CAP. 21/22
O pai arremata: Você
se casará em setembro. Começaremos a
preparar o casamento assim que voltar da viagem. O marajá retorna com Anita dias depois de
Karan.
O casamento dela não acabou, mas não faz mais sentido para
ela. Longe de Karan e do filho que
estuda na Inglaterra.
Anita cai doente e ao ser examinada, sai o resultado: gravidez (de Karan).
Anita já imaginava o escândalo que vai provocar. Ela já tinha inimigas no palácio onde era
vista como uma ex dançarina oportunista.
Agora de certa forma reforça essa visão das inimigas.
“O que mais a entristece é o dano que o escândalo vai causar
ao marajá, tão zeloso por sua reputação”.
Ela está casada há dezessete anos. O tempo deixa marcas. O marajá dá ordem para transferi-la para
outra moradia e não quer mais falar com ela.
E dá o andamento no divórcio.
Ela provoca uma conversa na qual pede perdão mesmo sabendo
que não haverá reconciliação. E ele ao
fim determina. E você vai ter que
abortar. Acrescenta que depois disso
ela deixe a Índia para sempre. A dor da
culpa.
“Tem a impressão de que não merece nem o ar que respira”.
“Na tradição indiana, herdada dos mongóis, é permitido
abortar até o quarto mês da gestação, embora só em casos excepcionais”. (isto
em 1920 aproximadamente).
Há séculos, durante o domínio mongol, ... juristas islâmicos
foram os primeiros do mundo a legislar sobre o aborto.
O aborto será feito pela médica vinda de Goa, mais uma
enfermeira e a ajuda auxiliar de Dalima.
Após o aborto, Anita entra em depressão e fica bem
fraca. Os médicos recomendam que se
mude para local de montanha, clima ameno e alimentação mais dal ( lentilhas,
que é de uso quase diário do povo indiano – ricas em proteínas). Dal, carnes e laticínios.
O rajá da Caxemira cedeu um palácio para Anita se recuperar
e baixar a poeira do escândalo que ocorreu e foi para a imprensa inclusive na
Europa.
O rajá da Caxemira também teve antes um trauma semelhante
por conta de uma amante inglesa e por isso socorre o casal amigo.
Anita passa três meses na Caxemira com Dalima e vinte
criados.
Ela retorna a Kapurthala para contato com o rajá que lhe
passa os dados (documentos) com a pensão dela.
Condição dela perder a pensão no caso de se casar novamente. Pensão de 1.500 libras esterlinas por ano,
que era uma pequena fortuna para os anos 20 do século passado.
E ao filho do casal, a garantia dele ser o quinto príncipe
na linha de sucessão.
O marajá promove um jantar pomposo e convida Anita a
participar. Nesse jantar com muitos
convidados ilustres, ele apresenta sua nova esposa, uma bela francesa que se
senta ao seu lado na mesa de honra.
Anita fica lá pela última fila.
“Uma última humilhação para Anita, que a essa altura já sonha com a
liberdade”.
Anita retorna à Europa aos 33 de idade. Entre seus pertences, uma foto de Karan com
a assinatura dele, que ela carrega pelo resto da vida.
Epílogo
Anita sofre ao se despedir de Dalima no porto de
Mumbai. Sub título do epílogo: “Quem secará nossas lágrimas?”
Karan, mesmo casado, em suas viagens à Europa, várias vezes
esteve com Anita para matarem a saudade.
Mais adiante ele se apaixonou por uma jovem atriz francesa e parou de
visitar Anita.
“Mas na lembrança de Anita, Karan foi sempre o único amor de
sua vida”.
Viveu um vidão entre Paris, Madri e Málaga. Vivia entre figurões das finanças e tudo o
mais, mas preferia a companhia de escritores, pintores, artistas e cantores.
Ela só não fazia muita publicidade da vida pessoal de medo
do marajá reduzir sua pensão.
O marajá usando sua influência junto à diplomacia, conseguiu
barrar a possibilidade de Anita tentar entrar na Índia, mas visitava ela sempre
que ia à Europa. Eles se tornaram bons
amigos.
A namorada francesa só namorou por interesse com o
marajá. Até um dia dar no pé com um
jornalista. O marajá chegou a se
apaixonar pela noiva do filho de Henry Ford, o industrial dono da Ford
automóveis. Não foi correspondido.
Em 1942, o marajá já velho, se casou com uma tcheca, atriz
de teatro. Ela de boa aparência, mas bem
complicada. Tempo da segunda guerra
mundial. A mulher com o tempo ficou
com problema mental e buscava sair da Índia.
Em Mumbai, subiu numa torre alta com seus dois cães e de lá saltou para
morte. (Torre Qutab Minar).
O marajá, com o novo escândalo, envelheceu muito. Um oficial seu resume: “Que mistura mais difícil, a do Oriente com o
Ocidente, como á água e o óleo”.
A nova esposa do marajá, esta que se suicidou, era quarenta
anos mais nova que ele. O marajá
perto do fim da vida e a Índia perto do fim de um ciclo. Fim da Segunda Guerra Mundial em 1945 e a
Inglaterra anuncia a decisão irrevogável de conceder a autonomia à Índia.
Continua no capítulo final 22/22
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