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sexta-feira, 5 de maio de 2023

CAP. 10/10 - fichamento do livro de ficção - TERRA SONÂMBULA - autor moçambicano MIA COUTO

 capítulo 10/10

 

         A jovem que ficou com Quirino à noite era feiticeira.   Descobriram o caso e ela teve que ser mandada embora do local.

         Jotinha...   “ela queria me levar para outros aléns.  Quem mandara eu lhe tocar em jeito de a tornar mãe?”

         Décimo primeiro capítulo – Ondas Escrevendo estórias

         “A paisagem chegara ao mar.  A estrada, agora, só se tapeteia de areia branca.”   O velho Tuahir e o jovem chegaram ao mar na jangada, imaginária ou não.   O velho muito mal pela febre do pântano.  Antevendo seu fim.

         O jovem leva ele até as dunas e coloca-o numa sombra.  O mar à vista.

         O jovem explorando o local vê um pequeno barco abandonado.   No lado do barco, o nome de Taímo, pai de Kindzu, o dos cadernos.

         Taímo no passado partiu para o mar à deriva, sem destino para se sepultar nas águas.

         Tuahir pediu para Muidinho coloca-lo no barco e solta-lo à deriva no mar.   Se findar no mar.

         Taímo, pai de Kindzu também é o nome da canoa com foi dito.

         Falta ler o último caderno de Kindzu e o menino que ler para Tuahir e este diz que é para o garoto ler sozinho o caderno final.

         O velho esperando a maré subir para ele se colocar na canoa e partir de vez.    “O mar está sossegado, nem parece que ali está a acontecer uma despedida.”

         O velho pergunta ao garoto se era verdade o que este linha lido, se não escondeu ou aumentou alguma coisa.   O garoto ficou surpreso e afirmou que nada alterou.

         Aí o velho mudou de ideia e resolveu ouvir a leitura do último caderno de Kindzu.    “Agora me comece a ler”.

         A maré sobe e carrega o barquinho com Tuahir.   “Começa então a viagem de Tuahir para um mar cheio de infinitas fantasias”.

         O último caderno de Kindzu      - As páginas da terra

         “Depois de Elzinha, nenhuma esperança me restava”  (de encontrar Gaspar, o jovem filho de Farida).     “Estava perdido o amor.   Farida não aceitaria a minha falta de promessa.”

         Antoninho, empregado de Assane, foi visitar Farida no navio naufragado.   Ela disse que iria com o barquinho dele, acender o farol que há tempos estava apagado.   Ela achava que se o farol voltasse a funcionar, outros navios viriam e ela conseguiria partir.

         Ela no farol e tudo lá explode – pela narrativa de Antoninho.

         Nesse episódio, Farida teria morrido.   Kindzu ficou em dúvida com esse relato do farol.   Farida era uma das duas gêmeas, das quais uma tinha que morrer para desfazer o feitiço.    A outra era a esposa do administrador.

         Kindzu desabafa:   “É isso que desejo:  me apagar, perder a voz, desexistir”.   Ainda bem que escrevi, passo por passo, esta viagem.   Assim escritas estas lembranças ficam presas no papel, bem longe de mim”.

         O feiticeiro e seu discurso a uma legião de seguidores desvalidos...  falando das guerras e suas consequências.   “Vós vos convertesteis em bichos, sem famílias, sem nação.   Porque esta guerra não foi para nos tirar do país, mas para tirar o país de dentro de nós”.  

         “Agora a arma é a nossa única alma”.      ...

         “E até os miseráveis serão donos do nosso medo, pois vivereis no reino da brutalidade.      ....”aceitemos morrer como gente que já não somos.   Deixai que morra o animal que esta guerra nos converteu”.

         Na mágica do feiticeiro, terminada a fala, colocou um líquido sobre cada um da multidão que o seguia e estes se transformaram em bichos.  Estes que partiram para o mato.

         Nesse ambiente surreal aparece Junhito (em sonho), que ficava no galinheiro para não ser requisitado para a guerra.   Ele foi cercado pelo povo e as autoridades.  Nisso Kindzu se viu com uma zagaia (um tipo de lança afiada) na mão e roupa de naparama.   (os que lutam por seu povo sofrido).

         “Me identifiquei: eu era um naparama!”     Nesse universo lúdico apareceu também a mãe de Kindzu e de Junhito com um filho pequeno no braço.    Logo que se viram, em seguida foram se esconder na mata e Kindzu ficou só.   Tudo poderia ser parte de uma magia, de um sonho.

