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terça-feira, 2 de abril de 2024

Fichamento 19/22 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 19/22

         Sobre o artigo de 2017 de Haddad:    “...Bem mais tarde eu soube que o Putin e Erdogan haviam telefonado para Dilma e Lula com  o propósito de alerta-los sobre essa possibilidade  (da revolução colorida no Brasil nos moldes do que fizeram na Turquia etc) ...Tenho para mim que  o impeachment de Dilma não ocorreria não fossem as jornadas de junho”

          Há vários estudos acadêmicos sobre as passeatas de 2013 no Brasil inclusive citados no blog Duplo Expresso de Romulus Maya e no blog cinegnose de Wilson Ferreira.   O autor cita livros também sobre o tema.

         Página 257 do livro.

         “A pesquisadora Isabela Kalil identificou pelo menos 16 grupos diferentes que atuavam nos protestos.    ...”é um processo de dissonância cognitiva e viés de informação”. Já sabemos que é disso que trata uma Opsi (Operação Psicológica), afinal ninguém aqui está falando que não houve rua.  Nem que não houve manifestação...”

         Na campanha Bolsonaro versus Haddad a direita lançou aquela do código binário amigo-inimigo e o inimigo era Haddad e o PT, arrastando junto o tal comunismo, militância etc.

         ...”O aspecto simétrico da relação amigo-inimigo é central pois como se verá, parte da eficácia do mecanismo populista advém da canibalização...” ... bolsonaristas...    quanto mais percebemos absurdos que foram e estão sendo feitos, mais a base convertida intensifica sua ligação com o consórcio bolsonarista”.

         O governo Bolsonaro ...  “a coisa é feita para ser assim.   O governo da Guerra Híbrida é o da contradição fabricada, da dissonância cognitiva e do viés de confirmação, da guerra psicológica”.

         (daí o clima de ódio que eu percebia o tempo todo daquele governo que dava um motivo atrás do outro para isso, infelizmente)

         ...”a Operação Militar realizada envolveu três elementos conectados:

  a – a camuflagem.  “Ninguém percebeu que havia militares agindo no sentido de provocar um conjunto de dissonâncias”.  Primeiramente esta ação ocorreu no interior das próprias Forças Armadas, depois sincronizada com outros poderes, especificamente o judiciário, finalmente adentrou a população, camuflada no interior da campanha eleitoral.”  (página 261)

         b – Abordagem indireta ... os militares usando movimentos populares ou mesmo a justiça...

         c – a criptografia ...

         ... a preparação para as eleições.   “Desde 2014 o Alto Comando dos militares franqueia o acesso de Bolsonaro aos quarteis”.   O Exército assume para dentro que está em campanha política”.   Sai o General Enzo Peri e entra o General Villas Bôas para o Comando do Exército.

         ...”abre a brecha também para o Bolsonaro fazer campanha na Polícia Militar por todo o Brasil”.    O General Mourão vai para a reserva no começo de 2018 e no discurso acena com a possibilidade de intervenção militar no Brasil.  Ele era dos Paraquedistas no Rio de Janeiro.    “Do lado de fora dos quarteis foi evidente o acionamento de familiares militares para fomentar grupos adeptos de intervenção militar, que atuavam como célula avançada nas ruas”.

         O Gal Villas Bôas e Mourão são oriundos do RS. O Gal Alvaro de Souza Pinheiro realçando a importância de se conhecer o “terreno humano”:    “O conhecimento cultural tornou-se imperativo porque é atualmente um poderoso multiplicador de forças.   Significa muito mais que o mero conhecimento de línguas.  Consubstancia-se no conhecimento histórico, costumes sociais e religiosos, valores e  tradições.   Não raro, esse conhecimento se torna mais importante que o conhecimento fisiográfico do terreno”.   (para manobrar o povo e dominar)

         “A empatia transformou-se numa poderosa arma.     ...soldados ... treino para obtenção do apoio da população...”

 

         Continua no capítulo 20/22

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Fichamento 18/22 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 18/22            março de 2024

 

 

         “... As FFAA Forças Armadas conseguiram no governo Dilma, lei que ampliou a possibilidade de se decretar GLO Garantia da Lei e da Ordem, passando comando de ações de governo para as mãos de militares.

