( filha
de João Cabral de Melo Neto – mas tem luz própria)
Resenha (fichamento) pelo Eng.Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
Editora Alfaguara – RJ, ano 2018 – 165 páginas
Carpina – cidade pernambucana onde o avô tem um sítio. Mestre Carpina é personagem do poema Morte e
Vida Severina - de João Cabral de Melo
Neto
página 10 – A menina (auto biografia) quer ser fazendeira. O
pai pergunta por quê?
–
Pra andar a
cavalo, tocar berrante e juntar gado.
11 – ela dividindo as balas trazidas pelo pai com os irmãos
e primos. Uma para cada e o restante pra
ela. (na minha infância ocorria algo
bem assim)
18 – Em Sevilha (onde o pai serviu como Diplomata). Os pais colocam ela numa escola pública
(religiosa) para imersão na cultura local.
Aulas das 7 as 19 h
20 – Entre Málaga e Cadiz, região de clima deserto. O costume da siesta após o almoço.
51 – O pai é ateu ou agnóstico. Mãe e irmãos ir à missa nos domingos. Em certo tempo ela, adolescente sai dizendo
que vai à missa mas não vai. Quando
vai, o faz durante a semana.
53 – Primeira sessão matinê no cinema. Meias que apertam as pernas grossas,
diferentes do padrão das espanholas. Se
lembra de um chavão: “mulher pra estar
bonita tem que sofrer”.
54 – A mãe dela é assim:
“ou pensa como eu ou está errada”
54 – Enrosco na matéria Geografia. A mãe envia ela a um povoadinho basco onde
vivem menos de 500 habitantes. Lá tem
um mosteiro das freiras ursulinas. O
local se chama Lecumberri.
55 – Longe da mãe, a principal das vantagens.
56 – Paqueras aos jovens seminaristas. “tem coisa melhor na vida do que
desencaminhar um seminarista?”
57 – Em Sevilha, os pais viajavam e os filhos ficavam com a
Adela. Filhos fazem uma festa para
celebrar a liberdade, só que os pais chegaram um dia antes, em plena festa...
sobrou alguma bronca para Adela mas os pais deixaram a festa continuar.
Mudam para Genebra na Suiça.
61 – Na Suíça, dependências da ONU e muitos diplomatas
atuantes. Na escola, discriminação de
filhos de diplomatas de outros países.
Certo dia, na frente da comunidade escolar, a mãe de um aluno pergunta à
brasileira se é muito difícil subir em árvores. A menina, de bate pronto, responde: - Claro que não! E no meu país há elevadores bem mais modernos
do que os seus por aqui. Risada geral.
Depois dessa, mãe e filho tomaram chá de sumisso.
Boletim escolar.
Primeiro a mãe vê e dá a bronca e depois o pai assina.
63 - As aulas de
francês. Muitos poemas, inclusive de
Victor Hugo.
74 – termo curioso e popular. Ela tem um amigo da pá virada.
77 – Fazer colinha pra prova de química “em letra de
formiga”
85 – Ela tentando arte na escola e a professora não aprova
nada. Conselho do pai poeta: “Não siga o caminho mais fácil. Arte é suor”.
87 – Pais conversando sobre ela e ela escutando
escondida. A mãe acha que tudo é
fígado, matéria. Ele pensa em
psiquiatra. (anos 60) Aqui na Espanha, psicanálise é proibida,
dizem que é coisa de falta de fé. Ela
fica muito revoltada com os pais.
Achava que eles poderiam conversar mais com ela e não quererem
enquadrá-la.
O pai sempre compreende e sugere que ela comece a
escrever. Assim não terá professores
para podá-la na arte.
88 – Ela pelos cinquenta consegue conversar mais com o
pai. Logo ele morre e cai a ficha: deveria ouvi-lo mais nas dicas para a vida e
a arte.
90 – Sair, na juventude, e ter que voltar antes das três da
madrugada. Pais colocam o despertador
para três da matina e ela tem que chegar, entrar no quarto deles e desligar
antes de soar o alarme.
94 - … aceita seu destino: ser brasileira e morar no Brasil.
95 – Anos 60/70.
Mulher no Brasil era pra casar, ser fiel, do lar e o homem pode pular
cerca, etc. Na Europa já havia mudado
um tanto essa mentalidade.
Anos dourados (anos 60) tempos de agito da juventude. Peças
Hair e Oh Calcuttá!
101 – Frase sobre o namorado que atua em cinema (ele uns 16 anos mais velho que ela, desquitado):
“Ao cabo de um mês, mudou-se para a casa dele de onde só saiu oito anos e
dois filhos depois”.
