26-07-2025
Autor: Auguste de Saint-Hilaire (original de 1822)
Faz pouco tempo que li e fiz resenha de outro livro dele que
foi um grande pesquisador Naturalista com foco em Botânica. Francês, andou por várias partes do Brasil
nos tempos do lombo de burro em estradas precárias.
As viagens dele se estenderam de 1816 a 1822. O prefácio deste livro editado em 2020
numa das versões em português foi feita por um docente da USP, Mário Guimarães
Ferri, datado de 1977.
Cita a carta de Caminha na qual o escrivão de Cabral fala
dos índios e das demais riquezas do
Brasil. Cita o inhame como um dos itens
de consumo pelos indígenas daqui quando da chegada de Cabral.
Ferri cita uma série robusta de viajantes e pesquisadores que
deixaram um legado importante sobre o interior do Brasil ao longo dos séculos.
Destaca também a importância de Martius pelas viagens e
relatos. Entre estes a publicação do livro Flora Brasiliae Meridionalis editada
em Paris. Período de 1824 a 1833...
Sobre Saint-Hilaire...”O herbário aqui feito reúne 30.000 espécimes
pertencentes a mais de 7.000 espécies, das quais cerca de 4.500 eram
desconhecidas dos cientistas da sua época.
Vamos ao autor e obra em si:
Capítulo 1 -
Descrição dos Campos Gerais.
Predominância de gente branca e poucos escravos. Rebanhos bovinos numerosos. Uso de fornecimento de sal ao gado poucas
vezes por ano. Culturas de milho,
algodão, feijão, trigo, arroz, linho, fumo e frutas como banana, figos, uva,
pêssego, cerejas, maçãs, romãs, peras etc.
Solo e clima adequados a imigrantes Europeus de clima ameno.
“Esses campos constituem inegavelmente uma das mais belas
regiões que já percorri desde que cheguei na América”.
Os campos são geralmente compostos de ervas baixas e poucas
árvores. Dá para criar gado sem fazer
derrubada de mata. Em geral terras
cobertas por gramíneas dispersas.
Poucas casas na zona rural, mas estas geralmente são bem
cuidadas. Rebanhos de gado requerem
relativamente pouca mão de obra.
Cita a exuberância das araucárias nos Campos Gerais. O nosso pinheiro do Paraná que não é só
daqui, mas de regiões mais ao sul e locais de altitude.
Os pinhões das araucárias vem de longo tempo sendo
importantes na alimentação dos indígenas e depois também dos colonizadores.
Os indígenas chamavam os pinhões de “ibá” ou frutos por
excelência.
Pela utilidade da araucária o povo tem poupado a planta e só
cortam em caso de real necessidade, constata o autor.
Araucárias se dão bem em terrenos arenosos e isto indica que
estas terras não são tão boas para a agricultura.
Rios e riachos com pouco lodo. Leito destes com pedras e água muito
limpa. Cita os rios Tibagi e Caxambu
como lugares onde garimpavam diamantes.
Nos Campos Gerais
(Região de Ponta Grossa, Castro, Jaguariaiva etc) o clima é temperado e
nos tempos chuvosos estas são abundantes.
Diferente de MG e GO onde há longa temporada no ano que quase não chove.
Clima ameno e agradável, sem as febres frequentes dos
estados como MG e GO. Cita o Vale do
Rio Doce e do Rio São Francisco e as febres.
Aqui há mais gente que alcança idade avançada. As doenças mais comuns são bronquite, asma,
hemorroidas e as famigeradas doenças venéreas, estas comuns nas demais regiões
do Brasil visitadas.
Brancos... mais altos... “tem os cabelos castanhos e as
feições coradas, sua fisionomia traz a marca da bondade e da inteligência”.
...”as mulheres são geralmente muito bonitas,” ... Os homens geralmente a cavalo, cuidando do
gado. Aprendem desde criança a
cavalgar. Geralmente são analfabetos,
mas muito competentes na lida com o gado.
...”Encontrei por toda parte gente hospitaleira e boa, a que
não faltava inteligência, mas cujas ideias eram limitadas que na maioria das
vezes eu não conseguia conversar com as pessoas mais do que quinze minutos”.
Quando conseguem algum capital, descem para o sul e compram
tropas de burros chucros e trazem para amansar e revender na região ou em Sorocaba-SP
que é o polo comercial de burros para lida com gado, agricultura e garimpo
principalmente.
Segue no capítulo 2
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