         ... “a estrada me desencaminhou”.

         “O destino o que é senão um embriagado conduzido por um cego?”

 

         Fim                                         maio de 2023

quarta-feira, 3 de maio de 2023

CAP. 09/10 - fichamento do livro de ficção - TERRA SONÂMBULA - autor moçambicano - MIA COUTO

 capítulo 09/10

 

         Virginia está velha e parece desmemoriada, mas sabe que tem conta no banco com valores expressivos.    Não assina nada que possa colocar em risco as economias dela.   Não é de rasgar dinheiro, portanto.    

         Ela já mistura tudo nos personagens das estórias que conta.    No caso do barulho normal das crianças ao redor.   Ela ralha:   - “Vocês com vosso barulho nem me deixam ouvir a voz de Deus.     Se calhar; até já me mandou descansar, nem dei por isso...”

         Kindzu foi falar com Virgínia para buscar notícia de Gaspar.  A velha contou que ele esteve por lá, ficou uns tempos, soube da história dele, do caso do Romão com a Farida, mãe de Gaspar.   Depois ele fugiu e pode ter ido morar com a tia Elzinha.

         ... Romão, falecido, retorna à casa e conversa com o administrador.   Tem um plano para ambos montarem um negócio com dinheiro de Virgínia que já está bem velha.

         Romão pergunta sobre sua viúva:    -“Mas a gaja está assim tão velha?”

         - “Na pele dela já há lugar para mais nenhuma ruga”.

         Carolinda, esposa do administrador apareceu e pegou o marido envolvido nessa tentativa de tramoia com Romão.

         Ameaçou denunciá-lo.   “O administrador era uma simples ausência.  Carolinda não lhe guardava nenhum afeto”.

         Carolinda repetia:  “O casamento dela não fora prematuro.   Fora pre- imaturo”.

         Carolinda sentiu muito ciúme quando seu marido começou a arrastar asas para os lados de Farida no passado quando ele já era marido de Carolinda.

         Um dia Farida partiu para Matimati.    ...”pela loucura de embarcar num navio encalhado”.

         Décimo capítulo -  A doença do pântano

         Muidinga andando no pântano e de surpresa encontra um pequeno pastor desconfiado.    Medo de ladrões.

         “Timidamente, despontam os primeiros fios de conversa e os dois se vão confiando”.

         O causo do boi distraído que se apaixonou por uma garça.    “Tudo era pretexto, fosse o estremecer de uma folha, fosse o farfalinar de uma borboleta tricotando seu voo”.

         Tuahir pegou febre do pântano e está doente.   Os dois de jangada procurando chegar no mar.  “À medida que a jangada avança no mangal o rapaz vai medindo o quanto afeto guarda por aquele homem.   No fundo, o velho foi a sua família, toda a sua humanidade”.

         Chegando de jangada ao mar.  Tuahir agonizando, busca a aproximação do rapaz.  “Dois medos em si se juntam:  o de tocar em Tuahir e o de se deitar com a morte”.   O velho morre em seguida.

         Décimo caderno de Kindzu  - No campo da morte

         Kindzu e seu guia, depois de constatar que Virgínia não está bem das suas faculdades mentais, partem para procurar a tia Elzinha de Farida para tentar obter notícia de Gaspar, filho de Farida.

         Encontram Elzinha no campo de refugiados na extrema miséria.

         Kindzu conversa com Elzinha e ela fica sabendo que ele está com um colar.   Elzinha conhece aquele colar e este indica que Carolinda, esposa do administrador é a irmã gêmea de Farida.    Isso na crença do povo local sobre gêmeas traz grande desgraça ao povo.

         Carolinda incitava o marido a mandar eliminar Farida que estava no navio para quebrar o feitiço das gêmeas.   Sobre Carolinda:   “O demônio de não ter sido ela a menina escolhida para a vida”.

         A vidente no campo de refugiados que tinha visões mágicas.   E o povo acreditava nas miragens dela.   Um dia ela anunciou uma chuva de farinha de milho  (Shima na língua local).

         “Os habitantes nela criam e descriam.  Fingiam que sabiam ou sabiam que fingiam?”

         Todos deixavam as panelas de boca aberta no campo de refugiados para aparar a chuva de farinha de milho.

