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quarta-feira, 2 de abril de 2025

Cap. final - fichamento do livro - TRILHOS, CAFÉ E TERRA VERMELHA - autor: Jornalista ROGÉRIO RECCO

 capítulo 9/9                        abril de 2025

         Os filhos de Amedeo.  O filho Hugo Francisco Boggio fez Engenharia Agronômica na ESALQ USP         Piracicaba  (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz).    (Local onde fiz o mesmo curso nos anos 70)

         Item:   O Cansaço começa a incomodar

         Amedeo já com mais de sessenta anos de idade já anda cansado.  Morar em São Paulo e viagens frequentes para administrar suas propriedades distantes no Norte e Noroeste do Paraná.

         Em 1963, uma nova geada forte afeta os cafezais.  Geada seguida de inverno seco e os incêndios devastaram a região, inclusive os cafezais com folhas secas pela geada.

         Mais adiante o autor cita que as estradas do Paraná começaram a ser asfaltadas em maior intensidade a partir do governo Ney Braga (1960-1964) e no governo seguinte de Paulo Pimentel (1964-1967).   Este último nos tempos em que o Governo Militar indicava os governadores.

         O asfalto deu mais um alento ao povo das regiões Norte e Noroeste do Paraná.

         Capítulo – A fatalidade

         A empresa aérea do Fontana, a Sadia, fazia voos regulares para a região.   Estava numa fase de ter aviões novos de fabricação inglesa.  Aviões Dart-Herald, modelo HPR-7 com capacidade para 58 passageiros.   A Sadia fazia voos diários entre RJ-SP-Curitiba-Londrina-Maringá-PR.    Avião turbo-hélice com velocidade média de 435 km/hora.

         Amedeu vinha ao Paraná nesse dia num avião da Sadia com apenas dois anos de uso e 3.200 h de voo.   Tempo ruim chegando perto de Curitiba, região de montanhas da Serra do Mar.  Faltava 25 km apenas para chegar ao aeroporto Afonso Pena e o avião acabou batendo numa montanha da Serra.

         Dos 20 passageiros, só duas pessoas sobreviveram.   Amedeo morreu nesse acidente em 1967.

         Final – A fazenda de Amedeo em Maringá – PR é uma relíquia

         Dos anos 50, resta em Maringá na Avenida Guaiapó a Capela de Nossa Senhora Aparecida, da qual Amedeo ajudou com projeto e parte do material.

         Ele tinha perto da zona urbana a fazenda Kaetê com a sede preservada, construída em 1952.    Tem reserva de mata que ele deixou intocável.

         O cuidado dele com a história sempre foi presente e ficou material produzido por ele em anotações, filmes e fotos.

         Quando o pai morreu (1967), o filho Hugo, Engenheiro Agrônomo prestava serviço na Casa da Lavoura de Presidente Epitácio – SP.   Deixou o emprego e veio cuidar da fazenda da família.

         Nessa fase a serraria da Familia Boggio em Umuarama PR já estava em decadência inclusive por conta da pouca oferta de toras na região.  Em 1971 encerrou as atividades da Serraria Aratimbó e o terreno foi loteado por ficar em lugar valorizado dentro da cidade.

         O acidente que levou Hugo aos 39 de idade.  Ele voava com o primo piloto num voo entre Mogi Mirim e São Paulo.   Era um voo de retorno para casa em São Paulo e já era à noite, tempo chuvoso.   O pequeno avião se choca em um edifício perto do aeroporto no bairro Moema.

         Já a Fazenda Kaetê em Maringá PR que tinha café, teve a lavoura arrasada pela geada negra de 1975 e foi erradicada.

         Tereza e Amedeo

         Tereza, rodeada dos netos, veio a falecer aos 80 de idade em 1998.   Relembrando, que Amedeo chegou como imigrante no Norte do Paraná e foi um dos pioneiros em Londrina, quando esta tinha apenas 18 moradias. Isto em 1930.

         Tem atualmente rua em Maringá em homenagem a Amedeo Boggio, assim como há em Umuarama PR também.

         Finalmente destaco que o livro contém vários (9) QRCode que permite com celular captar as imagens de fotos e filmes curtos do acervo coletado por Amedeo e que mantém originais no acervo da família.

         O autor deste livro, o experiente jornalista Rogério Recco cita 43 bibliografias consultadas, algumas das quais andei lendo anteriormente.

         Agradeço aos que tem acompanhado esta e outras resenhas ou fichamentos que tenho feito.        resenhaorlando@gmail.com    Curitiba PR  

domingo, 30 de março de 2025

cap. 7/9 - fichamento do livro - TRILHOS, CAFÉ E TERRA VERMELHA - autor: Jornalista ROGÉRIO RECCO

 capítulo 7/9

 

         Entre 1930 e 1945.  Golpe militar em 1930 derruba o governo e assume Getúlio Vargas que fica esses quinze anos como presidente.   Ele tinha simpatia pelo fascismo italiano, tempos de Mussolini governando aquele país.   Aqui o longo governo de Getúlio recebeu o nome de Estado Novo.

