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terça-feira, 4 de agosto de 2020

RESUMO DE PALESTRA DO BISPO EMÉRITO DO XINGU-PA - DOM ERWIN KRÄUTLER - O MESMO QUE ASSINA CARTA DE APOIO AOS PADRES SOBRE QUESTÕES DO BRASIL ATUAL - AGOSTO/2020

RESUMO DA PALESTRA - DOM ERWIN KRÄUTLER – BISPO DO XINGU – PARÁ (postagem em agosto de 2020)
A palestra foi realizada em 2007 (03-03-2007) quando ele estava como Bispo e atualmente ele é Bispo Emérito do Xingu-PA. Em 2007 ele esteve em Maringá para uma palestra no Auditorio Dona Guilhermina da Arquidiocese local.
Costumo anotar um resumo das falas e depois fica fácil para resgatar os temas que continuam relevantes, mesmo passado algum tempo, como julgo ser neste caso.
Dom Erwin de nascimento é austríaco e atualmente tem a cidadania brasileira. Nos anos 30 um tio dele, Eurico, já atuava como padre em Altamira no Pará. Ele então criança, aos seis anos, via em sua terra natal a família lendo as cartas do tio que atuava na região da selva amazônica e despertou nele a vontade de ser sacerdote e atuar também na Amazonia. E assim foi.
Ele é nascido em 1939 na Austria, como foi dito. Já padre, veio para Altamira-PA em 1965 . O município, como os demais naquela região, é enorme em termos territoriais e os transportes são bem complicados. Os problemas sociais e ambientais sempre de grande monta. Ele trabalhou no passado com a Missionária Irmã Dorothy Stang que foi assassinada em Altamira em virtude da luta dela e dos demais em defesa do povo e do meio ambiente.
Em 1986 um caminhão atingiu o carro onde Dom Erwin e um padre estavam, matando o padre e causando lesões que deixaram o Bispo por seis meses em recuperação em hospital. Ele supõe que aquilo foi feito de forma deliberada.
Em 2007, eram já 41 anos dele residindo em Altamira-PA e servindo à Igreja e ao povo. O desafio de, aos 26 de idade, aprender uma língua e uma cultura diferente. Lá eles chamam a Diocese de Prelazia que tem a jurisdição do tamanho do estado do RS ou duas vezes o estado de SC.
Lá o chamado inverno é tempo de chuvas e verão tempo seco e muita poeira nas estradas. Ele disse que apesar dos desafios enormes, não se sentia só na missão, pois sempre havia gente torcendo pelo sucesso da causa e Deus conosco, como disse.
Ele quando chegou ao Brasil já tinha dois tios padres atuando na Amazonia. Em 2007 era padre há 41 anos, contando o tempo como Bispo também. Nunca se arrependeu um minuto da escolha que fez. Foi 15 anos padre até 1980 e ordenado Bispo no dia da celebração da conversão do Apóstolo Paulo, dia 25 de janeiro. Ordenação em 1981.
Aos 41 anos de idade, foi sagrado Bispo, um dos mais jovens do Brasil até então. Tratou de consultar os fieis e um dos pedidos mais fortes destes foi que ele não ficasse numa escrivaninha, mas visitando e atuando no interior da Prelazia, junto ao povo, onde estão os desafios.
Em 01-07-1983 foi preso ao defender movimento dos canavieiros que estavam há nove meses sem receber salários em Medicilândia-PA. No desespero, os canavieiros cercaram a Estrada Transamazônica como protesto pacífico. Ele, em solidariedade, foi rezar uma missa lá no local do bloqueio da pista. Houve polícia, bombas de gás lacrimogênio, prisões.
Quando foram prendê-lo, a mulherada em coro gritou: Larguem ele. Ele é nosso Bispo. Nesse ato ele se sentiu novamente confirmado na sua condição de Bispo.
Destacou que era inconstitucional trancar estrada, mas ele argumentou que mais inconstitucional era não pagar salário a tantos empregados por nove meses. Em seguida foi libertado porque a polícia ficou com medo da repercussão negativa de prenderem um Bispo.
Nesse episódio ele foi consultado e disse do risco, mas o povo decidiu trancar a estrada e ele só decidiu ficar do lado do povo. Disse que colocar um episódio desses na palestra é para dar uma mostra dos desafios que enfrenta em sua Prelazia de Altamira-PA.
“Lá se vive numa guerra onde o pobre sempre tem perdido”.
Ele conseguiu articular com os Bispos para que uma Campanha da Fraternidade tivesse como Lema: Fraternidade e Amazonia. Disse que não foi fácil aprovar o tema em colegiado, até por abrir um precedente de focar uma região do Brasil. Amanhã alguém poderia propor que o foco da próxima fosse o Nordeste ou outra região e seus problemas.
A idéia era sacudir o Brasil com a Campanha para que o povo conhecesse os problemas e injustiças que lá ocorrem de longa data.
Quando fora da Amazônia se fala na região, se ouve falar em Província Mineral, etc. Só foco na economia, ou seja, o “depósito” onde só sacamos as riquezas visando o lucro.
Ecologia – vem do grego oykos, lar, casa. Minha casa é meu lar e lá eu defendo com unhas e dentes. Logia – ciência.
Na Amazônia existe gente. Muita gente. Inclusive gente do Paraná.
Os povos da Amazônia. Os primeiros são os indígenas. No século passado morreram na região índios, como morrem moscas. O índio não diz eu sou índio. Ele diz: Eu sou Caiapó. Diz a que tribo pertence.
Certas tribos não tem fonemas como o F.
Costumam alegar que o índio é preguiçoso e para quê tanta terra. Foram dizimados ao longo dos tempos.
Dom Erwin diz que se não fosse a Igreja Católica, os índios já tinham sido varridos do mapa. CNBB e CIMI Conselho Indigenista Missionário. Atuaram forte na elaboração da Constituição Federal de 1988. Foi desde a CF1988 que se reconheceu que os índios são os primeiros povos deste país e tem seus direitos.
Continua numa segunda etapa.

