CAP. 21/27 - fichamento pelo
leitor Eng.Agr. Orlando
Lula ao visitar o
Congresso - Na época eram 430 congressistas, sendo 66 senadores e 364 deputados
federais. Entre todos, Lula percebeu
que só havia dois trabalhadores, ambos de São Paulo.
Antes disso, Lula dizia
que não gostava de política “e nem gosto de quem gosta de política”. E isso valia para todo mundo que não era
trabalhador.
Um bordão de Lula que
corria na região e na área sindical – “Lugar de estudante é na escola, de padre
na igreja . E se alguém quiser criar um
partido de trabalhadores, tem que usar macacão”.
Houve euforia inclusive
nas universidades quando se soube que Lula começou a flertar com a política convencional. Na época que ele admitia fundar um partido,
no meio estudantil era comum haver estudantes da linha comunista trotskista.
Lula se recorda que
naquela época ele tinha o apoio quase unânime da grande imprensa. Isto na fase que ele dizia que não gostava
de política. Acrescentavam: “Finalmente alguém que não está ligado ao
Partido Comunista!”.
Década de 70,
efervescência no Brasil. “Naquele ano
não passou uma semana sem greve”.
“Patrão gritava, peão parava”.
Até 1974, pela violência
da repressão, fazer greve era praticamente proibido. Lider grevista seria preso e torturado. “Os mais otimistas diziam que a punição
mínima para grevista era o xadrez”.
O tom da coisa só foi
mudando de 1978 em diante, quando os sindicatos tinham mais espaço para
atuação. Era agora o tempo do chamado
“novo sindicalismo”. O movimento estava
nascendo no chão da fábrica, não dentro dos sindicatos”. Vinha da base. Os diretores dos sindicatos percorrendo as
fábricas e na hora do almoço (1 h ou 1,5 h) faziam mini assembleias rápidas nos
locais de trabalho.
Lula lembra de ter
liderado seu primeiro piquete na frente
de fábrica no ano de 1978 em Diadema-SP.
“Desde 1975 se multiplicavam pelo Brasil os comitês de defesa da
anistia”. Era o povo se movimentando
contra a ditadura militar. Comitê pela
anistia – criado pela Assistente Social Terezinha Zerbini, casada com o General
Euriale de Jesus Zerbini, cassado pelo golpe militar de 1964.
Em 1978 o CBA Comitê
Brasileiro pela Anistia presidido pelo jovem advogado Luiz Eduardo
Greenhalgh. O CBA atuava em várias
frentes, inclusive encaminhando ao exílio, pessoas ameaçadas de prisão pela
ditadura. O CBA, para a ira de Geisel,
chegou a ter uma madrinha informal, a primeira-dama americana, Rosalynn Carter,
esposa de Jimmy Carter.
Numa fase dura da
repressão em 1968, os metalúrgicos da Cobrasma (fábrica de materiais
ferroviários) de Osasco-SP fizeram greve.
A PM reprimiu com violência a greve e prendeu quatrocentos grevistas.
(no livro há vários
registros com fotos de eventos como esse).
“Em 1978 Lula se ofereceu
espontaneamente para fazer no ABC a campanha de FHC Fernando Henrique Cardoso
para senador. Menos de duas décadas
depois, ambos se enfrentaram como candidatos à presidência da república, ganha
então por FHC.
Um desafio a mais para os
militares. Em 1978, haveria eleições
para governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Os governadores eram eleitos de forma
indireta, pelo colegiado dos deputados estaduais. Dos senadores, cada 3 eleitos, um era por
indicação do General presidente. Estes
indicados eram chamados de senadores “biônicos”. Isto porque no voto o povo estava votando
mais na oposição – o MDB era o partido único autorizado da oposição contra a
ARENA que era atrelada aos militares.
Regra do Pacote de Abril
de 1977 editada por Geisel, depois de duas sovas do partido governista nas
eleições de 1974 e 1976.
Na ditadura militar,
Fernando Henrique Cardoso era professor da USP e foi perseguido e se exilou na
França. Lá, foi Professor na
Universidade de Sorbonne. No passado,
FHC foi um dos fundadores do CEBRAP que era um grupo de estudos. Na eleição de 1978 em São Paulo a oposição
ganhou de lavada para deputado federal e estadual.
Continua no capítulo 22/27