         Durante a noite, Kindzu se enrolou com Jotinha, mas quem consumou o ato com outra jovem do campo de refugiados foi Quirino.   Pela crença local, um de fora, novo no local, se envolver e se deitar com alguém do campo traz muito azar.      Rachavam as panelas... pelo feitiço.

         Próximo capítulo 09/10

segunda-feira, 1 de maio de 2023

cap. 08/10 - fichamento do livro de ficção - TERRA SONÂMBULA - autor moçambicano - MIA COUTO

 capítulo 08/10

 

         Após décadas da morte do antigo colono Romão, Quirino visita a casa abandonada que foi do seu patrão e onde trabalhou.   O defunto se levanta do caixão na casa.

         “- Os meus sapatos?”

         “Pelos modos grosseiros se via que, em sua permanência pelos lados da morte, ele não se encontrou com nenhum deus”.

         - “Sacana de pretos: gamaram-me os sapatos”.    O morto tentando caminhar.    “Esquecera a ciência de caminhar, demorou a acertar com as pernas”.

         Quintino pensando do morto...    “devemos deixa-lo em sossego.  Ele está em seus primeiros passos na eternidade”.   “Esses defuntos estão ainda a aprender a serem mortos”.

         O ex patrão andando de pés descalços.    Normal para os nativos, mas raro para os colonos portugueses por lá.    Os pés...  “Eles ali estavam, mal acordados, soletrando o chão”.

         A casa vazia.   “Assim vazias, as casas são sempre muito enormes”.

         O colono cobiçando a ex mulher, Salima, mulata.    “As pretas, Deus me proteja.   Mas as mulatas, essas quem as concebeu?  Não fomos nós, portugueses?  Pois então temos direito a petiscar essas lascivas carnes”.

         Parte pra cima de Salima.    “Sempre sem grande namoro, o Romão rumando direto no corpo de Salima”.

         Romão pergunta por Farida a Quirino.   Esta com quem ele teve um caso – um estupro.   Quirino sabe da Farida mas não revela.

         - “Se não confessas, eu carrego-te comigo para os infernos”.     ...”Quirino olhava para Romão como o milho olha para o pilão”.

         Nono capítulo -   Miragens da Solidão

         “Olhando as alturas, Muidinga separa as várias raças de nuvens.  Brancas, mulatas, negras.”

         Muidinga propõe um jogo no qual ele seria o jovem Kindzu e Tuahir seria Taímo, o bêbado pai de Kindzu.    A brincadeira foi aceita pelo velho.

         Num certo momento o garoto está juntinho do pai.  Os dois percebem o quanto faz falta o carinho das pessoas.

         Vem no pensamento do jovem a figura do pai dele que não foi afetuoso com ele na infância e fica com raiva dele pela lembrança.

         “Afinal, nunca ele lhe cobria dos frios, nunca ele o empurrava para fora da tristeza”.

         No jogo ...   as transformações e os sentimentos de pai e filho.

         “Seu pai estava ali, grande, sem mentira”.  “Pela primeira vez alguém lhe dava abrigo.   O mundo se estreava, já não havia escuro, não havia frio”.

         O velho passa a fazer palhaçadas para agradar o menino.   Este fica feliz como se criança fosse.

         Nono Caderno de Kindzu  -  Apresentação de Virgínia

         Quirino, o guia cachaceiro, no dia da partida deu o cano em Kindzu.

         Explicou depois:  - “Hoje sou cobra com cócega na barriga: não saio do lugar”.

         Virgínia, viúva de Romão.   “Branca de nacionalidade, não de raça.  O português é sua língua materna e o makwa, sua maternal linguagem... “     Os meninos negros lhe redondam a existência se empoleirando, barulhoso, no muro.

         “Dentro do quintal, tudo é bravio.   Silvestram-se as flores, mais espinhos que pétalas.  Os capins já lhe chegam pelos ombros”.

         “- Não é a relva que cresceu.   Fui eu que adminui.”

         Sobre a viúva Virgínia, no olhar dos vizinhos:     “A velha durava mais que a validade de seu corpo”.

         Uma ocupação dela: “criava sapos no quintal”.   Caçava moscas, tirava as asas e alimentava os sapos.    Ela se preocupa se um dia morresse, quem iria cuidar dos sapos?   Afinal, ela tinha alguém que se importaria com ela.