RESUMO DE PALESTRA DO BISPO EMÉRITO DO XINGU-PA - DOM ERWIN KRÄUTLER - O MESMO QUE ASSINA CARTA DE APOIO AOS PADRES SOBRE QUESTÕES DO BRASIL ATUAL - AGOSTO/2020

PARTE FINAL – DOM ERWIN (Bispo da Prelazia do Xingu-PA
Lutar pela demarcação das terras indígenas é garantir a Ecologia. A Amazonia do branco fica pelada, virando pasto, savana (vegetação praticamente sem árvores), estepe. Ao contrário, a Amazonia dos índios continua com floresta em pé.
O negro que vinha da África escravizado sentia o banzo, queda na vontade de viver, saudade da terra natal e cultura própria. O povo ribeirinho é uma mistura do colonizador português com o negro e o índio.
Comunidades ribeirinhas quando diziam ir ao centro, era ir à mata para se prover de alimentos, etc. Viviam em comunhão com a natureza.
O Rio Xingu tem 2.000 km. Baixo Xingu, perto da foz do rio fica de barco potente ao redor de 45 minutos da sede da prelazia.
Falou da festa popular do Círio de Nazaré onde se vê tanta gente com a fé estampada no rosto.
Quando da riqueza da borracha, a corrida dos nordestinos para a Amazonia onde havia seringueiras nativas na mata. Tempos dos Barões da Borracha. O belo Teatro da Paz em Belém do Pará (eu conheci o mesmo).
No tempo da Segunda Guerra Mundial aumentou a demanda por borracha para veículos de guerra inclusive. Tempos de riqueza com a exploração da borracha em seringais nativos da Amazonia. Os chamados “soldados da borracha” foram migrantes, principalmente do nordeste que foram incentivados pelo governo brasileiro para a região visando o incremento da produção da borracha.
Na Segunda Guerra Mundial o Brasil enviou para a guerra ao redor de 20.000 soldados. Uns 240 morreram em combate. Já no caso dos “soldados da borracha”, aproximadamente a metade morreu de malária, conflitos, etc.
Anos 70. Presidente Medici. Seca no Nordeste e o presidente General sobrevoa em seguida a Amazonia e do avião, só via mata e mais mata. Viu o que pensou ser uma terra sem presença humana e deu na telha dele a ideia de levar gente que estava castigado pela seca do Nordeste para colonizar a região amazônica.
Era tempo do poderoso General Golbery do Couto e Silva que era mentor de ideias geopolíticas no governo. Achava que precisava povoar a amazonia sem conhecer os que já viviam por lá. Visão deles de defesa do País.
Naquela época, anos setenta, as famílias nordestinas eram composta de bastante filhos, comumente mais de seis. O governo abriu a rodovia Transamazonica e fez estradas vicinais ( os chamados travessões) em espinha de peixe nas laterais em certa região e nessas estradas vicinais, dividiu lotes de terras para serem ocupados por migrantes visando colonizar as áreas. Cada travessão, estrada vicinal tinha ao redor de 5 km e nas laterais dela, os lotes rurais em abertura.
A cada 50 km mais ou menos, ao longo de parte da Transamazonica criaram as chamadas Agrovilas para os colonizadores se abastecerem.
Na primeira colonização, só 15% dos novos colonos conseguiram se consolidar na terra. Não tinham assistência médica, etc. Muitos voltaram para o Nordeste e outros incharam as Agrovilas e outros centros urbanos.
Cita a Folha de São Paulo de 10-10-1970. Matéria sobre a Transamazonica.
O Bispo Dom Erwin estava no local da inauguração citada rodovia Transamazonica e assistiu inclusive o discurso emocionado do presidente general Emilio G.Medici.
