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domingo, 1 de maio de 2022

CAP. 12/20 - fichamento - livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Autor: Jornalista FERNANDO MORAIS - 2021

 Cap. 12/20 

         Muitos artistas e intelectuais apoiando o movimento grevista. Iriam promover um mega show beneficente no então famoso Estádio de Vila Euclides (em Santo André), local que era muito usado para assembleias do sindicato. Em assembleias dos metalúrgicos naquele estádio, chegaram a ter ao redor de cem mil operários presentes.

         Dezenas de artistas famosos (todos citados nominalmente no livro, dentre eles Chico Buarque, Gal Costa, Martinho da Vila e muitos outros).   Os Mestres de Cerimônia no show seriam o Cartunista Ziraldo e a Atriz Bete Mendes.    A Polícia Federal vetou o show e por isso foi cancelado.

         Quatro dias depois de frustrado o show beneficente, morreu em acidente em Ilha Bela-SP o delegado Sergio Fleury, criador e chefe do esquadrão da morte em São Paulo.   Ele era acusado de torturar até a morte dezenas de operários e políticos presos políticos pela ditadura.

         O SNI Serviço Nacional de Informações suspeitou que uma forte entidade sindical da Alemanha teria enviado doação em dinheiro para ajudar os grevistas.   O centenário sindicato alemão IG Metall teria colaborado com a causa dos grevistas do ABC.   Este sindicato alemão tem dois milhões de filiados.

         Dois jovens operários brasileiros tinham sido enviados à Europa pela Pastoral Operária da Igreja Católica em busca de ajuda.    Trouxeram em dólar, vinte mil de doação de um sindicato da França.  Entregaram a doação ao Dom Claudio, bispo de Santo André.    Os dois jovens operários sofreram forte repressão no Brasil de então e depois foram Ministros do governo Lula.  Um deles é o gaúcho Miguel Rossetto e o outro é o londrinense Gilberto Carvalho.

         Lula e os outros dirigentes sindicais cassados continuavam se reunindo em igreja da diocese de Santo André e comandando os operários na luta por melhorias e irritando a ditadura militar vigente.

         As assembleias dos metalúrgicos continuavam a ocorrer no Estádio de Vila Euclides.     Cassados os dirigentes, prenderam Lula num sábado que teria mais uma assembleia no local.

         A líder estudantil Beá – Beatriz Tibiriçá, assistente de gabinete do deputado Geraldinho que pousava na casa de Lula junto com a família de Lula e Frei Betto, que já esperavam que a prisão estava para ocorrer.   Estavam de prontidão para, havendo a prisão, comunicar a imprensa em geral daqui e de fora do país para denunciar a prisão política e a repressão.

         Lula foi preso por militares à paisana.  Deu medo porque o irmão dele, Frei Chico (apelido de frei), foi preso antes no DOI CODI cinco anos atrás e foi torturado por ser do Partido Comunista e lutava pela causa operária e pelo restabelecimento da democracia.

         Numa perua Caravan Lula foi levado preso, escoltado por seis pessoas armadas.    Ficou com medo de ser levado à tortura.

         Ouviram pelo rádio do carro a notícia da prisão de Lula e ao menos já era público o fato e diminuiu um pouco a insegurança dele.     O estado prende um cidadão e nessa condição, tem que responder pela integridade do mesmo.

         Já que Lula foi levado preso, informaram Dom Paulo Evaristo Arns (Cardeal Arcebispo de São Paulo) e ele divulgou o fato à imprensa.   Ao ouvir a notícia, o motorista da Caravan disse:    -“Esse bispo filho da p... tinha que se foder”.

         Se mostrou importante ter os apoiadores pousado na casa de Lula para saberem que ele foi preso e avisarem a imprensa, como de fato ocorreu.

         Capítulo 8 -  A Marinha viola a correspondência da Cúria de SP e revela que o Cardeal Arns pediu à igreja alemã apoio aos operários em greve.  Lula foi preso no prédio do DOPS perto da estação da Luz na capital.   Prédio da estação da antiga Estrada de Ferro Sorocabana.  Prédio projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo.

         Em outra ocasião o Frei Betto, da ordem dos Dominicanos, também foi preso político pela ditadura militar.

         Ao chegar à prisão, Lula constatou que não foi só ele.   Os demais diretores do Sindicato dos metalúrgicos do ABC também estavam presos, entre eles, o irmão de Lula, o frei Chico.

         Lula ficou assustado quando viu entre os presos, dois destacados advogados – José Carlos Dias – Jurista e Presidente da Comissão de Justiça e Paz da Diocese de São Paulo.   Também preso, Dalmo Dallari, Professor Titular da USP e um dos fundadores da Comissão de Justiça e Paz da Diocese.    Notou que até o semblante do Diretor do DOPS, o delegado Romeu Tuma, estava fechado.   Tuma era sempre visto sorridente e bem humorado.  Neste dia, não. 

         O governador Paulo Maluf só ficou sabendo das prisões desse dia pela notícia de rádio.    Nessa ocasião o presidente da república era o General João Batista Figueiredo.

         As greves tomaram envergadura que as autoridades passaram a tratar como assunto de âmbito federal.   Nem o Ministro da Justiça ficou sabendo que ocorreriam essas prisões decididas por um grupinho de Generais.  O da justiça de então era Ibraim Abi-Ackel.

         Nesse tempo o general “caveirinha” Milton Tavares de Sousa era o comandante do II Exército com sede em São Paulo.

 

        

 

Continua no capítulo 13/20

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