         As crianças da vizinhança chamam Virgínia de avó e tratam ela com carinho e lhe pedem até para contar estórias.    “Virgínia sorri.  Eles lhe chamam de avó.  Como ela se embeleza com aquela palavrinha:  avó!”

                           

                   Continua no capítulo 09/10

sexta-feira, 28 de abril de 2023

CAP. 07/10 - fichamento do livro de ficção - TERRA SONÂMBULA - autor moçambicano MIA COUTO

Capítulo 7/10

 

         No bar, o magrelo Quintino tinha levado um murro, já bêbado, e dormia na calçada.  Ao fechar o bar  ...”Alguém puxava Quintino pelos braços.  Depositavam-lhe na calçada, ele estava destinado a dormir sob o lençol de estrelas”.

         A prostituta cega avisa o jovem que o Quintino era quem poderia ser o seu guia na mata com seus perigos, na busca de tentar encontrar Gaspar.

         Carolinda (esposa da autoridade municipal) aparece à noite toda provocante e atraente.  O jovem lembra da sua Farida e o romance que rolou entre ambos.   ...”Ou será que o fogo do desejo faz semelhar toda mulher?”

         Ele teve um caso com Clarinda.

         Capítulo oito – O Suspiro dos Comboios  (trens)

         O velho ao miúdo, perdidos na estrada, se abrigando no ônibus carbonizado.     

         - “Lhe vou confessar.  Eu sei que é verdade:  não somos nós que estamos a andar.  É a estrada”.

         As andanças deles pelas matas perto do ônibus carbonizado .... “ era só fingimento”.

         “Tudo aconteceu na vizinhança do ônibus carbonizado”.   Siqueleto, o fazedor de rios, as mulheres dos gafanhotos...   “Era o país que desfilava por ali, sonhambulante”.

         O velho e as lembranças das antigas viagens de trem.   “O velho se lembrava, olhos quiméricos”.

         - “Você alguma vez escutou a fala do trem?

         - Nunca, tio.

         - É bonito de se ouvir.

         O velho trabalhava numa estação do trem antes da guerra.   Esta chegou e os trens pararam de circular.   Por muito tempo o velho continuou cuidando da estação na esperança de que o trem um dia voltaria.

         O velho guardava no bolso o apito que usava na estação.   Dá o apito de presente para o menino.

         ... “Digo isso porque já perdi a esperança.”  (do trem voltar e a guerra terminar)

         O velho pede para o menino ler os cadernos que acharam no ônibus.

“Dividissem aquele encanto como sempre repartiram a comida”.

         “Ainda bem que você sabe ler, comenta o velho.  Não fossem as leituras eles estariam condenados à solidão”.

         O velho que antes recusava, ouvindo a leitura, resolve limpar o local do ônibus onde se abrigavam na estrada.   Recolhe as cinzas dos mortos que estavam no ônibus.  Espalha as cinzas no campo para quando chovesse, elas ajudassem as plantas a crescerem.   Vida e esperança renascem no velho.        

         Oitavo caderno de Kindzu – Lembranças de Quintino

         O jovem Kindzu foi cedo ao bar para encontrar Quintino, o bêbado, indicado para ser seu guia.   (indicado pela prostituta cega...)

         O bêbado pousou na rua.   Cedo...   “Um homem rebocava Quintino, carregando-lhe às forças”.   O magrinho não resistia:  seus passos é que não encontravam as pernas”. 

         ... “toda direção do embriagado é sempre conveniente.”   Seja qual rumo for, não faz diferença...

         Quintino da delegacia com Kindzu que passou a noite com a mulher do manda chuva do lugar.

         Quintino bêbado, chorando na delegacia.  “Tinha bebido tanto que as lágrimas cheiravam a álcool”.

         Pena do amigo bêbado.   “O mesmo álcool que ontem lhe fizera corajoso, hoje lhe atirava nas valetas”.

         No tempo colonial, Quintino foi empregado na casa do português Romão Pinto.    Na revolução, mataram os donos da casa e enterraram na casa.    Um dia, Quirino invadiu a casa dos ex patrões para “nacionalizar” algum bem que lá encontrasse.   Surrupiar.

         Romão foi fazendeiro e plantava algodão.   Perdida a revolução pelos portugueses, Romão incendiou as próprias lavouras para estas não ficarem nas mãos dos adversários.