De vésperas, “pintaram” de cor de asfalto uns 5 km da rodovia só para quem fosse à cerimônia ter uma boa impressão. A rodovia era sem asfalto. O projeto de 4.300 km era de ligar a cidade de Labrea no Amazonas ao porto de Cabedelo na Paraiba. O Bispo disse que aquela obra tratada com ufanismo foi um canto de sereia. Houve uma corrida migratória para tentar ganhar a vida por lá. Hoje o que se vê no rosto do morador da região é uma mistura dos antigos ribeirinhos, mais os nordestinos e a feição também dos migrantes do sul do Brasil, inclusive muitos paranaenses que para lá migraram na época da construção da rodovia.
Ele destaca que a cidade de Altamira-PA ultimamente já teve dois prefeitos que são paranaenses cujas famílias migraram para lá em outros tempos, com ênfase na época da construção da rodovia.
Foi para alguns o trampolim para a riqueza pessoal, mas para poucos.
Período das queimadas – agosto a setembro se intensificam. Causa irritação nos olhos, asma. Visão de altas castanheiras em pé queimando à noite. Cena macabra. Quem questiona isso é inimigo e “deve” ser eliminado.
Derrubada a floresta, os grandes fazendeiros semeiam o capim para formar pasto com uso de aviões agrícolas. Jogam inclusive sobre as roças dos pequenos ribeirinhos. Força os pequenos a abandonarem suas pequenas posses.
Sobre construção de hidrelétrica na região, ele diz que no geral são menos danosas que as nucleares em potencial. Mas que no caso da amazonia, ele entende que deveria antes ouvir as comunidades atingidas e achar solução comum. Ninguém consulta a comunidade, inclusive a que vai ser remanejada pela inundação em si.
Disse que já viu esse filme antes, na construção da Transamazonica. Não se ouve o povo atingido pela obra. Ele que vive há muitas décadas na região afirmou que a estrada citada só trouxe injustiça e miséria ao povo local.
Disse que o estado do Pará é rico inclusive em minérios e entre os 27 estados em riqueza efetiva é o 23º.
Em seguida teve uma breve fala do Eduardo da comunidade de Nossa Senhora do Sião, em missão. A referida comunidade nasceu de leigos católicos de Maringá-PR e atualmente (2007) está em Rondônia e em Humaitá-AM.
Na parte das perguntas, Dom Erwin destacou que na região conta com poucos padres. Em sua Prelazia do Xingu, enorme que é, conta com 26 padres, sendo 13 diocesanos e 13 de outros países. Disse que até anos atrás, 95% dos clérigos na Amazonia era composta de estrangeiros por falta de clérigos brasileiros.
Disse que lá os índios dividem os brancos em: os que vem aqui para buscar coisas e alguns que vem para nos ajudar.
O Dom Erwin (em 2007) anda na Prelazia escoltado por dois soldados. Diz até brincando, que nunca os PM assistiram tantas missas.
(os da escolta).
Ele destacou por lá a capacidade de engajamento das mulheres nos serviços pastorais. Elas são uma rocha na missão.
Sobre como os daqui ajudarem, ele disse que buscando conhecer um pouco mais da realidade deles já é uma ajuda porque “o que não se conhece não se ama...” . Diferente do Paraná, lá o desafio tem sido bem maior para a Igreja e os colaboradores. Aceitam ajuda.
Anotações pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
(residi em Maringá por 12 anos entre 2000 e 2012 e fui inclusive Secretário da CPP da Catedral local – Comissão Pastoral Paroquial)
orlando_lisboa@terra.com.br

domingo, 2 de agosto de 2020

RESUMO (FICHAMENTO) - LIVRO - HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE DO MATE - UFPR - UNIV. FEDERAL DO PARANÁ - JULHO 2020