105 – O poeta João Cabral (pai dela) e família eram amigos
de Dom Helder Câmara (então bispo).
114 – Filha dela nasceu e recebeu o nome de Dandara. A avó paterna não se conforma com o nome e
torce para que não seja menina para fugir do nome escolhido. Dandara foi crescendo e se tornou mandona.
120 – O filho recebeu o nome de Sereno. Coisa de bichos grilos dos tempos de
hippies.
123 – Um truque de mãe que inventou na hora das crianças
irem dormir ou que deveriam ir. Só
deixa chamá-la de mãe até a hora combinada para dormir. Depois desse horário, tem que chamar pelo nome
da mãe. As crianças entraram na linha
e às vezes até iam dormir mais tarde, mas não perturbavam a mãe.
126 - Desfaz o
relacionamento e avisa por telegrama o pai.
Ele dá força total a ela.
129 – Ela perticipa da montagem do filme “O Amuleto de
Ogum”.
130 – Resolve ficar com uma mulher. Tentar outras possibilidades.
132 – O pai das crianças é omisso total, até em afeto às
crias.
134 – Agora ela tem um “ficante” que trabalha com ela em
montagens de filmes.
137 – A professora idiota que fica na marcação da filha dela
que já é alfabetizada e não presta atenção na aula. A
mãe, após reclamação, orienta a filha. A filha leva o ano na boa e no fim a
psicologa veio perguntar como a mãe solucionou o problema. A mãe não queria responder, mas acabou
dizendo: Eu falei pra filha que a
professora era uma idiota (não ver que a menina já sabia ler) ...e que ela
fizesse tudo direitinho sem incomodar a professora.
140 – Ela é da geração “bicho grilo”, anos dourados. (anos 60)
Hippies, pílula, LSD, etc.
142 – O problema de punir a criança sem explicar o por quê.
146 – Um dia ela leva o filho de sete anos para visitar o
avô dele. Na casa do avô poeta, dois
amigos estavam presentes. Otto Lara
Rezende e Rubem Braga. O menino de sete
anos tinha lido um conto de Rubem Braga
“A triste história do tuim”. O autor ficou lisongeado e o Otto Lara
ficou com ciume. Gostaria de escrever
algo que fosse lido e compreendido inclusive pelas crianças.
156 – O velório do pai na ABL Academia Brasileira de Letras
no RJ. Os figurões e os holofotes das
Tvs. E ela num canto só observando as falsidades
e egos.
Citou inclusive o episódio dos mortos da queda do avião com
o time da Chapecoense. Que o Temer foi
a Chapecó e a turma da segurança convidou os parentes dos mortos para irem ao
local onde estava o presidente para os cumprimentos. Um dos pais disse que não ia porque o Temer
era só o presidente e não tinha nada a ver com a família e o momento
deles. - Eu não vou.
O velório é aqui. Se ele quiser, que venha nos cumprimentar no velório.
159 – Como ela conseguiu enquadrar o filho de dezesseis anos
que andava mal na escola, fumando maconha inclusive no momento de estudar pra
prova do dia. Ela deu a bronca e
desafiou ele a sair de casa e se virar.
Ele disse que iria passar a pousar nas marquises, logo no RJ onde o
perigo é vinte e quatro horas por dia.
Ela combinou diferente: Você vai
entar pela porta da cozinha, preparar sua comida, lavar suas roupas e dormir no
seu quarto sem importunar ninguém. E
assim se fez. Um dia após ele fazer um
café veio perguntar pra mãe se ela aceitava um gole.
163 – Ela, cineasta, recebe uma encomenda da Pastoral da
Criança, um filme curto e de muito baixo orçamento. Ela topa a parada e mãos à obra. Num dia das filmagens, conversa com uma
mãe. A mãe preocupada com o filho
jovem e o risco dele querer um tenis de marca e cair na mão de
traficantes. Ela pergunta se essa mãe
tem filha. A mãe diz que tem, as que com
elas não se preocupa.
–
Tenho sim,
duas. Mas com as meninas é mais fácil.
–
Mais fácil?
–
Claro. Se uma menina quiser uma roupa cara, basta
abrir as pernas. Depois, lavou, tá novo.
Espero ter despertado a curiosidade dos leitores para lerem a íntegra do
livro que é feito em mini contos de uma a duas páginas cada. Todos ricos em conteúdo e bem objetivos na
forma de expressão. Recomendo muito.