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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

USA - ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA FICA NA POEIRA NA CORRIDA DA TECNOLOGIA G5 DE TELEFONIA E CORRELATOS

USA FICA NA POEIRA NA CORRIDA 5 G (telefonia móvel etc) 10-02-2021
Saiu hoje na Folha de SP (10-2-21), página A17 um artigo de opinião de ninguém menos que Eric Schmidt, Ex-presidente executivo do Google e um dos fundadores da Schmidt Futures.
O nome do artigo: Leilão 5G nos USA é modelo de fracasso.
Trocando em miudos, foi feito um leilão para concessão ao setor privado pelo sistema do melhor preço e o Estado arrecadou 81 bi de dolares, mas praticamente não se exigiu contrapartida da concessionária que ficará descapitalizada e não tem maiores compromissos de investimentos na infraestrutura. Sem uma sólida rede de torres e demais aparatos, não atenderá de forma adequada a demanda cada vez maior do setor e o futuro passa por aí, cada vez mais. O Estado leiloou no caso 280 MHz de frequência e o articulista defende que isso é uma merreca, exemplificando que o Canadá, Japão, China e Reino Unido vão destinar 660 MHz para o setor de 5G.
E tem o lado seguinte: Ou o Estado aplica a quantia arrecadada que em termos de orçamento o autor considera uma merreca (81 bi de dolares) em torres e infraestrutura para garantir cobertura maior dentro do país, ou o serviço não atingirá muitos lugares e será carente e caro.
O articulista termina seu artigo com uma frase de efeito que dá o tom da relevância da matéria na corrida pela 5G e para o futuro: "O leilão número 107 colocou o que pode ser o penúltimo prego no caixão da liderança mundial dos USA. As autoridades precisam procurar todos os meios de reforçar a infraestrutura digital, em lugar de se concentrarem em encher os cofres do governo"

OBS: O Brasil também está por questão de meses de fazer seu leilão de 5G. O caso acima pode ajudar numa reflexão: Ver que se receba um preço razoável pela concessão, mas que se exija metas bem definidas de infraestrutura da concessionária ao longo da concessão com cronograma de metas e acompanhamento da qualidade do serviço e preço. Vamos ver e ficar de olho. 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

CAP. 12/12 (FINAL) - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - Autor: Filósofo/Sociólogo ZYGMUNT BAUMAN

 CAP. 12/12

          Página 253 – “Alfred de Musset sugeriu a quase dois séculos que os grandes artistas não tem pátria.   Há dois séculos, estas palavras eram militantes, uma espécie de grito de guerra.   Foram escritas em meio às ensurdecedoras fanfarras do patriotismo juvenil e crédulo, e por isso mesmo belicoso e arrogante. 

 Muitos políticos estavam descobrindo sua vocação para a construção de Estados-nação com uma só lei, uma só língua, uma só visão de mundo, uma só história e um só futuro”.

         Poetas, pintores...   missão...    algo a compartilhar, amar e guardar em comum e assim elevar o mero viver juntos ao nível de pertencer à mesma coisa...

         ... leva-los a lembrar e venerar seus mortos e a alegrar-se por cultivar seu legado.    O tempo mostrou que essa de tentar agregar em torno de certos referenciais também trazia o potencial de reforçar o nós e eles e criar animosidade com os que não pertencem a “nós”.

         254 – “Juan Goytisolo, provavelmente o maior entre os escritores espanhóis vivos, assume mais a questão.     Juan, espanhol, viveu também em Paris, USA e mora em Marrocos.    Seria o escritor espanhol mais traduzido para o mundo árabe.   Ele não duvida da razão.  E explica:  “A intimidade e a  distância criam uma situação privilegiada.  Ambas são necessárias”.

         257 – George Steiner considerava como os maiores escritores contemporâneos: Samuel Beckett, Jorge Luis Borges e Vladimir Nabokov.

         “É preciso viver, visitar, conhecer intimamente mais de um desses universos para descobrir a invenção humana...

         258 -   ... “imigrantes...   mas também lhes permite trazer para todos os países envolvidos dons de que  eles muito precisam e que não poderiam receber de outras fontes”.

         260 – A vida atual é mais corrida.   “A velocidade, no entanto, não é propícia ao pensamento, pelo menos ao pensamento de longo prazo”  

         Pensar tira a nossa mente da tarefa em curso, que requer sempre a corrida e a manutenção da velocidade.    Ter tempo... tempo para pensar e distanciamento para uma visão de conjunto.