RESUMO (RESENHA) – LIVRO – HISTÓRIA DA UFPR - julho-2020
Nome do livro: Universidade do Mate – História da UFPr
Autor do livro: Historiador Ruy Christovam Wachowicz
Resenha pelo leitor: Eng. Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
Parte 1/5
O livro é editado pela própria UFPr Universidade Federal do Paraná no ano de 2006 e contém 222 páginas. O autor foi Professor da mesma.
Parte de Introdução do livro pela Professora Lílian Anna Wachowicz
Página 13 - O livro em si foi escrito em 1983. Ele também tem livro publicado sobre a História do Paraná.
Na introdução é dado o tom: Fazer a história chegar ao povo “é condição de cidadania”.
14 – Mensus – semi escravos. Extração do mate e madeira no passado. Houve estudos na área de história e correlatos patrocinados pela Usina de Itaipu numa contrapartida ao impacto socio ambiental na vizinhança da mesma usina que inundou terras férteis, florestas, santuários indígenas, etc.
14 – No Paraná o autor coloca três frentes de ocupação territorial. A primeira oriunda do chamado Paraná Tradicional. A segunda por migrantes de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e a terceira, do Norte do Paraná.
O viés ideológico que ele em pesquisa constatou em um cartório. Uma cidade se dizia de colonização gaúcha, mas na pesquisa, 18% do povo veio do RS e 82% de outras origens. Pela ideologia era povo gaúcho e pronto.
15 – Fez o livro e o General presidente de Itaipu pediu para ele retirar dados de que os militares em 1914 em Foz estavam ligados ao contrabando. Mas os dados eram lastreados em documentos históricos levantados em pesquisa de campo. O autor não retirou a citação e alegou inclusive que o livro foi bancado pela Universidade. Pois o livro foi lançado e o autor não foi convidado para o lançamento.
Era nos anos 80, tempos da Ditadura Militar.
15 – Auge da erva mate no Paraná foi no fim do século XIX quando o Paraná perdeu parte do território do Contestado para Santa Catarina.
16 – Ele notou no Oeste do PR questões racistas e elitistas. A região tem terras férteis e resultou em municípios sólidos.
O negócio relevante do mate há mais ou menos um século fez o Paraná (base 1984) ficar de frente para o Mar del Plata e de costas para RJ e São Paulo. O mercado consumidor era naquela região vizinha.
Mercados mais relevantes – Buenos Aires, Montevideu e mais tarde, Valparaiso no Chile.
16 – As elites do Paraná anseiam a criação da universidade após perda do território do Contestado e pelo bom desempenho do mate como negócio. Busca desenvolver lideranças. Um líder destacado foi Vitor Ferreira do Amaral. Também Nilo Cairo, que se destacava na Ciência dentro do Positivismo da época. (década de 1910)
16 – Cita Gramsci sobre cidadania: “cidadão é o especialista que domina a sua técnica e tem a consciência política do seu tempo”.
17 – UFPr – foi criada em 1912.
17 – Setores da UFPr e grupos de articulação.
Ciências Humanas liderado pelos grupos Católicos;
Setor de Saúde, liderado pelo grupo Positivista liderado por Nilo Cairo.
Setor de Ciências Jurídicas, liderado por Hugo Simas e assim por diante.
O primeiro Presidente da Comissão Organizadora para formação da Universidade foi Vitor Ferreira do Amaral. (médico)
17 – Cursos superiores iniciais – Odontologia, Comércio e Agrimensura.
Antes de 1910 se criou em Curitiba a Escola Federal de Aprendizes Artífices. Paralelamente Rocha Pombo, em 1892 criou em Curitiba uma Universidade que não vingou.
No ano de 1912 um grupo tentando criar a Universidade à parte, sem interagir com o grupo que tentava criar a Universidade que se materializou na UFPr. Esse grupo alternativo era ligado à Engenharia Militar. Nilo Cairo era médico militar. Tempo de construção de ferrovias e rodovias por militares. Muitos de alta patente morando em Curitiba.
Sorte que os líderes dos grupos se uniram e daí houve a força para a universidade sair do papel. Governava o Paraná em 1912 o Presidente Carlos Cavalcanti. Naquele tempo o cargo de governador levava o nome de Presidente.
A reunião de fundação da universidade foi as 19 h do dia 19-12-1912. A data no conjunto dá um número curioso. E 19-12 é aniversário de Emancipação política do PR que antes pertencia a SP até 1853.
18 – Mesa de honra com o Presidente da Província do Paraná, Carlos Cavalcanti; o General Alberto de Abreu e o Bispo Dom João Braga.
Lema da Universidade: Scientia et Labor.
Frase que dá o tom do empreendimento: O conhecimento liberta a mente.
O autor, daqui em diante:
21 - A Biblioteca Pública do Paraná e as edições do jornal Commercio do Paraná, este de Vitor Ferreira do Amaral. Apoio ao projeto.
22 – A lei “Rivadávia” de 1911 desoficializou as universidades do Brasil. Abriu espaço para se criarem universidades regionais. Nessa leva se criou a Universidade do Amazonas (economia da borracha), Universidade em SP (força do café) e do Paraná (força da economia do mate).
26 - Antes do Paraná perder a região do Contestado para SC, não dava atenção a ela e Santa Catarina foi se articulando pela posse. Em 1901 SC entrou no STF com a causa e ganhou o território em 1904.
.................... continua - capitulo 2/5