         Dilma e seu ministro da Justiça José Eduardo Cardozo .. “agiam sem ter a menor noção do que se passava nas filigranas militares”.   Ou, se tinham, havia algo de muito errado ali.  Como veremos no capítulo seguinte.”.  (página 253)

         Nesse período no governo Dilma se promulgou leis que vieram colaborar com o militarismo.   Lei das Organizações Criminosas que trouxeram as delações premiadas e a lei Antiterrorismo.

         Nos tempos de ação da Comissão Nacional da Verdade os militares se contrapuseram espalhando a narrativa de que “O PT é uma organização criminosa que visa desestabilizar as Forças Armadas e com isso causar a divisão do país”.

         “Dilma, enfim caiu em dissonância cognitiva e o ciclo OODA dela passou a operar em função dos interesses do consórcio militar”.  (entrou no jogo do inimigo)

         Conclusão:  Blitzkrieg

          “Da Turquia, em 22 de junho de 2013, o presidente Erdogan teria dito:  “O mesmo jogo está sendo jogado no Brasil.   Os símbolos são os mesmos, Twitter, Facebook são os mesmos, a mídia internacional é a mesma:  Os protestos estão sendo levados ao mesmo centro...  Eles estão fazendo o máximo possível para conseguir no Brasil o que não conseguiram aqui.  É o mesmo jogo, a mesma armadilha, o mesmo objetivo”.

         Em 2015, Putin alertou a presidente Dilma...   ....sobre a escalada de uma revolução colorida no Brasil...   Essa revolução inclui atribuir ao governo do país a ser atingido, o que de ruim acontece no mundo todo, só que distorcendo para parecer que só naquele país o ruim acontece:  coisas como déficit público, crimes, corrupção etc.

         ...”uma corrupção que só existiria, em tal nível, em cada um dos países que esteja sendo atacado”.

         Casava com nosso já antigo complexo de vira-lata, nos fazendo sentir culpa por nossa pobreza, violência...

         Outra faceta de revolução colorida:  (Passo 2) Demonizar autoridades eleitas, mediante manipulação de preconceitos.  Promovendo atos públicos para defender:  ° a liberdade de expressão que as elites dizem estar ameaçada  (só na cabeça dela).

     º direitos humanos e liberdades civis;

     ° contra a “ditadura” do governo popular democraticamente eleito (que as elites sempre consideram autoritários);

     ° trabalho nas ruas, nas manifestações...   “Canalizar conflitos, promovendo a mobilização de qualquer oposição...”    ...”forçar a radicalização dos confrontos...  “promover confrontos com a polícia para criar a impressão de que o governo nada controla, desmoralizar o governo legítimo e suas agências de serviços policiais”.

         ...”sempre exigindo a renúncia do governante que está sendo atacado”.

         Em 2017, o então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad escreveu artigo sobre indícios de que as redes sociais foram usadas em projetos patrocinados com envolvimento da empresa Cambridge Analytica que atuou na campanha de Donald Trump e que depois foi acusada de ter tumultuado a campanha da Rússia e do plebiscito Brexit no Reino Unido.

 

         Continua no capítulo 19/22

sábado, 30 de março de 2024

Fichamento 17/22 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 17/22

 

 

         ...”O General Villas Bôas  ... “comandou e viabilizou o desenho elaborado por Heleno e outros das Operações Psicológicas que foram testadas ao longo do tempo, que, do meu ponto de vista, foram o principal fator de condução de Bolsonaro ao poder, inclusive produzindo efeitos jurídicos e eleitorais”.

         O autor cita quase uma dezena de Planos das nossas forças armadas mirando nos defender contra ameaças externas e em defesa da Amazonia.

         Na Constituinte “os militares atuaram para que ficasse uma porta aberta para intervenções internas...  Entre elas, as GLO Garantia da Lei e da Ordem (sob a batuta dos militares).

         De 1988 até o ano 2000, o ex militar que se doutorou na USP, Frecille, lista em seu livro 12 intervenções militares Brasil afora, em eventos específicos como greves etc.  (página 241)

         SISFRON – Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras.   Um projeto de defesa ambicioso com submarino nuclear, aviões caça Grippen para FAB e desenvolver uma indústria bélica de defesa e segurança.

