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quinta-feira, 2 de abril de 2020

RESUMO - LIVRO - A ERA DO INCONCEBÍVEL - Joshua Cooper Ramo (Ex Editor Revista Time) - parte 4/6




 RESUMO DO LIVRO:  THE AGE OF THE UNTHINKABLE     - parte 4/6

         153 – Dividir o mundo  (coisa de americano...)     ....” em quais países você vai bombardear e quais vai apoiar...”
         (o autor de propõe a analisar a questão global e a busca da paz mas o que mais se coloca é a ameaça militar – uso da força)   Nada de diplomacia.
         173 – Em 1998 de surpresa a Índia testou uma arma nuclear.   Seria surpresa até para o americano comum.
         173 – Disse que os USA só ficaram sabendo da bomba da Índia quando ela estourou.  Sabendo pela TV CNN e não pela CIA.
         181 – Livro fundamental da filosofia chinesa se chama I Ching ou livro das Mutações.
         183 – O autor sugere que ao invés de objetivos e planos simples, orçamento, aprovação do congresso, não acompanham o ritmo dos riscos que são dinâmicos.     Diante disso, o autor propõe que se use estratégia de mercado financeiro para se preparar para o “mercado da violência” com preparo e agilidade.
         183 – O historiador Martin Van Creveld estudou mil anos nações com aparatos de defesa funcionais e disfuncionais.   Conclusão dele:   “Hoje em dia as forças armadas mais poderosas são em grande parte irrelevantes para a guerra moderna”.
         184 – O documento “Estratégia de Segurança Nacional dos USA” não tem nada expresso de:
         Empatia
         Sentir o ambiente
         Pânicos financeiros
         Epidemia global    (isto citou em 2010)   - agora temos o covid 19
         O documento é cheio de planos para “reformular o mundo”...
         185 - ... até conhecer melhor figuras históricas reprováveis... (ele propõe como relevante)
         185 – Filósofo tipo marmota e tipo raposa.  Os primeiros, fixavam num tema só e iam fundo.   Os raposa, questionavam especialistas em N temas diferentes.  Tipo marmota classifica Platão, etc.   Tipo raposa:  Aristóteles, etc.   (ele cita bastante filósofos de antigos a mais recentes)
         Os marmotas conhecem muito sobre um campo e tentam aplicar isso para tudo e erram muito mais.     Foi feito experimento com gente dos dois grupos.
         186 – Os raposas eram os que mais acertavam.   Perfil:  eram mais céticos quanto a analogias históricas fáceis, tendiam a ser mais probabilísticos em seu pensamento e  atualizavam tranquilamente seus modelos.
         Além dos marmotas errarem mais, eram mais ansiosos e queriam chegar rápido à conclusão categórica do que foi proposto.
         Os marmotas, comprovadamente, erraram feio sobre desintegração de N países (o que não ocorreu) e de colapso em 1988 que também não ocorreu.
         187 – “Adquirir o hábito  de buscar constantemente novas idéias e ter empatia com nossos inimigos talvez seja anti intuitivo e embaraçoso, mas trata-se na verdade de um valioso seguro contra tendências a iludir-se”
         187 – Querer mudar a China com plano fixo de décadas atrás tem tudo para dar errado.   E vem sendo colocado em prática.
         189 – O que manda, em apuro, tenta simplificar sua meta.  Ex.  Socorrer os bancos em hora de crash.   Caso do terrorismo, a ânsia de matar o Osama Bin Laden.
         190 – Henry Kissinger.  Em 1960 ele tinha 37 anos e já tinha editado seu segundo livro sobre diplomacia, defesa, etc.    Livro dele de 1957, aos 34 de idade:   “Armas Nucleares e Política Externa”.    Segundo livro dele:
         “A necessidade de escolha”.
         192 – Tempos da Guerra Fria  (USA x URSS).   Tempos de “o meu cachorro é maior que o seu”.  Intimidação mútua.
         192 – Na atualidade algumas ameaças fora do arsenal convencional:
         Morrer por uma causa  (terroristas)
         Guerra biológica     (livro de 2010 – e em 2020 ao menos estamos tendo uma pandemia do covid 19 e há algumas especulações)
         Pânico no mercado financeiro
         Ascenção da China
         Nacionalismo na Índia
         Crise de falta de água no México
         193 – RESILIÊNCIA será o conceito definidor de segurança no século XXI.  
 (eu, leitor, Engenheiro Agrônomo, tenho participado inclusive de palestras e debates sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas e o termo Resiliência entra muito forte)
         204 – Hizbollah   (Partido de Deus).   Ele esteve pelo Oriente Médio e andou por Israel, Líbano, Faixa de Gaza e região.   Estudou e conversou com pessoal do Grupo Hizbollah.   O do grupo, dirigindo o carro, diz que a CNN é pró Israel (o que é notório, aliás).  A pessoa destacou que nos conflitos locais a TV ocidental só mostra o lado de Israel.
         205 – Antes de terem a cobertura da TV Al Jazira, o Grupo criou a TV Al Manar para divulgar o lado árabe dos conflitos.    Depois o rico Catar lançou a Al Jazira que tem alta ramificação pelo mundo.  
         O autor diz que o Grupo Hizbollah com três décadas é sem dúvida o mais bem organizado grupo guerrilheiro do mundo.  O autor ouviu isso também de um General de Israel (do outro lado...).  Ele cita o nome do General no livro.
         O Grupo Hizbillhah no sul do Líbano tem também ação social.  Constroi casas para quem ficou sem teto em ofensivas de Israel.  O grupo surgiu no sul do Líbano em 1982, grupo xiita de oposição.   O Líbano então mais que invadido:  por americanos, israelenses, sírios e tropas das forças de paz da ONU.     



