RESENHA – 2 º. SIMPÓSIO
INTERNACIONAL REUSO DA ÁGUA – 28-29/4/15
Local: Curitiba – PR - Campus da Universidade Positivo
Realização – ABES PR Associação
Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
Resenha feita pelo Engenheiro
Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
Foram ao todo 21 palestras, sendo 8
internacionais e 13 por palestrantes nacionais.
Seguem abaixo as resenhas das palestras
anotadas da forma que consegui captar, anotar e entender dentro das limitações
da minha formação que não tem foco no tema.
Na abertura, foi formada a mesa de
autoridades e dentre estas o anfitrião, Reitor da Universidade Positivo, Sr.
José Pio. Na sua breve fala de boas
vindas, para realçar a importância da água no contexto atual pelo Brasil e o
mundo, destacou que em 1930 o mundo teria 1 bilhão de pessoas e na atualidade
estamos com 6 bilhões e a quantidade de água no planeta é limitada. O uso racional é a cada dia mais importante.
Presença inclusive do Sr.Péricles,
representando a Sanepar paranaense do setor de água e saneamento.
O Sr. Renato de Lima (Geólogo), da
Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba, lembrou que esta capital tem
desde o ano 2000 lei sobre o Reuso da Água.
Na fala do representante da ABES,
promotora deste Simpósio, foi dito que o Ministério do Meio Ambiente e o CONAMA
Conselho Nacional de Meio Ambiente foram convidados para este evento mas
optaram por não mandar representante.
Foi destacado que no Brasil não temos uma legislação/regulamentação que
venha a apoiar as iniciativas de REÚSO DA ÁGUA. É um gargalo a ser enfrentado.
Primeira Palestra: “Aspectos e considerações das políticas e
da regulação do reuso de água no contexto mundial” - Palestrante: Bianca Elena Jiménez - UNESCO
Ela é mexicana e tem vasta formação e
traquejo no ramo. Ela participou do 4º Relatório do IPCC das Mudanças do Clima.
Cenário para 2025 - estima-se que 38% da população mundial
esteja com carência de água – stress hídrico.
Em 2050 – estima-se em 66% da população mundial com o citado problema.
Pelo mapa apresentado, a maior gravidade
fica pelo oriente médio, norte da África e boa parte da Ásia. Mas a regra é problema pelo mundo todo.
Reuso da água em geral se refere a usar
pela segunda vez a água em outra atividade.
Segunda Palestra: “Reuso da água como instrumento da gestão de
recursos hídricos” Palestrante: Mônica Porto – USP Universidade de São Paulo.
O tema é desafiador no mundo todo. Atualmente ela está atuando na Secretaria de
Recursos Hídricos do Estado de São Paulo.
Destacou que no período chamado “das águas” de SP - outubro/13 a março/14 – foi atípico e o
menos chuvoso desde que o IAC Instituto Agronômico de Campinas começou a medir
chuvas há 125 anos. Em 1926 houve
somente 730 mm
de chuva nas águas (outubro-março) e em outubro/13 a março/14 teria chovido 550 mm , ou seja, ao redor de
20% a menos que o pior ano até então documentado, que seria em 1926.
Em abril/2015 as chuvas em SP ainda estão
abaixo da média histórica. A região
metropolitana de São Paulo tem ao redor de 20.000.000
habitantes. A grave crise hídrica
criou a hora de agir para implantar soluções técnicas segundo ela. O reuso da água está no contexto. A SABESP criou em SP um bônus para quem
economiza água. Na atualidade, 82% dos
consumidores teriam economizado ao menos 10% de água e passaram a usar a água
com um pouco mais de critério.
Política Nacional de Recursos Hídricos –
Lei 9.433/97
Mostrou um mapa do BR com os graus de
carência de água. Concentram-se mais
nas regiões NE e Sudeste.
Reuso e questão locacional. Quando as estações de tratamento de esgoto
(ETE) foram projetadas, não se pensava em reuso de água. Foram feitas em regiões afastadas das zonas de
demanda. Agora com a perspectiva de
reuso, fica mais onerosa a logística da água de reuso.
Falou do Projeto Aquapolo – reuso de
água. Projetado para atender o Pólo
Petroquímico do ABC paulista. No caso
a estatal Sabesp em parceria com empresa privada está construindo uma adutora
de 17 km
para trazer água de ETE da região para o reuso da água no Pólo Petroquímico que
conta com várias indústrias do setor.
Foi dito em certo momento que para 1 litro de petróleo
processado, se gasta ao redor de 1 litro de água, parte desta para resfriar
equipamentos. No processo muita água
evapora e se perde. Foram citados
projetos de destaque no setor também em Córdoba na Argentina e dois projetos no
México.
Ela disse que teme que no Brasil, ao se
regulamentar o reuso da água, o mesmo seja tão restritivo que inviabilize a
atividade, o que cria insegurança aos empreendedores no ramo. A
Academia não tem sido ouvida em muitas regulamentações e isto é problema.
