capítulo 03/25
Sobre a Operação Mãos Limpas na Itália nos anos 90: O jornal
...”aponta como um dos erros da acusação não ter sabido distinguir entre
financiamento da política e enriquecimento pessoal”. Fala da jornalista italiana Michele
Brambilla (jornal Il Giorno).
...”recente.. o
próprio juiz Di Piero admitiu em entrevista que se teria registrada uma degeneração do sistema inquisitivo, consistente
na atitude de que agora primeiro se prende o assassino e depois se procura o
morto, isto é, considera-se alguém culpado antes de encontrar o crime de que é
acusado”.
“A justiça, de recurso se converteu em problema, talvez o
problema”.
O impacto mais grave, contudo, se manifestou na esfera da
sociedade e da política: “nasceram
naquele tempo a antipolítica, o rancor, o ódio social, o conspirativismo”.
Já o juiz Gherardo Colombo que atuou no caso da Loja Maçônica
P2 da Itália, atualmente aposentado, declarou no jornal Il Giorno: “até sob o aspecto penal, tudo terminou em
muito pouco”. “A cultura não se muda
via processos penais”. “Melancolicamente
observa o jornal que, trinta anos depois, a política italiana nunca se recuperou”. Após a Operação Mãos Limpas.
Nem pessoas com envergadura para pleitear o comando da Nação
italiana tem surgido depois da citada operação que ocorreu nos anos 90.
Os tradicionais partidos derreteram e surgiram agremiações
separatistas, xenófobas, anti-imigrantes, neofascistas. O Fratelli d´Italia é neofascista.
O Berlusconi surgiu nessa leva após Mãos Limpas. Justo Berlusconi que teve duas dezenas de
processos de corrupção e que prescreveram sem que ele pagasse pelos crimes.
“O mais recente capítulo dessa história consistiu na vitória
nas eleições de 2022 na Itália, da aliança com a Lega e Forza Itália Berlusconi
com os neofascistas Fratelli d´Itália, os mais votados”.
O que levou o juiz aposentado a cunhar a frase já
citada: “Não se muda a cultura, nem,
portanto, a Itália, com processos penais”.
Querer usar a justiça para forçar a mudança da forma de se
fazer política não resolve como já foi visto.
“Contraproducente porque a instrumentalização da justiça
penal para fins políticos acaba por gerar desastres históricos para a sociedade
e compromete a fé no sistema judiciário”.
“Em novembro de 2018, ao anunciar-se que Sergio Moro
aceitara o cargo de Ministro da Justiça, o jornal O Estado de São Paulo
solicitou a opinião do juiz italiano Gherardo Colombo, que respondeu: “Eu não teria tomado essa decisão. Estaria
traindo minha independência de magistrado, colocando em dúvida a
imparcialidade com a qual desenvolvi meu trabalho”.
Isto foi publicado no Jornal o Estado de SP, edição de 12-10-22
pelo jornalista Marcelo Godoy no artigo “A Metamorfose de Moro”.
Isto ajudou a que o STF decidisse sobre a parcialidade do
juiz Moro na Lava Jato.
A entidade Transparência Internacional tinha lá no passado
apoiado a Lava Jato. Após ver o Moro
Ministro de Bolsonaro, essa entidade assim se expressou: “Associar a luta contra a corrupção ao
candidato Bolsonaro é prestar imenso desserviço à causa e desvirtuar o que ela
fundamentalmente representa”.
O juiz do Mãos Limpas diz que não dá para comparar o caso
italiano do caso da Lava Jato.
Fundamental: Lá o juiz da causa
não virou político.
Continua no capítulo 04/25
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