                                      próximo - continuação - parte    5/6 

RESUMO - LIVRO - A ERA DO INCONCEBÍVEL - Joshua Cooper Ramo - (Ex Editor da Revista Time) parte 5/6 - abril de 2020


      RESUMO - BOOK:   THE AGE OF THE UNTHINKABLE  - Joshua Cooper Ramo  (Ex redator da Time) 
         Página 205 – O Hizbollah fazia alguns ataques em dois objetivos em lugares distantes quase simultaneamente.
         208 – Em 1992 mataram o líder do Hz, Abbas Al-Musawi.   Em retaliação o grupo fez ataque suicida à embaixada de Israel e atacou uma sinagoga em Buenos Aires.
         O grupo conseguiu vencer Israel que se retirou do sul do Líbano.
         O autor diz que o Hz recebia $ e treinamento do Irã.
         210 – Com a retirada de Israel do sul do Líbano pela ação do Hz, este passou o foco da atuação via partido político e lançou para as eleições no Líbano 58 candidatos e elegeu nove.        Desde sempre entre as ações do grupo estão construções de casas, escolas e hospitais.   Demandas cotidianas da periferia das cidades eles ajudam com serviços como encanador, eletricista, pedreiro, etc.     São parte da comunidade e imprescindíveis ao dia a dia da mesma.     O Grupo Hz ganhou Resiliência com o variar, aprender e mudar.  (e empatia com o povo).
         O autor foi em Israel, ouviu autoridades inclusive militares da cúpula da segurança e foi ouvir o outro lado.  Isto é Ciência.  Estabelecer o contraditório, ouvir as partes.   
         213 – Curioso que os USA tem dois departamentos complementares.  O Departamento de Segurança e o Departamento de Defesa.
         O autor defende que o de Segurança fosse mais versátil para Resiliência e agregasse mais inclusive em assistência social, escolas, etc.   Que o povo americano se aproxime mais do trabalho colaborativo.
         Notar que a primeira fase do livro o autor fez pesquisas e montou algo como um diagnóstico de como a coisa funciona e nesta segunda parte ele vem construindo suas teses de mudança no rumo da defesa e diplomacia.
         O autor pretende algo que venha da base e que não seja uma ação de governo, de cima para baixo.   (Nada de GA goela abaixo)
         Ele se pergunta.  Como consumimos?
         Como educamos nossos filhos?
         Como dirigimos nossos negócios?
         Como investimos nosso dinheiro?
         .... reformatar.... mais colaborativo.
         215 – Vai falar dos erros dos USA na guerra com o Iraque.   Falou de uma visão (equivocada na opinião dele) tipo insumo: soldado; produto democracia.     Aqui eu como leitor coloco a frase que um dia li no jornal e que achei lapidar para resumir a política exterior dos USA:    “Para quem anda com um martelo, tudo que vê é prego”.   (força)
         Sobre o Iraque.   Primeiro os USA acharam que a guerra teria um fim nítido e rápido.  Não foi nem uma coisa nem outra.
         216 – Citou a arrogância do governo Bush na Catedral Nacional em 14-09-2001 (dias após o Onze de Setembro)
         “Esse conflito começou numa época e nas condições impostas por outros.  Terminará da maneira e na hora da nossa escolha”.
         Em 2003 o Secretário de Defesa Paul Wolfowitz diz no Congresso dos USA:   “É difícil imaginar que haja necessidade de um número maior de forças para proporcionar estabilidade no Iraque pós Saddan Hussein do que para travar a própria guerra”    (ou seja:  deixaram pior do que encontraram)
         Em 2003 as tropas dos USA no Iraque eram entre 30.000 a 40.000 soldados.   O General americano Eric Shiseki pediu então centenas de milhares de soldados para “estabilizar” o Iraque após a ação militar lá.  Foi demitido.      (Mas reforça o estrago que foi causado ao Iraque)
         Bombardearam sistemas de infraestrutura do país como estradas, energia, comunicação.   Criou vácuo de lideranças locais e desalento.
         216 – O autor fala de outros fracassos militares dos USA em casos como a Somalia, Bosnia e Kosovo.    Sobre o Afganistão, diz que os USA financiaram e fizeram crescer grupos islâmicos locais (na esperança de frear tendência ao comunismo).  Em seguida se afastaram e esses grupos se transformaram no Talibã e na Al Qaeda que depois se viraram contra os próprios USA.    (criaram a Al Qaeda e indiretamente, Bin Laden)
         221 - ...” estamos atualmente ligados uns aos outros de forma que não podemos ver através de redes de finanças, de doenças, de informações, o paradoxo: quanto mais ligados, mais vulneráveis”.  Fala do mundo em 2010 e hoje, 2020, estamos vivendo uma pandemia e batendo cabeça.
         224 – Ele cita mais um matemático dos altos estudos em várias áreas.  Agora deverá ser o quarto que ele cita em assuntos relevantes.   Estado Maior das Forças Armadas da Inglaterra.  Agosto de 1982.   A Argentina invade as Ilhas Malvinas que pertencem à Inglaterra.   Longa distância mesmo por via aérea para uma pronta reação britânica.   Tinha que ser algo de impacto e rápido.  O ponto nevrálgico era o único aeroporto da ilha   estava permitindo acesso e suprimentos aos argentinos.  Destacaram um matemático para calcular a forma de bombardear a pista de pouso de forma rápida e efetiva.   Ele de um dia para outro conseguiu o mapa com a construtora que fez o aeroporto, fez o estudo e definiu a quantidade de bombas necessárias.     Feito o ataque, destuida a pista, a Argentina praticamente nisso aí perdeu a batalha.     Os aviões Mirage da Argentina ficaram sem local para pouso.
         Crise das hipotecas nos USA em 2008 que depois se irradiou em crise financeira pelo resto do mundo.   O mercado só olhava para os bancos e não para quem estava comprando casas.    Formou uma bolha de preços elevados dos imóveis e quando a bolha estourou, estes retornaram aproximadamente ao preço histórico, mas as perdas de quem chegou até o pico foram grandes.
         228 -  Fala de laboratórios de armas biológicas.  Cita mas não diz em que país ou que países.   Claro que isto é segredo em sete chaves sempre.
         229 – Citou como exemplo do Hizbollah (Hz) que envolve atuação em rede e tem uma ideologia, tem tecnologia e nacionalismo.   Se o adversário atacar uma das bases deles não desmonta a rede.
         229 – Propõe
Aprender olhar holisticamente; aprender a nos concentrar em nossa própria resiliência, em vez de tentar atacar tudo o que pareça assustador.
         229 – Após a guerra do Vietnã um general fez a pergunta.  Se enfrentássemos essa guerra hoje, o que faríamos diferente?   Ou seja, uma atitude de avaliar o que fez para aprender lições.
         230 – Os USA despejaram mais bombas no Vietnã do que usou em toda a II Guerra Mundial.
         Em 1942 as bombas incendiárias contra os alemães fez as pessoas se unirem mais do que passarem a odiar Hitler, diferente do que esperavam os adversários.   As bombas caiam em regiões de moradas de civis inclusive, explodiam e formavam focos de incêndio para aumentar os danos de forma dramática.
         232 – Na guerra, o convencional era atacar a linha de frente, mas o inimigo repunha as baixas.   Outra linha de raciocínio que foi aplicada no Iraque.  Tentar destruir a infra estrutura (estradas, telefonia, energia elétrica, água, combustíveis e munições).  A idéia era enfraquecer o adversário.  Enfoque baseado nos efeitos.     (o que se viu após o fim da guerra foi que o país ficou em comoção social e mais dividido do que antes e ficava difícil a retomada inclusive pelos danos à infraestrutura).  Desestabilizou o país, que ficou pior do que na era Saddan.
         Em Belgrado, os USA lançaram à noite fitas finas metálicas nas redes de eletricidade e deixava a cidade sem luz e espalhava o pânico.   Calculam que assim venceriam mais pela estratégia do que no combate direto.     Morreu menos gente e o autor avalia que por isso causou menos reação negativa em termos internacionais.
         Na segunda guerra do Iraque  e do Afeganistão, os USA teriam usado essa linha do enfoque nos efeitos.
         A reação dos combatentes do Iraque e do Afeganistão foi de mudarem da farda para roupas civis e passaram a agir de forma pontual tipo explodindo comboios do inimigo nas estradas.   Isto faziam com pouca gente e pouco armamento.  Fator surpresa.    Conseguiram os locais causar muitas baixas aos invasores americanos.
         235 – Paquistão e armas nucleares.
         239 – Fracassos políticos dos USA em Ruanda e Miyamar.
         239 – Ruanda o conflito com massacre começou em 1995.
         239 – Indica que é positivo (na visão do autor), readquirir os hábitos de cooperação internacional em todas as áreas, da ajuda alimentícia às armas nucleares para ter “influência” e poder “moldar” no rumo desejado pelos USA.
         240 – Fala dos filósofos orientais Confúcio e Mêncio.    O mundo é um sistema a ser manipulado e não para ser golpeado.      Son Zi completa:
         “O homem que não trava combate, provavelmente derrota o inimigo”
         241 – Falou um pouco do mundo dos hacker.     Os chapéu branco, do bem e os chapéus pretos, do mal.        www.joshuaramo.com   Cita um caso de um racker do bem ter descoberto um furo na rede mundial de computadores e se reuniu com empresas do setor para corrigir antes que outros hacker percebessem e faturassem com o furo.  Deu tudo certo.
         246 – Irã. O presidente de então, Mahamoud Ahmadinejad tem doutorado em tráfego (comunicação).
         246 – Todos os acordos de paz para o Oriente Médio não deram certo porque o idealizador tinha meta dele e queria uma solução final.  Dai reunia as partes para tentar chegar às suas metas e a um resultado final (na ótica dele).      Eu como leitor me lembrei daquela lenda do técnico da seleção no tempo do garrincha numa copa antes do jogo contra os russos.  Faça assim, eles vão fazer assado e nós faremos aquilo outro...   O jogador disse.  Parece tudo legal, mas combinaram com os russos?
         248 – Camp David e negociações diplomáticas.
         248 – Faixa de Gaza em 2006.   O povo local elegeu uma liderança do Hamas  (partido tido como grupo terrorista pelo ocidente) “não seguindo a recomendação dos USA”.   Acirrou o conflito.     Eram tempos da representante do governo americano a Sra. Condoleezza Rice.
         250 – USA e China.   Os USA querendo impor sua visão de mundo à milenar China...
         Cobrar direitos humanos
         Reforma monetária
         Defesa do meio ambiente     (curioso que os USA é um país rico e representa aproximadamente ¼ da poluição do planeta)
                   250 – Os USA querem negociar com a China pontos em que discordam.  O autor alega que deveria ser outra a estratégia.   Buscar onde poderiam somar esforços.


----------------------------------------------- próxima parte – final em breve.  6/6

RESUMO - LIVRO - A ERA DO INCONCEBÍVEL - Joshua Cooper Ramo (Ex Redator da revista Time) - trecho final 03/2020


SUMMARY - BOOK - THE AGE OF THE UNTHINKABLE     -    Em Português

 .............

251 – O autor avalia que o revide dos americanos ao ataque de Onze de Setembro de 2001 não foi nada positivo.   “Os ataques diretos fracassaram repetidamente”
252 – África do Sul.  Cidade de Tugela Ferry de 250.000 habitantes.  Cidade pobre. Terra dos zulus.   Um dos mais altos índice de HIV do mundo.  Mais de 40% da população tem o vírus.
254 – Na África do Sul em 2008 morria uma pessoa de HIV por minuto.   Em outra região da África o ebola atacando.  O ebola mata 80% das pessoas infectadas.
256 – Médico que cuidava do HIV constatou em Tugela Ferry que muita gente passou a morrer por outra causa.   Pesquisou e percebeu que era por um bacilo forte da tuberculose.  Matava 98% dos infectados.
258 – A tuberculose convencional, por assim dizer, foi descrita em 1882 por Robert Kock.   Uma das doenças mais comuns do planeta.   Afeta 1/3 do mundo.
262 – Remédio da tuberculose eram ministrados em Tugela num tratamento previsto para seis meses.   Nos primeiros dois meses o uso do remédio era monitorado por agentes de saúde.   Era bem eficiente o remédio mas o paciente com a melhora, acabava depois dos dois meses que tinha que seguir por si o uso do remédio abandonava o tratamento e a doença não se curava e o agente causal acabava ficando mais resistente aos remédios.
Com o HIV foi diferente.   O pessoal da saúde pública explicava muito bem a doença, os remédios, a forma de tomar, os riscos de não tomar direitinho e tudo o mais.   Isto passava uma responsabilidade para o paciente e este também tinha que apresentar um responsável para acompanhar o rigor do uso dos remédios.   Fez toda a diferença.  O pessoal por mais humilde que fosse, tendo para si a responsabilidade efetiva do tratamento, fazia tudo direitinho, ao contrário do que os pacientes da tuberculose.
Isto para deixar claro o seguinte:    Trabalhar com as pessoas, deixar tudo explicado, buscar a cooperação entre elas e fazendo as mesmas assumirem Responsabilidade.   Eis a diferença.
263 – Aprendizado para esta e muitas outras situações.   (No Brasil a Pastoral da Criança de certa forma usou o sistema de treinar agentes voluntários da comunidade para acompanhar tratamento de crianças junto às famílias e deu muito certo)
No momento que se delega poder a outras pessoas, é deflagrada uma explosão de curiosidade, inovação e esforço.”
Isto vale para uma infinidade de situações e não só para a saúde humana.
No passado quando as batalhas eram no corpo a corpo, se tinha que espalhar poder para pequenos grupos e estes se articulavam e o resultado era melhor do que agir em tudo dependente do poder central.
Os cavaleiros mongóis eram imbatíveis dentro desse modelo.  O herói mexicano Emiliano Zapata também usava esse sistema.
264 – Sucessos colaborativos.   Destacou a Wikipédia, a Linux, etc.  Partem de baixo para cima. Partem da base.   As pessoas saem da posição de consumidores para a posição de participantes.  Faz toda a diferença.
267 – Peers   - colaboradores voluntários.
268 – Em 2006 o autor esteve conversando com o médico britânico Moll que atuou no combate ao HIV na África do Sul e que vivenciou as ações colaborativas de sucesso.
269 – O autor propõe um Sistema Imunológico de segurança Profunda com distribuição voluntária de poder.
271 – Buscar dar direitos básicos de sobrevivência a todas as pessoas do mundo.   (tange o que Masllow define em sua pirâmide da hierarquia das necessidades humanas.   Preservar a vida, se defender, se alimentar/agasalhar, etc.)
271 – O que podemos fazer para transformar as pessoas em voluntários?   Ver que podemos fazer muito, independentemente de governo.
272 – Cita o intelectual e político brasileiro Roberto Mangabeira Unger.   “O que devemos criar é uma economia do cuidado”.
273 – Cita seu Norte no caso, o sociólogo Immanuel Wallerstein.
“O que fazemos aos outros, fazemos a nós próprios”.
273 – Cita o caso do empresário brasileiro Ricardo Semler da empresa Semco.   Peças para a indústria naval.  Ele assumiu o negócio da família nos anos 80.   Anos de inflação de três dígitos ao ano no brasil.   Semler disse que dirigir uma empresa no Brasil de então era como montar num touro bravio em cima de um terremoto.
274 – Diz que no Brasil de 1990 a 1994 uma em cada quatro empresas fechou.   A produção industrial caiu ao nível de 1977.  Daí para o Brasil ficou a década chamada de década perdida.
274 -  Para não falir, Semler dividiu seus empregados em grupos de 100 e lhes deu as opções iniciais que eram:  Redução de salário ou demissões.    Os grupos debateram muito e disso surgiu um conjunto heterodoxo de medidas sugeridas pela base.   Reduzir salário + participar do lucro + reduzir o salário da diretoria + controle do fluxo de caixa da empresa com participação dos empregados, via pessoa do Sindicato por eles indicados.   (o representante dos empregados assinava os cheques junto com diretor).   Aceita a forma e assim se fez.  Deu certo.  Em dois meses a empresa voltou ao ponto de equilíbrio.   
Tinha havido na empresa uma explosão de emergia, entusiasmo e flexibilidade.   Os empregados da empresa quadruplicaram a produtividade.
Muitos foram depois, nas expansões, por iniciativa comum, estimulados a montar empresas para fornecer peças e serviços para a Semler com sucesso.
280 – Duro mudar algo, principalmente no Estado, mas temos que iniciar um processo de experimentação institucional.
Sugere além do CSN Conselho de Segurança Nacional, ter um grupo para elaborar a crítica do que se vê e discute no CSN.   Seria essa crítica o CSP Conselho de Segurança Profunda.   Buscar prevenir mais e errar menos.
281 – O que há de velho é o instituto de acumular poder e controlar rigidamente as políticas.  E na hierarquia rígida, o subalterno acaba cumprindo até ordem que acha absurda...
Temos que incentivar dentro e fora do governo, centenas de empreendedores de política externa.  Pessoas que abordem problemas complexos a partir de enfoques NOVOS, radicais e inventivos.
Faz 40 anos que o setor de segurança dos USA passou por uma reengenharia séria.   Está obsoleto.
282 – Erro da Sony nos tempos do videocassete.  Entrou com fitas betamax que era diferente do padrão VHS das demais.  A betamax tinha som e imagem melhor, só que cada cartucho cabia só uma hora de gravação e geralmente filmes tem mais de uma hora.   Resultado.   Os concorrentes que foram para o VHS ganharam essa parada bilionária.
283 – O autor encerra o penúltimo capítulo com citação do brasileiro Mangabeira Unger.    “A tarefa da imaginação consiste em realizar o trabalho da crise sem a crise”.   (se antecipar a ela)  (isto em 2010...)
Hoje o mundo está correndo atrás do prejuízo com o covid 19
O autor diz que estamos diante dessa opção atualmente: imaginação ou crise?   Você escolha.
286 – Ver a tela “Herois Espirituais da Alemanha” do artista plástico Anselm Kiefer  (quadro enorme)     Ele pintou aos 28 anos em 18 meses, de 1972 a 1973.    Representa o interior sombrio de uma Igreja Luterana de madeira e chamas com simbologia dos heróis do nazismo...     A reflexão seria que o quadro chama para o “estamos dentro da história e não podemos ficar passivos”.    (vi o quadro na web)
290 – Como fazer história.   Viver de uma maneira resiliente  
Poupando mais, comendo melhor, dirigindo com cuidado, prestando serviços voluntários aproximando-nos mais dos vizinhos, educando nossos filhos para serem globais e competitivos e fazendo novos amigos.     
... Alguns desafios  - investir anos para compreender culturas diferentes da nossa (ele fez trabalhos voluntários por um ano na África).
Frase do físico Niels Bohr já perto do fim da vida.    “todo ser humano valoroso deve ser um radical e um rebelde, pois o que deve visar é tornar as coisas melhores do que são”.
Frase do autor:  O que mudará o planeta é a rebelião.
Desfecho.   Pergunta ao leitor:  O que esta era exige de mim?
                                      The End.        28-03-2020
     Zap 41  999172552    -   orlando_lisboa@terra.com.br
       (todo feedback será bem vindo!!!)

segunda-feira, 30 de março de 2020

SÍNTESE - GRIPE ESPANHOLA DE 1918 - CURITIBA - BRASIL


FICHAMENTO DO LIVRO – O MEZ DA GRIPPE   
         Autor:   Venâncio Xavier – editora Cia das Letras – SP – 1998
         Fichamento de leitura pelo Eng.Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida.      www.resenhaorlando.blogspot.com.br 
         Faço um curso de Patrimônio Histórico do Paraná, no qual se insere inclusive a arte em geral e a literatura em particular.   Foco nos paranaenses natos ou não.
         Numa das aulas no centro histórico de Curitiba no Solar do Rosário, o tema abordou a vida e obra de Venâncio Xavier que tem um trabalho um tanto heterodoxo em TV e mesmo na literatura.   Este livro é mesclado de uma colcha de retalhos de recortes de jornais da época da gripe (1918) , poesias curtas, mórbidas e eróticas anônimas e tudo o mais numa apresentação meio caótica, fora da casinha.     Li um exemplar da Biblioteca Pública do Paraná da qual sou sócio.  Parece que o livro é raro em sebos.
         Esclarecendo que ele coloca foco na gripe espanhola que assolou o mundo e teria matado ao redor de 50 milhões de pessoas e que no Brasil fez um estrago enorme em 1918.   O vírus era uma variação do H1N1 que agora nos assusta e nos dá um toque de recolher.      Só lembrando que o nome da gripe, ironicamente teria vindo da geopolítica, ou seja.   As potências do norte estavam na primeira Guerra mundial e a doença teria chegado lá pelos soldados americanos e se espalhou pelos hospitais de campanha, trincheiras e nas populações.   A Espanha ficou neutra nessa guerra e por ser uma monarquia parlamentarista democrática, divulgava o que lá ocorria pela imprensa enquanto os países em guerra omitiam as notícias inclusive para não desanimar as tropas em combate.     Assim sendo, a gripe de 1918 foi injustamente batizada como gripe espanhola.
         Então vamos voltar aos relatos do Venâncio Xavier sobre a gripe espanhola aqui em Curitiba em 1918.    Ele usou inclusive notícias de jornal da época para coletar dados e relatos.  
         Página 23 – Em 1918 já havia a creolina Pearson como uma opção de desinfetante de ambientes.    Tinha um cheiro forte característico.
         P.24 -  Alemães em guerra capitulando em 1918.
         26 – Curitiba com população perto dos 80.000 habitantes em 1918.
         26 – Além da gripe que matava, também a febre tifoide ainda fazia vítimas fatais por aqui.
         27 – No Rio de Janeiro a gripe espanhola ganhou o apelido de puxa puxa mas o autor não explicou o motivo do apelido.   Se puxava a pessoa para a cova...
         28 – Fim de Primeira Guerra Mundial na Europa e alguns alemães aqui moradores desafiavam as pessoas.    Cantavam, alguns, o hino deles por aqui em plena guerra.   Um dia um grupo foi preso por isso.   Na ocasião eles estavam acompanhados das esposas.   No momento a polícia ficou no imbróglio de como as mulheres deles voltariam para casa.   Ofereceu policiais para acompanha-las.    Elas recusaram a oferta e preferiram ir pra casa sozinhas.     A fonte : o Jornal do Commercio do Paraná.
         28 – Além de mortes por febre tifoide e da gripe espanhola, aqui em Curitiba de 1918 havia morte por tuberculose, lepra.
         29 – Recado do cotidiano de então no jornal da cidade:  Precisa-se de uma mulher para viver com bom homem solteiro.    Rua Saldanha Marinho, 168  (das 5 as 6 h da tarde)
         29 – O autor coletou depoimentos da Dona Lucia (em 1976) que viveu o tempo da gripe espanhola.   Ela narra o que vivenciou.
         32 – Fala da notícia de jornal anunciando a inauguração em 1918 de Majestoso prédio do Hospício em Curitiba.
         33 – A polícia censurou os jornais daqui sobre a gripe e os mortos.
         Depoimento da Dona Lucia:    No começo, caixões e mortalhas.  Depois, levavam com os caixões, enterravam só o corpo e traziam o caixão para outro enterro.
         34 – Na Rua XV – rua das Flores, havia a redação do Jornal do Commercio do Paraná.   Tempo da Guerra e alguns dos alemães daqui afrontando as pessoas.   O jornal cita inclusive o alemão e o livro também.  O alemão Rodolfo André Damm veio até a parta de entrada do jornal na rua XV e fez cocô na porta em protesto.
         35 – 1918 – o presidente do Brasil era Wenceslau Braz.
         43 – Fala dos “elétricos” que seriam os bondes que circulavam em Curitiba.   Pertenciam à South Brazilian Railway.    Os bondes ficaram um tempo sem circular à noite pela cidade por causa da gripe.
         44 – Aqui em Curitiba em 1918 havia jornal clandestino editado em alemão.  Tinham contato por telegrama com grupos da Argentina.    Cita  fonte o Jornal do Commercio de 06-11-1918.
         44 -   No jornal.   Alguém se referindo à gripe espanhola.    ...Mas a senhora espanhola parece que não tem vontade de deixar ninguém em paz.
         45 – O armistício da Primeira Guerra Mundial foi dia 07-11-1918.
         46 – Diz que além da gripe, repressão às notícias pelas autoridades e assim aumentam os boatos.    Os boatos matam mais que a gripe.
         46 – O prefeito de Curitiba em 1918 era o João Antonio Xavier.
         49 – Doutor Nilo Cairo fala dos sintomas da gripe espanhola.
         49 – Reclamações no jornal.   “A cada enterro toca o sino na igreja do Rosário (no Centro Histórico).   Com o cemitério logo acima, o sino tocando seguidamente e irritante...  espalhando a apreensão, a mágoa e a tristeza.”
         55 – Os versinhos obscenos entremeados no livro, destacados do jornal da época da gripe.  Autor anônimo.    Li e são mais fortes que os contos do Dalton Trevisan  ( o do Vampiro de Curitiba).
         64 – Poesias no jornal, apesar da gripe.
         65 – Os bondes, parados no tempo da gripe, voltam a circular em 30-11-1918, num sábado.
         67 – Balanço dos óbitos oficialmente documentados (1918)
         Novembro     295 óbitos
         Dezembro -      89 óbitos
         Total de 384 óbitos em Curitiba com população de 73.000 habitantes.
         Total de doentes em Curitiba pela gripe:    45.249 pessoas.   Mais da metade de toda a população como se pode observar.
         O boletim é assinado pelo médico Dr Trajano Reis, responsável pelo Serviço Sanitário da cidade.
         72 – O episódio do louco no hospício que pegou a muleta de outro paciente e saiu acertando a cabeça dos que encontrava pela frente.   Formou um aranzel no hospício.     (meu pai, paulista do interior, usava o termo “aranzé”).  Um bafafá...
         Fala em certo ponto do uso do pó de arroz pelas mulheres.    Cita em outro trecho o cineasta auto didata que andou fazendo quase sem recursos, alguns filmes aqui em Curitiba.   Ele era conhecido por Maciste.   Chegou a fazer filmes eróticos por aqui.  
         Li este livro em julho de 2019 e tudo parecia tão surreal e agora estamos vivendo em março de 2020 o sufoco do covid 19 que é uma variação do vírus da gripe espanhola.     Naquele tempo, o atrapalho pelos boatos e hoje em dia os nefastos fake News que desinformam e colocam pânico nas pessoas de forma negativa.   O povo precisa de informação e muitos cuidados.     Todos nós esperando por dias melhores.                                             Março de 2020.




quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

FICHAMENTO DO LIVRO LAMPIÃO & MARIA BONITA - escrito por um Jornalista mediante pesquisa


FICHAMENTO DO LIVRO – LAMPIÃO E MARIA BONITA
Autor: jornalista Wagner G.Barreira – Editora Planeta – 2018 – 224 p.
Livro lido em março de 2019 e fichamento pelo Eng.Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida - WhatsApp (41) 99917.2552
Destaco que faz pouco tempo que estive visitando a cidade de Piranhas AL à margem do Rio São Francisco e na ocasião fomos até o local exato, do outro lado do rio, já em Sergipe, onde Lampião foi fuzilado junto com seu bando.
Já do livro – a lenda do sal. Segundo a qual um dia um do bando do Lampião reclamou da falta de sal na comida e Lampião teria mandado comprar sal e fez o cabra comer sal puro.
Página 14 – Cita o Anarquista Buenaventura Durruti e suas lutas. Inclusive dos catalães contra a Ditadura de Franco na Espanha. Buenaventura morreu em 1936 em luta, sendo contemporâneo de Lampião.
14 – Franco toma o poder na Espanha e instala uma ditadura iniciada em 1948, que perdura por quatro décadas.
14 – A primeira biografia de Lampião é publicada quando ele ainda estava nas batalhas. Tanto que ele chegou a ler a biografia e destacou as incorreções na visão dele.
14 – Estima-se em mais de 1.500 publicações sobre Lampião e o cangaço entre livros, artigos, filmes, etc. aqui e no exterior.
15 – A história de Lampião é ficção coletiva. Quem a constrói tem necessidades, convicções e ambições...
16 – A casa onde moraram os pais de Maria Bonita virou museu a partir de 2006. Fica no interior da Bahia.
16 – Documentos oficiais douram a pílula das ações da polícia no caso...
16 – “Com voz pausada, grave e baixa, deixa vazar o que interessa”. Sobre a forma de expressão de Lampião.
17 – Historiadora francesa. Coloca três certezas sobre Lampião. Pele escura, cicatrizes de batalha e um olho ruim. (usava óculos)
17 - ...”conheceu e negociou com o Padre Cícero. Tornou-se por ordem do religioso, Capitão do Batalhão Patriótico financiado com verbas do Estado brasileiro. (tentativa de se antepor à Coluna Prestes na região)
18 – Opinião de Rubem Braga (escritor capixaba): “Não creio que o povo o ame só porque ele é mau e bravo. O povo não ama à toa. O que ele fez corresponde a algum instinto do povo. Há algum pensamento certo atrás dos óculos de Lampião: suas alpercatas rudes pisam algum terreno sagrado”
21 – O pai de Lampião era almocreve e agricultor. Almocreve era uma atividade de alta confiança onde uma pessoa tinha uma tropa de animais e uma equipe preparada para longas caminhadas com riscos levando dinheiro vivo de comerciantes para compras no atacado para os referidos comerciantes.
21 – Expedita é o nome da filha de Lampião e Maria Bonita.
28 – As onze cabeças cortadas, duas delas de mulheres, Maria Bonita e Enedina, junto com as de nove do bando, incluindo Lampião. Foram colocadas como troféu nas escadas da prefeitura de Piranhas AL. (eu, leitor, estive no prédio da prefeitura que ainda é no mesmo local).
Cortar cabeça vem de longe e é uma das formas de impor grande humilhação ao inimigo abatido. E mais fácil de transportar para provar o feito.
28 – Cabeças expostas na escada da prefeitura dia 28-07-1938.
29 – Telegrama do tenente João Bezerra que comandou a chacina na madrugada, avisando da liquidação do bando.
Determinado pelo governo que as cabeças fossem enviadas para Maceió, distante 266 km de Piranhas. Na época o cortejo demorou quatro dias. Em cada cidadezinha que passavam, expunham as cabeças numa frente de igreja ou prédio público.
30 - Havia na época vários outros bandos em ação em toda a região até pela fraca presença do Estado no interior. As “volantes”, policiais itinerantes criadas para reprimir a violência rural.
31 – No caso da chacina de Lampião e seu bando houve um dedo duro. O local chamado Angico, onde houve a chacina, era na fazenda do sergipano Coronel Antonio Caixeiro, este que emprestou metralhadora para a volante policial.
32 – Coiteiro – quem dava abrigo aos cangaceiros. Positivo, nome dado a informante dos cangaceiros.
Corisco, o que escapou na chacina e era do bando, chamava a grota de Angico, onde houve a chacina de cova de defunto. Se fossem atacados, não tinham por onde fugir. (é a encosta que desce para o Rio São Francisco coberta de caatinga com muitos espinhos e um pequeno rio que não é perene. Seca em muitos períodos e do lado desse leito pedregoso, uma caverna rasa na qual estavam os cangaceiros acampados). Eu, leitor, estive no local.
33 – Sila, bem jovem, viu “luz de pilha” (farolete) longe e alertou mas acharam que era vagalume. Sila se safou.
A volante toda sediada temporariamente em Piranhas-AL para a perseguição. Eram 45 soldados armados.
34 – Os soldados, sabendo do local do esconderijo, se dividiram em quatro grupos, cada um com uma metralhadora Hotchkiss com apelido de “costureira”. Madrugada, chuviscando, nem os cachorros latiram. As tendas facilitaram a mira dos policiais. Eram14 tendas. Os sobreviventes falaram que ao todo o bando então estava em 36 pessoas no local.
37 – A polícia justificou a degola dos 11. Argumentou que havia soldados feridos e não dava para levar os corpos todos dos abatidos. E as cabeças, para comprovar que o bando não mais existia.
38 – No mesmo dia a notícia chegou ao RJ e ao jornal e no outro dia ao New York Times. (em 1938)
39 - As cabeças ficaram em vidros com formol até 1969 no Instituto Nina Rodrigues.
A neta de Lampião levou o crâneo dele e sepultou num túmulo da família em Aracaju-SE.
40 – Corisco ( vulgo Diabo Loiro), que não estava no acampamento, vingou as mortes e decapitou uma família. Em 1940 foi morto.
44 – A origem do nome Virgulino Ferreira da Silva. Do livro lunário de 1594 editado em espanhol. Fala da constelação da Virgem e disso veio o nome Virgulino. Nascido em 07-06-1897 em Serra Talhada PE.
45 – O pai, agricultor e pecuarista, que também atuava como almocreve, criava cabras, jumentos e gado e fazia pequenas roças.
46 – Na pré adolescência e mesmo na infância de Lampião a criançada brincava de lutas entre cangaceiros e as volantes (policiais). Só que não era a visão de bandidos e mocinhos, do mal e do bem. O cangaceiro era visto como quem resolve entreveros de conflitos entre famílias, etc. Eram respeitados na comunidade.
Muitos cangaceiros atuavam na comunidade como justiceiros, substituindo a justiça e a polícia que eram ausentes nos lugares remotos.
... muito comumente atuando como justiceiros a serviço dos grandes proprietários e chefes políticos da região.
46 – 1910 – naquele tempo todo mundo tomava partido dos cangaceiros. Pentes de bala cruzados no peito, armas, chapéu de couro. O sertão era uma sociedade armada.
O herói da infância de Lampião era Antonio Silvino, que foi para o cangaço e vingou a morte do pai. Era tido como o Rifle de Ouro. Se hoje em dia a criançada tem ídolos no futebol, lá pelo Sertão do Pajeú (rio Pajeú), os ídolos eram cangaceiros armados.
Silvino foi preso em 1914 e deixou de ser herói por isso.
47 – Havia a presença apenas eventual de professores no meio onde havia esse povo sertanejo. Lampião mesmo estudou três meses. Aprendeu para “ler uma carta e respostar outra”...
47 – Lampião aprendeu a lidar com couro, como fazer arreios, etc. Tocava sanfona de oito baixos e dançava bem.
A principal fonte de renda da família dele era a almocrevaria (ir fazer compras longe, na cidade, para os comerciantes locais).
Essa profissão de almocreve vem de Portugal antigo. Almocreves atuavam em longas distâncias pela BA, AL, PE e CE.
Aos 12 anos Lampião já tinha o conhecimento básico da lida com animais e o pai o achou apto a seguir numa das viagens para a cidade onde se abasteciam.
48 – Uma rota lucrativa era ter acesso à cidade de Pesqueira, até onde chegava a ferrovia inglesa que partia de Recife. (ferrovia de 200 km)
Pesqueira PE era um centro regional por ter acesso à ferrovia. Tinha fábrica de doces, curtumes (com mal cheiro danado) e cinemas que exibiam filmes mudos. Tinha também um teatro e uma orquestra. Era então a Atenas pernambucana.
A região demandava então encomendas como bolachas, cachaça, “massa do reino” (farinha de trigo), açúcar, arroz, tecidos. Imaginar um garoto da zona rural aos 12 anos ver tudo isso numa primeira viagem.
Ficou encantado por tudo que viu.
Nas sucessivas viagens como almocreve, Lampião foi conquistando contatos com comerciantes, etc. Conhecia muito bem a geografia da região e sabia caminhos e locais onde havia água, elemento escasso na região da catinga. E, claro, lugares seguros para pernoitar.
49 – A grande seca de 1915 no NE. (inclusive retratada no romance O 15 de Rachel de Queiroz). Uns 100.000 morreram e uns 250.000 migraram do Nordeste fugindo da seca.
............... continua na postagem seguinte.

