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Muito além de Wall Street
Americano, atuava em Nova York há 18
anos no coração financeiro da cidade – em Wall Street.
Estava transitando em NY na hora que
houve os ataques de 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas. Ele viu o acontecido no momento exato.
Na década de 1990 atuou no projeto de
escolas charter nos USA. Escolas
públicas menos dependentes da burocracia e que conseguiam avanços em novas
soluções mais acessíveis e criativas.
Sobre o onze de setembro: “Na época, eu não sabia nada sobre a crise
ambiental ou sobre sistemas complexos.
Afinal, nada disso se ensina em Wall Street”.
Após o ataque ele começou a ler livros
de pensadores para entender melhor o mundo.
Leu mais de cem livros em oito anos.
A busca de entender o eu e o propósito da sua vida.
Logo no começo da carreira, trabalhou
no renomado Banco JP Morgan (1982).
Nesse tempo o presidente do referido banco foi dirigir o Banco
Mundial. John sonhou fazer uma carreira
no JP Morgan e um dia atuar no Banco Mundial para ajudar o povo.
Depois de doze anos no mercado
financeiro conheceu as escolas charter, estas que chegaram a se espalhar por
três continentes e ter mais de 450.000 alunos. “O contato foi suficiente para despertar
em John o interesse por alinhar capital com propósito social e ambiental”.
A energia alternativa também chamava a
atenção dele. Por outro lado, a
expansão do mundo da internet fez surgir a oportunidade para ele atuar numa
fintech, tipo de empresa de tecnologia
no ramo financeiro.
Nos anos 2000, o Banco JP Morgan foi
fundido com o Banco Chase Manhattan Bank e este era o terceiro maior banco dos
USA. John se reuniu com os executivos
do Chase e percebeu que para ele, era hora de deixar o emprego.
John nasceu perto de Manhattan, filho
de uma dona de casa e um publicitário.
A família teve tempos de finanças apertadas.
Ele pediu demissão quase duas décadas
depois de entrar no Banco JP Morgan.
Saiu em abril de 2001 (ano do atentado de 11 de setembro)
Após o atentado, ele entrou com mais
afinco nas leituras para tentar entender o mundo. Dentre os livros, um de Herman Daly com todo
o conceito de economia ecológica.
“Ficou marcada na memória de John a leitura de Daly... leu a distinção idealizada pelo filósofo
Aristóteles entre economia real e economia especulativa. Especulativa, no caso, usar o dinheiro
para fazer mais dinheiro. (o que se
faz no mercado financeiro).
“O filósofo grego entendeu que havia
uma diferença fundamental e considerava a segunda (o especulativo) uma
atividade antinatural, ou não alinhada com a natureza”.
Nisso ele estava com 40 anos de
idade. Para ele isso foi de grande
impacto. O que ele fez por duas
décadas era o especulativo.
Não gostava mais do que fazia
(especulação financeira). “E não sabia
o que queria fazer”.
(sabia o que não queria e não sabia o
que queria)
Recebeu convite para atuar na
Schumacher Center for a New Economics...
dedicada, desde 1980, a visualizar os elementos de uma economia global
justa e sustentável. Nesta foi pedido a
ele um relato de 20 páginas sobre a importância da Schumacher para o século 21.
No texto, John pela primeira vez falou
sobre a economia e as finanças “a partir do sistema econômico global estar
falido”. “Eu digo isso não como
ambientalista ou ativista de direitos humanos, mas como ex-diretor
administrativo de quase vinte anos de experiência no Banco JP Morgan e,
posteriormente, como líder em fundos de hedge”.
Eram oito anos de leitura para chegar a
essa análise. A visão holística também
entra em cena. John criou o Capital
Institute – “Organização que defende a aplicação de princípios de sistemas
vivos para representar a economia e as finanças”. Economia e Finanças Regenerativas.
“John acredita que a economia e as finanças
regenerativas, apoiadas nos princípios e padrões dos sistemas vivos, e
definitivamente alinhados com sabedorias tradicionais resistentes ao teste do
tempo, particularmente a sabedoria indígena, guardam a chave para um futuro
compartilhado próspero e ecologicamente correto”.
Daí tentar colocar em prática um
empreendimento que leva em conta
“fomentar uma ideia que não era discutida nas universidades e escolas de negócios...”
“Passou a documentar projetos
regenerativos que se desenvolviam ao redor do mundo”. Em 2015 John lançou o paper (tipo de artigo científico) chamado: “Capitalismo Regenerativo: como os princípios
e padrões universais moldarão a Nova Economia”.
John tornou-se um dos principais
pensadores econômicos contemporâneos.
Ele cunhou o termo Regenerative Humans que logo o setor rebatizou como
(Re) Humans, os Humanos de Negócios.
Em 2018 o Capital Institute lançou a
Iniciativa Global Regenerative Communities Network para estimular a emergência
de comunidades regenerativas ao redor do mundo.
Vários destacados financistas de Wall
Street começaram a acreditar nessa ideia mesmo não concordando com tudo. “Eles não concordam com tudo o que eu digo,
mas já não pensam mais que eu sou louco”.
John escreve artigos, tem um blog e uma
Newsletter. www.capitalinstitute.org
O autor deste livro pergunta a John
como anda a finança pessoal dele depois desta guinada na carreira. John responde. “Eu
não continuei a ganhar dinheiro, mas eu sou muito mais rico do que quando sai
de Wall Street, em termos de senso de propósito”.
Em seguida, no próximo capítulo, um
bate papo com John.