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terça-feira, 2 de agosto de 2022

CAP. 22/22 - fichamento do livro (romance histórico) PAIXÃO ÍNDIA - autor: Antropólogo e escritor JAVIER MORO

CAP. 22/22  (final)

        

         A nova esposa do marajá, esta que se suicidou, era quarenta anos mais nova que ele.     O marajá perto do fim da vida e a Índia perto do fim de um ciclo.    Fim da Segunda Guerra Mundial em 1945 e a Inglaterra anuncia a decisão irrevogável de conceder a autonomia à Índia.

         Gandhi e Nehru haviam conseguido mobilizar as massas através do Partido do Congresso.   Os marajás não queriam perder poder mas estavam em desvantagem.  Para os marajás...    “Olhar para trás era mais reconfortante que olhar para o futuro”.

         O marajá de Kapurthala era justo com seu povo e modernizou bastante seus domínios.    “Queria ser lembrado como o que era, um governante benévolo, aberto e justo”.

         Na reunião solene dos britânicos com os rajás, estes ficaram esclarecidos sobre os termos da desvinculação da Inglaterra em relação à Índia.

         Os marajás que nas guerras ajudaram com tropas, dinheiro e aviões, agora perdem poder, já que a Índia está ficando nas mãos do Partido do Congresso.

         Após a Segunda Guerra Mundial, o território indiano com maior concentração de muçulmanos praticantes do islamismo ficou reunido como Paquistão e outra parte, mais ao sul, com maior número de adeptos do hinduísmo, ficou como Índia.    Só três príncipes (marajás) se negaram a assinar a ata da Independência da Índia.  

         Hari Singh, marajá da rica Caxemira, um hindu em terra de muçulmanos.   Ficou indeciso se optava por pertencer à Índia ou ao Paquistão.   Ocorreu de guerrilheiros do Paquistão invadirem a Caxemira “saqueando, incendiando e aterrorizando a população.”  O marajá se viu, para se proteger, buscar o socorro com a Índia que mandou forças militares e aviões de combate para socorrer a Caxemira.  Esta que virou uma zona de conflito.     Mais adiante, Nehru nomeou o filho de Hari, Karan, para governar a Caxemira.

         Os astrólogos escolheram o dia para ser o marco da independência da Índia para 15/08/1947.   

         O marajá de Kapurthala ouvindo o discurso de Nehru, que foi colega de estudo do filho dele na Inglaterra.   (Harrow University)

         A divisão entre Paquistão e Índia na região do Punjab...   “cortando em dois as terras e a população de uma das comunidades mais militantes e mais unidas, os siques”.   (sique é uma das religiões da região).

         Bibi, a militante (sobrinha do marajá de Kapurthala) se torna ministra da Saúde da Índia independente, para surpresa do seu tio.    Ela foi a primeira mulher a ser ministro da Índia.

         Bibi no tempo da militância pela independência apanhou da polícia várias vezes e foi presa duas vezes.

         Em 1930 Gandhi comandou a que chamou de Marcha do Sal que ficou famosa.   Os britânicos proibiam os indianos de coletar de forma ancestral e artesanal o sal para consumo próprio e Gandhi como um dos gestos de desobediência civil contra o Império Britânico, mobilizou a marcha.   Bibi caminhou a pé mais de 300 quilômetros nessa marcha em 1930.

         Bibi foi uma jovem indiana que estudou na Europa, fumava, gostava de equitação e se tornou uma personalidade na luta pela independência.

         Logo que o Ocidente após a Segunda Guerra Mundial dividiu o território da Índia, houve uma das maiores migrações da história.   Praticantes do hinduísmo emigrando do Paquistão para a Índia e indianos praticantes do islamismo, migrando para o Paquistão, de maioria islâmica.

         Muita gente morreu nessa enorme leva migratória.    Gandhi tinha sido contrário a essa separação de Índia e Paquistão.

         O marajá de Kapurthala governou seu território com zelo por 55 anos e agora tende a complicar as coisas na nova forma de governo do país como um todo.      Ele aos 77 anos, hospedado no hotel Taj Mahal de Bombaim, com vista para o Portal feito no passado para comemorar a visita do Rei da Inglaterra à Índia em 1911.    Agora o marajá já cansado, se preparando para ir para a Europa.

         Dois filhos dele morreram cedo e coube justo a Karan, dedicado na administração dos bens da família, ficar responsável para cuidar dos bens do marajá e família.

