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sexta-feira, 6 de maio de 2022

CAP. 17/20 - fichamento - livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Autor: Jornalista FERNANDO MORAIS - Edição 2021

 

CAP.17/20

                  

         Lula era um entusiasta dos cursos profissionalizantes e ajudava a estimular os sindicalizados a estudarem.    O sindicato passou a  estimular cursos e palestras inclusive sobre formação política, noções básicas de economia e mesmo cursos supletivos para acelerar os estudos dos metalúrgicos.

         No começo Lula era mais articulador e negociador e não era forte em oratória.   Esta foi lapidada com o tempo.   Ele aos 23 de idade – “Eu era inibido que, quando citavam meu nome numa assembleia, eu já ficava vermelho”.

         Tudo andava correndo muito bem ao casal Lula.   O casal trabalhava e a gravidez dela transcorreu tranquila mesmo com ela trabalhando.   No parto, a esposa de Lula perdeu o bebê e ela também veio a falecer.

         Foi muito doloroso para ele essa verdadeira tragédia familiar.   Ficou à beira de uma depressão e voltou a morar na casa da mãe para reequilibrar emocionalmente a vida.

         Passado certo tempo, foi voltando às partidas de futebol, encontro com os amigos e a vida foi retornando ao eixo.   O time amador do qual fazia parte era o Nautico Capibaribe, um nome pernambucano.

         A viuvez acabou empurrando ele ainda mais para o dia a dia do sindicato.   Numa eleição sindical, pela participação ativa dele, se tornou candidato natural ao cargo de primeiro secretário, o cargo só abaixo do presidente.   Isso no curso de três anos.   Saiu de suplente e saltou para primeiro secretário.

         Ele no cargo efetivo no sindicato passou a ser liberado do emprego em tempo integral e dava expediente no sindicato representando sua base.

         Tinha dois bons advogados como assessores e um jornalista.   Como secretário, o cargo era como um prefeito na entidade e todos os processos passam pela sua mão.   Questões de demissão, acordos, questões previdenciárias e outras.

         Lula, inovando dentro do “novo sindicalismo”, começou a viajar pelo Brasil e tabular contatos com outros sindicatos.   A imprensa chamava essa nova postura de novo sindicalismo.

         Integrantes do PCB Partido Comunista Brasileiro (o Partidão) tocava o jornal Tribuna Metalúrgica com jornalista experiente.  Driblavam as amarras da ditadura e “colocaram trabalhadores cara a cara com os patrões”.  A cartunista Laerte ilustrava o citado jornal e o personagem “João Ferrador”, um boneco de boné e macacão.    Personagem criado por Felix Nunes e desenhado pela Laerte que então era um jovem de vinte anos, ligado ao PCB.  Bem mais adiante, Laerte assumiu nova identidade e é a Laerte que continua como destaque como cartunista até a atualidade.

         O bonequinho João Ferrador se tornou um símbolo das campanhas de mobilização dos metalúrgicos.

         Nos anos 70 o DIEESE, fundado por sindicalistas em 1955, já era bem estruturado.  Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos.    Tem equipe técnica especializada e levanta dados e produz índices vários sobre a economia e salários.     Fornece parâmetros para os sindicatos usarem como referência para as negociações.

         Consta que o PCB é o partido político mais antigo do Brasil.   No passado mais remoto, foi comandado por Luiz Carlos Prestes.

         “Lula não queria saber de conversa com o PCB nem com nenhuma outra organização clandestina”.  

         O foco de Lula era salário dos trabalhadores.   O foco dos sindicalistas  era manter ou melhorar o poder de compra dos operários.

         No passado, os índices de inflação e outros eram medidos só pelo governo.   Não eram dados confiáveis.    No começo do governo JK Juscelino (anos 50), os sindicatos se articularam e criaram em 1955 o DIEESE.   Buscavam ter dados confiáveis para medir perdas salariais e embasar suas reivindicações.

         No período da ditadura militar (1964/1985), os generais presidentes vinham tocando a economia sem maiores sobressaltos até que em 1973, ocorreu a Guerra do Yom Kippur entre Israel e árabes e os USA entraram em apoio a Israel.   Numa marcante ação de represália, os países árabes (grandes produtores e exportadores de petróleo) formaram um cartel chamado OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo.   Nessa, reduziram a produção e elevaram os preços em até 400%.    Abalou a economia do mundo em graus relativos à dependência do insumo em cada país.   Foi um baque enorme para o Brasil.

         Em 1973, no Brasil, a inflação pela alta do combustível medida pelo governo foi de 15,7% ao ano.   Já a inflação no mesmo período medida pelo DIEESE, foi de 37,8% ao ano.   Os sindicatos lutam para repor essas perdas pelo índice do DIEESE.

        

         Continua no capítulo 18/20

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