RESUMO (FICHAMENTO) - HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE DO MATE - UFPR UNIV. FEDERAL DO PARANÁ - JULHO 2020

SEGUNDA PARTE –
HISTÓRIA DA UFPR - Universidade Federal do Paraná
Fichamento do livro Universidade do Mate - Autor: Historiador Ruy Cristovam Wachowicz.
Página 27 - As condições de vida do povo no Paraná nos anos 1700 eram precárias. O povo praticamente vegetava. Em 1737 a Câmara de Vereadores de Curitiba documentou que por falta de condições econômicas, a população comia comida sem sal.
Que em 1797 a população vivia quase como o gentio. Nas primeira décadas do século XVIII abrem-se as rotas dos tropeiros. Incorpora os chamados Campos Gerais (vegetação típica mais baixa, mais fácil de transformar em pastagem) com foco na criação de bovinos e muares, muito valorizados na época. O tropeirismo trouxe algum progresso ao Paraná. Mas em 1813 o governo do Paraguai proibiu exportar erva mate no país onde ela também é nativa, para o Uruguai e Argentina. Estes dois países passaram a comprar erva mate do Brasil e isso alavancou a economia do Paraná.
Além de alavancar a economia do mate no Paraná, foi introduzida técnica mais avançada de preparo da erva para exportação, agregando valor à mesma. Foi Dom Francisco Alzagaray que trouxe técnicas inovadoras para o Paraná.
37 – Escola anterior no Paraná.
Em 1882 o Presidente da província, Carlos de Carvalho, convidou o artista português de 24 anos para montar uma escola de Artes e Ofícios em Curitiba. Em 1887 já sob a Presidência do Visconde de Taunay, o artista português Antonio Mariano de Lima monta a escola de Artes e Indústrias.
Ele tinha a formação de Filósofo e optou por fazer a escola pra alunos não da nobreza local, mas para a classe operária. Para rapazes e moças. Em 1898 a escola já tinha 128 alunos nos cursos de Auxiliar de Línguas e Ciências, Música, Desenho, Arquitetura, Pintura, Artes e Indústria, Propaganda e Biblioteca.
Até 30-06-1899 já tinham passado pela escola 2.448 alunos, sendo 1.482 do sexo masculino e 966 do sexo feminino. Até essa data, a escola já tinha participado de onze exposições no Paraná e uma no RJ que era a capital federal, esta em 1896. Foi premiada em 1893 na exposição em Chicago USA. Realizou muitos concertos também.
38 – As alunas e Escola Normal eram de classe alta. Por questão de economia e praticidade, o governo decidiu que estas alunas tomassem aula na escola de artes junto com as alunas desta escola. As da escola normal davam desculpas para não se misturarem. ...”por haver fúteis bailes, passeios e outras distrações...”
39 – Ano 1894 - Um nobre lança um Conservatório de Belas Artes para puxar os alunos da nobreza local para si. Migraram 91 alunos, quase todos, mulheres.
39 – O Vice Diretor da escola proletária era o médico Vitor Ferreira do Amaral que posteriormente foi o fundador da Universidade do Paraná.
39 – O português empreendedor, em 1906 teve que sair de Curitiba por causa de um marido ciumento da cidade. Foi parar em Manaus onde tentou criar uma escola nos moldes da de Curitiba. Na escola daqui ficou na direção a esposa dele como Diretora, Dona Maria Aguiar de Lima que teria sido a melhor aluna de artes da mesma escola no passado.
A escola conseguiu mandar para se aperfeiçoarem na Europa os alunos João Zaco Paraná e João Turim, ambos escultores.
Em 1910 o mesmo Paulo Ildefonso da Assunção que já tinha feito a escola de artes para os nobres da cidade, foi nomeado para a Escola Federal de Aprendizes e Artífices então criada.
A Dona Maria, diretora da Escola de Artes que tinha uma carreira de sucesso, ficou doente e teve que se afastar do cargo e a escola fechou. Deixou um grande legado ao Paraná.

.......... CONTINUA....na postagem seguinte.

