capítulo 10/12
“Onça gosta de rio e de sombra de árvore. O mundo era uma árvore. “Árvore de toda a vida, assim se
chamava”. Era assim e dou fé.
“Do alto daquela árvore nasceu o primeiro céu e o sol e a
lua e todas as estrelas, porque o alto é que dá fruta”.
“Do alto da árvore nasceu também a Onça Grande, Tapai Uu, o
corpo dela feito de brasa das estrelas”.
“Das raízes da árvore nasceu um segundo céu, a terra que a
gente pisa por fundamento, o mói de plantas e as águas...”
“Das raízes... nasceu também a Grande Jiboia
Igaibati... “Igaibati era fera de dar
medo”.
... “E foi quando a Onça Grande descobriu um demasiado amor
por Igaibati, sem se importar com a feiura dela...” Dessa união nasceram todos os bichos da
floresta. Dessa união também nasceram
os homens de toda qualidade e índole...”
...”Inclusive gente branca, que nasceu da qualidade
sufocante da serpente...”
“Vocação de tudo é virar onça, e tudo é onça porque Tipai uu
amou Igaibati primeiro”.
II página 121 (das
160 totais)
Contando do chamamento da Grande Onça a Iñe-e quando esta
era bem pequena... “Porque ela era
destinada de Tipai uu desde antes de nascer.”
Então a Grande Onça contou para a menina uma porção de
ensinamentos... se defender... olhos de
ver o passado do passado, ... o futuro...”
“E Tipai uu disse assim:
“Iñe-e, tu é minha e, por ser minha, é bom que saiba que tu é onça
quando quiser de ser”.
...”Vai chegar um tempo de que tu seja caça, Iñe-e. E onça não nasce para ser caça. Onça é dona da mata. Se um dia você estiver em apuro, me chame
que eu venho te socorrer”.
III
Tempos depois da menina se encontrar com a Onça... “Já a menina mal adormecia, onças, jiboias,
antas, quatis, cutias visitavam ela”.
Quando a menina já era escrava do branco, o espírito da
Grande Onça só não incorporou nela porque a menina não soube dar o recado
certo, mas a onça em espírito estava sempre por perto dela.
“Então se deu que a menina desandou a morrer no estrangeiro”.
...”A hora era chegada.
Uaara-Iñe-e! falou a Onça Grande com sua voz muito antiga. E num instante muito rápido onça era menina
e menina era onça.”
IV
Iñe-e na forma de onça se aproximou da aldeia com vontade de
ver a mãe, mas com medo dela não a deixar se aproximar. A mãe ao ve-la atravessando o rio, sorriu e
veio ao encontro da filha. Se
abraçaram. Momento terno.
Em seguida, Iñe-e recebeu um sinal para ir embora e assim
fez. A mãe contou para o avô que se
encontrou com a filha pela derradeira vez e que ela já não é mais deste mundo.
...”não pisa mais no mesmo chão que nós. A Dona da Caça levou ela”.
Passa o tempo e o branco começa a explorar os seringais
nativos nas terras indígenas e usam trabalho pesado dos índios. Inclusive trabalho de crianças carregando
pesadas cargas de látex de seringueira.
O leite da seringueira é bem branco e a autora coloca como um
leite. Jorra leite das árvores e
sangue dos indígenas nessa lida.
Chicote de couro de anta sendo usado contra os índios para acelerar a
produção.
A menina Kaiemi sofrendo com o peso das cargas que tem que
transportar. “Justiça de onça se faz é
no dente”.
A menina Kaiemi é filha do filho do irmão de Iñe-e.
VII
A Calunga Grande, os negros escravizados... “Sangue do povo negro no Brasil colonial”. Sofrendo como os índios.
Continua capitulo 11/12