CAP. 19/27
O PCB, o Partidão, “era
contra toda forma de luta armada, fosse urbana ou rural”. A ditadura por esse tempo matou o
jornalista Vladimir Herzog e o operário Manoel Fiel Filho.
Lula que estava no evento
sindical em Tóquio, teve que abandonar o evento no meio e retornar ao Brasil
para tentar acudir o irmão, frei Chico que foi preso pela repressão militar e
estava sendo torturado na prisão. Foi
torturado no DOI CODI no número 921 da Rua Tutoia no Bairro Paraiso em São
Paulo, local que ficou famoso pela crueldade da tortura.
Torturaram frei Chico e
outros presos por acusação de subversão.
Usavam choques e muito mais.
(detalhes na página 277 do livro)
Lula foi procurar o irmão
dele no DOPS. Mais tarde, afirmou: “Naquele tempo, ir ao DOPS atrás de um preso
político, ou era advogado ou era doido.
Eu não era nenhum dos dois”.
Frei Chico ficou duas
semanas levando choques e demais formas de tortura e interrogatório. Naqueles dias prenderam o jornalista
Vladimir Herzog, diretor da TV Cultura de SP.
Foi preso e torturado e depois foi assassinado na prisão. Simularam que o preso se enforcou com o
próprio cinto na cela.
Repressão pesada pelo
governo militar. Nesse período o
Ministro do Exército era o general Silvio Frota, um linha dura.
No evento do assassinato
do jornalista, as alas mais radicais dos militares estavam divididas com aquela
ala pouco mais branda. A circunstância
da morte do jornalista causou grande comoção na Nação.
Herzog era jornalista e
foi indicado para diretor da TV Cultura “pelo insuspeito secretário da cultura
do estado de SP, o bibliófilo e abastado industrial José Mindlin. (Herzog e Mindlin eram judeus).
O crime mexeu com a
comunidade judaica paulista. Houve
celebração ecumênica na Praça da Sé por Dom Paulo Evaristo Arns, pelo Rabino
Henry Sobel e pelo Pastor Presbiteriano Jaime Wright. Os militares dificultaram o acesso ao
evento, mas mesmo assim teve ao redor de dez mil pessoas na Catedral da sé e
entorno.
Era tempo de governo do
presidente general Ernesto Geisel que desaprovou esse exagero de assassinarem o
jornalista. Pegou mal para a ditadura
militar. Geisel deu uma ordem contundente,
mantendo o governador como testemunha.
Que ninguém mais fosse preso por questões políticas sem antes ter o
ciente de auxiliar do presidente ou do próprio presidente.
Depois disso, contra a
ordem de Geisel, os militares invadiram a indústria Metal Arte e de lá levaram
o operário alagoano Manoel Fiel Filho, 49 anos, suspeito de ser comunista. Ele foi pego distribuindo o jornal
clandestino do PCB. Jornal chamado Voz
Operária. Foi torturado e assassinado
no DOI CODI. Deu forte repercussão
negativa para o governo.
Os militares registraram
que o operário se suicidou se enforcando com as próprias meias. E testemunhas presas disseram que o
operário foi preso calçando havaianas, portanto, sem meias.
Após esse assassinato
Geisel substituiu imediatamente o Comandante do II Exército (com sede em SP),
sob cuja jurisdição estava o mais cruel aparato de repressão. Depois disso não houve mais assassinatos de
presos políticos na temporada. Geisel
passou a ser visto como um general brando na ditadura, porém documentos dos arquivos da CIA (dos USA),
acessados por pesquisador brasileiro em 2018 captou declaração de Geisel ao
general Figueiredo no tempo da repressão.
“A política deve continuar, mas deve-se tomar muito cuidado para
assegurar que apenas subversivos perigosos fossem executados”. (o documento é de 1974 e revelado em 2018)
Essa revelação documental
mudou a biografia de Geisel para bem pior.
Continua no
capítulo 20/27
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