 

                   Continua no capítulo 08/10 

quarta-feira, 26 de abril de 2023

CAP. 06/10 - fichamento do livro de ficção - TERRA SONÂMBULA - de autoria do moçambicano MIA COUTO

 capítulo 06/10                            abril de 2023   (a leitura)

 

         Farida e Kindzu há tempos no navio encalhado.   “Uma coisa me certificava:   Pouco a pouco eu me amarrava à presença daquela mulher”.   E ele sabia ao mesmo tempo que o seu destino era outro.

          “Minha missão era contra.     .. eu não podia esquecer meu original motivo: ser um naparama.   (lutar ao lado dos guerrilheiros por justiça junto ao povo nativo).

         “Eu estava parado naquela mulher.. “.    Um dia os dois se afagaram pra valer.

         Logo depois, se despediram e ele levou a promessa de achar o filho da Farida e de traze-lo de volta a ela.

         Sexto Capítulo – As mulheres em rituais

         Elas e somente elas, secretamente, sem poderem ser vistas pelos homens, em ritual na roça, fazendo benzimentos ancestrais para espantar gafanhotos em bando que destroem tudo.  E por acidente, o jovem Kindzu apareceu no meio do ritual e estragou tudo.   Elas vieram pra cima dele e puniram inclusive fazendo sexo coletivo com ele.   Ele que não falava a língua do dialeto local e ficou sem entender o caso.

         Sexto Caderno de Kindzu   -  O regresso a Matimati

         Lugar beira mar.    “Minha única posse era o medo”.

         Ele e Farida no navio encalhado.    “Nosso mundo, meu e de Farida, tinha o tamanho de um navio”.

         Ele de barco voltando à terra depois de ter o caso com Farida.

         “Aquelas visões, dias antes, já tinham estado nos meus olhos”.  Porém agora tudo me parecia mais cheio de cores, em assembleia de belezas”.

         O jovem desembarca em Matimati e começa a procurar o filho de Farida.   Encontra na praia o amigo Antoninho que era ajudante na loja do indiano amigo de Kindzu na infância.   O indiano comerciante que falou que iria abandonar o país no passado quando puseram fogo na loja dele.  Agora o indiano tem nova loja e não abandonou Moçambique.

         Andando entre os estranhos, se lembrou de conselho do pai:  “Agora somos um povo de mendigos, nem temos onde cair vivos”.    ...”mas você, meu filho, não se meta a mudar os destinos”.

         “Um sonâmbulo como a terra em que nascera”.

         ... Assim, sócio  da loja, mostrando a casa.  ...”seguia em frente, exibindo as demais bocas com as quais tinha que repartir o pão”.

         Farida está jurada de morte porque viu e conhece os saqueadores do navio naufragado.   Gente do povo dela.

         Assane (sócio do indiano) entra  de sócio só de fachada, pois todo capital da loja é do indiano.   Assane que é da terra, figura como dono da loja para esta ser aceita na comunidade local.   Por isso, corre risco por hospedar o  indiano, mesmo que temporariamente, em sua casa.

         Assane revela ao jovem que vai ser sócio de fachada do indiano mas não gosta dele nem da raça dele.  Diz que mais adiante ele “nacionaliza” a loja para si e dá um pé no traseiro do indiano.   Assane é um garrafeiro, bebe muito.

         A sociedade local (em decorrência das guerras) está sem configuração e sem comando.   (primeiro, anos 70 para sair do jugo de Portugal e depois em guerra civil pelo poder local)

         “Os chefes aqui andam de ombros tão elevados que já não escutam o bater do coração”.

         O rapaz perguntou a Assane sobre mulheres.  O outro retruca.   “Divagou sobre mulheres que ele dividia em mais ou menos putas”.

         Ao reencontrar o amigo indiano.    “Magrecera, o corpo lhe fugia dentro da roupa”.        

         No momento de inauguração  da loja apareceu um bando de pessoas, atacou, incendiou a loja completamente.

         Sétimo Capítulo  -  Mãos sonhando mulheres.     O velho que caminhava a ermo pela estrada há tempos com o jovem, percebe neste a atração por mulher.   Acha um jeito de ajudar o garoto na realização de fantasia sexual naquele lugar ermo.    Evocando pensamento em mulheres que conheceram.

         Sétimo Caderno de Kindzu      Um guia Embriagado

         Duas horas de luz no bar, antes de desligarem o gerador.   “Muitos aproveitam as duas horas de eletricidade que o gerador da administração distribuía pelo povoado, se agremiavam na cervejaria, a juntar conversa, amolecendo fraquezas em voz alta”.