Pela norma de reuso atual em São Paulo , mesmo para
lavar ruas, o teor da água tem que ter menos coliformes que em praia
considerada ótima para balneabilidade.
A ETE de Barueri-SP seria a maior da
região metropolitana.
Terceira Palestra: “Reuso da Água no contexto do Plano Nacional
de Recursos Hídricos” - Palestrante: Devanir Garcia dos Santos - ANA
Ag.Nacional de Águas
Os Comitês de Bacia Hidrográfica e as
Outorgas de uso da água
Necessidade de gestão da oferta de água e
gestão da demanda.
O desafio é aprimorar a gestão dos
recursos hídricos. No contexto, temos
os Comitês de Bacias e a figura das outorgas para uso da água.
Trabalhar com água é como trabalhar com as
economias domésticas. Usar água com
critério. Na gestão da oferta um dos
cuidados é a conservação da água e do solo.
Gestão da demanda - promover o uso racional da água. Esta que é um recurso peculiar e essencial
à vida.
Gestão para harmonizar interesses em
ofertar água para:
Ø
Agricultura
Ø
Pecuária
Ø
Consumo humano
Ø
Indústria
Ø
Navegação
Ø
Turismo/lazer
Ø
Hidrelétrica
Muitos sistemas de irrigação em uso no BR
carecem de manutenção e desperdiçam água.
A ANA Ag.Nacional da Água tem em seu site na internet, manual para uso
racional da água.
O setor industrial é o que, por razões
econômicas, mais usa água de reuso.
Mostrou foto de uma pia de lavatório doméstico acoplada acima de uma
caixa de descarga de banheiro. A água
que cai da pia ajuda a encher a caixa de descarga do WC. Apenas um exemplo. Captação de água de chuva pode ser algo
interessante, desde que feita com critério até por questão de saúde pública.
No site da ANA há folhetos com dicas para
prédios, etc. Lembrado que em
condomínios geralmente a água é a segunda maior despesa. Uso racional é economia.
10% da área de irrigação no mundo é com
água de reuso. Mais ou menos 10% da
população mundial consome alimentos produzidos com irrigação usando água de
reuso.
Município
com população menor que 50 mil habitantes geralmente não tem escala para a
viabilidade econômica de tratamento de esgotos nas condições atuais. Nestas condições, se retira no tratamento de
esgoto, inclusive matéria orgânica e nutrientes que poderiam ser usados em
irrigação com água de reuso, após tratamento específico e dentro de padrões
técnicos. É uma potencial alternativa.
Citou que uma cidade com 20.000 habitantes
produz 40 litros/segundo de esgoto. Em
caso de reuso, daria para irrigar 60 há de área de agricultura com ganho de
produtividade. No caso, o processo de
tratamento de esgoto poderia ser mais simples (dentro da técnica, sempre) de
forma a manter a matéria orgânica e nutrientes que são demandados pela
agricultura (produção de forragens,
bosques, etc.)
Foi dito que na cidade de Lins-SP há uma
iniciativa interessante nessa linha.
Outros exemplos seriam em Campina Grande – PB, Viçosa-MG. A ANA busca incentivar o reuso da água entre
suas atribuições.
A SABESP de SP demandava para a Grande
SP antes da crise hídrica atual, 70 m3/s
e no momento vem atuando com 50 m3/s inclusive reduzindo a pressão na rede e
contando com o apoio dos usuários. A
água viria dos sistemas Cantareira, Alto Tietê e Guarapiranga. Este último está com maior volume de água,
ao redor de 80% da capacidade. A
Cantareira está no nível crítico.
Atualmente cada um dos três sistemas está fornecendo ao redor de 16 m3/s
para a Grande SP.
A questão dos hormônios na rede de
esgoto. Parte significativa vem do uso
de anticoncepcionais.
Ele lembrou que muitos municípios não tratam
a água e jogam o esgoto sem tratamento nos mananciais. Na sequência, outros municípios captam água
contaminada e indiretamente estão fazendo em parte o reuso informal da água. Diz isso para argumentar que há rejeição a
fazer o reuso a partir de ETEs, que poderia ser feito de forma criteriosa e por
outro lado se faz o reuso de forma indireta por captar água em mananciais
poluídos com esgoto não tratado.
Ele recomenda que não se tenha preconceito
com a agricultura irrigada. Mudar o
sistema em uso requer tecnologia e também tem custo. A ANA apóia o uso racional de água
inclusive na zona rural.
Capacidade de reservação (estocar
água). Citou que no BR há várias
cidades de grande porte, até com mais de 1 milhão de habitantes como Campinas e
Manaus que não tem sistema de reservação de água. Capta de mananciais, mas sem represa para
estocagem.
E mail
dele: devanir@ana.gov.br
(seguem em breve novas etapas da
resenha em pauta).