RESUMO (FICHAMENTO) - HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE DO MATE - UFPR - UNIV. FEDERAL DO PARANÁ - JULHO 2020

Parte III -
RESUMO (FICHAMENTO) DO LIVRO - HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Autor do livro - Historiador e Professor da UFPr Dr. Ruy Christovam Wachowicz
Página 40 - Rocha Pombo, cujo nome completo é João Francisco da Rocha Pombo, nascido em Morretes-PR no litoral do Paraná era jornalista, poeta e historiador. Em 1891 – se lança na luta por uma universidade.
Ano 1891 – Curitiba tinha 20.000 habitantes. Rocha Pombo aos 34 anos de idade e sem dinheiro, tentou apoio oficial do governo mas não conseguiu. Ficou revoltado e era de bater de frente com os políticos. Foi político também.
Rocha Pombo foi abolicionista na escravatura, republicano na monarquia e protestante num país católico. Acabou migrando para o Rio de Janeiro e por lá ficou. Lá envelheceu dando aula e pobre na velhice, o jornal daqui fez pedido de ajuda para ele poder viver com alguma dignidade.
44 – Só filho de rico do Paraná tinha dinheiro para fazer faculdade em São Paulo e Rio de Janeiro antes da criação da Universidade do Paraná. 45 – Alguns estudantes do Paraná que tinham dinheiro iam estudar na Argentina ou no Uruguai. A intelectualidade “Tingui”. (nome de tribo indígena).
46 – Vitor Ferreira do Amaral, muito bem articulado com empresários e políticos, em 1912 levanta fundos para criar a Universidade. Feita reunião dia 11-06-1912 para dar encaminhamento.
47 –Comissionaram o jurista renomado, Dr. Pamphilo de Assumpção para organizar a Universidade. Na mesma época e sem troca de idéias sobre projetos, um grupo de militares e engenheiros de ferrovia, junto com o Médico militar Dr Nilo Cairo articula a criação de outra universidade em Curitiba.
50 – Colocam a nova universidade que está sendo criada sob o comando do Dr Vitor Ferreira do Amaral que já foi deputado estadual e tem grande poder de articulação.
51 – Os grupos de Vitor e de Nilo Cairo se juntam então num esforço comum.
53 – Houve em Curitiba na ocasião muitos grupos contra a criação da universidade. Um dos argumentos era que o ensino básico estava ruim e a este deveria ser dado mais atenção.
55 – Emblema da nova Universidade. No centro uma elipse da trajetória da terra; num lado, um ramo de carvalho – poder da vontade e do outro – um ramo de louro – o poder da inteligência.
58 – Criada em 19-12-1912, na festa do primeiro ano de criação em 1913, fizeram uma festa de impacto com todos os professores e alunos de beca e capelo, isto na presença de autoridades como o governador e tudo o mais.
61 - O primeiro endereço da Universidade foi na Rua Comendador Araujo, 42 no centro de Curitiba.
62 – Como universidade com uma diversidade de cursos, foi a primeira do Brasil.
65 – Projeto da sede da Praça Santos Andrade foi do arquiteto militar Baeta de Faria.
67 – A mudança para a nova sede. Os alunos queriam mudar com o prédio inconcluso, mas o diretor não queria. Queria com o prédio todo pronto e acompanhado de uma festa com pompa. Em 1914, num dia os alunos simularam um incêndio no prédio da Comendador Araujo e em fila indiana fizeram a mudança por conta própria.
No local onde fica o prédio histórico da UFPr tinha uma baixada encharcada, um brejo. Os alunos e empregados ajudaram a aterrar o local antes da construção do prédio. Usaram muitos restos de demolições, etc.
Página 73 - Concomitante com a fundação da Universidade em 1912, Vitor Ferreira do Amaral lutava por uma maternidade preocupado com a penúria do povo mais pobre. Já havia em Curitiba a Santa Casa.
Vitor Ferreira queria uma maternidade em outro local para que as parturientes não se expusessem aos riscos de doenças diversas atendidas na Santa Casa.
1914 - A Maternidade se instala na Rua Comendador Araujo, 42. Um dos médicos era o Dr Petit Carneiro.
79 – A Maternidade foi pela Universidade batizada com o nome do Dr. Vitor Ferreira do Amaral.
81 – Com a Lei Rivadávia de 1911, de controle estatal, o ensino superior passou a ficar sem controle algum e privados criaram fábricas de diplomas Brasil afora. Diplomas de Médico, Engenheiro, Advogado...
84 – Lei de 1915 – traz rigor às instituições de ensino. Acaba com as escolas fajutas que vendiam diplomas, mas traz um parâmetro que a Universidade do Paraná não conseguia cumprir. Teria que estar em cidade com mais de 100 mil habitantes. Os interessados fizeram um censo para verificação e chegaram a 66.000 pessoas em Curitiba da época. Como os cursos continuaram aqui na Universidade, depois se buscava o reconhecimento do diploma por outra escola que fosse credenciada. Quem conseguia o reconhecimento do seu diploma em outros estados, também ficavam habilitados a atuar legalmente no respectivo estado.
86 – O órgão federal equivalente ao atual MEC tinha então um paranaense no comando. Foi escrita uma carta ao mesmo para que interviesse em prol da nossa Universidade, via uma inspeção com vistas à aprovação. Usaram inclusive um argumento jurídico: “Não se condena um réu sem primeiro ouvi-lo”. O do MEC era o paranaense Basilio Machado e ele não atendeu ao pedido da comunidade paranaense.
90 – Na crise com a guerra mundial (1914-1918) a USP fechou e muitos alunos que já estavam cursando a mesma, migraram para o Paraná para continuar o curso. A universidade daqui era privada e paga. Muitos eram alunos de medicina e isso trouxe um reforço de caixa para nossa Universidade numa fase de crise.
90 – Situação limite de falta de recursos. Faltavam professores para uma porção de disciplinas nos cursos de medicina e odontologia. O Dr Vitor apelou para o “o que tem pra hoje”, trabalhar com o que tinha em mãos. Colocou o Dr. Petit Carneiro para lecionar todas as disciplinas em que havia falta de professores. Era aceitar ou fechar as portas.
91 – Em 1918, ano da Gripe Espanhola que causou muitas mortes pelo mundo afora e Curitiba não ficou de fora, a crise chegou a provocar a separação da Universidade em três faculdades. A de direito, a de Medicina e a de Engenharia.
92 – Em 1920 se obteve o reconhecimento da Faculdade de Direito, Depois, da Engenharia.