         Entre os que bebericavam no bar, estava Abacar.  “Sério como uma segunda feira...”.

         O rapaz, forasteiro, no bar tentando achar um guia mateiro para ajuda-lo a encontrar Gaspar.    Mato cheio de combatentes armados.

         Uma prostituta cega chega no bar e fica entre os bêbados.   Ela fica sabendo que o jovem forasteiro procura um guia para a busca.   Ela dá um conselho:    “Encontrarás o miúdo, mas fica proibido de lhe dar caneta ou enxada.   Isso não dá vida para ninguém.   Vale a pena uma arma, estrangeiro”.

        

         Capítulo 7/10

domingo, 23 de abril de 2023

CAP. 05/10 - fichamento do livro de ficção TERRA SONÂMBULA - de autoria do moçambicano MIA COUTO

 capítulo 05/10

 

         O padre aconselhando a moça.  

         “O mundo não tem nenhuma utilidade.  A felicidade só cabe no vazio da mão fechada.   A felicidade é uma coisa que os poderosos criaram para ilusão dos mais pobres”.

         Trouxeram ela de volta para a casa de Romão e Virgínia.   Ela tinha viajado.  À noite, Romão invadiu o quarto dela e a violentou.   A moça grávida do português.   Seria filho rejeitado pela comunidade.

         Uma pessoa aconselhou ela a usar a lenda da criança negra que nasceu albina porque foi atravessada por raio quando estava no útero da mãe.

         “Nascida gêmea primeiro, agora mãe de um albino:  ela era a pior das leprosas, condenada para sempre à solidão”.

         Logo que a criança nasceu, ela entregou o menino numa Igreja.  Não mais foi ver o filho.   Muito tempo depois, Farida vai ao convento em busca de notícia do filho.   A freira fala que o menino Gaspar é menino triste.  “Nunca em sua face foi visto rabisco de sorriso”.

         Farida vai até o navio encalhado e saqueado.   Agora o navio está abandonado.  Ela fica no navio esperando que os donos venham resgatá-lo e ela consiga partir para longe.

         No navio abandonado, ela encontra o jovem Kindzu.

         Quinto capítulo   -   O fazedor de Rios

         Muidinga pensativo sobre a morte do Siqueleto.   O velho e o jovem caminhando e o velho pensando nos velhos tempos dos amores.   E dá um conselho ao jovem.

         -“Se um dia se casar-se, escolha mulher feiona, dessas que os outros nunca invejam”.

         O velho andando na mata com o jovem, encontra um velho amigo e colega de trabalho dos tempos coloniais.   “Cada um puxa sua lembrança, em suave escorrer, rindo mesmo dos mais tristes momentos”.

         O velho solitário cavava buscando formar um rio.   Enfrentando solo pedregoso.   “Esperto é o mar que, em vez da briga, prefere abraçar o rochedo”.

         Argumento de Tuahir sobre o amigo.    ...”não está maluco, não.   O homem é como a casa:  deve ser visto por dentro!”.               

         O sol forte e a seca na savana.   (tipo de vegetação baixa africana).

         “Até o capim que não tem nenhuns pedidos, até o capim vai miserando”.

         O velho e o jovem na estrada procurando um rumo.   “Muidinga começa a desconfiar das certezas do seu guia”.  O jovem:   “Ele pensamenta, fiando conversa”.   O que é perder-se, ao fim e ao cabo?  Muita gente, acreditando ter a certeira direção, nasce já equivocada.  E acaba barateando a prosa.

         Quinto Caderno de Kindzu  - Juras, Promessas, Enganos

         Farida, desiludida, fica no navio encalhado sonhando um dia partir para longe.   Ela e Kindzu no navio.    “Não mexia.  Só ela sentia o navio ceder.  Naquele destroço o tempo parecia também naufragado”.

         Farida e Kindzu queriam partir, mas cada um com seu objetivo.

         “Ela queria partir para um novo mundo, eu queria desembarcar numa outra vida”.    Farida pediu ao garoto que fosse procurar o filho dela, Gaspar.

         “Hei de levar Gaspar comigo”.    O filho de Farida estaria então com quatorze anos.

         Farida e Kindzu há tempos no navio encalhado.   “Uma coisa me certificava:   Pouco a pouco eu me amarrava à presença daquela mulher”.   E ele sabia ao mesmo tempo que o seu destino era outro.