FICHAMENTO - PARTE FINAL - LIVRO LAMPIÃO E MARIA BONITA - ESCRITO POR JORNALISTA MEDIANTE PESQUISA

PARTE FINAL - FICHAMENTO DO LIVRO LAMPIÃO & MARIA BONITA
51 – A família de Lampião foram 400 km de ida e volta a Juazeiro do Padre Cícero. Ao voltar, sentiram falta de algumas cabras marcadas. Acharam o couro delas enterrados no quintal da fazenda dos vizinhos, até então, amigos.
Naquele tempo não havia cercas por lá nas divisas das fazendas. Era a marca dos animais que indicava o dono. E os chocalhos (sinos no pescoço) dos animais. Era comum, se os animais invadiam a propriedade dos outros, o atingido cortava o rabo das cabras e amassava os chocalhos.
51 – Acusação do vizinho de que Virgulino havia roubado um chocalho deu treta. Tempos depois, em outra ocasião, Antonio que era o irmão mais velho de Virgulino falou que iria levar um cavalo para cobrir a mãe e a sogra do vizinho. Ofensa da maior. “No sertão, quem não se vinga está moralmente morto”.
Na primeira refrega a tiros com os vizinhos, Virgulino tinha 18 anos.
61 – Humilhante. Tomar surra com cipó de boi (feito com o pênis de boi)
63 – A mãe de Virgulino morre aos 47 anos por mal do coração. O pai dele foi assassinado numa vingança. Os irmãos, três deles, agora sem nada, resolvem vingar, matar até serem mortos.
63 –Saturnino, o primeiro inimigo (vizinho) morreu por morte natural aos 87 anos em 1981.
64 – O Lucena, da volante (policial), acusado de matar o pai de Virgulino foi perseguido por tempos, mas teve oportunidade de estar entre os que mataram Lampião. Subiu na carreira militar e depois na política. Foi prefeito de Maceió e deputado estadual. Morreu em 1955.
No sertão era mistura de índios com branco e não dava mulato. Já no litoral era branco com preto e havia os bem escurinhos. Daí surgiu entre os cangaceiros de chamarem os das volantes (policiais) de macacos.
Lampião era racista mas em muitas ocasiões teve negros entre os do bando.
73 – O apelido de Lampião teria vindo pela luz do disparo de arma de fogo continuamente em conflitos.
No auge do bando dele era o auge do cangaço como um todo. Na caatinga entre 1919 e 1927, havia mais de cinquenta bandos de cangaceiros em ação.
73 – Voz espaçada e calma. Gostava mais de ouvir do que falar. Mas sempre a decisão final era dele.
A baronesa idosa, mãe de políticos influentes e o casarão em Água Branca. Para descontar as afrontas da família dele nessa cidade e para levantar dinheiro para o bando, Lampião invadiu o casarão e saqueou joias, etc.
76 – Algumas táticas para não serem perseguidos. Varredores com galhos apagando rastros. Andar sobre pedras e andar com as sandálias (alpercatas) com a sola invertida. (tipo curupira).
77 – Dançar era só entre os marmanjos, fazendo de par na dança, a própria espingarda. E daí surge o xaxado, pelo barulho das sandálias no chão.
Quelé, que foi do bando de Lampião foi desligado do grupo e com o tempo passou a ferrenho ativista da volante à caça dos cangaceiros. Participou de 21 refregas contra o bando de Lampião.
81 – Lampião levou tiro no calcanhar, o que fez um bom estrago. Quase foi pego.
82 – Ele foi seleiro, que trabalha com couro, fazendo arreios, etc.
Nessa profissão, Lampião lançou o hábito de colocar enfeites e detalhes em couro na roupa e chapéu dos cangaceiros. Enfeites e moedas aplicados na roupa e chapéu.
85 – Cego de um olho e o acidente que causou isso. No tiroteio com a volante, um tiro acertou num cacto perto de lampião e um espinho voou e furou o olho dele. Apesar do autor deste livro dizer que há controvérsia sobre esse olho defeituoso. Consta que ele há tinha problema nesse olho desde pequeno.
O olho bom dele era o esquerdo e ele era canhoteiro. Dizia que com um olho só era até mais fácil fazer mira.
86 – Teve óculos com lentes presenteadas pela fabricante alemã Zeiss. (até pelo prestígio que ele tinha numa grande região).     Outro detalhe interessante.   Ele era tão famoso na região que chegou a fazer comerciais de Cafeaspirina para a alemã Bayer.
87 – No estado do CE ele andou por uns tempos mas até por respeitar o Padre Cícero, não fazia confrontos naquele estado.
92 – Várias vezes noticiaram a morte de Lampião. Já havia fake News naquela época.
A Coluna Prestes com 2.000 homens com treinamento militar andou pela região na época de Lampião.
95 – Padre Cícero já aos 82 anos, ainda super influente. Decidiu dar patente de Capitão do Exército ao Lampião para este ajudar a combater a Coluna Prestes se fosse o caso. O padre, para não aparecer numa aliança do bandido com o exército, procurou alguém do Poder Público federal para dar a patente a Lampião. O mais graduado funcionário público federal local era o Engenheiro Agrônomo Pedro Albuquerque Uchoa, do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. E assim fez.
Numa reunião o agrônomo foi requisitado pelo padre que ditou os termos e o funcionário público ia redigindo. Ao final o padre determinou ao funcionário: Assine! Não houve como escapar, tal era a autoridade de fato do padre Cícero. Com o documento assinado, Lampião passa a assinar Capitão. E recebe fardamento e armas modernas (fuzil mauser alemão) para si e seus jagunços. Tudo isso em Juazeiro do Norte CE, terra do padre Cícero.
98 – O médico do Crato CE, Dr Octacilio Macedo, o entrevistou. Capitão Virgulino então com anéis de brilhantes e pedrarias. Seis anéis. Na entrevista citou que matou três oficiais e mais de duzentos combatentes.
99 – Disse que respeita as famílias e quando descobre que um do bando não respeita, ele castiga. Pagava espiões inclusive. Declarou que seu bando variava de 15 a 50 homens.
101 – O padre Cícero foi candidato a deputado federal.
102 – Fase mais violenta de Lampião e ele e o bando usavam medalhas com a imagem do Padre Cícero, a única pessoa a quem ele respeitava.
104- O grande plano feito detalhado de enfrentar e derrotar todas as volantes numa batalha só, feito por Virgulino.
Chegou a sequestrar um representante da Standard Oil e outro da Souza Cruz e pediu um resgate em valor que dava para passar um ano na Europa. 20 contos de reis.
107 – A batalha envolveu 297 militares contra 72 cangaceiros.
108 – Lampião liberou o refém e fez carta ao Governador do PE a ser entregue pelo refém. Que o governo reconhecesse a autoridade de Lampião como governador do interior e o governador do Estado ficaria com parte mais para os lados do litoral. E assim haveria paz.
111 – Depois da morte do irmão Antonio pelo disparo acidental da arma de um conhecido, Lampião passou a deixar o cabelo e unhas compridas. Muitos do bando seguiram isso. Ao atacarem, o aspecto dos cangaceiros era mais assombroso.
112 – O plano de atacar Mossoró-RN. Ouvia dizer que no Banco do Brasil local haveria 900 contos de reis. Mossoró, cidade rica pelo algodão e pelas salinas. Distante 280 km de Natal com ligação por estrada de ferro. Tinha a cidade então 20.000 habitantes. Cidade com teatros, roupas vindas da Europa, mais de cem residências com piano. Houve a tentativa mas a reação foi muito forte e o bando debandou.
Na narrativa do livro fica um pouco fora da ordem cronológica a sequência de fatos e o autor coloca a morte de Lampião numa fase intermediária da obra. Destaco que no final do livro há uma extensa bibliografia citada pelo autor. Publicado no Face aos 14-02-20