         A EMBRAER que era do consórcio, “vai parar na mão da americana Boeing em menos de cinco anos.  Em dezembro de 2008, mês de lançamento da END Estratégia Nacional de Defesa, foi montado o protocolo do consórcio da DCNS francesa com a Odebrecht que depois foi “baleado’ pela Lava Jato e no bojo disso, prenderam o Almirante Othon, “afundando” o projeto do submarino nuclear da Marinha em parceria com empresa francesa, com repasse de tecnologia.

         No caso dos caças Grippen, sobrou um processo contra o presidente Lula.   O professor Licio Monteiro que havia pesquisado justamente o SISFRON conclui sua fala mostrando os planos do Brasil criar um sistema de defesa e a derrocada dos planos.

         “Olhando tudo junto e combinado, ou as elites brasileiras são as mais corruptas do mundo, ou esse lavajatismo todo caiu como uma bomba inviabilizando qualquer probabilidade do Brasil pisar além de sua própria sombra na política internacional”.

         (extraído de comunicação pessoal do pesquisador Professor Licio Monteiro, 2019).   Página 252

         No sul do Brasil há unidades do Exército mais completas em “logística, apoio de fogo e comando e controle.   No RS são cinco brigadas bem completas, em Santa Maria e Pelotas.  No PR e SC, mais três brigadas.   “...na região Sul, há 8 brigadas e quase 40% do efetivo do Exército brasileiro”.

         Há um certo desbalanceamento, vendo a região amazônica e outras no contexto.

         Por outro lado na região sul são muito remotas ameaças externas de parte da Argentina e Uruguai.

         “O Gal Villas Bôas projetou um desenho que produziu as seguintes transformações : 1 incorporação de doutrina do terreno humano como centro de previsão de novas ameaças com mobilização de material e expertise vindas dos USA.

         Antes houve um balão de ensaio lá nas operações no Haiti.

         ... “intensificação dos contatos dos militares com os parlamentares e designação de pessoal para estabelecer ligação e pontes com o mundo político.”    ...” intensificação de contatos com empresários e membros das elites financeiras...”      “... intensificação de contatos com membros da Polícia Federal, Procuradores e Juizes,  para projetar e realizar ações combinadas.  (página 253)

 

                   Continua no capítulo 18/22

sexta-feira, 29 de março de 2024

Fichamento 16/22 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 16/22

         ...”do meu ponto de vista, Bolsonaro não foi mais um candidato qualquer com apoio dos militares”.

         Não é só alguém que atraiu a simpatia de um segmento.  Ele passou a ser uma peça central de um movimento que começou a ser realizado a partir de um consórcio de generais que tiveram as experiências necessárias para dirigir o processo de guerra híbrida...   (página 232 do livro).

         A operação de “estabilização no Haiti” comandada por militares brasileiros.    Em 2008 num seminário militar, um general disse ao autor deste livro:   “Olha, essa missão no Haiti...  O ponto é o seguinte:  Cuba, Venezuela, Caribe, tem toda infraestrutura desses lugares que é potencial para a gente.   É projeção de poder”.

         ...”Mas junto com projeção de poder vem outras coisas.  No caso, vem toda uma atualização da parafernália teórica e doutrinária das MOUT militares.  Operations in Urban Terrain elaborada pelos USA.   Segundo o manual do MOUT, as projeções populacionais para o futuro indicam que praticamente todos os conflitos do mundo irão ocorrer em ambiente urbano.”

         “Mais do que tudo isso, e ainda tomando os valiosos depoimentos dos comandantes  (obra – Castro e Marques, 2019) é notável que a experiência do Haiti, além de bélica, foi de governo”.   (comandada por militares brasileiros).

         Além de combater a criminalidade por lá, combater as forças insurgentes, mas também coordenar inúmeras agências, Ongs e setores da administração pública, relações com as elites...   elaborar eleições...   “Tudo isso somado foi um verdadeiro laboratório, onde os comandantes experimentaram a expertise de ser o centro do Estado e da nation-bilding haitiana”.

