioga – casa de macacos.

         Destacou a beleza das aves guarás, muito comuns no litoral.    O nome científico do guará segundo o autor é Ibis rubra.

         No passado (em relação a 1820) os guarás eram encontrados nas costas marítimas desde o ES até Santa Catarina.   Foram desaparecendo de muitas regiões e em 1820 o autor encontrou em bandos na região de Guaratuba.   Guara-tiba em tupi seria reunião de guarás.    Em 1820 o povoado de Guaratuba não tinha mais do que quarenta casas. 

sábado, 16 de agosto de 2025

Cap.6/12 - fichamento do livro - VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA _ autor: botânico francês - SAINT-HIRAIRE (anos 1816-1822)

 capítulo 6

        

         “A comarca de Curitiba contava em 1813 com 36.104 habitantes”.

         “Em 1838 ela se compunha de Curitiba, Guaratuba, Paranaguá, Antonina, Vila Nova do Príncipe (Lapa) e Castro.”   Mais para o interior, a oeste era tudo não colonizado.  

         O povoado de Apiai (SP) no vale do Rio Ribeira era o mais próximo da província de São Paulo em relação a Curitiba.

         “Em 1818 a varíola devastou a região”.   O autor cita estatísticas das pessoas e das profissões da região na época.  (páginas 75 a 77)

         Ponta Grossa era um distrito de Castro (1820).   Em Curitiba, as mesmas culturas como milho, feijão, trigo, fumo etc.

         Destaca na região a produção de mate “que constituiu importante produto de exportação”.

         Produção de lã de carneiros.   Produzem cochonilhos para colocar em cima do arreio para cavalgar.   Vendiam muito na região e em Sorocaba que era um grande entreposto de vendas de tropas.

         Em 1820 já não se explorava mais ouro na região de Curitiba. 

         Muitos homens brancos, altos ...”e eles não mostram o menor sinal daquela bazófia que comumente torna insuportáveis os empregados e os comerciantes da capital do Brasil”.

         As mulheres...  “elas são menos arredias e sua conversa é agradável”

         Os imigrantes europeus, não portugueses dão apelido injurioso aos portugueses, chamando-os de emboabas.   Emboabas eram aves que tinham penas até nos pés.   Os portugueses usavam botas de cano alto e polainas e assim ganharam o apelido.

         Pessegueiros abundantes porque em certo tempo o capitão mor obrigou os agricultores a planta-los.

         “Tirania do Coronel Diogo...”    faz relato.

         ...”Passei nove dias em Curitiba”.

         Índios coroados de Guarapuava.   O termo coroado seria porque os índios com o cabelo comprido enrolavam o mesmo de forma a ficar coroado.

         Os índios faziam com o milho ou a mandioca, uma bebida chamada cauim que era alcoólica e causava embriaguez.

         Em Curitiba ficou hospedado pelo Sargento Mor José Carneiro.

         Capítulo VII   Paranaguá – Descida da Serra do Mar

         Logo após Curitiba no rumo da Serra, passa pela fazenda da Borda do Campo.   Esta foi dos Jesuitas e era produtiva e lucrativa.

         Depois que os Jesuítas foram expulsos do Brasil, a Coroa passou a administrar a citada fazenda e então esta ficou mal cuidada e deficitária.

         ...”São conhecidos o descaso e a má fé com que era administrado o Brasil, sob o governo de Portugal, tudo o que se relacionava com o serviço público.”

         Na época a distância de Curitiba a Paranaguá era pelas vias de então, ao redor de 110 km.

         Em Minas Gerais chamavam o mate de congonha.   Em MG usavam uma planta local parecida com o mate mas que era de outra espécie.

         O pesquisador observou que por aqui o preparo do mate na região era inferior ao sistema do Paraguai, sendo que neste o produto ficava melhor.

Melhorado, o mate era mais bem aceito em Buenos Aires e Montevideu.

         Na página 91 desta edição, o autor explica em detalhe o barbaquá que era uma estrutura de madeira para o sapeco do mate.   Depois de exposta ao fogo, era socada para virar pó.

         Cita a região de Curitiba produzindo por ano 300.000 a 400.000 arrobas de mate.   (uma arroba = 15 kg)

         Relata no trecho da Serra, o majestoso Pico Marumbi.

