CAP. 16/20
Imigrante nordestino em
São Paulo era genericamente chamado de baiano naquela época. O irmão de Lula, o frei Chico, entrou na
Villares que não admitia irmãos na empresa porque ambos tinham o sobrenome
diferente e não foi barrado. Frei Chico
desde 1964 já militava nas causas operárias e atuava em sindicato, sendo
politizado.
Chico convidava Lula para
ir ao sindicato, ir às assembleias.
Lula dizia: “- Não vou, ali só
tem ladrão”.
Sindicalistas eram
tratados como terroristas e como tal, fora da lei e a imprensa passava essa
ideia para a população.
Página 235 – Frei Chico
era super ligado a sindicato e os demais da família de Lula eram contra sindicato.
Na época, com boa dose de
razão, pela forma que “vendiam” a ideia de sindicato, os sindicalistas eram
associados à subversão, prisão e tortura.
Lula tendo sido convidado
pelo irmão para participar da diretoria do sindicato, consultou a noiva. Esta conversou com o gerente da firma na
qual trabalhava e veio com a opinião.
–“O gerente falou para você não se meter nisso. O pessoal disse que ser diretor de sindicato,
bicho, é virar comunista. Os caras vão te prender, você nunca mais vai ter
emprego. E se você encarar, não tem
mais casamento ao menos no seu mandato.
Espero três anos do mandato.”
Lula entrou na chapa como
suplente. A eleição do sindicato não
foi notícia nem no jornal Diário do Grande ABC, o principal da região. Era tempo do governo do General Costa e
Silva e um ano antes foi decretado o AI 5 Ato Institucional número 5 que
restringia todo tipo de reunião e aglomerados sob risco de prisão.
Nesse tempo, 94 políticos
já tinham sido cassados por não apoiarem a ditadura. O STF tinha 16 ministros e a ditadura reduziu
para 11 ministros.
Desde 1964 a ditadura já
havia decretado a intervenção em 483 sindicatos, 49 federações e 4
confederações sindicais. Muitos líderes
sindicais presos, exilados ou escondidos.
Três semanas antes da
eleição da chapa de Lula, o presidente Costa e Silva baixou mais um Ato
Institucional determinando que os chamados “crimes contra a segurança nacional”
não seriam mais julgados pelo STF, mas pela Justiça Militar. Greves de longa duração entravam nos crimes
previstos nesse novo Ato Institucional.
Ao casar, Lula conseguiu
de um amigo a carona em um carro Aero Willys, que era chique para a época, para
levarem a noiva à igreja.
A lua de mel foi em Poços
de Caldas- MG. Ele tinha 23 anos de
idade.
Eles começaram a vida a
dois numa casinha que compraram financiada pelo BNH Banco Nacional de
Habitação, casa de apenas 1 quarto.
Capítulo 11 - “Já sei, doutor, meu bebê nasceu morto. – Seja forte, seu Luiz, porque a notícia é
pior: a sua esposa Lourdes também faleceu”.
Período duro para Lula que
esteve à beira de uma depressão.
Lula foi observando os
colegas e se engajando cada vez mais na luta sindical. O presidente do sindicato era Paulo Vital,
um líder que não era de esquerda e nem pelego.
(pelego vem daquela pele de carneiro para colocar sobre o arreio do
cavalo para o “patrão” sentar no macio).
Conseguiram se desfiliar
da central sindical dirigida por Argeu Egídio dos Santos, este, um
pelegaço. Era um que fazia o jogo dos
patrões.
O sindicato passou a
negociar diretamente com as montadoras de automóveis e demais metalúrgicas da
jurisdição.
As CEBs Comunidades
Eclesiais de Base, ligadas à Igreja Católica, davam uma mão para expandir as
filiações ao sindicato. CEBs nascidas no
progressista encontro de Puebla no México em 1979, por ocasião do CELAM Conferência
do Conselho Episcopal Latino Americano.
Teve inclusive a presença do Papa João Paulo II. Nas gestões do sindicalista Vital, o número
de metalúrgicos sindicalizados na sua base, passou de 20% para 50% dos
metalúrgicos. Aumentou o poder de
pressão do sindicato.
Continua no capítulo 17/20
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