         A liberdade de falar e reunir-se para discutir questões de interesse comum jamais foi tão completa e incondicional como agora.

         Importante também saber o que discutir e como implementar ações.

         Ele diz que hoje essa de discutir está nas mãos de especialistas e longe do alcance do cidadão comum.

         A fome não pode ser aliviada pela negação da fome.

         Todos os especialistas lidam com problemas práticos e todo conhecimento especializado se dedica à solução; e a sociologia é um ramo do conhecimento especializado cujo problema prático é o “esclarecimento que tem por objetivo a compreensão humana”.

         Para se operar no mundo (por contraste a ser operado por ele) é preciso entender como o mundo opera.

         ... é reabrir o caso supostamente fechado da explicação e promover a compreensão.

         A Sociologia ortodoxa do passado... se preocupava com as condições da obediência e conformidade humanas...     .... a primeira ocupação da Sociologia feita sob medida para a modernidade líquida deve ser a promoção da autonomia e da liberdade.

         Envolve focar:  autoconsciência, a compreensão e a responsabilidade individuais.

         Tocqueville:  “o egoísmo... seca as sementes de todas as virtudes”.

         “O atual individualismo.... aflição nova e tipicamente moderna, seca apenas a fonte das virtudes públicas; os indivíduos afetados estão ocupados criando pequenos grupos para seu próprio desfrute e deixando a sociedade maior de lado.

         “Como bem disse Cornelius Castorialis:  “está doente a sociedade que deixa de se questionar.    Recomeçar um questionamento significa dar um grande passo para a cura.

         ... permitir que aqueles que sofrem descubram a possibilidade de relacionar seus sofrimentos a causas sociais;

         Bordieu confronta o termo laissez-faire (deixar fazer...):  Observar a miséria humana com equanimidade, aplacando a dor da consciência com o encantamento ritual do credo “não há alternativa”, implica cumplicidade.

         Não enxergar, não procurar e assim suprimir essa possibilidade é parte da miséria humana e fator importante em sua perpetuação.

         A revelação é o começo e não o fim da guerra contra a miséria humana.

         A sociologia descomprometida é uma impossibilidade.

                                           FIM.      03-02-2021

CAP. 11/12 - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - autor: Filósofo/Sociólogo - ZYGMUNT BAUMAN - Edição em 2000

CAPITULO 11/12 – fichamento - livro - MODERNIDADE LIQUIDA - autor: Filósofo/Sociólogo polonês ZYGMUNT BAUMAN - Editado em 2000
Página 230 – “Uma mudança no conjunto e, contudo, de particular importância: adiamento ou abandono, pelo Estado, de todas as principais responsabilidades em seu papel como maior provedor (talvez mesmo monopolístico) de certeza, segurança e garantias... de seus cidadãos”
Depois do Estado-Nação - A nação construir Estado buscando construir a certeza e segurança dos cidadãos...
Parece haver pouca esperança de resgatar os serviços de certeza, segurança e garantias do Estado: “A liberdade política do Estado é incansavelmente erodida pelos novos poderes globais providos das terríveis armas da extraterritorialidade, velocidade de movimento e capacidade de fuga. (capital pode fugir via internet para qualquer lugar do planeta).
País que tenta se proteger, se fechar, se isolar da globalização... “o país é isolado por sanções econômicas e passa a ser tratado por parceiros comerciais passados e futuros como um pária global.
234 – Antes os povos eram dominados pela força por assim dizer. Hoje em dia ocupar o território dos mais fracos não é o essencial. Hoje é entre o mais rápido contra o mais lento em assimilar mudanças.
O autor usa a explicação dele da guerra do Kosovo como conflitos entre comunidades, etnias etc. Guerra dos Balcãs.
239 – Preencher o Vazio - O Estado ainda tem o poder de coerção (obrigar) e evita males maiores como violência das pessoas, e mantém um nível tolerável de convivência.
O Estado perdendo força até pelo mercado globalizado, perde essa força e ameaça o comportamento mais adequado das pessoas.
246 – Guerra na Sérvia e a tentativa de limpeza étnica contra os albaneses que lá vivem. A OTAN Organização do Tratado do Atlântico Norte entra no conflito para tentar solução.
“Os sérvios queriam expulsar do seu território uma minoria albanesa recalcitrante e embaraçosa, enquanto os países da OTAN, por assim dizer, respondiam à altura: sua campanha militar foi deslanchada pelo desejo dos outros europeus de manterem os albaneses na Sérvia, matando assim no ninho a ameaça de sua reencarnação como imigrantes constrangedores e indesejados.”
248 – Cloakroom Communities
Grupos que se reúnem e deixam seus casacos no cabide na entrada do Teatro, em sessões que os tornam um coletivo só naquela sessão. O autor faz um paralelo com blocos de carnaval. As pessoas se identificam com um bloco, aderem, brincam o carnaval e só lá se sentem em algo coletivo e ao sair de lá tudo volta ao individualismo de sempre.
251 – Postfácio - Escrever; Escrever Sociologia
Frase de Theodor W. Adorno: “A necessidade de pensar é o que nos faz pensar”.
Sobre o ofício de sociólogo: ... devemos nos aproximar tanto quanto os verdadeiros poetas das possibilidades humanas ainda ocultas; e por essa razão devemos perfurar as muralhas do obvio e do evidente...”