         O Bispo do Rio de Janeiro, José Caetano da Silva Coutinho.   Este teve a ideia de conhecer a sua imensa diocese.  Para isso, teve que descer a serra entre Curitiba e Paranaguá.   Levavam ele numa rede.   Em certo ponto os carregadores reclamaram de forma bruta, que o bispo era muito pesado.   Este ficou muito aborrecido e mandou parar a marcha, desceu da rede, pegou um bastão e apoiado nele desceu a Serra à pé.

         Por várias ocasiões o pesquisador conversou com o Bispo sobre as andanças de ambos por várias partes do Brasil.

 

                                      Continua no capítulo 7/12

domingo, 10 de agosto de 2025

Cap.5/12 - fichamento do livro - VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor: Botânico francês SAINT-HILAIRE - (1816-1822)


         Lapa ou Vila do Príncipe.  Página 61

         Cita uma região de sertão entre a Lapa e Lajes.   O autor explica que particulares tinham concessão para cobrar com suas milícias os impostos das tropas que transitavam pela região.  Geralmente vindas do sul para Sorocaba-SP onde eram revendidas.     Concessão para cobrar imposto e para ter armazém para suprir os viajantes.

         Cap V – A Parte do Território de Curitiba situada entre a cidade e os Campos Gerais

         Sítio de Itaque, pertencente ao Capitão da milicia chamado Veríssimo.

         O autor cita que constatou que no geral os imigrantes portugueses eram menos laboriosos que os franceses e alemães.  Por outro lado os portugueses eram mais laboriosos que os brasileiros.

         Cita Campo Largo no roteiro dele.    Descreve as terras do Coronel da milícia Inácio de Sá e Sotomaior.

         As tentativas de fazer vinho em terras de lugar muito chuvoso e frio.  A falta de calor dava baixo teor de açúcar na uva e também retardava a fermentação para obter o vinho.

         O hospedeiro dele recebeu visitas em casa, compostas de homem, esposa e filhos.   Ele disse que esse tipo de visita não ocorria no interior de Minhas Gerais.   Geralmente só o homem visitava outras famílias vizinhas.

         As crendices absurdas do povo local: “almas-de-outro-mundo, duendes, lobisomens...”.  Todos acreditavam.

         Capítulo VI  - A cidade de Curitiba e seu distrito

         Curitiba em guarani – curii – pinheiro e tiba – reunião.    Diz que a cidade começou no passado a ser povoada mais perto da Serra do Mar com o nome de Vila Velha.   Depois, segundo uma lenda, a Nossa Senhora da Luz da capela local olhava sempre para outro lugar e assim o povo mudou o povoado para onde hoje em dia fica a cidade de Curitiba.   (página 70)

         São Paulo quando dividiu em duas comarcas, teve a do Norte, cujo ouvidor ficava em São Paulo e a comarca do Sul, cujo ouvidor ficava em Paranaguá.     (caminhos por terra eram raros e o Rei no Rio de Janeiro teria mais facilidade de administrar a região por via marítima, daí Paranaguá).

         Curitiba como sede de comarca:  “Dois juízes ordinários faziam os julgamentos de primeira instância e presidiam, de acordo com o costume, a câmara municipal.   (nesse tempo não havia prefeitura).

         Europeus chegaram a Paranaguá e não encontravam um clima salubre e propício para saúde e para seus cultivos usuais na Europa.    Mesmo tendo o difícil caminho da Serra do Mar, acabavam optando por morar em Curitiba onde o clima de altitude é mais ameno e o terreno é mais plano e propício para as culturas como peras, pêssegos, maçãs, uvas etc.

         “A cidade tem uma forma quase circular e se compõe de 220 casas no ano de 1820.   Casas pequenas e cobertas com telhas, quase todas de um só pavimento, porém um grande número delas, feitas de pedra”.  (página 71)

         Nos quintais, frutas como macieiras, pessegueiros e outras árvores europeias.

         A igreja paroquial é dedicada a Nossa Senhora da Luz.   Cidade geralmente com moradias de agricultores.    A cidade fica deserta durante a semana e os moradores vem nos domingos e dias santos para assistirem a missa.

         Poucos ricos na cidade e redondeza.   Geralmente na sala, apenas uma mesa e alguns bancos.

         Curitiba enviava para a cidade de Paranaguá produtos como toucinho, milho, feijão, trigo, fumo, carne seca e mate.

         Em 1820 os povoados longe do litoral do Brasil, pela precariedade das estradas, raramente chegavam aos portos marítimos.      Curitiba, apesar da dificuldade de caminhar pela Serra do Mar, conseguia negociar com o litoral e neste, com Paranaguá.