         O autor estudou a lista dos onze comandantes brasileiros que atuaram no Haiti.   Discrimina no livro os nomes, as patentes militares e o tempo que cada um operou lá.  Mostra que não por acaso estes militares foram alçados no governo Bolsonaro a cargos estratégicos aqui no Brasil.

         “Ou seja, o que vemos aqui?”  Quase todos os comandantes da Minustah (campanha no Haiti) assumiram posições chave em ministérios ligados às informações e à articulação política.”

         ...”no mundo militar as coincidências não devem existir”.   Não creio que isso se trata somente de uma coterie baseada em camaradagem”.

         ...”Acho que o Haiti foi  um rascunho para um desenho mais complexo que passou a ser pensado antes”.

         Um dos que atuaram no Haiti, o General Heleno que comandou todas as tropas lá.

         Depois, se desentendeu com Lula e foi destacado para a Amazonia.  Depois passou para a reserva em 2011.     ...”passou a fazer política intensa pelo Clube Militar e em células de militares radicais como o Terrorismo Nunca Mais.   (contraponto ao Tortura nunca mais da Esquerda)

         ...”Heleno, assim, voltou do Haiti apto a produzir uma guerra psicológica de espectro total e alavanca sua posição”.     “...realizou um balão de ensaio onde se testou a ideia de intervenção”.

         “Já o General Villas Bôas passava a imagem de bom moço e no seu cargo que era o terceiro na hierarquia do Exército, passava a imagem de uma arma a serviço da legalidade e longe de ser política.  Só que no bastidor, desde 2015 quando Bolsonaro andava  em campanha, franqueou a ele livre trânsito nos quarteis...”

 

                   Continua no capítulo 17/22

Fichamento 15/22- do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 15/22

 

 

         Além desse descontentamento do Exército com a Comissão Nacional da Verdade,  havia outros fatores.   Negócios ampliados do governo Dilma com a China agravaram a ira dos militares.   Investimentos chineses no Pré Sal, no setor elétrico, o Banco dos BRICS, os negócios usando a moeda Yuan (da China) em detrimento do dólar.

         Houve inclusive em 2014 participação de empresa russa explorando petróleo na Amazônia (empresa Rosneft).

         Desde meados dos anos 2000 a Rússia andava num movimento de  aproximação militar com  países da América Latina como Peru, Equador, Nicaragua, Venezuela.

         Nossos militares viram isso como Dilma implantando no Brasil uma versão 2.0 do comunismo.    “... disposta a colocar a ordem internacional de ponta cabeça...”.

         ...”Estamos muito além de Snowden que revelou inclusive a espionagem dos USA na Petrobras: isso pode ter sido apenas uma operação... para encobrir o fato de que os USA estavam abastecendo militares brasileiros com material para uma teoria da conspiração.   (o tal comunismo...)

         ...”em 2014... oficiais da ativa que, depois de 25 anos mantendo-se em silêncio extramuros, passaram a abertamente criticar o governo – entre eles o General Mourão, quando ainda em 2014 começa dar palestras falando do PT e do Foro de São Paulo.

         Dilma e sua equipe já vinham tendo sucessivos atritos com os militares.  Em 2015 ela praticamente extinguiu o GSI Gabinete de Segurança Institucional (comandado por militares), que até então tinha status de ministério e existia desde 1938.

         Em  maio de 2016 ...”quando veio à tona um documento sobre resolução de conjuntura do PT elaborada pela Executiva nacional do partido onde se colocava que o PT falhou em não mexer nos currículos dos militares e nas promoções.”

         “A conspiração petista foi assim fechada na cabeça dos militares...”

...”O general Villas Bôas, Comandante do Exército declarou a uma jornalista do jornal O Estado de SP:  “Com esse tipo de coisa, estão plantando um forte antipetismo no Exército”.

         Há trecho de entrevista de generais à Revista Piauí e eles (em 2018) se colocam de forma contundente contra isso de tentar o Executivo mexer no currículo dos militares e no sistema de promoções   ...”foi uma coisa burra.   Essa é  coisa não é admitida nas Forças Armadas; a intervenção em nosso processo educacional....isto nos fere profundamente.  Está na nossa essência, no nosso âmago” concordou o General Villas Bôas.