         Falava-se que mesmo Nehru teve lá seu caso de amor secreto com uma inglesa.   Nobres indianos costumavam ter um ponto fraco por europeias.

         O marajá dormindo no hotel em Bombaim, ouvindo o grasnar dos corvos muito comuns pela cidade.    (eu, leitor, quando estive nessa metrópole, ouvi e vi muitos corvos pela cidade).

         O marajá pede o jantar no hotel na véspera de embarcar para a Europa.  Quando o garçom chega com a comida, encontra o cliente já morto e sua expressão era serena.    Ele foi o marajá que reinou por mais tempo na Índia.

         Anita ficou sabendo da morte do marido em seu apartamento em Madri e ficou muitos instantes em oração vendo a foto dele em traje de gala.  Recebeu cumprimentos de todo canto do mundo.   O próprio General Franco que governava a Espanha, concedeu a ela uma audiência no Palácio de El Pardo para transmitir a ela as condolências.

         “A saudade que sentia da Índia nunca a abandonou”.   Anita nunca mais voltou à Índia até por recomendação do filho dela.

         O Partido do Congresso acabava de aprovar uma lei para despojar os marajás de todos os seus privilégios e pensões de Estado.  Isto em 1955.

         Em 1962 Anita morreu.  Dia 07-07-1962.  Morreu em casa em Madri.

         Morreu nos braços do filho que teve tempo de chegar de suas rotineiras viagens e se despedir da mãe.

         Ao sepultar a mãe, seu filho enfrentou um obstáculo da Igreja Católica que não deixava ela, que ao casar com o marajá teria supostamente renunciado ao cristianismo.   O filho apresentou testemunhas dos seus criados e o manto que ela doou para a Igreja e que hoje é peça de museu na Espanha.   Museu Catedralício de Málaga.    Foi uma semana de embates até conseguir o enterro dela em cemitério cristão.

         Karan morreu em 1970 na capital da Índia, Nova Delhi.  Seus dois filhos são ativistas políticos em seu país.

         O filho de Anita gostava de jazz, de mulheres e chegou a morar em Hollywood e nunca se casou.   Morreu em 1982 de câncer aos 64 de idade.

         Bibi morreu dois anos depois de Anita, aos 75 anos em 1964.

         Gandhi foi assassinado em 1948 e ela sentiu pelo resto da vida a perda do seu líder.   Foi cremado na margem do Rio Jamina em Nova Delhi diante de uma multidão.

         Em 1975 Indira Gandhi aboliu os últimos privilégios dos antigos marajás.

         “Amor de Outono?”

         Na época da primeira edição do livro, o autor recebeu um telefonema de uma sobrinha de Anita, já octagenária.  O pai dela, viúvo de uma parente de Anita, se tornou seu secretário e passaram a viver, mesmo morando em casas diversas, um relacionamento que durou até a morte de Anita.   A sobrinha dela ligou para o autor para resgatar esta faceta de Anita e para mostrar o álbum de fotos de Anita que ajudou a elucidar passagens da vida dela e também a ilustrar o livro.

         Agradecimentos.    Ele é autor de outros livros, inclusive um sobre a Amazônia, resultado de três anos na região.  O livro se chama Caminhos da Liberdade, editado em 1992.   Ele é Antropólogo.    É autor também de um livro sobre Dom Pedro I.

 

Fim.         (gratidão por prestigiar o trabalho de construir o fichamento) 

CAP. 21/22 - fichamento do livro (romance histórico) PAIXÃO ÍNDIA - autor: Antropólogo e escritor JAVIER MORO

CAP. 21/22

 

         O pai arremata:  Você se casará em setembro.  Começaremos a preparar o casamento assim que voltar da viagem.     O marajá retorna com Anita dias depois de Karan.

         O casamento dela não acabou, mas não faz mais sentido para ela.   Longe de Karan e do filho que estuda na Inglaterra.

         Anita cai doente e ao ser examinada, sai o resultado:   gravidez (de Karan).

         Anita já imaginava o escândalo que vai provocar.  Ela já tinha inimigas no palácio onde era vista como uma ex dançarina oportunista.  Agora de certa forma reforça essa visão das inimigas.

         “O que mais a entristece é o dano que o escândalo vai causar ao marajá, tão zeloso por sua reputação”.

         Ela está casada há dezessete anos.  O tempo deixa marcas.   O marajá dá ordem para transferi-la para outra moradia e não quer mais falar com ela.

