Total de visualizações de página

Mostrando postagens com marcador história recente do Brasil; luta operária; Ditadura Militar no Brasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador história recente do Brasil; luta operária; Ditadura Militar no Brasil. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 5 de maio de 2022

CAP. 16/20 - fichamento - livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Autor: Jornalista FERNANDO MORAIS - edição 2021

 CAP. 16/20

 

         Imigrante nordestino em São Paulo era genericamente chamado de baiano naquela época.   O irmão de Lula, o frei Chico, entrou na Villares que não admitia irmãos na empresa porque ambos tinham o sobrenome diferente e não foi barrado.   Frei Chico desde 1964 já militava nas causas operárias e atuava em sindicato, sendo politizado.

         Chico convidava Lula para ir ao sindicato, ir às assembleias.   Lula dizia:   “- Não vou, ali só tem ladrão”.

         Sindicalistas eram tratados como terroristas e como tal, fora da lei e a imprensa passava essa ideia para a população.

         Página 235 – Frei Chico era super ligado a sindicato e os demais da família de Lula eram                                   contra sindicato.

         Na época, com boa dose de razão, pela forma que “vendiam” a ideia de sindicato, os sindicalistas eram associados à subversão, prisão e tortura.

         Lula tendo sido convidado pelo irmão para participar da diretoria do sindicato, consultou a noiva.   Esta conversou com o gerente da firma na qual trabalhava e veio com a opinião.   –“O gerente falou para você não se meter nisso.  O pessoal disse que ser diretor de sindicato, bicho, é virar comunista. Os caras vão te prender, você nunca mais vai ter emprego.   E se você encarar, não tem mais casamento ao menos no seu mandato.  Espero três anos do mandato.”

         Lula entrou na chapa como suplente.   A eleição do sindicato não foi notícia nem no jornal Diário do Grande ABC, o principal da região.   Era tempo do governo do General Costa e Silva e um ano antes foi decretado o AI 5 Ato Institucional número 5 que restringia todo tipo de reunião e aglomerados sob risco de prisão.

         Nesse tempo, 94 políticos já tinham sido cassados por não apoiarem a ditadura.  O STF tinha 16 ministros e a ditadura reduziu para 11 ministros.

         Desde 1964 a ditadura já havia decretado a intervenção em 483 sindicatos, 49 federações e 4 confederações sindicais.   Muitos líderes sindicais presos, exilados ou escondidos.

         Três semanas antes da eleição da chapa de Lula, o presidente Costa e Silva baixou mais um Ato Institucional determinando que os chamados “crimes contra a segurança nacional” não seriam mais julgados pelo STF, mas pela Justiça Militar.   Greves de longa duração entravam nos crimes previstos nesse novo Ato Institucional.

         Ao casar, Lula conseguiu de um amigo a carona em um carro Aero Willys, que era chique para a época, para levarem a noiva à igreja.

         A lua de mel foi em Poços de Caldas- MG.   Ele tinha 23 anos de idade.

         Eles começaram a vida a dois numa casinha que compraram financiada pelo BNH Banco Nacional de Habitação, casa de apenas 1 quarto.

         Capítulo 11 -  “Já sei, doutor, meu bebê nasceu morto.   – Seja forte, seu Luiz, porque a notícia é pior: a sua esposa Lourdes também faleceu”.

         Período duro para Lula que esteve à beira de uma depressão.

         Lula foi observando os colegas e se engajando cada vez mais na luta sindical.   O presidente do sindicato era Paulo Vital, um líder que não era de esquerda e nem pelego.  (pelego vem daquela pele de carneiro para colocar sobre o arreio do cavalo para o “patrão” sentar no macio).

         Conseguiram se desfiliar da central sindical dirigida por Argeu Egídio dos Santos, este, um pelegaço.  Era um que fazia o jogo dos patrões.

         O sindicato passou a negociar diretamente com as montadoras de automóveis e demais metalúrgicas da jurisdição.

         As CEBs Comunidades Eclesiais de Base, ligadas à Igreja Católica, davam uma mão para expandir as filiações ao sindicato.  CEBs nascidas no progressista encontro de Puebla no México em 1979, por ocasião do CELAM Conferência do Conselho Episcopal Latino Americano.   Teve inclusive a presença do Papa João Paulo II.    Nas gestões do sindicalista Vital, o número de metalúrgicos sindicalizados na sua base, passou de 20% para 50% dos metalúrgicos.   Aumentou o poder de pressão do sindicato.

 

 

Continua no capítulo 17/20