RESUMO (FICHAMENTO) - LIVRO - HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE DO MATE - UFPR - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - JULHO 2020

RESUMO (FICHAMENTO) - LIVRO - HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Parte IV 4/5
Página 100 – Curso de Medicina – A dificuldade para ter cadáver humano para estudos. Fizeram acerto com certos hospitais. Quando morria algum indigente, a funerária conforme entendimento com autoridades, passava com o cadáver na Universidade e lá se “preparava” o corpo antes de leva-lo ao cemitério.
105 – Cidades bem menores do que o Rio de Janeiro, Curitiba e Manaus, já tinham suas universidades não federais. A lei federal as extinguiu pois nem o RJ, capital federal tinha.
106 - Mas... em 1920, pensando em 1922 quando teria a comemoração do Centenário da Independência, o Rei Alberto Bélgica era convidado e o Presidente Epitácio Pessoa queria agracia-lo com o título de Dr. Honoris Causa, só que quem conferia esse título é Universidade e o Brasil não tinha nenhuma. O Governo federal numa canetada em 1920 criou então no papel a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Diferente daqui do Paraná que houve grande peregrinação e esforço para ver a universidade privada funcionando em 1912.
108 – Vinham alunos de São Paulo estudar medicina na Universidade do Paraná.
Um resumo da evolução histórica do Paraná.
1820 veio para Curitiba o italiano que era até então radicado na Argentina e empreendeu na parte do processamento e exportação de erva mate.
1831 – O Paraná já era relevante com sua economia.
1831 – O mate já representava 0,3% das exportações do Brasil.
1850 – O mate passa a representar 1,3% das exportações do Brasil
Evolução econômica e social. No interior a renda da colheita da erva mate e na cidade o ganho com o processamento e o comércio. O produto deu a força econômica para o Paraná, que era a chamada 5ª Comarca da Província de São Paulo, se credencia para se tornar província desmembrada de São Paulo, o que ocorre em 19-12-1853.
Curiosamente, bem antes desta emancipação, o Paraná em 1710 já foi independente de São Paulo. Depois perdeu esse status e voltou a te-lo só a partir de 1853.
A elite do mate mais a elite campeira do Paraná se distanciam de outras elites do Brasil e perdem força política no contexto nacional.
O tropeirismo no Brasil a partir do século XVIII dependia do mercado paulista e mineiro, fornecendo gado bovino e muares, inclusive para minas de ouro.
Até na parte da diplomacia brasileira, o Paraná ficava meio em plano secundário. Se defendia setores como a economia cafeeira do sudeste e a economia do açúcar do Nordeste. O foco da diplomacia era o mercado da Europa e esta não comprava erva mate.
O foco do mercado de erva mate era a Argentina e Uruguai.
1853 – Emancipação da província do Paraná e o primeiro Presidente da Província nomeado por Dom Pedro II foi o jovem baiano Zacarias Goes e Vasconcelos. Ele teria dito sobre a economia do Paraná de então. Mate, atividade de pobres na extração e de ricos na ponta do processamento e comércio.
No caso do gado, ricos eram os donos das terras e do gado.
Revolução Farroupilha. Sobe e toma Laguna – SC e instalam lá a chamada República Juliana. Invadem Lajes-SC. Agentes enviados à Villa do Príncipe (Lapa-PR). A Lapa vira o reduto dos conspiradores.
Em 1842 - Revolução em Sorocaba-SP e Barbacena MG pelos Liberais. Padre Feijó, Tobias de Aguiar e outros.
Aqui na Comarca do Paraná predominavam os Liberais. Para São Paulo quebrar possível união pela causa republicana, enviou emissário militar para desencadear o processo de emancipação do Paraná e assim desarticular a pressão republicana liberal aqui no Paraná. O emissário militar por essa causa foi agraciado com o título de Barão de Antonina. A ele coube o encargo de nomear o presidente da nova Província indicado por Dom Pedro II, no caso, Zacarias Gois.
O juiz de direito de Curitiba na ocasião da emancipação (1853) – o ervateiro Agostinho Ermelindo de Leão.
A Bahia via crescer demais a força de SP ainda com a 5ª Comarca (depois Província do Paraná) e articulou para “separar” a 5ª Comarca e reduzir a força política de São Paulo. Nesse contexto o baiano Zacarias Gois é colocado como primeiro Presidente da nova Província do Paraná.
O nome da nova província. Tudo veio de cima para baixo, sem articulação daqui e não tinham um nome para a mesma. Não se lutou por ela aqui e não se tinha um nome do anseio local. Havia o precedente do Amazonas herdar o nome do seu principal rio e então aqui temos na divisa o Rio Paraná e assim o estado ficou como Paraná.
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RESUMO (FICHAMENTO) - LIVRO - HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE DO MATE - UFPR UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - JULHO 2020 (EM CINCO ETAPAS)