         Da Lapa em diante, rumo ao sul, 60 léguas (6 km cada) pelo sertão de Viamão.   Trecho precário e infestado de índios selvagens.

         Outro caminho de Curitiba rumo ao sul passava por São José dos Pinhais que já era paróquia em 1820.   Rota rumo a São Francisco do Sul no litoral de Santa Catarina.

         Apesar de menor, a povoação de São José dos Pinhais era mais antiga que Curitiba.

                            Continua no capítulo 6


quinta-feira, 7 de agosto de 2025

capítulo 4/12 - fichamento do livro - VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor - Pesquisador francês - SAINT-HILAIRE - (anos 1816-1822)


  1. Chegou em Castro e o povo local estava em polvorosa por conta do recrutamento compulsório para a construção da estrada até Guarapuava. O severo coronel Diogo recrutando pessoas da região para abrir sem remuneração, a estrada para Guarapuava que era infestada de “índios bravios”.
  2. Os pais de família sumiam no mato para tentar escapar do recrutamento. Assim a vila de Castro ficou quase deserta. Muitas casas vazias.
  3. Capítulo IV - A cidade de Castro – Fim da viagem pelos Campos Gerais
  4. Castro antes se chamava Iapó, nome que faz referência a brejos.
  5. Em l788 Castro foi elevada a “a cidade ou arraial de Iapó”. Página 50
  6. Curitiba era a chamada Quinta Comarca da Província de São Paulo.
  7. Cita os frutos da planta cambui.
  8. Sobre Castro de então, “uma centena de casas em três ruas compridas.
  9. Sobre a igreja de Castro após o abandono do povo por conta do recrutamento forçado. “Depois que cheguei ao Brasil, vi poucas igrejas tão mal cuidadas quanto esta”.
  10. “Em 1820 a instrução pública era absolutamente inexistente em Castro e em todo o seu distrito”. Só passou a ter escola em 1830 ... só para meninos. Só em 1846, começou a ter escola para meninas.
  11. Ano de 1820 “Três ou quatro comerciantes, prostitutas e alguns artesãos constituíam praticamente toda a população de Castro”.
  12. Artesãos ligados a confecção ou reparo de arreios e apetrechos para cavalos de lida com gado. (seleiros)
  13. Castro – predomínio da pecuária e um pouco de lavoura. Milho, feijão, arroz e trigo.
  14. No sul de São Paulo já existia no Vale do Ribeira o povoado de Apiaí.
  15. Em 1839 Castro já tem cinco paróquias: Castro, Guarapuava, Belém, Jaguariaiba e Ponta Grossa.
  16. Em 1820, antes do recrutamento, Castro linha 5.000 habitantes entre brancos e escravos. (havia índios mas não eram computados)
  17. ...para 404 nascimentos num ano houve apenas 101 óbitos.
  18. Em Castro, se hospedou na casa do Sargento Mor José Carneiro, filho do Coronel Luciano Carneiro.
  19. Festa oferecida pelo anfitrião. Festa com música e danças, incluindo a chula. ... “belas modinhas... mas de um modo geral, nada é mais triste e monótono do que as cantigas populares das províncias que eu percorri”.
  20. O povo da atividade rural na festa declamava até poesias.
  21. Os chefes dos tropeiros evitam pousar perto dos povoados por causa das prostitutas. Estas deixam os peões desfalcados de dinheiro.
  22. Oito dias em Castro antes de seguir viagem. Segue depois até chegar à Fazenda Carambei. “carumbe” – tartaruga e “y” – rio na linguagem indígena.
  23. Sempre onde se hospedavam no trecho serviam refeições e chá mate.
  24. Numa fazenda onde se hospedou no trecho entre Castro e Curitiba, a dona da fazenda em conversa com ele perguntou se ele tinha mãe. Ela disse que uma mãe prefere ser bem pobre e ter o filho por perto do que ter riqueza e viver longe dos filhos. Ao ouvir isso, ele disse que encheu seus olhos de lágrimas.
  25. Após o pesquisador ouvir isso sobre mãe e filhos... “não segui os conselhos da minha bondosa hospedeira, e foi amargo o preço que paguei por isso”.
  26. ... na chamada Freguesia Nova, uma nova paróquia..... “o vigário se queixava da pouca vocação de seus paroquianos que não concordavam em fazer o menor sacrifício em favor da religião”.... e era a duras penas que o vigário os convencia a assistir à missa”.
  27. Nas outras andanças do pesquisador pelo interior do Brasil, sempre na missa ele via mais negros do que brancos. Já aqui nos campos gerais, ele via na missa mais brancos do que negros.
  28. Os fieis vinham a cavalo para assistir as missas. As mulheres para andar a cavalo usavam roupa especial.
  29. Destaca que nos campos gerais via muitas mulheres brancas bonitas.
  30. Cita ter passado por um lugar onde seria Palmeiras na região de Ponta Grossa.
  31. ...”o que me causava melancolia era a profunda solidão em que eu vivia habitualmente”.
  32. Fazenda Caiacanga. Pela língua indígena cai significa macaco e acanga, cabeça.
  33. Os da equipe dele apelidaram o pesquisador de Tenente Coronel e isso acabou abrindo portas para eles nos trechos. Chegam perto do Rio Iguaçu e cita que o rio nasce perto da Serra do Mar e segue para o lado oeste indo desaguar no Rio Paraná.
  34. Continua no capítulo 5/12 

