CAP. 16/35 livro lido nesta parte em novembro de 2021
Outra
Humana de Negócios: Paula Dib -
“design do tempo”
Paulistana,
filha de pai árabe (sírio) e mãe mineira.
Fez design industrial na FAAP Fundação Armando Alvares Penteado em São
Paulo. Ela nasceu sem o braço
esquerdo. Em 2002, menos de um ano após
o atentado das Torres Gêmeas nos USA, ela trabalhava em Londres e havia risco
de bombas por lá e um dos suspeitos,
argelino, trabalhava na equipe em que ela trabalhava num restaurante. Ela, só por ter nome árabe, foi detida,
interrogada e sumariamente deportada.
Anteriormente,
antes de terminar a faculdade, ela tinha feito um trabalho no sul da Bahia. Nesse tempo ouviu sobre Sustentabilidade de
que emergia com força no âmbito internacional.
“De volta de Londres... comecei a reconectar as peças, ampliando meu
olhar e unindo aspectos da cultura e do meio ambiente no meu trabalho”.
O pai
dela, engenheiro e a mãe dela, psicóloga.
Na verdade os irmãos do pai dela nasceram na Síria e depois de migrarem
para o Brasil, logo ele nasceu e assim só ele dos irmãos é brasileiro nato.
No
começo da vida dos pais dela, começaram como muitos de origem árabe na Rua 25
de Março em São Paulo, lugar de comércio popular. Donos da loja Rei do Armarinho.
Quando
ela era criança, o médico chamado à casa deles sobre a questão da falta do
braço da menina, ficou observando ela lidando com os brinquedos e executando
tudo que precisava numa boa. Viu que os
pais dela achavam que ela precisaria de prótese, mas o médico concluiu que
não. “Ela está ótima e não precisa de
nada disso”.
Foi
colocada aos três anos de idade numa escola Rudolf Steiner, método criado pelo
educador na Alemanha em 1919. O método
da escola se mostrou tão eficaz que as escolas que usam o método se espalharam
por muitos países e há também em São Paulo.
A criança se deu tão bem que os pais resolveram colocar as outras filhas
na mesma escola.
Tempos
do Plano Real, Brasil com moeda forte, ela com 18 anos, facilitou para ela
poder ir estudar inglês no exterior.
Ela optou pela Austrália. Lá
chegou para estudar e era uma cidade grande e não se encaixava na expectativa
dela. Conseguiu um lugar mais
desafiador. Foi para uma missão
governamental junto a povos aborígenes do norte da Austrália. Uma das ações era ajustar o descarte de
embalagens de mantimentos que passaram a ser enviados aos aborígenes e que eles
não sabiam como executar o descarte adequado de embalagens.
De volta
ao Brasil, optou por estudar Design Industrial. Escolheu esta profissão.. “porque queria
criar algo para alguém usar”.
Optou
por pegar além do curso, no contraturno, uma monitoria (estágio) na própria
FAAP e assim ia cedo para a faculdade e saia de lá à noite.
Fez
oficinas de litogravura, xilogravura, metal, madeira, cerâmica etc.
Fez
alguns trabalhos remunerados e deu para passar um tempo viajando pela
Europa. Nessa, em Londres, estava num
trabalho quando foi deportada.
Ela via
a questão, de um lado, a pobreza e de outro, o consumismo.
“Eu não
via sentido em produzir mais um sofá ou uma cadeira e assinar com meu
nome”. Para quê?
Um dia
ela teve um episódio de serendipicidade (descobrir meio por acaso). Numa loja de artesanato, viu um produto
modelado em jornal e a pessoa queria pintar a peça. Paula argumentou que se pintasse, a peça não
mais poderia ser reciclada. Daí ela
foi convidada pela dona da loja para atuar numa entidade que lidasse com design
social e comunidade.
Ela
achou ali o que queria. Juntava
observação, comunidades, sustentabilidade e processos manuais.
No
Instituto Super Eco (ligado à Companhia Suzano de Papel e Celulose). Projeto Comunidade Produtiva, isto no sul
da Bahia.
Comunidades
no entorno da fábrica da Suzano. Ela
trabalhou com as comunidades carentes nos municípios de São José da Alcobaça e
Helvécia, na Bahia.
Sugeriram
que ela concorresse com seu projeto num concurso na Europa. Ela colocou na justificativa para a banca
examinadora... “estou fortalecendo a
noção de que não precisamos buscar o norte de fora, mas, sim, dentro de
nós. E o potencial transformador que
esse resgate da auto estima desencadeia na pessoa é enorme”.
O projeto
dela foi classificado e ela foi para a premiação em Londres. A turma do concurso foi almoçar num
restaurante. Justo o local onde ela no
passado trabalhou até ser deportada.
Assim para ela foi muito simbólico voltar lá para ser premiada (reconhecida). Havia várias modalidades concorrentes e
ela foi premiada na modalidade compatível com seu projeto.
O
destaque que a premiação deu, gerou convites para ela se apresentar em
universidades na Alemanha, Holanda, Hong Kong, Inglaterra, Suécia e Venezuela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário