Continuação –
Autor: Prof. Dr. Jessé Souza (UFF Universidade Federal Fluminense), estudos no BR, Alemanha e USA.
Página 78 – Capítulo: A Criação da ralé de novos escravos como continuação da escravidão no Brasil moderno.
78 – As cidades destaque do BR no século XIX eram Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Já São Paulo ganha depois impulso com o trabalho livre, inclusive do imigrante e da expansão da cafeicultura. Imigrantes chegaram aos milhões ao Brasil a partir de 1880.
79 – Parte da origem da nossa ralé vem do abandono dos escravos. Tornamos esses párias invisíveis até pelos estudiosos do ramo.
81 – O imigrante veio com outra condição em relação ao escravo liberto e a produtividade do imigrante era 1/3 maior que ao do ex escravo.
Por outro lado, a mulher negra conseguia muitas vezes, pelos dotes domésticos, se encaixar no mundo do trabalho mesmo junto aos imigrantes.
83 – E desde sempre, o cerceamento das expressões culturais dos negros. (língua, religiões, folclore, etc.)
O modelo era o branco europeu. Nada de cultura e religiões afro.
Colocamos desde antigamente o negro como o da desordem e marginalidade.
83 – Polícia matar pretos e pobres vem de séculos por aqui e “não é crime” na prática.
84 – Florestan defende (numa linha liberal) que a modernização se fosse mais efetiva “resolveria” o problema da ralé, dos excluídos e usa até o paralelo. Nos USA teria dado certo.
O autor discorda e destaca que nos USA há, sim, uma legião de excluídos também. Ela foi a mais radical modernização com liberalismo e tem exclusão. (cito que em NY o noticiário americano diz haver em abril/2020 70.000 sem teto)
85 - O autor defende que a inclusão não se resolve com mercado. Se resolve com “aprendizado político”.
86 – Ele elogia o conjunto da obra de Florestan Fernandes, mas o citado chama capitalismo de “ordem competitiva” e chama a ralé daqui de “gentinha nacional”. Não para diminuí-la, mas para ela se tornar visível.
87 – Florestan foi o mais longe possível para sua época.
87 – “Em países como o nosso, não há como separar o preconceito de classe do preconceito de raça”.
88 – A polícia e a caça aos PPP preto/puta/pobre tem como fundamento o apoio da classe média e da elite nessa ação.
(eu, leitor, tenho ouvido do pessoal da direita que conheço, a expressão: A polícia “baixou mais um CPF” hoje. Como algo saneador.
90 – Capítulo – Os conflitos de Classe do Brasil Moderno
A escravidão e seus efeitos passam a ser como o ponto central, e não mais a pretensa continuidade de Portugal.
O problema central deixa de ser a corrupção, que é importante combater, mas a exclusão social é o maior de todos.
90 – No Brasil a direita demonizou o marxismo e a luta de classes.
91 – “Sem a ideia de classe e o desvelamento das injustiças que ela produz desde o berço, temos a legitimação perfeita para o engodo da meritocracia individual do indivíduo competitivo”.
92 – Errado separar classes pelo Econômico, faixa de renda. A, B, C, etc. Isto padroniza pelo tamanho do bolso e é errado.
Lembra que em geral cientistas e intelectuais são da classe média.
92 – Um exemplo interessante que ele dá para mostrar que medir pelo bolso mistura perfis muito diferentes.
Um trabalhador numa indústria automotiva que ganha R$.8.000,00 por mês e um professor universitário em início de carreira que ganha R$.8.000,00 por mês. Pelo critério atual, estão na mesma classe pela renda mas o comportamento deles tende a ser todo diferente. Um tem capital cultural de caráter técnico e outro, de caráter literário. Tendem a ser vestir diferente, ver filmes diferentes, tipos de lazer diferentes, etc.
94 – Os estímulos que a criança de classe média recebe em casa para o hábito de leitura, para imaginação, o reforço constante de sua capacidade de autoestima que fazem com que os filhos dessa classe sejam destinados ao sucesso escolar e depois ao sucesso profissional no trabalho.
95 – Em criança, repetimos quem amamos. Pais operários, vamos brincar com carriolas, pás, etc. O futuro está sendo definido...
Nossa ralé não foi só abandonada. Foi também humilhada, enganada, etc.
96 – Acesso aos capitais:
Recursos materiais ( carro, roupas, casa, etc)
Recursos imateriais ( prestígio, reconhecimento, charme, beleza, etc.
Toda nossa vida é traçada levando em conta esses fatores. Te-los nos torna incluídos. Não te-los – excluídos.
97 – Capital cultural – conhecimento útil ou de prestígio. (ex de conhecimento de prestígio – pessoa culta, “letrada”)
97 – “Tudo que chamamos de sucesso ou fracasso na vida depende do acesso privilegiado ou não a esses capitais”.
O terceiro capital mais importante depende da existência do anterior desses dois (capital econômico e capital cultural). O capital social das relações pessoais.
97 – O autor destaca que praticamente toda relação humana envolve interesse e afetividade.
98 – Ele diz que os “vacas sagradas” (os bam bam da Sociologia como Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda e outros) simplificaram tudo no conceito de “jeitinho brasileiro”. Desonesto, corrupto e de dar um jeitinho em tudo – levar vantagem em tudo. Isto facilitou a todos aceitarem a Operação Lava Jato, tanto a elite como a ralé aceitaram isso.
O viralatismo foi emplacado como valendo para toda nossa pirâmide social, do topo à base; da elite à ralé. (como diz o Joelmir Beting : do focinho do leão ao rabo do rato)
100 –Além de ter dinheiro, preciso internalizar isso de forma que o meio me veja como elevado. Por exemplo. Ter gosto estético, ter inteligência (leituras, etc.)
“Um rico que só tem, é um rico bronco”. (não é bem aceito no meio)
101 – Já que o capital econômico é menos acessível e cada vez mais concentrado, a concessão tem sido de se expandir o capital cultural (estudos, leitura, etc).
O capital cultural que está mais na disputa, a classe média tenta manter isso dentro da classe, impedindo que a ralé tente entrar nessa disputa.
O detentor do capital econômico sabe que se perder todo o capital, cai. O dinheiro é algo externo ao detentor. Já o capital cultural foi de um esforço longo e foi sendo internalizado e a pessoa chega a pensar que é intrínseco a ele e não adquirido.
“Por conta disso a classe média é a classe por excelência da falácia da meritocracia”. (eu lutei e consegui, os outros que ralem...)
Só que lá desde criança, como foi visto, as condições são desiguais.
102 – É privilegio da classe média poder comprar o tempo livre para seus filhos só estudarem.
103 – Classe média, pais dão condições para estudarem e os filhos, como contrapartida amorosa, se dedicam ao estudo. Já para a ralé, que comumente não tem pai e mãe juntos, tudo é mais difícil, inclusive na escola. E a criança vê que seus pais até estudaram um pouco mas vivem na pobreza e isto os desanima.
104 – O aluno se concentrar na aula não tem genética. Tem a ver com estímulos que recebeu antes da fase escolar. Aí o filho do classe média adulto, estudado e bem empregado vê tudo isso como mérito pessoal. (se ele pode, todos podem...)
Estudo requer disciplina pessoal e autocontrole. “Sem pensamento prospectivo não se planeja a vida”.
106 – Do jeito que a ralé vive não há como ter elevadas a autoestima e a autoconfiança. Daí não tem o que passar aos filhos para encararem os desafios.
107 – A coisa é tão enraigada que... “o próprio pobre acredita em sua maldição eterna”. O pobre se sente culpado pelo seu fracasso.
108 – Os protestos nas ruas foram não contra a corrupção, mas para desbancar o PT do poder e, principalmente se recolocar a ralé no “lugar dela” como excluída. A ralé no BR é em torno de 1/3 da nossa população.
111 – Lembrou da reação da classe média à lei das empregadas domésticas. A ira dos patrões.
111 – O abandono cria a situação do homem da ralé estar perto do crime e a mulher, da prostituição.
Reclama-se da baixa produtividade da mão de obra mas essa tem a ver com esse abandono.
112 – Leonel Brizola tentou escolas melhores no RJ (tempo integral inclusive) para a ralé mas até a Rede Globo foi contra.
O PT fez um esforço nisso mas deu no que deu. A elite não aceita inclusão social.
112 - Ele fala do Brasil e o ódio mesquinho contra a ralé.
Capítulo – O Pacto Antipopular da Elite com a Classe Média
114 – As quatro grandes classes sociais:
1 – Elite dos proprietários
2 – Classe Média
3 – Classe trabalhadora semi qualificada
4 – Ralé de novos escravos.
114 – Papel importante da classe média para manter os excluídos nessa condição.
115 – A elite “compra” o poder para si. Ex. O “acidente” com o avião em que estava o Ministro Teori Zavaski. Muitas vezes a elite é sócia menor do capital estrangeiro aqui.
A elite age no sentido de enfraquecer os órgãos de apoio aos trabalhadores, quebrando a solidariedade entre estes, tornando-as mais fracas.
Humilhar a ralé inclusive com essas postagens do negro mal vestido, bêbado, banguela, etc.
Autor: Prof. Dr. Jessé Souza (UFF Universidade Federal Fluminense), estudos no BR, Alemanha e USA.
Página 78 – Capítulo: A Criação da ralé de novos escravos como continuação da escravidão no Brasil moderno.
78 – As cidades destaque do BR no século XIX eram Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Já São Paulo ganha depois impulso com o trabalho livre, inclusive do imigrante e da expansão da cafeicultura. Imigrantes chegaram aos milhões ao Brasil a partir de 1880.
79 – Parte da origem da nossa ralé vem do abandono dos escravos. Tornamos esses párias invisíveis até pelos estudiosos do ramo.
81 – O imigrante veio com outra condição em relação ao escravo liberto e a produtividade do imigrante era 1/3 maior que ao do ex escravo.
Por outro lado, a mulher negra conseguia muitas vezes, pelos dotes domésticos, se encaixar no mundo do trabalho mesmo junto aos imigrantes.
83 – E desde sempre, o cerceamento das expressões culturais dos negros. (língua, religiões, folclore, etc.)
O modelo era o branco europeu. Nada de cultura e religiões afro.
Colocamos desde antigamente o negro como o da desordem e marginalidade.
83 – Polícia matar pretos e pobres vem de séculos por aqui e “não é crime” na prática.
84 – Florestan defende (numa linha liberal) que a modernização se fosse mais efetiva “resolveria” o problema da ralé, dos excluídos e usa até o paralelo. Nos USA teria dado certo.
O autor discorda e destaca que nos USA há, sim, uma legião de excluídos também. Ela foi a mais radical modernização com liberalismo e tem exclusão. (cito que em NY o noticiário americano diz haver em abril/2020 70.000 sem teto)
85 - O autor defende que a inclusão não se resolve com mercado. Se resolve com “aprendizado político”.
86 – Ele elogia o conjunto da obra de Florestan Fernandes, mas o citado chama capitalismo de “ordem competitiva” e chama a ralé daqui de “gentinha nacional”. Não para diminuí-la, mas para ela se tornar visível.
87 – Florestan foi o mais longe possível para sua época.
87 – “Em países como o nosso, não há como separar o preconceito de classe do preconceito de raça”.
88 – A polícia e a caça aos PPP preto/puta/pobre tem como fundamento o apoio da classe média e da elite nessa ação.
(eu, leitor, tenho ouvido do pessoal da direita que conheço, a expressão: A polícia “baixou mais um CPF” hoje. Como algo saneador.
90 – Capítulo – Os conflitos de Classe do Brasil Moderno
A escravidão e seus efeitos passam a ser como o ponto central, e não mais a pretensa continuidade de Portugal.
O problema central deixa de ser a corrupção, que é importante combater, mas a exclusão social é o maior de todos.
90 – No Brasil a direita demonizou o marxismo e a luta de classes.
91 – “Sem a ideia de classe e o desvelamento das injustiças que ela produz desde o berço, temos a legitimação perfeita para o engodo da meritocracia individual do indivíduo competitivo”.
92 – Errado separar classes pelo Econômico, faixa de renda. A, B, C, etc. Isto padroniza pelo tamanho do bolso e é errado.
Lembra que em geral cientistas e intelectuais são da classe média.
92 – Um exemplo interessante que ele dá para mostrar que medir pelo bolso mistura perfis muito diferentes.
Um trabalhador numa indústria automotiva que ganha R$.8.000,00 por mês e um professor universitário em início de carreira que ganha R$.8.000,00 por mês. Pelo critério atual, estão na mesma classe pela renda mas o comportamento deles tende a ser todo diferente. Um tem capital cultural de caráter técnico e outro, de caráter literário. Tendem a ser vestir diferente, ver filmes diferentes, tipos de lazer diferentes, etc.
94 – Os estímulos que a criança de classe média recebe em casa para o hábito de leitura, para imaginação, o reforço constante de sua capacidade de autoestima que fazem com que os filhos dessa classe sejam destinados ao sucesso escolar e depois ao sucesso profissional no trabalho.
95 – Em criança, repetimos quem amamos. Pais operários, vamos brincar com carriolas, pás, etc. O futuro está sendo definido...
Nossa ralé não foi só abandonada. Foi também humilhada, enganada, etc.
96 – Acesso aos capitais:
Recursos materiais ( carro, roupas, casa, etc)
Recursos imateriais ( prestígio, reconhecimento, charme, beleza, etc.
Toda nossa vida é traçada levando em conta esses fatores. Te-los nos torna incluídos. Não te-los – excluídos.
