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sábado, 14 de maio de 2022

CAP. 23/27 - fichamento - livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Autor: Jornalista Fernando Morais - edição 2021

 Cap. 23/27

 

         Criação do PT e as etapas.     Já na grande reunião para formar o partido se apresentaram muitas lideranças da esquerda com diferentes formações e o partido que se iniciaria teria essa característica  de conciliar essa diversidade em sua formação e ação política.   Essas chamadas “correntes” dentro do partido participam das ações e decisões na proporção das respectivas representações em suas bases.

         Evento que foi bastante destacado pelos órgãos de imprensa – a criação de um partido dos trabalhadores.

         Certos políticos de destaque na oposição à ditadura eram contra a criação de um novo partido de esquerda por acharem que isso racharia a frente MDB que até então era um bloco contra a ditadura.   Temiam que o novo partido enfraqueceria a frente MDB e isso prolongaria a ditadura.

         Entre os líderes que apoiavam a formação do PT cita o livro Jacó Bitar, do sindicato dos petroleiros de Paulinia-SP.   Olivio Dutra, do sindicato dos bancários de Porto Alegre.

         Nessa trajetória de Lula e FHC (Lula ajudou voluntariamente na campanha de FHC ao Senado) sempre houve atos de “assopros e mordidas” entre ambos.

         Os intelectuais do meio acadêmico conseguiram até o apoio para a criação do PT, do destacado Professor e Sociólogo Antonio Candido de Mello e Souza, autor de livros como Os Parceiros do Rio Bonito.  (livro que li, fiz fichamento e gostei muito)

         Candido, socialista, foi visitar no hospital um amigo médico socialista que estava doente terminal.   A esposa do doente pediu a Candido que dissesse algumas palavras que confortassem o amigo.    Candido trouxe a novidade da criação do PT, o primeiro partido operário do Brasil, construído pelos operários, pelo chamado “chão de fábrica”.       O doente ficou contente e pediu a Candido para não deixar de assinar a adesão ao partido que se iniciava.  Esse empurrão do amigo, que veio a falecer no dia seguinte, ajudou a Candido aderir e assinar o termo de apoio à criação do PT.   Candido depois declarou publicamente: 

 “Entrei sabendo que o PT não é um partido socialista; e eu sou socialista.   Mas acho que o PT tem uma energia operária que se confunde com os interesses do povo”.    (página 352 do livro)

         Destacados intelectuais (citados no livro) assinaram a adesão para a criação do partido.    Antes da criação em si, houve eventos com a finalidade na Bahia, em São Paulo e em Poços de Caldas-MG.

         “Só no dia 10-02-1980, no auditório do Colégio Sion em São Paulo, o PT seria formalmente apresentado aos brasileiros”.

         Tempo de inflação alta, tempo de greves.   No dia 14-04-1980... “no auge da greve, Lula seria abruptamente despertado em casa e trancafiado no DOPS, junto com seus companheiros de diretoria do sindicato”.

         Capítulo 16 -   No meio da madrugada, um educado senhor engravatado interroga Lula num cubículo do DOPS:  era o enviado de um general, codinome “Cacique”.

         Se os generais da cúpula da ditadura achavam que prendendo Lula iriam sufocar as greves, se enganaram.   O efeito foi o oposto.

         Lula e os demais dirigentes sindicais, já antevendo o risco de serem presos, articularam pequenos grupos de ativistas (operários) não conhecidos pelas autoridades, estes que comandariam em suas bases (nas fábricas) as lutas dos operários.

         Entre os apoiadores da luta operária por salários, bispos renomados como Dom Paulo Evaristo Arns, D. Claudio Hummes, D. Pedro Casaldaliga (que conheci após o ano 2000 numa visita a São Felix do Araguaia, aproveitando viagem de trabalho à cidade), D. Mauro Morelli.

         Os líderes sindicais foram enquadrados como “terroristas” e nos artigos da LSN Lei de Segurança Nacional sancionada pela ditadura.

         Prisão dos sindicalistas que foram colocados na condição de incomunicáveis por dez dias.   Nem os parentes podiam visitar os presos.

         O senador alagoano Teotônio Vilela conseguiu visitar Lula nessa fase incomunicável.   Teotônio, usineiro, foi da Arena e depois passou à oposição, ao MDB.   Já estava com câncer quando visitou os sindicalistas presos.

         Por essas e outras, o Senador virou um símbolo da luta pela redemocratização do Brasil.   (conheci o Memorial dele em Maceió-AL).

         Milton Nascimento e Fernando Brant, em homenagem ao senador, compuseram a canção “O Menestrel das Alagoas”, música que virou hino da campanha pela redemocratização do Brasil.

         Num gesto surpreendente, o conservador jornal O Estado de São Paulo, diante da prisão dos líderes sindicais, em editorial pediu a liberdade imediata deles.  Gesto acompanhado por setores dos bispos e outros líderes da sociedade civil organizada.

         A família Mesquita, controladora do “Estadão” como é conhecido o jornal O Estado de SP, manteve o jornal  apoiando a ditadura no seu começo  (1964) e seguiu até  que em 13-12-1968 quando os militares editaram o AI 5 Ato Institucional número cinco que retirou uma porção de direitos do cidadão e apertou ainda mais a repressão policial contra os ativistas pela redemocratização.    Da edição do AI 5 em diante, o Estadão deixou de apoiar a ditadura.    Os jornais passaram a ter na redação a imposição de censores que examinavam tudo o que estava para ser publicado e que vetavam aquilo que achavam inconveniente ao governo ditatorial.   A censura ficou de 68 a 1976.

         Lula foi interrogado por mais de quatro horas.  Trechinho do interrogatório:    “Que o interrogado não tinha outra expressão após ver o nosso Glorioso Exército passar em voos rasantes em cima da cabeça de cem mil trabalhadores, podendo assustá-los e acontecer uma tragédia; que nunca tinha visto uma coisa daquelas”.

         Os líderes sindicais foram presos e as greves continuaram.   Por pressão federal, o  Estádio de Vila Euclides, que tinha sido palco de grandes assembleias de metalúrgicos, foi interditado para essa finalidade.

 

         Continua no capítulo 24/27

 

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