 

                   Continua no capítulo 06/10

quinta-feira, 20 de abril de 2023

CAP.04/10 - fichamento do livro de ficção - TERRA SONÂMBULA - do autor moçambicano MIA COUTO

 

capítulo 04/10

 

         “Você ainda continua com essa mania de encontrar seus pais?”   Está proibido!  Ouviste?”

         A fome e a sede fizeram os dois entrarem na mata em busca de comida e de água.   O velho não via nada a perder.  O menino tinha medo de perder os cadernos com os relatos do menino Kindzu.

         A fome...   “fazendo-os arrotar o seu próprio jejum”.

         A história que o velho contou ao menino.   Aldeias arrasadas, seis crianças mortas.   Ordem de enterra-las.  Uma delas, ainda viva.   O velho não deixou enterrar essa criança.  Os homens protestaram e ouviram ele dizer:  “É meu sobrinho.  Perguntaram.  E você cuida dele?    Sim, eu lhe trato.

         O menino ficou quase morto por fome e por comer mandioca azeda.  Lá eles chamam essa mandioca que contem ácido cianídrico HCN de maquela.

         O menino quase morreu mas no outro dia se restabeleceu.   O velho ficou comovido.  Teve mais carinho pelo menino do que lembrança dos próprios filhos.   E o velho disse:   - “Tu vais chamar Muidinga, decidiu”.  Mesmo nome do filho mais velho de Tuahir, filho que já morreu.

         Capítulo – Terceiro Caderno de Kindzu   - Matimati, a terra da água

         O navio naufragado e o do barquinho bisbilhotando o navio.  Surge uma mulher.   “A beleza daquela mulher era de fazer fugir o nome das coisas”.

         Quarto capítulo – página 63 do livro – A lição do Siqueleto

         Cacimbo seria o orvalho.   Vegetação orvalhada.

         Um estranho velho solitário que ficou numa aldeia onde todos fugiram da violência da guerra.   O velho caçou os dois caminhantes numa armadilha cavada no solo e os levou para casa.   O velho não tem dentes.

         Insulta os dois aprisionados.  “Vocês são fugistas, nosso mal está nos dentes”.  São os dentes que convidam à fome.  É por isso que retirei toda a dentaria”.  Guarda os dentes numa lata.

         O velho e o menino presos na rede.   O velho preso conta uma grande história de guerra e de paz para seus povos.   O desdentado se aquieta e dorme.

         O menino fica surpreso com as palavras do seu velho companheiro.  Tuahir pergunta ao amigo.

         - “Acreditaste em mim?   Fizeste bem.  Te dou um conselho:   não confiem em homem que não sabe mentir”.

         Quarto caderno de Kindzu   - A filha do céu.

         Farida teve muita má sorte.       Na crença se sua gente, nascer gêmeo é sinal de grande desgraça”.

         Farida, uma das gêmeas que foi criada pelo casal de portugueses.   Isto porque a mãe das gêmeas teve que “dar fim” numa delas e descartou Farida.

         Farida quando já mocinha, criada por um casal de portugueses.  Ele de olhos gulosos nela.   Virgínia, a esposa do português, sofria de saudade dos parentes de Portugal.   Desenhava fotos deles.  Sobrepunha as fotos que desenhava como se eles tivessem visitado ela.

         “As fotos sobrepostas traziam novas verdades a uma vida feita de mentiras”.    Virgínia um dia contou sua vida para Farida e depois pediu a ela para escrever cartas como se fossem os parentes da portuguesa.   As cartas depois eram lidas por Farida para Virgínia escutar e esta se emocionava muito.    Tanto que até Farida ficava emocionada e quase nem acreditava que o que ela inventava mexia tanto com o sentimento da portuguesa.

         Escondida do marido, um dia Virgínia entregou Farida para o padre leva-la para a Missão.  Já sentia que não podia mais cuidar da moça.   E a chamou de filha pelo carinho que tinha por ela.

         Passado um tempo, o padre percebeu que Farida gostava muito de retornar para sua terra, seu povo.   O padre aconselhando a moça.  

         “O mundo não tem nenhuma utilidade.  A felicidade só cabe no vazio da mão fechada.   A felicidade é uma coisa que os poderosos criaram para ilusão dos mais pobres”.

 

         Continua no capítulo 05/10