quinta-feira, 31 de julho de 2025

Cap.2 - fichamento do livro - VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor - Botânico francês A. DE SAINT-HILAIRE (1816-1822)

capítulo 2

 

         Casas no trecho Sorocaba aos Campos Gerais do Paraná:   Casas com mobílias simples.   O mais requintado é o arranjo das camas.

         Gado manso e que se junta na hora que vem o sal para os cochos ou mesmo colocado no chão.

         Em MG o capim gordura é menos nutritivo e tem menos minerais do que os diferentes capins nativos dos Campos Gerais do Paraná.   Nestes, usam colocar sal pra o gado a cada dois meses ou em outros casos, até quatro vezes por ano.

         Comum o número de bezerros ser aproximadamente um quarto do número de vacas.   Há perda de bezerros por doenças, roubo, ataque de predadores silvestres etc.

         Como a grande maioria das gramíneas usadas nos pastos do Brasil, o capim gordura é também de origem africana.

         (1822-1826)  “Marca-se o gado com idade de dois anos e os touros são castrados para engorda aos quatro anos e após gordos, vendidos para o abate.

         O autor cita o método de castração dos bovinos na época.

         Página 18 -   Castração amarrando o animal derrubado ao solo, macetam os testículos deste, assim evitando sangramento e risco de pegar doenças ou ataque de larvas de insetos etc.

         Gado bovino e cavalos.   Cita de Jaguariaiva, a Fazenda do Coronel Luciano Carneiro que comprava tropas de burros do RS, domava e revendia na região ou no maior entreposto do ramo que era Sorocaba-SP.

         Página 19 -  Ele cita os detalhes de como se domava cavalos na região na época.

         Nos Campos Gerais era comum haver também rebanho de carneiros nas fazendas de gado.  Raro usarem a carne dos carneiros.  O uso destacado era da lã para uso em vestimentas em região fria como esta dos C. Gerais.

         O rebanho de carneiros é solto e à noite recolhido para um cercado para evitar predadores noturnos.

         Os carneiros procuram o sal mais que os bovinos.   Comumente fornecem aos carneiros o sal duas vezes por mês.

         Os pastos nativos dos Campos Gerais são bonitos mas menos floridos do que os do interior da França, terra do pesquisador.

         Usam fogo para queimar o pasto mais velho e esperam a rebrota mais verde e palatável para o rebanho.   Fazem isso em parte dos pastos para não faltar pasto para o rebanho.

         Os pastos da região recebem de passagem, tropas de burros que vem do RS na rota até Sorocaba-SP.  (Rota do Tropeirismo).    Tropas de 500 a 600 burros cada lote.

         “As tropas de burros chegam em fevereiro, depois de atravessarem o sertão de Viamão, entre Lapa e Lajes, onde perdem muito peso”.

         As tropas descansam até outubro nos Campos Gerais e depois seguem no rumo de Sorocaba.     Os peões que vieram do RS voltam para a origem e apenas uns dois seguem com outros peões contratados na região dos Campos Gerais.

         Página 21 -  Mata aqui cortada há dezoito anos, já está com exuberância próxima da original.

         O trigo na região já era afetado na época pelo fungo da ferrugem.

         O autor fala do manejo de lavouras, inclusive do tabaco (fumo).   Cita as culturas do cânhamo e do linho, plantas de fibras excelentes para fiação e tecelagem.

