Capítulo final - setembro de 2024
A Barca
O professor já cansado de duas décadas dando aulas para
alunos de periferia. Pessoas que não se
motivavam com as aulas. Vários alunos
negros em sala.
O professor para chamar a atenção disse que presenciou dois crimes
e que na próxima aula ninguém faltasse, pois ele iria trazer o criminoso para a
aula.
Trouxe o texto do livro Crime e Castigo (do autor Dostoyévski)
cujo personagem principal era o
criminoso Raskólnikov.
Foi lendo e fazendo gestos de ação e os alunos ficaram todos
ligados na narrativa. A prática deu
tanto resultado que o professor continuou com a leitura do livro por várias
aulas.
A “barca” é a viatura policial na gíria das pessoas que
vivem em Porto Alegre.
Um dos alunos se
admirou porque o assassino do livro se arrependeu dos crimes. O aluno diz:
“Lá na vila quando um cara mata para roubar, ninguém se arrepende”.
Na região, o policial cujo amigo de farda foi abordado por
um ladrão de celular, o ladrão após perceber que a vítima era policial, acabou
atirando e matando a vítima.
Os policiais do setor, num esforço enorme, buscam encontrar
o assassino do colega. “Ele, o
policial, nunca pensa que vai morrer.
Na verdade ninguém ali pensa que vai morrer. Eles acreditam que são imortais. Porque, se eles não pensarem assim, não saem
de casa”.
Rondas nas vilas dos pobres.
“A cada hora que passava, a vontade de vingar a morte do
colega cresce”.
Na ronda noturna os policiais abordam o professor negro. O professor não obedece aos comandos rudes
dos policiais e estes dão vários tiros no professor. Foi uma execução.
O pai explicando ao filho de doze anos sobre a morte e o
velório no caso de um parente. “Mesmo
que um amigo sinta uma dor maior, ninguém tem o direito de chorar mais do que
os familiares do falecido”.
“Minha mãe não quis ir ao seu enterro. Preferiu ficar em casa.”
Henrique era o professor que foi executado e Pedro, o filho
dele que então era um jovem estudante.
Pedro, tendo perdido o pai, estava no desalento. Após almoçar com uma tia num restaurante
onde conversaram sobre a vida, ela percebeu que ele estava desmotivado com os
estudos.
Foi então que minha tia pegou na minha mão e disse: continue, querido, só isso. Continue”.
Sobre a memória do pai e o que os parentes narravam em
recortes.
“Prefiro uma realidade inventada, capaz de me por em
pé. Eu sei que essa história pode
estar apenas na minha cabeça, mas é ela que me salva.”
Sobre a trajetória e a morte do pai. “Esta história é ainda a história de uma
ferida aberta”.
O jovem Pedro, antes da morte do pai, pretendia cursar arquitetura.
O filho no IML Instituto Médico Legal vendo o corpo do pai.
“A imagem de um pai falecido também nos mata um pouco”.
O pai... “Permaneceu. Porto Alegre era um lugar que você construiu
fora de si. Você nunca esteve dentro dela”.
Fim da leitura dia 25-09-2024 em Curitiba PR
Nenhum comentário:
Postar um comentário