Continua no capítulo 12/12 (final) 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

CAP. 10/12 - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - autor: Filósofo/Sociólogo - ZYGMUNT BAUMAN - Livro editado em 2000

 CAP. 10/12

         Página 210 – Capítulo 5 – Comunidade

         Iluminismo.   Kant e Descartes e a razão como guia do homem para este não errar.   Antes era o dom divino.  

         Mas... a menos que empurrados por...    preconceito, superstição, falta de consciência.

         211 - Querelas (tretas) entre pensadores liberais e comunitários no que diz respeito         à política...  (O comunitarismo é um conceito políticomoral e social que surge no final do século XX (por volta da década de 1980) em oposição a determinados aspectos do individualismo e em defesa dos fenômenos como a sociedade civil e o bem comum.)

         214 – Eric Hobsbawm cita:   “A palavra comunidade nunca foi utilizada tão indiscriminadamente quanto nas décadas em que as comunidades no sentido sociológico se tornaram difíceis de se encontrar na vida real”.    Homens e mulheres procuram grupos de que possam fazer parte, com certeza e para sempre, num mundo em que tudo o mais se desloca e muda em que nada mais é certo”.

         Jack Young faz um sumário sucinto da observação de Hobsbawm:  “Exatamente quando a comunidade entra em colapso, inventa-se a identidade”.   O autor do livro cita:    ... identidade zelosamente buscada mas nunca encontrada”.

         A casa familiar... outrora segura... está inteiramente à mercê das marés que açoitam o resto da vida.

         Os que estavam presos dentro de uma casa comum de alvenaria podiam vez ou outra, ser assaltados pela estranha impressão de estar numa prisão e não num porto seguro.    A liberdade da rua acenava de fora, tão inacessível quanto a sonhada segurança do lar tende a ser hoje.

         215 – Nacionalismo, marco 2

         Yack e suas conclusões ...  “sempre que sentimentos patrióticos sublimes se elevaram ao nível da paixão feroz, nunca gentil, e que os patriotas podem ter demonstrado ao longo dos séculos muitas virtudes úteis e memoráveis, mas a gentileza e a simpatia para com estranhos nunca foram preeminentes entre elas”.   (leitor destaco:   imigrantes na Europa e USA tem sido tratados com repulsa – não só lá...)

         220 – Unidade – Pela Semelhança ou pela Diferença?

         221 – “O nacionalismo tranca as portas, arranca as aldravas (fechaduras) e desliga as campainhas, declarando que apenas os que estão dentro tem direito de aí estar e acomodar-se de vez”.

         França..    ... dirigente de uma companhia imobiliária de destaque observou que os franceses estão inquietos, têm medo dos vizinhos, com exceção do que se parecem com eles.

         Jacques Patinggy, da Associação Nacional de Locadores de Imóveis concorda e vê o futuro no fechamento periférico e filtro seletivo das áreas residenciais com o uso de cartões magnéticos e guardas.     Em Toulouse na França, proliferação de zonas residenciais com câmeras, cercas, guardas 24 horas.    O autor fala da ironia, pois de certa forma estes imitam os guetos que se isolam e tem lá suas rondas armadas.    O rico, preso e o pobre, preso nos guetos.

         “O sentimento de nós, que expressa o desejo de semelhança, é um modo de evitar olhar mais profundamente nos olhos dos outros”.

          Os grupos de “semelhantes” montam seus condomínios e o Estado dá algum respaldo legal e policial, mas a segurança de rotina destes é privada.

         Segurança a Um Certo Preço

         Na longa e inconclusiva busca de equilíbrio entre liberdade e segurança, o comunitarismo ficou firme ao lado da última”.