Parte final -
RESUMO (FICHAMENTO) DO LIVRO - A UNIVERSIDADE DO MATE - HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Parte V - final 5/5
Como já foi lembrado, desde 1722 Paranaguá já tinha Carta Regia que lhe dava direito de comercializar erva mate com o exterior. Livre comércio.
Raros cidadãos natos do Paraná presidiram a província local nos primeiros tempos. Emancipada em 1853, só em 1881 o paranaense João José Pedrosa foi o primeiro da terra a presidir esta província. Ele lamenta que o povo daqui não tinha ousadia nem empreendedorismo. Isso depois de 160 anos do Imperador ter dado a Carta de Livre comércio para a região.
Entre 1853 e 1889, em 36 anos como Província, o Paraná teve 41 Presidentes. Depois veio a República e então passa a haver o Governador.
O Paraná pouco ajudou na proclamação da República. Aumenta o conflito na disputa do PR com SC na região do chamado Contestado. Pelo Paraná uma das raras lideranças no episódio do Contestado foi Vitor Ferreira do Amaral, membro da elite campeira nascido na Lapa-PR e que fez medicina no Rio de Janeiro. Ele dizia que na infância ajudava os escravos da fazenda da família a colher trigo, centeio, cevada.
Em 1891 Vitor foi indicado para concorrer para deputado e andou pela região do Contestado e viu in loco a falta de atenção do Paraná pela região. Classificou como “incúria criminosa” a omissão do Estado na causa.
Em 1915, já havendo a universidade do Paraná, em nosso estado só havia nove médicos aqui nascidos. Eram cinco na Lapa, dois em Curitiba, 1 em Paranaguá e 1 em Palmeira.
Advogados há havia em maior número. Na Engenharia apenas 4 paranaenses, sendo 1 na Lapa, 1 em Curitiba, 1 em Paranaguá e 1 em Rio Negro. Era clara a necessidade de ter ensino superior no Paraná.
Em 1909 o STF Supremo Tribunal Federal dá perda de causa para o Paraná no caso do Contestado e este estado perde 48.000 km de território, o que abateu muito o povo paranaense. Em decorrência, o Paraná criou uma frente de conflito por um “novo estado”, o das Missões e muitos se armaram pela causa. Nisso Santa Catarina que ganhou território ficou insegura e propôs uma negociação da área que foi do Contestado e assim ficou com 28.000 km dos 48.000 e ficou ao Paraná 20.000 km. O autor do livro diz que na história do Paraná esta foi a primeira Meia Vitória na luta do povo por uma causa.
A formação da universidade em 1912 ajudou na auto estima do povo paranaense. Em 1950 ela foi finalmente federalizada e passou a ser a UFPr Universidade Federal do Paraná.
Fim. 01-agosto-2020 orlando_lisboa@terra.com.br