         E dá o andamento no divórcio.

         Ela provoca uma conversa na qual pede perdão mesmo sabendo que não haverá reconciliação.   E ele ao fim determina.   E você vai ter que abortar.   Acrescenta que depois disso ela deixe a Índia para sempre.   A dor da culpa.

         “Tem a impressão de que não merece nem o ar que respira”.

         “Na tradição indiana, herdada dos mongóis, é permitido abortar até o quarto mês da gestação, embora só em casos excepcionais”. (isto em 1920 aproximadamente).

         Há séculos, durante o domínio mongol, ... juristas islâmicos foram os primeiros do mundo a legislar sobre o aborto.

         O aborto será feito pela médica vinda de Goa, mais uma enfermeira e a ajuda auxiliar de Dalima.

         Após o aborto, Anita entra em depressão e fica bem fraca.   Os médicos recomendam que se mude para local de montanha, clima ameno e alimentação mais dal ( lentilhas, que é de uso quase diário do povo indiano – ricas em proteínas).  Dal, carnes e laticínios.

         O rajá da Caxemira cedeu um palácio para Anita se recuperar e baixar a poeira do escândalo que ocorreu e foi para a imprensa inclusive na Europa.

         O rajá da Caxemira também teve antes um trauma semelhante por conta de uma amante inglesa e por isso socorre o casal amigo.

         Anita passa três meses na Caxemira com Dalima e vinte criados.

         Ela retorna a Kapurthala para contato com o rajá que lhe passa os dados (documentos) com a pensão dela.   Condição dela perder a pensão no caso de se casar novamente.    Pensão de 1.500 libras esterlinas por ano, que era uma pequena fortuna para os anos 20 do século passado.    

         E ao filho do casal, a garantia dele ser o quinto príncipe na linha de sucessão.

         O marajá promove um jantar pomposo e convida Anita a participar.  Nesse jantar com muitos convidados ilustres, ele apresenta sua nova esposa, uma bela francesa que se senta ao seu lado na mesa de honra.  Anita fica lá pela última fila.     “Uma última humilhação para Anita, que a essa altura já sonha com a liberdade”.

         Anita retorna à Europa aos 33 de idade.   Entre seus pertences, uma foto de Karan com a assinatura dele, que ela carrega pelo resto da vida.

         Epílogo

         Anita sofre ao se despedir de Dalima no porto de Mumbai.  Sub título do epílogo:  “Quem secará nossas lágrimas?”

         Karan, mesmo casado, em suas viagens à Europa, várias vezes esteve com Anita para matarem a saudade.   Mais adiante ele se apaixonou por uma jovem atriz francesa e parou de visitar Anita.

         “Mas na lembrança de Anita, Karan foi sempre o único amor de sua vida”.

         Viveu um vidão entre Paris, Madri e Málaga.   Vivia entre figurões das finanças e tudo o mais, mas preferia a companhia de escritores, pintores, artistas e cantores.

         Ela só não fazia muita publicidade da vida pessoal de medo do marajá reduzir sua pensão.

         O marajá usando sua influência junto à diplomacia, conseguiu barrar a possibilidade de Anita tentar entrar na Índia, mas visitava ela sempre que ia à Europa.  Eles se tornaram bons amigos.

         A namorada francesa só namorou por interesse com o marajá.  Até um dia dar no pé com um jornalista.    O marajá chegou a se apaixonar pela noiva do filho de Henry Ford, o industrial dono da Ford automóveis.   Não foi correspondido.

         Em 1942, o marajá já velho, se casou com uma tcheca, atriz de teatro.  Ela de boa aparência, mas bem complicada.   Tempo da segunda guerra mundial.    A mulher com o tempo ficou com problema mental e buscava sair da Índia.  Em Mumbai, subiu numa torre alta com seus dois cães e de lá saltou para morte.  (Torre Qutab Minar).

         O marajá, com o novo escândalo, envelheceu muito.   Um oficial seu resume:  “Que mistura mais difícil, a do Oriente com o Ocidente, como á água e o óleo”.

         A nova esposa do marajá, esta que se suicidou, era quarenta anos mais nova que ele.     O marajá perto do fim da vida e a Índia perto do fim de um ciclo.    Fim da Segunda Guerra Mundial em 1945 e a Inglaterra anuncia a decisão irrevogável de conceder a autonomia à Índia.

 

                   Continua no capítulo final 22/22