         Por outro lado...   “a ampliação e o enraizamento da liberdade humana podem aumentar a segurança, que a liberdade e a segurança podem crescer juntas...

         A imagem da comunidade é a de uma ilha de tranquilidade caseira e agradável num mar de turbulência e hostilidade.

         .................... continua no capítulo 11/12

CAP. 09/12 - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - Autor: Filósofo e Sociólogo polonês - ZYGMUNT BAUMAN- Editado em 2000

CAP. 09/12                leitura feita em janeiro de 2021

         O poder público tenta ter normas para o capital e para atender os cidadãos mas o capital cada vez mais tem facilidade para fugir e por isso exige normas as mais leves para si possíveis, senão migra.

         Página 190 – As principais fontes de lucro... tendem a ser numa escala em expansão, ideias e não objetos materiais.  

         Classificação por Robert Reich para pessoas envolvidas em atividades econômicas:   Quatro grandes categorias.

1 – Manipuladores de símbolos ... inventam ideias e maneiras de torna-las desejáveis e vendáveis.

2 – Reprodução do trabalho – educadores, agentes de Estado etc

3 – Serviços pessoais – requerem encontro face a face com os que recebem o serviço

4 – Operário ou substrato social ou trabalhadores de rotina.

         Deste último não se exige habilidades particulares e nem a arte de interação social com clientes.   São os mais fáceis de serem substituídos.

         O trabalhador de rotina... significa que a segurança de longo prazo é a última coisa que se aprende a associar ao trabalho que realiza.

         Os que inventam...  na descrição de Jacques Attali não possuem fábricas, terras, nem ocupam posições administrativas.   Sua riqueza vem de um recurso portátil.      ... eles adoram criar, jogar e estar em movimento.  Vivem numa sociedade de valores voláteis, despreocupada com o futuro, egoísta e hedonista.  (O hedonismo é uma corrente da filosofia que compreende o prazer como bem supremo e a finalidade da vida humana)

         No aeroporto , o autor e esposa observam dois jovens plugados ao celular e estabelecendo conexões virtuais uma após outra.

         “Muitos, talvez a maioria, são nômades sem abandonar suas cavernas”.   Podem ainda buscar refúgio em seus lares, mas dificilmente acharão lá o isolamento... continuam plugados...

         Essas pessoas são, como a maioria antes delas, dominadas e remotamente controladas; mas são dominadas e controladas de uma maneira nova.

         ... indicadores de acesso à informação... domicílios equipados com (invadidos por?) aparelhos de TV.    (Os parênteses da frase são do autor)

         195 – Digressão:  Breve história da Procrastinação

         Procrastinar é manipular as possibilidades da presença de uma coisa, deixando, atrasando e adiando seu presente, mantendo-a à distância e transferindo sua imediatez...

         Comportamento Humano   -  Poupe, pois quanto mais você poupar, mais você poderá gastar.   Trabalhe, pois quanto mais você trabalhar, mais você consumirá.    

         Satisfação dos desejos...  o preceito de adia-la, torna-la o propósito supremo da vida.

         ... a ética do trabalho insiste em que o adiamento se estenda indefinidamente.

         Página 201 – Os laços humanos no Mundo Fluido

         ...”conceitos tentam captar e articular é a experiência combinada da falta de  garantias (de posição, títulos e sobrevivência).

         Da incerteza (em relação à sua continuação e estabilidade futura e de insegurança (do corpo, do eu e de suas extensões: posses, vizinhança, comunidade).

         Essa sobrevivência já se tornou excessivamente frágil, mas se torna mais e mais frágil e menos confiável a cada ano que passa.        ... o desemprego.... tornou-se estrutural.... E o progresso tecnológico.... menos empregos.

         O ambiente de desemprego afeta os desempregados, mas de forma oblíqua, também os que estão empregados.  

Flexibilidade é a palavra do dia.         Ela anuncia empregos sem segurança, compromissos ou direitos...  laços humanos...   Pessoas inseguras tendem a ser irritáveis, são também intolerantes com qualquer coisa que funcione como obstáculo a seus desejos...

         ... o consumo é uma atividade solitária... mesmo nos momentos em que se realiza na companhia de outros.

         A autoperpetuação da falta de confiança.

         Página 208 – O capital cruza fronteiras; o operariado mais simples, não consegue cruzar fronteiras. Será barrado ao tentar cruzar a fronteira.