97 – Capital cultural – conhecimento útil ou de prestígio. (ex de conhecimento de prestígio – pessoa culta, “letrada”)
97 – “Tudo que chamamos de sucesso ou fracasso na vida depende do acesso privilegiado ou não a esses capitais”.
O terceiro capital mais importante depende da existência do anterior desses dois (capital econômico e capital cultural). O capital social das relações pessoais.
97 – O autor destaca que praticamente toda relação humana envolve interesse e afetividade.
98 – Ele diz que os “vacas sagradas” (os bam bam da Sociologia como Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda e outros) simplificaram tudo no conceito de “jeitinho brasileiro”. Desonesto, corrupto e de dar um jeitinho em tudo – levar vantagem em tudo. Isto facilitou a todos aceitarem a Operação Lava Jato, tanto a elite como a ralé aceitaram isso.
O viralatismo foi emplacado como valendo para toda nossa pirâmide social, do topo à base; da elite à ralé. (como diz o Joelmir Beting : do focinho do leão ao rabo do rato)
100 –Além de ter dinheiro, preciso internalizar isso de forma que o meio me veja como elevado. Por exemplo. Ter gosto estético, ter inteligência (leituras, etc.)
“Um rico que só tem, é um rico bronco”. (não é bem aceito no meio)
101 – Já que o capital econômico é menos acessível e cada vez mais concentrado, a concessão tem sido de se expandir o capital cultural (estudos, leitura, etc).
O capital cultural que está mais na disputa, a classe média tenta manter isso dentro da classe, impedindo que a ralé tente entrar nessa disputa.
O detentor do capital econômico sabe que se perder todo o capital, cai. O dinheiro é algo externo ao detentor. Já o capital cultural foi de um esforço longo e foi sendo internalizado e a pessoa chega a pensar que é intrínseco a ele e não adquirido.
“Por conta disso a classe média é a classe por excelência da falácia da meritocracia”. (eu lutei e consegui, os outros que ralem...)
Só que lá desde criança, como foi visto, as condições são desiguais.
102 – É privilegio da classe média poder comprar o tempo livre para seus filhos só estudarem.
103 – Classe média, pais dão condições para estudarem e os filhos, como contrapartida amorosa, se dedicam ao estudo. Já para a ralé, que comumente não tem pai e mãe juntos, tudo é mais difícil, inclusive na escola. E a criança vê que seus pais até estudaram um pouco mas vivem na pobreza e isto os desanima.
104 – O aluno se concentrar na aula não tem genética. Tem a ver com estímulos que recebeu antes da fase escolar. Aí o filho do classe média adulto, estudado e bem empregado vê tudo isso como mérito pessoal. (se ele pode, todos podem...)
Estudo requer disciplina pessoal e autocontrole. “Sem pensamento prospectivo não se planeja a vida”.
106 – Do jeito que a ralé vive não há como ter elevadas a autoestima e a autoconfiança. Daí não tem o que passar aos filhos para encararem os desafios.
107 – A coisa é tão enraigada que... “o próprio pobre acredita em sua maldição eterna”. O pobre se sente culpado pelo seu fracasso.
108 – Os protestos nas ruas foram não contra a corrupção, mas para desbancar o PT do poder e, principalmente se recolocar a ralé no “lugar dela” como excluída. A ralé no BR é em torno de 1/3 da nossa população.
111 – Lembrou da reação da classe média à lei das empregadas domésticas. A ira dos patrões.
111 – O abandono cria a situação do homem da ralé estar perto do crime e a mulher, da prostituição.
Reclama-se da baixa produtividade da mão de obra mas essa tem a ver com esse abandono.
112 – Leonel Brizola tentou escolas melhores no RJ (tempo integral inclusive) para a ralé mas até a Rede Globo foi contra.
O PT fez um esforço nisso mas deu no que deu. A elite não aceita inclusão social.
112 - Ele fala do Brasil e o ódio mesquinho contra a ralé.
Capítulo – O Pacto Antipopular da Elite com a Classe Média
114 – As quatro grandes classes sociais:
1 – Elite dos proprietários
2 – Classe Média
3 – Classe trabalhadora semi qualificada
4 – Ralé de novos escravos.
114 – Papel importante da classe média para manter os excluídos nessa condição.
115 – A elite “compra” o poder para si. Ex. O “acidente” com o avião em que estava o Ministro Teori Zavaski. Muitas vezes a elite é sócia menor do capital estrangeiro aqui.
A elite age no sentido de enfraquecer os órgãos de apoio aos trabalhadores, quebrando a solidariedade entre estes, tornando-as mais fracas.
Humilhar a ralé inclusive com essas postagens do negro mal vestido, bêbado, banguela, etc.
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