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segunda-feira, 16 de maio de 2022

CAP. 25/27 - fichamento do livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Autor: Jornalista FERNANDO MORAIS

CAP. 25/27

 

         Lula que foi preso na fase sindicalista por conta das greves, foi depois solto mas o processo continuou.   Advogados famosos se interessaram pela defesa dele, mas Lula optou pelo novato Greenhalgh de 32 de idade e pouco experiente.  Sua escolha no curso do processo se mostrou acertada.

         Visitou o Acre e acompanhou eventos dos sindicalistas de lá ao lado de Chico Mendes que na ocasião se filiou ao PT.   O líder seringalista Chico Mendes foi assassinado nove anos depois a mando de grileiros de terras.

         Marcado para fevereiro de 1981 o julgamento de Lula e seus colegas sindicalistas na Justiça Militar.   O advogado dele foi uns dias antes na repartição onde haveria o julgamento num quase fim de expediente e as salas estavam quase todas vazias.   Deu umas voltas observando de porta em porta e numa sala viu um militar redigindo um documento.   Num relance conseguiu ler o seguinte conteúdo.    O tal militar já estava redigindo o resultado do julgamento que seria na semana seguinte, com veredito, tempo de pena e tudo o mais.   

         O advogado tomou uma decisão arrojada.   Colocou o caso na imprensa e não foi ao julgamento.   Este ocorreu na data marcada e o juiz convocou na hora um advogado dativo para representar a defesa e o veredito foi aquele “da semana passada...”.   

         O advogado de Lula recorreu e baseado nos argumentos citados (sentença antecipada) conseguiu na instância superior da Justiça militar anular o processo por vício processual e inocentou os réus.

         Terminada a intervenção no Sindicato, Lula resolveu não tentar o terceiro mandato como presidente e indicou um líder não muito conhecido, Jair Meneguelli, ferramenteiro da Ford.

         Lula concentrou seu esforço na criação de uma central sindical.  Numa longa articulação, criaram a CUT Central Única dos Trabalhadores.    Viajou bastante para o exterior para expandir contatos e trocar experiências na área sindical.   Como não falava inglês, viajava comumente acompanhado pelo Professor da USP, Francisco Weffort.   As viagens de Lula eram sempre rastreadas pelo DOPS que fazia relatórios e enviava aos escalões superiores dos militares.   Há relatórios elaborados pelo Delegado Chefe do DOPS, Romeu Tuma citados no livro.

         A antiga central CGT – Comando Geral dos Trabalhadores existia antes da ditadura e foi extinta por ela em 1964 com o Golpe.

         A envergadura do movimento para criar a primeira central durante a ditadura de 1964:  Em agosto de 1980 teve um evento em Praia Grande-SP onde estavam 5.247 delegados sindicalistas representando 1.126 sindicatos das mais variadas categorias de empregados.

         Do exterior tinha representante da Alemanha, França, Portugal, Venezuela, Angola e Argentina.  Juan Ponce, da Argentina, também representava  a Frente Sindical Mundial.   Foram três dias de congresso e foi uma logística desafiadora para acomodar todos.    Estima-se que 12 milhões de trabalhadores estavam representados nesse evento que se chamou Conclat – Conferência Nacional da Classe Trabalhadora.

         Da CONCLAT, havendo várias correntes, não se conseguiu a criação de uma só central.   Sairam duas.  A CUT e a Força Sindical, esta que ficou mais ligada ao “Partidão”, ao PCB.   Já a CUT, mais aberta e mais voltada para o chão de fábrica.

         A CUT ficou sob a presidência de Jair Meneguelli  e a Força Sindical com  Luiz Antonio de Medeiros.

         Sindicalistas absolvidos, criadas as centrais, aprovada uma anistia, demonstravam que a ditadura estava se findando, fruto da mobilização da sociedade civil organizada, na qual se inserem os sindicatos.

         Em 1982, governo Figueiredo, saiu a lei que restabelecia a eleição direta para governadores.   Agora só faltava a eleição direta para presidente da república, esta que só ocorreu em 1989, após a nova Constituição de 1988.

         Lula concorreu ao governo de SP e para seus votos serem computados, agregou legalmente o apelido de Lula no nome, que ficou então Luiz Inácio Lula da Silva.   Fez campanha quase sem verba.

         Pela lei Falcão, na campanha só vinha a foto do candidato a deputado e um currículo resumido citado por um locutor que não aparecia na imagem.  Lula ao recordar, ri do fato de todos os currículos serem finalizados com a expressão:    “Um brasileiro igual a você”.

         Nessa, a propaganda dele ficou assim:  “Ex tintureiro, ex engraxate, ex metalúrgico, ex dirigente sindical e ex preso político.  Um brasileiro igual a você”.   

         A campanha dele para governador vinha crescendo e ele acreditou até que seria eleito.   Começou esse crescimento incomodar os concorrentes e apareceram as fake News, os boatos.    “Que ele morava numa mansão no bairro Morumbi de SP”.  Outro boato:   Por ele ter sido visto na casa de praia do amigo Airton Soares, espalharam que ele tinha uma casa de Praia no Guarujá.

         O jogador do Corinthians, Casagrande, artilheiro do campeonato paulista na ocasião, apoiou Lula e se filiou ao PT.  A eleição foi ganha pelo experiente Franco Montoro.

         Lula ficou em depressão por um bom tempo.  Ficou desiludido da política e queria abandoná-la.   Visitando Fidel Castro, este fez o seguinte comentário a Lula:

         “Em todos os tempos, em qualquer pais, você já ouviu falar de algum trabalhador como você, que teve 1,2 milhão de votos?  Você não tem o direito de fazer isso com os pobres, com os trabalhadores brasileiros!  Volte para a política!”.   (na pág. 399 tem a foto de Lula junto com Fidel)

         Depois veio a eleição de deputados que comporiam a Assembleia Nacional Constituinte.    Lula se candidatou e teve 651.763 votos, a maior votação para deputado federal da história do Brasil até então.

        

 

                            Continua no capítulo 26/27 


 

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