              Bolsonaro e a janela de oportunidade.

         No governo Dilma se estabelece a crescente politização dos militares.  Bolsonaro em sua fala aos cadetes da AMAN Academia Militar de Agulhas Negras (RJ)...  “Alguns vão morrer pelo caminho, mas estou disposto em 2018, seja o que Deus quiser, tentar jogar para a direita este país...”.   (página 228).

         O peso da AMAN e seus 380 cadetes que concluem o curso com todos os ritos e seus padrinhos das armas.    É tradição o presidente da república prestigiar a solenidade  de formatura na AMAN.   Dilma não foi ao evento e assim ficou mais marcada pelo setor.

         Já Bolsonaro, nas formaturas da AMAN onde ele se formou...  “Em 2015, 2016, 2017 e 2018 ele repetiu a dose.   Foi todos os anos citados na formatura dos cadetes da entidade.     “Tudo isso numa situação em que ele já era (pré) candidato”.   Junto de Bolsonaro, já o General Mourão nas formaturas da AMAN (em campanha...)

         ...”do meu ponto de vista, Bolsonaro não foi mais um candidato qualquer com apoio dos militares”.

 

                   Continua no capítulo 16/22

quarta-feira, 27 de março de 2024

Fichamento 14/20 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

capítulo 14/20

..."pelo que pude reparar, com base em uma intuição etnográfica, é que durante dois governos Lula seguiu-se um padrão muito parecido com o que havia se instalado com Fernando Henrique Cardoso: institucionalmente o Exército estava 'recolhido', mas internamente os poros estavam bem abertos para a política."

"A maior novidade, talvez, foi algo que comecei a detectar mais recentemente, uma intensa formação de 'grupos de estudos', 'turmas' e 'sinergias' entre militares, desembargadores, juízes, procuradores e delegados de polícia".

Cita o site muito usado pelos militares: www.defesanet.com.br

Aceleraram a partir de 2012 inclusive. "Fui verificar os formandos de um dos principais cursos da ESG Escola Superior de Guerra, o CAEP Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia... "a lista inclui títulos e nomes dos formandos. "A grande maioria militares... mas dos nomes de desembargadores, juízes e procuradores que vi, percebi que quase todos são oriundos dos TRF 1, 2 e 4, respectivamente Brasília, RJ e RS.

"Mas gostaria de deixar registrado o fato de que tal sinergia começou a adquirir feições de formação de um bloco histórico - no sentido gramsciano - mais consistente ainda durante os governos Dilma."

b) - Dilma e a Ressonância: Cismogênese, mode on

"Com Dilma essas forças latentes vão explodir. Como se sabe, ela é uma ex-guerrilheira e do polo civil dos anistiados. Dilma eleita e o governo cria a CNV Comissão Nacional da Verdade. O autor cita os generais da ativa batendo de frente contra o presidente e ministros nos tempos de Lula e Dilma. Contra Dilma no caso da Comissão da Verdade, General Maynard Rosa e no caso da demarcação da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol no governo Lula, pelo General Augusto Heleno.

"De certa maneira essas manifestações/manifestos inauguraram este padrão, de generais da ativa batendo de frente com presidentes e ministros. Hoje em dia fica clara a posição do General Augusto Heleno, às vezes bem explícita, de homem forte do governo Bolsonaro, se colocando como a última voz em reuniões e solenidades."

A partir dos anos 80, terminado o regime militar, houve uma certa "limpeza" envolvendo os militares mais radicais. Por outro lado há no Exército elevado nível de endogamia. Filhos de militares entrando na carreira militar e "herdam" um ranço de radicalismo da comunidade repressiva do passado.

..."comunidades repressivas ... além de efetivamente estar presente nas associações e clubes militares".

Ano de 2012 - Reação forte dos militares da ativa e reserva à Comissão da Verdade. O clube militar espalhou manifesto contra a Comissão da Verdade.

O governo pediu a retirada do manifesto dos clubes militares e estes são entidades privadas. Azedou mais ainda o clima. Os militares fizeram ainda um segundo manifesto. O autor deste livro contou desse manifesto com o nome "A Verdade Sufocada". "Foi assinado maciçamente: "fiz contagem em março de 2018: só de generais foram 130 assinaturas; de coronéis, 868. Isto é muito".

