capítulo 25/30
“No dia 15-01-2016 foi publicada nos três maiores jornais
brasileiros uma carta, a qual contestava, com força e assertividade, o modo
como vinha sendo conduzida a Lava Jato a partir de Curitiba. O documento era assinado por cerca de cem
corajosos juristas. Sim, corajosos
porque mesmo entre os advogados imperava o medo”.
...”Mas o tempo sempre guarda para si a última palavra
acerca do destino dos homens (a penúltima é a justiça) – e desde 2020 o STF
referenda por completo o que a Carta dos juristas de 2016 afirmou”.
O autor destaca que a mídia caiu de pau na Carta dos
juristas em 2016, o que de certa forma propiciou a ação ilegal dos elementos
que agiram na Lava Jato (Moro e companhia).
A íntegra da Carta dos juristas está nas páginas 251 a 253
desta edição do livro em pauta.
...”A Operação Lava Jato se transformou numa justiça à
parte. Uma especiosa justiça que se
orienta pela tônica de que os fins justificam os meios... uma tentativa de justiçamento, como não se
via nem mesmo na época da ditadura militar de 1964.”
Segue a carta dos juristas:
“... Não podemos nos calar diante do que vem acontecendo neste caso. É fundamental que nos insurjamos contra
estes abusos”.
Capítulo - “O
jornalismo brasileiro ao longo dessa cobertura, com raras exceções, não passou
de propaganda”.
A estratégia de expor ao máximo os acusados na mídia para
conquistar o apoio da opinião pública às arbitrariedades.
A turma do Moro e do MPF tinha até uma Assessora de
Imprensa, a jornalista Christiane Machiavelli.
Ela atuou junto a Moro e os do MFP durante boa parte da Lava Jato até
pedir demissão em outubro de 2018. Após
se demitir ela deu entrevista ao jornal The Intercept Brasil. (Eu, leitor, li na ocasião da entrevista, o
conteúdo total da mesma e ela falava do bastidor).
Na entrevista ela cita:
“Era tudo divulgado do jeito que era citado pelos órgãos da Operação Lava
Jato. A imprensa comprava tudo”.
Em fevereiro de 2021, a jornalista da Folha de SP, Cristina Serra,
faz a crítica: “No caso da Lava Jato,
contudo, as conversas mostram que os repórteres na linha de frente da operação
engajaram-se e atuaram como porta-vozes da força tarefa, acumpliciados com o
espetáculo policialesco-midiático”.
Os da Lava Jato avisavam primeiro a mídia... “A punição na Lava Jato, começava já na
própria exibição das pessoas sendo presas...
... isso muito antes que se determinasse se elas eram culpadas ou não
dos crimes pelos quais eram acusadas.”
O jornalista Mario Vitor Santos, da Folha de SP, após o
jornal The Intercept Brasil desmascarar a Lava Jato: “Enquanto posava de semideus, Moro se
divertia abusando da crendice nacional.
Que o populacho se deixe enganar é lamentável, mas que seja o jornalismo
a conduzi-lo à cegueira chega a ser criminoso”.
A imprensa defendeu a Lava Jato cegamente e inclusive
prejudicou a imagem de juízes do STF Supremo Tribunal Federal perante a opinião
pública. Afetou a democracia.
Ainda no artigo do jornalista Mario Vitor Santos: “A justiça e a democracia não estariam tão
ameaçadas no Brasil se o jornalismo acima de tudo tivesse cumprido com independência
o seu papel”.
Muitas pessoas e entidades viam os fatos e os desmandos da
Lava Jato mas sentiam medo de levantar a voz e serem taxados de defensores de
corruptos.
(Eu, leitor, sempre tinha uma leitura de que aquilo tudo era
uma farsa, a forma de condução da Lava Jato.
Mesmo aqui em Curitiba houve em vários movimentos sociais uma série de
eventos de denúncia dos métodos da Lava Jato, inclusive nas dependências da
UFPr Universidade Federal do
Paraná. Ongs como sindicatos, APP
Associação do Professorado Paranaense e muitas outras entidades lutaram mas era
nadar contra a corrente).