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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

BIOGRAFIA DA CLARICE LISPECTOR - PARTE FINAL

    Como já disse nos capítulos anteriores, a Biografia da Clarice Lispector, de autoria de Benjamin Moser, é um livro volumoso, mas de grande qualidade e diversidade de informação.     Dos apontamentos que fui fazendo ao longo da leitura, daquelas partes que mais me chamaram a atenção,  notei que dava para fazer comentários sobre um pouco do pensamento da Clarice, um tanto do Brasil na época e finalmente, destaquei o lado que o autor realça o povo judeu, afinal o autor e Clarice pertencem ao povo judeu e essa condição se reflete naturalmente na obra.    Vamos à síntese do que anotei:
     (Página 23)   Na Ucrânia onde nasceu Clarice, Stalin matou muita gente e depois Hitler também fez o mesmo, para a dor daquele sofrido povo.    Era a região que tinha a  maior concentração de judeus do mundo.     Clarice nasceu na cidade de Tchechelnik.
     (p.27)  Os judeus costumavam ter muitos filhos, pois preceitos religiosos deles não eram compatíveis com o controle da natalidade.
     (p.28)  Por lei, na Ucrânia da época, os judeus não podiam ter terras e viviam em seu país como se fossem estrangeiros.        
     (135)   Nas Guerras Mundiais, praticamente o mundo todo fechou as portas para os imigrantes judeus.
     (p.166)   Para todos os lugares onde os judeus migraram, já na segunda geração eram classe média, visto que sempre foram dedicados inclusive aos estudos.         Sionismo - movimento dos judeus visando ao retorno à terra dos ancestrais.
     (p.244)   O jornalista Samuel Wainer, que foi destaque no cenário brasileiro, era judeu nascido na Bessarabia,  que fazia parte da URSS.    Ele foi proprietário do Jornal Última Hora.      Clarice, formada em Direito, exerceu o jornalismo no Rio de Janeiro por bom tempo e foi até demitida do Jornal do Brasil  por ser judia.
     (p.271)   O diplomata brasileiro Osvaldo Aranha teria assinado pela ONU em 29-11-47 o documento de criação do Estado de Israel.
     (304)   O empresário Adolpho Bloch, da Revista Manchete nasceu na Ucrânia e era judeu.
    (p.327)   O empresário americano Henry Ford, segundo o autor, era um notório anti-semita.    

     Conclusão:   o meu hábito de anotar o que achei de mais relevante em todos os livros que leio me fornece uma síntese interessante.    Ao ler e reler esta síntese, reforço o conhecimento das passagens de destaque que permitem uma reflexão boa.     

sábado, 30 de agosto de 2014

RESENHA DA BIOGRAFIA DA CLARICE LISPECTOR (PARTE I)

 Como leitor franco atirador, um dia me chega às mãos  o livro biográfico "Clarice" de autoria de Benjamin Moser e tradução de José Geraldo Couto.  Obra da editora Cosacnaify, com 647 páginas.
     O livro é de uma riqueza de dados impressionante, não só da controversa Clarice, mas no retrato que o autor traça sobre a política brasileira, a Europa das primeiras décadas do século passado, a questão do povo judeu na Europa, as Guerras e muito mais.    
     Tendo o hábito de ler com papel e lápis do lado, anotando aquilo que mais me chama a atenção, percebi que no caso desta obra, dá para fazer até uma separata por assunto, como Política brasileira nos anos 20, aspectos da Geopolítica nos tempos das Guerras Mundiais,  aspectos da Diplomacia brasileira nos anos 20, aspectos do Jornalismo no Brasil e no front de batalha na Europa e por aí segue.
     Para esta primeira parte, já que a protagonista é a Clarice, resolvi destacar frases e citações que mostram um pouco do modo de pensar dela.      Ela no Cairo, esposa de diplomata, em frente à esfinge e o mito do "me decifra senão te devoro".     Ela teria dito após "encarar" a esfinge:  "Não a decifrei.. mas ela também não me decifrou".  (p12)
     Frase de Drummond sobre sua amiga Clarice:  "Veio de um mistério e partiu para outro"   (p.14)
     Ela por ela mesma:  "Sou tão misteriosa que não me entendo"   (p.15)
     Idem:   "Eu sou vós mesmos"   (p.17)
     Idem:   Dela que nasceu na Ucrânia e veio bem novinha para o Brasil:  "Eu pertenço ao Brasil"  (p.23)
     Consta que ela na juventude chegava a ler um livro por dia.   (p.126)    A literatura de Herman Hesse teria influenciado um pouco a pessoa e a obra de Clarice.    (p.127)
     Clarice, se referindo ao suicídio de Virginia Wolf:         "... não quero perdoar o fato de ela ter se suicidado.   O horrível dever é ir até o fim".   (p.205)
     Sobre viver longe do Brasil e das pessoas amigas na Europa, acompanhando o esposo diplomata.    "O que importa na vida é estar junto de quem se gosta". (210)
     Ela, morando numa pequena cidade do interior da Europa.   "É preciso ser feliz para morar em uma cidade pequena, pois ela alarga a felicidade como alarga também a infelicidade" (251)
     Para finalizar o capítulo de hoje, parte de uma frase dela numa carta enviada da Europa:    "... somente até um certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se dar  aos outros e às circunstâncias...".       (259).    Ela leu muito os filósofos...