"O general Heleno tem uma carreira notável. Ele conquistou a chamada Medalha Marechal Hermes... significando ter sido 1º da turma na AMAN Academia Militar de Agulhas Negras, ESAO e ECEME. Mais adiante ficou meio chamuscado por suas ações no comando das tropas da ONU enviadas ao Haiti e depois por sua ação no comando da GLO Garantia da Lei e da Ordem na segurança pública no Rio de Janeiro e também da sua atuação no Comando Militar na Amazônia por discordar da criação da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol.

 

Continua no capítulo 15/20 

quarta-feira, 20 de março de 2024

Fichamento 13/20 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 13/20

 

         Na Argentina, depois do Regime militar e a derrota na Guerra das Malvinas, os militares saíram humilhados e foram punidos com rigor.

         Aqui no Brasil, após o regime militar, restaram punidos os da esquerda que atuaram e foram presos, mas os militares que agiram de forma ilegal foram beneficiados pela anistia.

         Os militares radicais passaram a ter menos promoções mas ao irem para a reserva, continuaram formando células radicais ativas.    “Nesse sentido,  a anistia civil foi um contracheque político para a anistia militar.  Aliás, é bem possível que após passarem para a reserva, muitos desses agentes começaram a atuar em PM Polícia Militar, segurança privada e esquadrões da morte.”

         “Não me surpreenderia se um esquadrinhamento das atuais milícias do Rio de Janeiro chegasse a nomes que participaram da repressão durante os anos de chumbo”.  (página 197)

         Entre os militares com os quais o autor tem contato, percebeu que classificaram até o governo Collor como de esquerda.   (também classificaram como de esquerda os governos de Tancredo, Sarney, FHC).

         Mais recente...   “Sendo que hoje as designações de esquerda chegam até mesmo à Rede Globo, ao jornal O Estado de SP e os grandes conglomerados internacionais”.

         ...amazonia.      ....”a fala do então senador e depois vice presidente americano Al Gore, em 1999, dizendo que, “ao contrário do que os brasileiros acreditam, a Amazonia não é propriedade deles, ela pertence a todos nós”.

         Na época da ditadura militar de 1964, era punição aos militares, transferi-los para a Amazonia.

         Essa nova onda de se considerar uma ameaça de internacionalização da Amazonia trouxe aos nossos militares interesse de servir na região   ...”e estar na Amazonia representa também uma espécie de rito de passagem em que todo militar tem a chance de chancelar o discurso de ´sacrifício´ pelo bem do Brasil”.

         Agora nossas FFAA colocam o discurso de luta contra a cobiça internacional sobre a Amazônia e, a “recente doutrina da resistência” desenvolvida pelo Exército.

         Por outro lado nas FFAA sempre há referência do anti-comunismo.

         ...”quando Collor trouxe para o Brasil a ECO 92 no Rio de Janeiro – Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente, o Exército conseguiu emplacar que se decretasse uma GLO Garantia da Lei e da Ordem no RJ.  Era um balão de ensaio para novos projetos militares...   “A porta para a intervenção militar estava aberta”.

         As FFAA criam novos procedimentos mas não abandonam os mais antigos.   

         Em 1996 numa publicação do Coronel Sillas Bueno no jornal Ombro a Ombro, do meio militar reclama contra o Bispo de SP Dom Paulo Evaristo Arns e a campanha Tortura Nunca Mais.    O coronel cita no artigo que depois dessa campanha ele começou a colocar no envelope das correspondências o seu slogan Terrorismo Nunca Mais numa resposta à campanha de Dom Paulo.

         Os militares mais radicais tinham o Teruma (Terrorismo Nunca Mais) como elo de agregação de ideias.   Há outros grupos como o Inconfidência e o Guararapes.

         Cita tempos de Olavo de Carvalho levando suas ideias conservadoras para dentro dos quarteis.   Ele inclusive vinha com o papo do Foro de São Paulo e o fantasma da ameaça comunista.

 

Continua no capítulo 14/20