Cap. 12/20
Muitos artistas e
intelectuais apoiando o movimento grevista. Iriam promover um mega show
beneficente no então famoso Estádio de Vila Euclides (em Santo André), local
que era muito usado para assembleias do sindicato. Em assembleias dos
metalúrgicos naquele estádio, chegaram a ter ao redor de cem mil operários
presentes.
Dezenas de artistas
famosos (todos citados nominalmente no livro, dentre eles Chico Buarque, Gal
Costa, Martinho da Vila e muitos outros).
Os Mestres de Cerimônia no show seriam o Cartunista Ziraldo e a Atriz
Bete Mendes. A Polícia Federal vetou o
show e por isso foi cancelado.
Quatro dias depois de
frustrado o show beneficente, morreu em acidente em Ilha Bela-SP o delegado
Sergio Fleury, criador e chefe do esquadrão da morte em São Paulo. Ele era acusado de torturar até a morte
dezenas de operários e políticos presos políticos pela ditadura.
O SNI Serviço Nacional de
Informações suspeitou que uma forte entidade sindical da Alemanha teria enviado
doação em dinheiro para ajudar os grevistas.
O centenário sindicato alemão IG Metall teria colaborado com a causa dos
grevistas do ABC. Este sindicato alemão
tem dois milhões de filiados.
Dois jovens operários
brasileiros tinham sido enviados à Europa pela Pastoral Operária da Igreja
Católica em busca de ajuda. Trouxeram
em dólar, vinte mil de doação de um sindicato da França. Entregaram a doação ao Dom Claudio, bispo de
Santo André. Os dois jovens operários
sofreram forte repressão no Brasil de então e depois foram Ministros do governo
Lula. Um deles é o gaúcho Miguel
Rossetto e o outro é o londrinense Gilberto Carvalho.
Lula e os outros
dirigentes sindicais cassados continuavam se reunindo em igreja da diocese de
Santo André e comandando os operários na luta por melhorias e irritando a
ditadura militar vigente.
As assembleias dos
metalúrgicos continuavam a ocorrer no Estádio de Vila Euclides. Cassados os dirigentes, prenderam Lula num
sábado que teria mais uma assembleia no local.
A líder estudantil Beá –
Beatriz Tibiriçá, assistente de gabinete do deputado Geraldinho que pousava na
casa de Lula junto com a família de Lula e Frei Betto, que já esperavam que a
prisão estava para ocorrer. Estavam de
prontidão para, havendo a prisão, comunicar a imprensa em geral daqui e de fora
do país para denunciar a prisão política e a repressão.
Lula foi preso por
militares à paisana. Deu medo porque o
irmão dele, Frei Chico (apelido de frei), foi preso antes no DOI CODI cinco
anos atrás e foi torturado por ser do Partido Comunista e lutava pela causa
operária e pelo restabelecimento da democracia.
Numa perua Caravan Lula
foi levado preso, escoltado por seis pessoas armadas. Ficou com medo de ser levado à tortura.
Ouviram pelo rádio do
carro a notícia da prisão de Lula e ao menos já era público o fato e diminuiu
um pouco a insegurança dele. O estado
prende um cidadão e nessa condição, tem que responder pela integridade do
mesmo.
Já que Lula foi levado
preso, informaram Dom Paulo Evaristo Arns (Cardeal Arcebispo de São Paulo) e
ele divulgou o fato à imprensa. Ao
ouvir a notícia, o motorista da Caravan disse:
-“Esse bispo filho da p... tinha que se foder”.
Se mostrou importante ter
os apoiadores pousado na casa de Lula para saberem que ele foi preso e avisarem
a imprensa, como de fato ocorreu.
Capítulo 8 - A Marinha viola a correspondência da Cúria de
SP e revela que o Cardeal Arns pediu à igreja alemã apoio aos operários em greve. Lula foi preso no prédio do DOPS perto da
estação da Luz na capital. Prédio da
estação da antiga Estrada de Ferro Sorocabana.
Prédio projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo.
Em outra ocasião o Frei
Betto, da ordem dos Dominicanos, também foi preso político pela ditadura
militar.
Ao chegar à prisão, Lula
constatou que não foi só ele. Os demais
diretores do Sindicato dos metalúrgicos do ABC também estavam presos, entre
eles, o irmão de Lula, o frei Chico.
Lula ficou assustado
quando viu entre os presos, dois destacados advogados – José Carlos Dias –
Jurista e Presidente da Comissão de Justiça e Paz da Diocese de São Paulo. Também preso, Dalmo Dallari, Professor
Titular da USP e um dos fundadores da Comissão de Justiça e Paz da Diocese. Notou que até o semblante do Diretor do
DOPS, o delegado Romeu Tuma, estava fechado.
Tuma era sempre visto sorridente e bem humorado. Neste dia, não.
O governador Paulo Maluf
só ficou sabendo das prisões desse dia pela notícia de rádio. Nessa ocasião o presidente da república era
o General João Batista Figueiredo.
As greves tomaram
envergadura que as autoridades passaram a tratar como assunto de âmbito
federal. Nem o Ministro da Justiça
ficou sabendo que ocorreriam essas prisões decididas por um grupinho de
Generais. O da justiça de então era
Ibraim Abi-Ackel.
Nesse tempo o general
“caveirinha” Milton Tavares de Sousa era o comandante do II Exército com sede
em São Paulo.
Continua no capítulo 13/20
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