capítulo 8/20 leitura em dezembro de 2023
Casa Cheia
Muitos amigos em
Salvador. Jorge era obá no terreiro Axé
Apô Afonjá, de Mãe Senhora. O amigo
que mais entendia de Candomblé era Vivaldo da Costa Lima. Quando o francês Jean Paul Sartre e Simone
de Beauvoir visitaram a Bahia, foi Vivaldo o indicado para repassar explicações
sobre candomblé a eles.
O jovem Emanoel Araujo,
artista plástico e uma bela série de telas sobre gatos. Zélia cita também: “Luz da Sena, mulher poderosa, tornara-se
nossa amiga desde a nossa chegada à Bahia”.
As velhinhas se encontram
O casal recebe por uma
temporada as mães deles. Lalu, mãe de
Jorge era só elogios aos filhos “sem defeitos”. Já a mãe de Zélia era mais modesta. As duas eram “inimigas íntimas”. Rolava muita prosa entre elas.
Casa das frutas
O povo baiano não era de
comer verduras. Frutas até que
consumiam.
Um dia abriu uma frutaria em
Salvador. O motorista do amigo de
Jorge tinha a missão de achar a frutaria e ele entendeu putaria e procurou na
vizinhança e não achava. Nem o
motorista de taxi da área soube indicar, mas deu um aviso: Se você achar a tal putaria aqui perto, me
avisa!
Hóspede inesperado
Um carro parou na casa de
Jorge, deixaram lá um cidadão, disseram que era um diretor de cinema tcheco e
que pediram para deixa-lo na casa do casal.
O casal no passado tinha vivido um pouco do exílio na Tchecoslováquia e
acharam que eles eram fluentes no idioma...
Foi acolhido e soube-se
que ele iria ser homenageado em Salvador pelos cineastas e intelectuais do ramo
de cinema local. O tcheco pediu
laranjas e Zélia serviu e ele pediu água, colocou para ferver depois colocou as
laranjas dentro para “matar os micróbios” e em seguida consumiu as frutas. Ele disse que foi recomendação que trouxe
da Europa para visitar o Brasil.
Golpe de estado
O golpe militar de 1964
Deposto João Goulart e os
militares colocaram na presidência o Marechal Castello Branco. E começa a perseguição aos militantes da
esquerda. Nos anos Vargas Jorge e Zélia
já tinham sido perseguidos e tiveram que ir para o exílio.
Um casal amigo deles e
colega do tempo da faculdade de Direito estava feliz com o que chamaram de
revolução. E veio com conversa e Zélia
já foi avisando: “Olhe, Wilson, não
venha falar de revolução nesta casa!
Estamos cansados de sofrer, cansados de golpes militares. Me admira você, nosso amigo, vir com essa
conversa de revolução, revolução fajuta, fascista, que vai acabar com a
liberdade, vai botar todo mundo de novo na cadeia...”
Acabou que o estudante e lider
estudantil João Jorge foi preso e o Wilson, pela velha amizade, conseguiu
viabilizar a soltura do filho do amigo Jorge Amado. O jovem participava de passeatas contra o
golpe.
A ditadura de 1964
apreendeu até os livros editados por Jorge Amado.
Leitores de Jorge sendo
taxados de comunistas apenas por lerem os livros dele. Estava na fase de impressão o livro de Jorge,
Os Pastores da Noite.
Dona Zélia entra na dança
Os estudantes protestavam
contra o acordo do governo militar com os USA, convenio MEC-USAID. Paloma, filha do casal chega em casa
dizendo que iria participar de uma passeata contra o convênio. Ela era aluna do Colégio de Aplicação ligado
à UFBA Universidade Federal da Bahia.
Ela avisou a mãe que iria
participar e achou que a mãe iria colocar obstáculo. Não só Zélia concordou, como avisou que
iria também. E foi.
A causa era justa. Paloma ficou admirada, mas Jorge esclareceu
que foi nessa lida de militantes que os dois se conheceram no passado e estão
juntos.
A passeata
Continua no capítulo 9/20