         Trecho que destaco na íntegra do livro:

         “Para a historiadora Maria L.T. Carneiro da UFRB Universidade Federal do Recôncavo Baiano, o governo Vargas exibia características do fascismo europeu como a ideia de um estado forte, a personificação do poder central, a crítica à democracia parlamentar, a luta contra a pluralidade de partidos, o combate às ´ideias exóticas`, a adoção de uma política migratória antissemita, além da censura e da repressão”.

           Vargas colocou na clandestinidade vários partidos que se opunham a isso.   (página 120 do livro em pauta).

         Amedeo tomava em casa o “negrone”, aperitivo preparado com campari, cinzano e gin”.

         II Guerra Mundial

         Dia 22-05-1939 a Itália e Alemanha assinam o Pacto de Aço com o qual o Reich assegura a aliança do regime fascista em vista do desencadeamento da guerra.

         Em setembro de 1939 a Alemanha invade a Polônia e começa a II GM. Os chamados Países do Eixo era composto por Alemanha, Itália e Japão que se confrontaram com os Aliados.

         Varios navios brasileiros foram atacados durante a guerra.

         No Brasil, imigrantes da Alemanha, Italia e Japão não podiam ostentar seus símbolos e nem se manifestar na língua deles.

         A polícia confiscou os rádios dos imigrantes do Eixo.   Em 1941, após o ataque à base americana de Pearl Harbor (no Havai) os USA entram na guerra.   Entra e passa a pressionar o Brasil para entrar também pelos Aliados.

         Teria havido 607 mortes de brasileiros em navios afundados pelos países do Eixo em nossa costa marítima.

         O Brasil entra na guerra e há racionamento de combustível, sal e alguns outros gêneros.

         Em termos da colonização do Norte do Paraná, por esta época já havia pouca madeira para a atividade da serraria do Amedeo, que muda a mesma para Arapongas onde ainda havia abundância de oferta de toras para serraria.

         Muda em 1942.      Nesse tempo um vizinho pernambucano treinou um papagaio para falar palavras ofensivas em italiano.  Isto deixava Amedeo muito aborrecido.

         Em certa etapa da guerra, a Itália muda de posição.  Abandona o Eixo e passa a combater os Alemães.

         Nesse tempo o Império Britânico vai se desfazendo.  Vai perdendo suas colônias espalhadas pelo mundo afora.

         Em 1943 o Brasil adere à ONU Organização das Nações Unidas.   Os USA montam uma base militar em Natal-RN que fica num ponto estratégico inclusive por ter uma maior proximidade com a costa africana.

         Cai Mussolini na Itália e esta é subjugada pelos Aliados e nessa ocasião a Itália se volta contra os Alemães.

         Em março de 1943, Getúlio coloca a FEB Força Expedicionária Brasileira a serviço da guerra em território italiano combatendo os alemães.

         A guerra terminou em 1945.     

         Em 1947 oficialmente é inaugurada a cidade de Maringá.   Antes dessa data já havia colonos no local.  Entre os pioneiros em Maringá, o padre alemão Michael Emil Clement Scherer, que em 1936 compra o primeiro lote rural de 800 alqueires  (24.200 m2. Cada alqueire) em Maringá.  Foi assim o primeiro fazendeiro de Maringá, o primeiro padre e o primeiro morador local.

         Decreto de Vargas do final de 1943 obriga os municípios com nomes inspirados em países do Eixo a mudarem de nome.   Nessa leva, a Nova Dantizig passa a se chamar Cambé-PR e assim por diante.

         Consta que na II GM o Brasil da era Vargas mandou 25.334 soldados para a Itália para combater a Alemanha.    Lema dos brasileiros na guerra: A cobra está fumando.    Isto porque antes da decisão do Brasil entrar na guerra nosso povo costumava dizer que só entraríamos quando a cobra fumasse.

         Em 22-04-1945 a Russia toma Berlim, a capital da Alemanha.  No dia seguinte, Hitler se suicida e uma semana depois, a Alemanha se rende.

         Mussolini tenta fugir para a Suiça com a amante e é pego e assassinado.

         O Japão continuou os combates.  Em agosto de 1945 os USA soltaram duas bombas atômicas que mataram muitos milhares de japoneses.   Em 02-09-1945 o Japão se rendeu e terminou a II G.M.

        

         Continua no capitulo 8/9  

sábado, 29 de março de 2025

Cap 6/8 - fichamento do livro - TRILHOS, CAFÉ E TERRA VERMELHA - autor: Jornalista ROGÉRIO RECCO

 capítulo 6/8                            março de 2025

 

         Terceira Parte -   Um novo desafio para o Eng. Amedeo começa em Nova Dantzig  (depois, Cambé-PR).

         Em 1935 Londrina já tem população razoável mas falta de energia elétrica e as ruas ainda são de chão.   É lama ou poeira.  Há poucos médicos na cidade nesta fase.

         Amedeo, logo que chegou ao Brasil em 1922, esperava prosperar e depois seguir para a Austrália.  Mas o sucesso aqui e o casamento, mudaram seus planos e adotou o Brasil.

