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terça-feira, 3 de maio de 2022

CAP. 14/20 - fichamento - livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Escritor - Jornalista FERNANDO MORAIS - 2021

 capítulo 14/20

 

         O irmão dele chamado de frei Chico é pelo tipo da careca dele que ganhou o apelido.

         Lula praticamente não conviveu com os avós e ao contrário de muitos nordestinos de sua época, dois dos avós dele chegaram aos oitenta de idade.

         O pai de Lula era trabalhador, mas arranjou outra família quando dona Lindu estava grávida de Lula.   Ele pegou um pau de arara (caminhão com teto de lona na carroceria)   e partiu para São Paulo com a nova companheira, que era prima da esposa dele, uma moça de 16 anos, com quem veio a ter três filhos.

         Dona Lindu teve que lutar muito para criar os filhos.   O pai dele, depois de dar no pé com a outra companheira, ainda voltou para casa e teve mais um filho com a mãe de Lula.

         Dona Lindu ficou com o sítio de dez alqueires da família no Pernambuco.   Quando decidiu vir para o sul, vendeu o sítio (em moeda corrigida para 2021, por 18,6 mil reais).  Viagem de pau de arara (nos bancos de tábua na carroceria do caminhão coberta com lona) por 13 dias e 13 noites para chegar em Santos-SP.     Lula morou em Vicente de Carvalho-SP no litoral paulista.    O pai dele foi estivador no Porto de Santos.    Geralmente carregar e descarregar sacaria de café no porto.   Ele era vaidoso e ia e voltava do trabalho de terno e gravata.   Era analfabeto.  Para disfarçar, andava sempre com um pedaço de jornal debaixo do braço para impressionar os outros.

         Ele conseguia a proeza de carregar numa só vez 3 sacas de 60 kg de café, uma em cada ombro e uma na cabeça.    Era violento e ao menos era trabalhador e não deixava faltar alimentos aos filhos nas duas famílias.

         Regras ditatoriais dele aos filhos.  Filha não podia estudar, namorar, nem dançar.   Ninguém podia fumar.

         Na página 209 tem foto de Lula menino com quatro anos.

         Moraram em São Paulo, no Ipiranga, num cortiço no fundo de um bar com um só banheiro para os clientes do bar e para os moradores do cortiço.

         Lula nascido em 1945, passou todo o ano de 1959 (aos 14) com três peças de roupa:  as calças marrons, uma camisa branca e um calção como cueca.

         Estudava, trabalhava e nas poucas horas de folga, jogava futebol com os colegas operários.

         Ele era uma liderança no futebol pela redondeza e encarava as rixas e tretas do futebol.   Socos e pontapés não eram raros.

         Nos fins de semana, engraxava sapatos para reforçar o orçamento.   TV era coisa rara na juventude de Lula.   Ele só comprou uma TV nos anos 70, já casado.    Os sonhos de consumo mais simples: maçã argentina naquela embalagem de papel azul e os chicletes de bola Ping Pong.

         Aos 15 anos ele conseguiu o primeiro emprego com carteira assinada no Armazém Colúmbia na função de office boy.   Entrou depois na metalúrgica Parafusos Marte.   Já registrado e ganhando salário como aprendiz de torneiro mecânico.

         O macacão de trabalho já dava a ele algum status na redondeza.   No intervalo de almoço no emprego, uma hora, comiam e depois batiam bola no pátio da empresa até a hora do retorno ao trabalho.

         Os aprendizes de destaque da empresa tinham a chance de uma vaga para curso na Escola do SENAI Serviço Nacional de Aprendizado Industrial.  No caso dele, havia três opções de curso e ele optou por Torneiro Mecânico. Curso de três anos em meio expediente e outro meio expediente era na fábrica onde trabalhava.   Dos três anos de SENAI, dois foram numa unidade bem perto de onde atualmente há o Instituto Lula.   O terceiro ano foi em outra unidade da mesma instituição.

         Quando Lula estava próximo de assumir a presidência da república, recorda dos tempos de SENAI.   “Foi o paraíso!  O SENAI foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.  Por quê?   Porque aí, eu fui o primeiro filho da minha mãe a ter uma profissão, o primeiro a ganhar mais que um salário mínimo, o primeiro a ter uma casa, o primeiro a ter carro, o primeiro a ter uma TV, o primeiro a ter uma geladeira”.

         Escola excelente, inclusive com refeições e lanches diários.   A escola também proporcionava práticas de esportes.    “Então era uma coisa grã-fina pra mim”.        ...”passou a ser motivo de orgulho por toda a vida”.

 

                   Continua no capítulo 15/20