capítulo 8.
... No-Yong diz:
“Viver ativamente não combina comigo.
Isso me cansa. Não consigo
compreender por que as pessoas não me deixam em paz.”
...
“Tudo o que eu quero é desfrutar o meu direito de ser
pobre”.
O entrevistador também teve uma infância pobre e por
decorrência, de baixa classe social.
Quando cobra reação do No-Yong, de certa forma está refletindo também
sobre a sua própria história de vida.
“E aquele homem, invisível, encolhido num casulo, estava
estimulando o complexo de inferioridade do entrevistador Sung-do.”
...”Sung-do sentiu o rosto enrubescer. Depois da vergonha, sentiu dor. Ficou pálido.”
O diálogo com No-Yong que se manteve na cama coberto até a
cabeça, chegava ao fim. O entrevistado pede desculpas por não ter
dado uma entrevista formal. Achou que a
prosa não foi uma entrevista formal.
Sung-do avisou que ia embora, saiu e encostou a porta e
No-Yong continuou quieto, na cama, todo coberto.
Capítulo – A triste sociedade miserável
O irmão de No-Yong no passado morreu de fome por questão
voluntária. Ele e seus filhos.
A desigualdade na sociedade coreana vem de muito longe e nos
anos 70 se agravou inclusive com o êxodo rural, havendo mais competição dos
trabalhadores na disputa por empregos.
Queda nos salários etc.
“A corrupção em todos os níveis da sociedade”. (num país que passou por uma guerra entre
1950 e 1953)
A autora cita o chamado Exército Branco que era contra o Exército Vermelho pró soviético.
Comentário do pesquisador sobre a miséria, após ouvir muitos
entrevistados. “Geralmente eram
críticas, desprezo, pena, alívio (de a miséria não fazer parte de sua
vida). Na maioria dos casos, abominação
contra esse mal.”
“Como imaginado, as pessoas eram generosas e racionais
quanto à miséria no nível social, mas se mostravam completamente diferentes
quando se tratava de indivíduos”.
“Ninguém queria se relacionar pessoalmente com gente da
camada social pobre”.
...
“As pessoas que negam a pobreza a todo custo têm uma reação
geralmente ligada com a inibição sexual.
O hormônio masculino reagia por meio do ódio ou raiva, enquanto o
hormônio feminino se associava com o sentimento de vergonha”.
Frase do entrevistador sobre si: “Que eu saiba, ninguém da minha família
exerceu funções intelectuais”.
Antepassados... muitas vezes a pobreza
e no contexto, álcool, desemprego, jogo etc.
A família do pesquisador era de cinco irmãos. Destes, só ele conseguiu cursar uma
universidade. Já a geração do pai dele
era raro chegar ao final do curso de nível médio. O pai dele lutava para dar teto, comida e
roupa para a família. Livros em casa, só
os didáticos.
O pesquisador terminou a faculdade e ia empurrando a vida e
se virando com um emprego. Escrevia
artigos para publicação. Namorava há
quase uma década a irmã de No-Yong mas tinha pavor de ter filhos, o que
requeria recursos financeiros escassos na vida dele. Medo da miséria.
Ainda sobre os
familiares. “O que eu vi até agora
foram os meus primos herdarem a pobreza de geração a geração, tirando o caso
excepcional de dois deles, que se tornaram funcionário público e outro,
professor de ginásio”.
Ele na troca de ideias com a noiva. “Disse que não queria herdar a miséria. ....eu conheço de perto a vida da classe
popular, vulnerável à menor crise econômica”.
Continua no capítulo final (9)