         A cidade europeia então chamada Cidade Livre de Dantzig depois passou a se chamar Gdansk  (terra do Lech Walessa) era uma cidade portuária entre a Alemanha e a Polônia.  Cidade portuária, estratégica.

         Em 1939, a Alemanha de Hitler anexou a cidade em seu primeiro ato de guerra que depois se expandiu e se inseriu no contexto da II G.Mundial.

         Figura importante no lugar

         Amedeo e a serraria.   Na então Nova Dantzig que depois passa a se chamar Cambé-PR.   Ele como engenheiro, fez até o projeto da primeira igreja do local, a Capela de Santo Antonio.   Doou parte da madeira também para a obra da Capela.   A população ajudou muito com mão de obra.

         A ânsia de construir a capela foi tanta que se esqueceram do detalhe de comunicar o Bispo de Jacarezinho – PR que era a sede da Diocese.   O bispo teria ficado aborrecido.   Depois contornaram tudo.

         A serraria fica maior

         80% das toras que chegam à serraria são perobas com 20 a 30 metros de comprimento e 60 a 80 cm de diâmetro.    As serras no caso são movidas a vapor produzido por queima de lenha que era abundante na região.   Equipamentos a vapor importados, sendo um da Inglaterra e outro da Alemanha.

         Em termos de madeira, havia também marfim, cedro, ipê, imbuia, cabreúva e outras.

         Amedeo constrói também uma olaria em Cambé e assim fornece boa parte do material básico para construção de casas da época.   Madeira e tijolos  para paredes e estrutura dos telhados e telhas cerâmicas.

         Apenas a 16 km de Cambé surge o povoado de Rolândia.   Bastante imigrantes alemães se estabeleceram em Rolândia.

         Entre 1919 e 1933 a Alemanha se chamava República de Weimar.

         No começo vinham da Alemanha pessoas pensando em lidar com a zona rural.   Com a chegada do nazismo na Alemanha, começaram a vir imigrantes alemães refugiados e muitos destes tinham inclusive formação universitária.   Muitos deles eram alemães de origem judaica.

         Willie Davis, inglês, cafeicultor, foi sócio de Tonico Barbosa.  Chegou à região antes da CTNP Cia de Terras Norte do Paraná.   Depois W. Davis chegou a ser Diretor Técnico da CTNP.

         (O estádio de futebol de Maringá tem o nome de Willie Davis)

         Um refúgio no sertão

         Na época da perseguição nazista, já havia um acordo comercial bem articulado entre a CTNP e uma instituição alemã que cuidava de negociar com os emigrantes daquele país.    O interessado em migrar para o Brasil vendia seus bens na Alemanha e aplicava numa “Carta de Terras” no Norte do Paraná.  Terras cobertas de mata virgem.   A CTNP usava esse dinheiro para comprar equipamentos para a ferrovia.

         Muitos judeus alemães fizeram essa permuta para evitar ter seus bens confiscados pelo nazismo.        Os judeus que ficaram até mais tarde para tomar decisão tiveram seus bens na Alemanha nazista confiscados e ficaram com apenas dez marcos (moeda alemã) para saírem do país.

         Uma das cláusulas da Carta da Terra.   Em tempo de guerra, navios poderiam ser afundados na viagem como alguns foram.    Uma cláusula do documento dizia que se o interessado não conseguisse chegar no destino, a pessoa no caso perdia seus bens.    Vários perderam os bens nessa situação.

         Amedeo e o casamento com Tereza.   (notar que o livro foca bastante no Engenheiro italiano Amedeo inclusive por conta da proposta do autor que teve acesso ao acervo da família dele notar a riqueza de material sobre a colonização do Norte do Paraná.   Como já foi dito, Amedeo era meticuloso nas anotações, em fotografar e filmar o andamento das obras por onde atuava)

         ... os parentes de Tereza, paulistas originários da Italia.   Alguns deles voltaram para a Itália para participar do esforço de guerra.   Eram pilotos de aviões e atuaram nessa condição.   Terminada a II G.M, voltaram para o Brasil e trouxeram no navio um dos aviões que usaram em combate.   Aqui davam aulas para formar novos pilotos.

         Um dos primos de Tereza, Eurico,  funda a fábrica de baterias Heliar.

         Tereza Di Marzo era filha de um italiano morador na capital paulista onde atuava no ramo de importador de vinhos.   Ela fez curso Normal (para Professora) e teria sido a primeira mulher a tirar um brevê de piloto no Brasil.

         Imigrantes italianos gostavam do fascismo.   Jornais do fascismo italiano chegavam regularmente ao Brasil.   O autor deste livro cita que os imigrantes italianos radicados no Brasil aceitavam o fascismo muito mais do que os que migraram para a Argentina.

         O empresário Francesco Matarazzo em muito de esforçou para divulgar o fascismo aqui no Brasil.

         Estima-se que em 1930 havia ao redor de 435.000 italianos no Brasil.  O autor destaca que nessa época ainda não tínhamos o IBGE.

 

         Continua no capítulo 7/8