CAP. 25/27
Lula que foi preso na fase
sindicalista por conta das greves, foi depois solto mas o processo
continuou. Advogados famosos se
interessaram pela defesa dele, mas Lula optou pelo novato Greenhalgh de 32 de
idade e pouco experiente. Sua escolha no
curso do processo se mostrou acertada.
Visitou o Acre e
acompanhou eventos dos sindicalistas de lá ao lado de Chico Mendes que na
ocasião se filiou ao PT. O líder
seringalista Chico Mendes foi assassinado nove anos depois a mando de grileiros
de terras.
Marcado para fevereiro de
1981 o julgamento de Lula e seus colegas sindicalistas na Justiça Militar. O advogado dele foi uns dias antes na
repartição onde haveria o julgamento num quase fim de expediente e as salas
estavam quase todas vazias. Deu umas voltas
observando de porta em porta e numa sala viu um militar redigindo um
documento. Num relance conseguiu ler o
seguinte conteúdo. O tal militar já
estava redigindo o resultado do julgamento que seria na semana seguinte, com
veredito, tempo de pena e tudo o mais.
O advogado tomou uma
decisão arrojada. Colocou o caso na
imprensa e não foi ao julgamento. Este
ocorreu na data marcada e o juiz convocou na hora um advogado dativo para representar
a defesa e o veredito foi aquele “da semana passada...”.
O advogado de Lula
recorreu e baseado nos argumentos citados (sentença antecipada) conseguiu na
instância superior da Justiça militar anular o processo por vício processual e
inocentou os réus.
Terminada a intervenção no
Sindicato, Lula resolveu não tentar o terceiro mandato como presidente e
indicou um líder não muito conhecido, Jair Meneguelli, ferramenteiro da Ford.
Lula concentrou seu
esforço na criação de uma central sindical.
Numa longa articulação, criaram a CUT Central Única dos
Trabalhadores. Viajou bastante para o
exterior para expandir contatos e trocar experiências na área sindical. Como não falava inglês, viajava comumente
acompanhado pelo Professor da USP, Francisco Weffort. As viagens de Lula eram sempre rastreadas
pelo DOPS que fazia relatórios e enviava aos escalões superiores dos militares. Há relatórios elaborados pelo Delegado Chefe
do DOPS, Romeu Tuma citados no livro.
A antiga central CGT –
Comando Geral dos Trabalhadores existia antes da ditadura e foi extinta por ela
em 1964 com o Golpe.
A envergadura do movimento
para criar a primeira central durante a ditadura de 1964: Em agosto de 1980 teve um evento em Praia
Grande-SP onde estavam 5.247 delegados sindicalistas representando 1.126
sindicatos das mais variadas categorias de empregados.
Do exterior tinha
representante da Alemanha, França, Portugal, Venezuela, Angola e
Argentina. Juan Ponce, da Argentina,
também representava a Frente Sindical
Mundial. Foram três dias de congresso e
foi uma logística desafiadora para acomodar todos. Estima-se que 12 milhões de trabalhadores
estavam representados nesse evento que se chamou Conclat – Conferência Nacional
da Classe Trabalhadora.
Da CONCLAT, havendo várias
correntes, não se conseguiu a criação de uma só central. Sairam duas. A CUT e a Força Sindical, esta que ficou mais
ligada ao “Partidão”, ao PCB. Já a CUT,
mais aberta e mais voltada para o chão de fábrica.
A CUT ficou sob a
presidência de Jair Meneguelli e a Força
Sindical com Luiz Antonio de Medeiros.
Sindicalistas absolvidos,
criadas as centrais, aprovada uma anistia, demonstravam que a ditadura estava
se findando, fruto da mobilização da sociedade civil organizada, na qual se
inserem os sindicatos.
Em 1982, governo
Figueiredo, saiu a lei que restabelecia a eleição direta para
governadores. Agora só faltava a
eleição direta para presidente da república, esta que só ocorreu em 1989, após
a nova Constituição de 1988.
Lula concorreu ao governo
de SP e para seus votos serem computados, agregou legalmente o apelido de Lula
no nome, que ficou então Luiz Inácio Lula da Silva. Fez campanha quase sem verba.
Pela lei Falcão, na
campanha só vinha a foto do candidato a deputado e um currículo resumido citado
por um locutor que não aparecia na imagem.
Lula ao recordar, ri do fato de todos os currículos serem finalizados
com a expressão: “Um brasileiro igual
a você”.
Nessa, a propaganda dele
ficou assim: “Ex tintureiro, ex
engraxate, ex metalúrgico, ex dirigente sindical e ex preso político. Um brasileiro igual a você”.
A campanha dele para
governador vinha crescendo e ele acreditou até que seria eleito. Começou esse crescimento incomodar os
concorrentes e apareceram as fake News, os boatos. “Que ele morava numa mansão no bairro
Morumbi de SP”. Outro boato: Por ele ter sido visto na casa de praia do
amigo Airton Soares, espalharam que ele tinha uma casa de Praia no Guarujá.
O jogador do Corinthians,
Casagrande, artilheiro do campeonato paulista na ocasião, apoiou Lula e se
filiou ao PT. A eleição foi ganha pelo
experiente Franco Montoro.
Lula ficou em depressão
por um bom tempo. Ficou desiludido da
política e queria abandoná-la.
Visitando Fidel Castro, este fez o seguinte comentário a Lula:
“Em todos os tempos, em
qualquer pais, você já ouviu falar de algum trabalhador como você, que teve 1,2
milhão de votos? Você não tem o direito
de fazer isso com os pobres, com os trabalhadores brasileiros! Volte para a política!”. (na pág. 399 tem a foto de Lula junto com
Fidel)
Depois veio a eleição de
deputados que comporiam a Assembleia Nacional Constituinte. Lula se candidatou e teve 651.763 votos, a
maior votação para deputado federal da história do Brasil até então.
Continua no capítulo 26/27
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