         Clima mais frio e mais chuvoso, certas frutas como as uvas dos campos gerais não são tão doces como as de clima mais quente e seco.

         Capítulo II -  página 25

         Começo da viagem pelos Campos Gerais – A Fazenda Jaguariaiba.

         Os índios Coroados.

         Fazenda de Caxambu.   Há o Rio Jaguariaiba nesta região.

         A cidade de Castro-PR.   Cita ainda no estado de SP o interior de Itararé com o rio do mesmo nome.  Rio que em certos lugares penetra no solo em região com cavernas.   O rio volta a correr na superfície mais adiante.

         A área dos distritos era enorme naquela época, há duzentos anos.

         O Rio Itararé separava os distritos de Itapeva com Castro.   Em outra direção, separava os distritos de Itu do distrito de Curitiba.

         Cita passar pelos rios Tibagi e Rio das Cinzas.  (conheço ambos).

         Na região de Jaguariaiva PR os campos tinham fazendas e certos lugares de morros, havia índios selvagens.    (os campos menos acidentados ficavam ocupados pelas fazendas e os índios eram alocados para lugares mais acidentados).

        

         Continua no capítulo 3 

terça-feira, 3 de junho de 2025

Capítulo 9 (final) - fichamento do livro - SEGUNDA VIAGEM DO RJ A MG E A SÃO PAULO - Autor: Botânico francês SAINT HILAIRE (Ano 1822)

fichamento do livro SEGUNDA VIAGEM DO RJ A MG E A SÃO PAULO - Autor: Botânico francês SAINT HILAIRE (Ano 1822)
capítulo final 9
O povo local sempre sabe quantos pés de café tem os grandes proprietários e quantos negros eles tem. Os ricos... “vivem contentes enquanto não tenham diferença realmente senão pela vanglória da fama, dos pobres que vegetam a pequena distância de suas casas”.
Neste livro aparece o vocábulo que eu só tinha visto numa das biografias de Lampião escrita por um jornalista. Palavra: almocreve. O que tem profissão de ir em comboio levando dinheiro de comerciantes para compra de produtos para abastecer o comércio dos que fizeram as encomendas. Almocreve e sua prática da almocrevaria.
Cita a nova vila de Bananal SP que foi muito rica. Alavancada pela cultura do café e por ficar na rota da estrada que descia de MG para o Vale do Paraíba onde bifurcava para SP e RJ.
(Li um livro sobre Bananal SP e quero ir visitar a cidade hora dessas)
Na página 202 o autor cita uma lenda indígena que ouviu de um indígena da sua comitiva. A arara e o urubu. O urubu convidou a arara para um banquete e serviu a ela carne de anta estragada. A arara ficou uma arara de raiva. Passa um tempinho ela dá o troco convidando o urubu para um banquete e encheu a mesa de comidas à base de frutos da sapucaia. O urubu comeu demais e a comida fez caírem todas as penas da cabeça. Desde então, todo urubu não tem penas na cabeça.
Fez constar que o povo do interior atribui o bócio (papo) à água fria das regiões serranas. Na verdade o bócio ocorria, como já foi citado, à falta do mineral iodo na dieta. O que foi contornado bem mais adiante pela adição de iodo no sal de cozinha.
A recorrente precariedade dos ranchos onde os viajantes faziam pousos. Muitas vezes só tinha o telhado e sem paredes laterais. Chuva, vento e frio eram enormes incômodos aos viajantes. Os pousos eram tão precários que nem eram cobrados pelos comerciantes que ganhavam o dinheiro ao fornecer alimentos para os viajantes e a tropa, cercado para os animais pousarem.
“Tenho quase tanto medo da chuva quando estou num rancho, do que quando fora”.
O aborrecimento do Botânico com o tropeiro que lhe presta serviço. O tropeiro sempre tinha pressa e se incomodava do patrão estar fazendo paradas para coleta de plantas de interesse da pesquisa. Tanto a coleta como o preparo e acondicionamento para viagem tomavam tempo e causavam impaciência no tropeiro.
Quando pousavam num rancho coberto, era comum haver outros viajantes no mesmo local alojado e acendiam fogueiras. A fumaça incomodava muito o botânico que ficava com os olhos ardendo.
Na parte final do livro o autor dedica sete páginas para fazer um balanço detalhado de tudo o que foi gasto durante a viagem. Até as gorjetas dadas entraram no relatório, assim como o milho para os animais.

