CAP. 08/20
Havia pacto entre os britânicos e os rajás, dos britânicos
governarem mas não se meterem na vida doméstica dos rajas e seus haréns.
Uma passagem curiosa que destaca o
uso da bombacha... “três criados siques
vestidos com camisa Achkam e calças bombachas, de turbantes”...
Aos 21 de idade, o rajá, contrariando a lei inglesa, viajou
ao exterior e levou sua segunda esposa disfarçada de criado na comitiva toda
masculina. Naquele tempo não havia o
passaporte individual. O rajá percorreu
com sua comitiva vários países, mas na Inglaterra teve que manter a esposa
escondida no hotel.
Visita à França. O
jovem rajá tinha lido muito sobre a França, seus reis etc. E tinha paixão pela arquitetura. Os rajás da Índia tinham queda pela
arquitetura e viam na construção de obras monumentais a forma de se
imortalizarem no poder e na fama. O
rajá se apaixonou por Paris. Sobre Londres
diz ...”me parece cinza, industrial,
chata e feia”.
Palácio de Versalhes (Paris) com sua galeria de
espelhos. O pé direito desse palácio tem
a altura de doze metros. Nele, a Galeria
das Batalhas numa extensão de 120 metros ostentando telas sobre as batalhas.
O rajá resolveu fazer um palácio no estilo francês até para
se contrapor ao império britânico.
Contratou um arquiteto francês e seu palácio seria uma mini réplica do
Palácio de Versalhes e do Palácio das Tulherias.
Seu palácio teria 108 quartos com banheiros e água
aquecida. Elevadores elétricos (em 1908
por aí), teto de ardósia que viria da Normandia.
Tempos da Europa curiosa com encantos da Ásia. Época em que foram descobertos os templos de
Angkor no Camboja, então colônia francesa.
No seu reino o rajá
tinha suas limitações sociais pelos costumes e pelas normas britânicas e
na França passeando e falando o francês fluente se sentia mais livre.
O rajá visitou o Instituto Pasteur e conheceu pessoalmente o
pesquisador Pasteur.
Depois de Paris, foi de navio até Nova Iorque. Em NY a imprensa ficou o tempo todo na cola
dele e sua delegação. Chicago estava em
plena exibição de uma Exposição Universal.
Pela primeira vez esta exposição era nos USA. Aberta por seis meses, recebeu 27 milhões de
pessoas, equivalente à metade de todo o povo dos USA de então. Ano de 1893.
Nessa viagem longa, a esposa do rajá foi escondida e
disfarçada de simples integrante da delegação, toda ela masculina. E ela ficava trancada nos hotéis e não falava
o idioma inglês nem francês. Ela acabou
caindo no alcoolismo.
O rajá com quatro filhos, e foi encaminhando um a um para
estudos na Europa. Ele era chegado nas
viagens. Calcula-se que ele no cargo
viajou um quarto do tempo do seu reinado.
Ele tinha que prestar contas inclusive de suas viagens. No período de 1899-1900 ele gastou em viagens
para a Europa, um quarto da arrecadação do reino.
Ele seguia tanto o sistema europeu que uma vez cometeu com
seu povo um sacrilégio, como sique, não faz barba e ele uma vez cortou a barba
no costume ocidental. “Os siques
interpretaram isso como uma renúncia a sua religião e a sua identidade”.
Mais adiante os siques adotaram a prática de raspar a barba
também.
Extravagâncias dos
rajás. O deste romance, com mais
destaque é ele ter feito um castelo no estilo francês para seu reino.
Extravagâncias de outros rajás, marajás e nababos.
Um rajá não deixou os trilhos do trem passarem pelo seu
reino para evitar que passageiros de outras religiões comessem carne de vaca no
restaurante do trem em seu reino.
O marajá de Bharatpur nunca viajava sem a estátua do deus Krishna. Havia
sempre um assento reservado para a divindade nos voos. Os megafones do mundo inteiro repetiriam com
frequência a mesma chamada: “Ultima
chamada, Sr Krishna, apresente-se no portão de embarque...”
O nababo de Rampur, de grande cultura, “organizava
competições de palavrões em punjabi, urdu e persa. O nababo sempre ganhava. Obteve seu recorde ao soltar vários
palavrões e insultos durante duas horas e meia sem parar, enquanto seu rival
mais próximo ficara sem vocabulário ao cabo de noventa minutos”.
Continua no capítulo 09/20