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domingo, 8 de maio de 2022

CAP. 19/27 - fichamento do livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Escritor: Jornalista FERNANDO MORAIS - edição 2021

 CAP. 19/27 

 

         O PCB, o Partidão, “era contra toda forma de luta armada, fosse urbana ou rural”.    A ditadura por esse tempo matou o jornalista Vladimir Herzog e o operário Manoel Fiel Filho.

         Lula que estava no evento sindical em Tóquio, teve que abandonar o evento no meio e retornar ao Brasil para tentar acudir o irmão, frei Chico que foi preso pela repressão militar e estava sendo torturado na prisão.    Foi torturado no DOI CODI no número 921 da Rua Tutoia no Bairro Paraiso em São Paulo, local que ficou famoso pela crueldade da tortura.

         Torturaram frei Chico e outros presos por acusação de subversão.   Usavam choques e muito mais.   (detalhes na página 277 do livro)

         Lula foi procurar o irmão dele no DOPS.   Mais tarde, afirmou:   “Naquele tempo, ir ao DOPS atrás de um preso político, ou era advogado ou era doido.   Eu não era nenhum dos dois”.

         Frei Chico ficou duas semanas levando choques e demais formas de tortura e interrogatório.     Naqueles dias prenderam o jornalista Vladimir Herzog, diretor da TV Cultura de SP.  Foi preso e torturado e depois foi assassinado na prisão.   Simularam que o preso se enforcou com o próprio cinto na cela.

         Repressão pesada pelo governo militar.  Nesse período o Ministro do Exército era o general Silvio Frota, um linha dura.

         No evento do assassinato do jornalista, as alas mais radicais dos militares estavam divididas com aquela ala pouco mais branda.    A circunstância da morte do jornalista causou grande comoção na Nação.

         Herzog era jornalista e foi indicado para diretor da TV Cultura “pelo insuspeito secretário da cultura do estado de SP, o bibliófilo e abastado industrial José Mindlin.   (Herzog e Mindlin eram judeus).

         O crime mexeu com a comunidade judaica paulista.   Houve celebração ecumênica na Praça da Sé por Dom Paulo Evaristo Arns, pelo Rabino Henry Sobel e pelo Pastor Presbiteriano Jaime Wright.   Os militares dificultaram o acesso ao evento, mas mesmo assim teve ao redor de dez mil pessoas na Catedral da sé e entorno.

         Era tempo de governo do presidente general Ernesto Geisel que desaprovou esse exagero de assassinarem o jornalista.   Pegou mal para a ditadura militar.    Geisel deu uma ordem contundente, mantendo o governador como testemunha.   Que ninguém mais fosse preso por questões políticas sem antes ter o ciente de auxiliar do presidente ou do próprio presidente.

         Depois disso, contra a ordem de Geisel, os militares invadiram a indústria Metal Arte e de lá levaram o operário alagoano Manoel Fiel Filho, 49 anos, suspeito de ser comunista.   Ele foi pego distribuindo o jornal clandestino do PCB.  Jornal chamado Voz Operária.   Foi torturado e assassinado no DOI CODI.    Deu forte repercussão negativa para o governo.

         Os militares registraram que o operário se suicidou se enforcando com as próprias meias.     E testemunhas presas disseram que o operário foi preso calçando havaianas, portanto, sem meias.

         Após esse assassinato Geisel substituiu imediatamente o Comandante do II Exército (com sede em SP), sob cuja jurisdição estava o mais cruel aparato de repressão.    Depois disso não houve mais assassinatos de presos políticos na temporada.    Geisel passou a ser visto como um general brando na ditadura, porém  documentos dos arquivos da CIA (dos USA), acessados por pesquisador brasileiro em 2018 captou declaração de Geisel ao general Figueiredo no tempo da repressão.   “A política deve continuar, mas deve-se tomar muito cuidado para assegurar que apenas subversivos perigosos fossem executados”.  (o documento é de 1974 e revelado em 2018)

         Essa revelação documental mudou a biografia de Geisel para bem pior.

 

                   Continua no capítulo 20/27

 

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