                            Capítulo seguinte:  10/12 

domingo, 31 de janeiro de 2021

CAP. 08/10 - fichamento - livro - MODEERNIDADE LÍQUIDA - Autor: ZYGMUNT BAUMAN - Edição do ano 2000

 CAP. 08/10            leitura em janeiro de 2021

         “A vida é uma sequência de episódios – cada um a ser calculado em separado, pois cada um tem seu próprio balanço de perdas e ganhos”.

         O trabalho não pode mais oferecer o eixo seguro em torno do qual envolver e fixar autodefinições, identidades e projetos de vida”.

         A pessoa é medida e avaliada por sua capacidade de entreter e alegrar...

         Ascensão e Queda do Trabalho

         Civilizações no auge dos seus poderes:  Roma no século I, China no século XI, Índia no século XVII, Europa na Revolução Industrial.

         Página 177 – A renda per capita na Europa Ocidental no século XVIII não era mais que 30% acima da renda da Índia, África ou China da mesma época.

         Em menos de um século, tudo mudou.   Em 1870 a renda per capita da Europa industrializada era 11 vezes maior que a dos países mais pobres.   Já em 1995, o processo se multiplicou por cinco e a Europa industrializada possuía renda ter capita 50 vezes maior que a dos países mais pobres.

         181 – Na Revolução Industrial...   “Grande era belo, grande era racional; grande queria dizer poder, ambição e coragem...”    ... monumentos que, fossem ou não indestrutíveis, deveriam parece-lo.     ... trilhos pontuados de majestosas estações dedicadas a emular os antigos templos para a adoração da eternidade e para a gloria dos adoradores.

         “A modernidade sólida era...   do engajamento entre capital e trabalho fortificado pela mutualidade de sua dependência.   Os trabalhadores dependiam do emprego para sua sobrevivência; o capital dependia de emprega-los para sua reprodução e crescimento”.

         184 – Como sugeriu Sennett em estudo recente, foi só depois da II Guerra Mundial que a desordem original da era capitalista veio a ser substituída, pelo menos nas economias avançadas, por sindicatos fortes, garantidores do Estado de bem-estar, e corporações de larga escala, que se combinaram para produzir uma era de estabilidade relativa.

         ... ambos os lados (capital e trabalho) sabiam que sua sobrevivência dependia de encontrar soluções que todos considerassem aceitáveis.

         Sennett conclui:   “A rotina pode diminuir, mas pode também proteger; a rotina pode decompor o trabalho, mas pode também compor uma vida”.

         Isso tudo mudou.   Hoje é tempo de curto prazo.  (O livro é do ano 2000).    ...”um jovem americano com nível médio de educação espera mudar de emprego onze vezes durante a sua vida de trabalho.   O termo usual é flexibilidade.

         O fim do emprego como conhecemos.    ... posições sem cobertura previdenciária...    A vida de trabalho está saturada de incertezas.

         Sub título:   Do Casamento à Coabitação

         Se os revezes aos empregados ocorrem de forma aleatória, sem lógica, não tem como as pessoas se unirem contra os revezes.    “Os medos, ansiedades e angústias contemporâneos são feitos para serem sofridos em solidão”.

         Dificultam os atos de solidariedade e de defesa de classe.

         Pierre Bordieu fez estudos nesse tema.       “... em face das novas formas de exploração, notavelmente favorecidas pela desregulação do trabalho e pelo desenvolvimento do emprego temporário, as formas de ação sindical são consideradas inadequadas.”

         Os fatos recentes quebraram os fundamentos das solidariedades passadas.     (relembrando que este livro é do ano 2000)

         ...”e que o resultante desencantamento vai de mãos dadas com o desaparecimento do espírito de militância e de participação política”.

         Mark Granovetter diz que os atuais são tempos de laços fracos.

         O emprego no sistema tradicional comparado ao sentido figurado, seria um casamento e o emprego hoje é um viver junto, transitório, uma coabitação.

                                      Continua no capítulo 09/10

CAP. 07/10 - fichamento - livro - MODERNIDADE LÍQUIDA - Autor: Filósofo e Sociólogo - ZYGMUNT BAUMAN - Edição 1ª no ano 2000

 CAP. 07/10                leitura feita em janeiro de 2021

         A mudança em questão é a nova irrelevância do espaço...

         Hoje os dados trafegam quase na velocidade da luz.   O longe e o perto até perdem o sentido nesse tráfego. 