FIM. 03-06-2025 


    Próxima leitura e resenha:    UM RIO NA ESCURIDÃO - Autor Masaji Ishikawa

domingo, 1 de junho de 2025

Cap. 8/9 - fichamento do livro SEGUNDA VIAGEM DO RJ A MG E A SÃO PAULO - autor: Botânico francês SAINT HILAIRE (ano de 1822)

capítulo                8                maio de 2025

 

         Após 1822 quando o Brasil conquistou a independência, o rei perde poder aqui e os ricos influentes e funcionários graduados civis e militares, com destaque para estes últimos, crescem em poder a ponto de prejudicar os mais pobres.

         “Assim o pobre lastima o Rei e os capitães-generaes porque não sabe mais a quem implorar apoio”.

         Um nobre de Vila Rica (atual Ouro Preto-MG) tinha terras com plantio de mamona.  Deixou de cultivar a área e cresceu a mata no local por setenta anos.  Após esse tempo, a área voltou a ser cultivada com a derrubada da mata e a mamona voltou a vegetar e produzir normalmente.  

         As terras dos fazendeiros perto das estradas tem as casas dos agregados, sendo que os donos fazem suas casas longe da estrada para não serem incomodados pelos viajantes.

         Na rota SP ao RJ,   “é para lá de Lorena-SP que recomeça a encontrar os homens ricos.  Devem todos a fortuna à cultura do café”.  (página 185)

         O autor encontrou pelas estradas tropas transportando sal e ferro.   Este ficou indignado e disse que é uma vergonha um país tão rico em minério de ferro, ficar importando ferro da Europa.   Sugere que o Governo deveria colocar uma taxa alta do ferro importado e assim os ricos daqui seriam induzidos a montar fábricas para a produção de ferro ao menos para o consumo interno.

         Destaca a recorrente figura do Capitão Mor que manda nos vilarejos.  Fala de Areia, local no trecho Rio- SP onde ainda havia a cultura do café.

         “Tiram-se mudas dos velhos cafezais.  Começam elas produzir aos três anos e estão a pleno vigor aos quatro anos”.

         “Já no pleno viço cada pé de café dá de três a quatro libras (cada libra 453 gramas) de frutos.   (penso que é café em coco, ou seja, com casca)

         Podam os ponteiros dos pés de café para que não fiquem muito altos e assim facilita as colheitas manuais.

         Cafezal velho, fazem a recepa, cortando quase toda a planta deixando algo em torno de meio metro de tronco e vem uma rebrota que retoma o vigor da planta e volta a produzir por anos.

         Encontrou na região vários imigrantes europeus, dentre eles, franceses que vieram em busca de prosperidade e o Brasil era visto como boa alternativa.

         “Nos últimos seis anos tem imigrado para este país, grande quantidade de franceses, atraídos em sua maioria, pela fama de riqueza de que o Brasil goza na Europa e a esperança de rápida fortuna”.

         “Consta a maioria de militares de ambições contrariadas, operários sem clientela e aventureiros desprovidos de princípios e moral”.

         Muitos se deram bem no Brasil e alguns voltaram frustrados para a Europa ou migraram para a América Espanhola.

         Cita a vila de Cunha-SP.   Local na Serra da Mantiqueira, lugar alto na rota do caminho real de MG a Paraty-RJ e de lá derivando para SP e RJ.

         Em Cunha também se plantava café.  No meio do cafezal, plantavam milho e feijão.   (destaco como leitor que até os anos 70 inclusive aqui no Norte do Paraná era comum os pequenos cafeicultores plantarem o que chamavam de lavoura branca no meio dos cafezais.   Milho, feijão e arroz)

         Cita que ouvia do povo local que precisava de três negros para cuidar de dois mil pés de café em produção.

         Quanto mais o autor de aproxima da cidade do Rio de Janeiro, mais via cafezais e riqueza.   Cita a vila de Rezende – RJ e seus cafezais.   Havia fazendas de 40, 60, .. 100 mil pés de café.

         Os ricos pouco se interessavam em estudar os filhos.  Não se vestem bem e comem basicamente arroz e feijão.      ...”o aumento da fortuna se presta muito mais para lhes satisfazer a vaidade do que lhes aumentar o conforto”.   (página 198 de 220)

         O povo local sempre sabe quantos pés de café tem os grandes proprietários e quantos negros eles tem.  

        

         Continua no capítulo final            9