         A Sedutora Leveza do Ser – Vida Instantânea

         O Pesquisador Richard Sennett acompanhou no Forum Econômico Mundial em Davos na Suiça os grandes empresários.   Sobre Bill Gattes, destacou:  “Tinha cuidado em não desenvolver apego (especialmente apego sentimental) ou compromisso duradouro com nada, inclusive suas próprias criações”.     Gattes não tinha medo de tomar o caminho errado, pois nenhum caminho o manteria na mesma direção por muito tempo e porque voltar atrás ou para o outro lado eram opções constante e instantaneamente disponíveis”.

         ...  mas a história é tanto um processo de esquecer como de aprender, e a memória é famosa por sua seletividade”.

         Mudanças...   “Na famosa frase de Guy Debord, `os homens se parecem mais com seus tempos que com seus pais`”

         E os homens e mulheres do presente se distinguem dos seus pais vivendo num presente que quer esquecer o passado e não parece mais acreditar no futuro.”

         Mas a maioria do passado e a confiança no futuro foram até aqui os dois pilares em que se apoiavam as pontes culturais e morais entre a transitoriedade e a durabilidade, a mortalidade humana e a imortalidade das realizações humanas, e também entre assumir a responsabilidade e viver o momento”.      

         Página 164 – Capítulo 4 – Trabalho

         O autor viveu por trinta anos na cidade inglesa de Leeds que é do século XIX e tem uma câmara num prédio majestoso e  sólido.

         Frase de Ambrose Bierce de 1906 em seu Devil´s Dictionary:   “o tempo quando nossos negócios prosperam, nossos amigos são verdadeiros e nossa felicidade está assegurada.”   (como leitor faço um modesto contraponto com uma trova nordestina cujo autor não me ocorre, mas que me parece ter bastante sabedoria popular:    “Tem amigos que se parecem // com aves de arribação // faz tempo bom, eles vem // faz tempo mau eles vão”

(na verdade essas aves permanecem numa região quando tem água e alimentos e quando seca tudo, elas migram para sobreviver)

         Autoconfiança moderna ... sobre o futuro.

         ... expressões de fé em que o que se desejava podia e devia ser realizado.    O futuro era a criação do trabalho, e o trabalho era a fonte de toda criação...   Pierre Bordieu notou recentemente com tristeza:

         “Para dominar o futuro é preciso estar com os pés firmemente plantados no presente”.

         Sub Título – Progresso e fé na História

         Henry Ford sobre o exercício:  “Exercício é bobagem.  Se você for saudável, não precisa dele; se for doente não o fará”.    (há controvérsia, claro!)

         “Cada forma de projeto social mostrou-se capaz de produzir tanto tristeza quanto felicidade, senão mais.    Isso se aplica em igual medida aos dois principais antagonistas – o hoje falido marxismo e o hoje esperançoso liberalismo econômico”. 

   (como leitor, fica mais um modesto contraponto.  Na pandemia tem sido notado que países de orientação marxista como China, Cuba e Vietnã socorreram com mais eficácia seus povos e também a China tem exportado vacinas, respiradores e demais equipamentos que tem ajudado salvar vidas.   A rica Europa Ocidental e USA não demonstraram a mesma eficácia.   Na parte econômica, lembrar que a China é a maior exportadora para os USA e seu superavit propiciou à China ser credora de mais de 1 trilhão de dólares da dívida pública americana)

         Observação de Peter Drucker de 1989 – defensor do estado liberal.

         ... não procuramos uma boa sociedade nem estamos muito certos sobre o que na sociedade em que vivemos nos faz inquietos e prontos para correr”

         O veredito de Peter Drucker:   “Não mais salvação pela sociedade”.

         171 – “Vivemos num mundo de flexibilidade universal.   São poucos os portos seguros da fé, que se situam a grandes intervalos, e a maior parte do tempo a fé flutua sem âncora, buscando em vão enseadas protegidas das tempestades”.

         Antes a fé e acreditar, no resumo de leitor, que com fé tudo se resolvia.

         Volta o autor...  .... a ciência contemporânea voltou-se para o reconhecimento da natureza endemicamente indeterminística do mundo, do enorme papel desempenhado pelo azar e para a excepcionalidade, não à normalidade da ordem e do equilíbrio”.

         ... para o mundo das questões humanas e da ação humana.    “A continuidade não é mais marca de aperfeiçoamento”.   Incertezas.      “O labirinto como alegoria da condição humana foi mensagem transmitida pelos nômades aos sedentários.   O azar e a surpresa mandam no labirinto, o que sinaliza a derrota da Razão Pura.

         Capítulo 08/10