Palestra 3 – Mudanças Climáticas ou Alterações no Clima?
Quais as interferências na
Gestão dos Recursos
Hídricos dezembro/2016
Palestrante: Profª
Drª. Alice Marlene Grimm - do Grupo de
Meteorologia da UFPr
A grande maioria
dos raios solares é composta de luz na faixa visível e esta entra com
facilidade na atmosfera. Parte desta ao
atingir a superfície da terra volta ao espaço com outro comprimento de onda na
faixa do infravermelho no que se denomina de “forçantes radiativas” pelo que
entendi. Com a ação humana e o aumento
da presença de GEE gases do efeito estufa presente na atmosfera, parte dessas
ondas do infravermelho não consegue se dissipar rumo ao espaço pela ação do
efeito estufa e volta à terra aquecendo o planeta acima do normal.
A ciência tem
pesquisado o clima do passado distante através de amostras de diferentes
camadas do gelo polar. Retiram porções
em cilindros e a amostra vai apresentando em diferentes épocas caracteres que
tem correlação com o comportamento do clima no passado. Em Vostok em região polar, eles tem
conseguido por esse meio inferir sobre o comportamento do clima nos últimos 400
mil anos. Eles tem uma unidade de
medida para o C02 aprisionado no gelo e o número médio de partículas na
atmosfera no passado chegava ao limite de 300 unidades no universo de 400 mil
anos. Por outro lado, constataram que
nos últimos cem anos os índices chegaram a 400 unidades, o que pode ter
correlação com intensificação da ação humana alterando o meio ambiente. Esta constatação tem o aval do IPCC Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas, este que envolve uma legião de cientistas de muitos países
que trabalham em conjunto nesse setor.
Baseado em muitas pesquisas o IPCC tem sido mais conclusivo nas mudanças
da Temperatura Global do que nas mudanças na Pluviosidade Global (chuvas) por
ação do ser humano.
Os dados de
temperatura global se alteram de forma não típica dos anos 80 para cá. Por outro lado ela como pesquisadora destaca
que devemos ter cuidado ao elaborar artigos sobre o tema pois poderá
eventualmente causar alarmismo. Mesmo
os pesquisadores, após conclusão de trabalhos tem uma série de crivos para
evitar alarmismo. Produção / revisão
pelos pares / etc. Ela tem uma série
bastante robusta de gráficos e mapas com dados sobre temperatura e regime de
chuvas no Brasil e no mundo. Mostrou
estudo feito para o horizonte até o ano de 2100 com quatro cenários de regimes
de chuvas. As mudanças climáticas nos
cenários são menores no Brasil do que no conjunto dos demais países por uma
série de razões.
Ela diz que não é
a quantidade anual de chuvas maior menor que produz desastres na zona urbana ou
rural. Depende da distribuição destas
no tempo. Uma chuva de 40 mm por
exemplo, se cair num dia durante o período de 8 h causará efeito bem menor em
termos negativos do que se ocorrer em uma hora. Inundações, deslizamentos de morros com
moradias, etc.
O sol aquece a
superfície, evapora água superficial do oceano, forma nuvens que depois
retornam como chuvas.
Ela mostrou um
pouco do fenômeno El Niño e La Niña que ocorrem com frequência e que afetam o
regime de chuvas inclusive no sul do Brasil.
Tem correlação com o aquecimento (acima da média) das águas do Pacífico
na região da linha do Equador. Ano em
que ocorre aquecimento no Pacífico acima da média, ocorre El Niño e na região
Sul Sudeste do Brasil tende a haver chuvas acima da média. Ao contrário, resfriamento do Pacífico um
pouco acima da média, forma o La Niña e tende a chover abaixo da média na nossa
região.
Destacou que o El
Niño tem algumas nuances entre uma ocorrência e outra. Ela disse que os modelos desenvolvidos até o
momento não tem boa previsibilidade para o comportamento do clima em ocorrência
de El Niño Leste. Há também o E.N.
Central.
Citou de passagem
uma entidade que tem dados de acompanhamento e previsão de chuvas para zonas
urbanas visando inclusive prevenir catástrofes. UCCRN é a sigla da entidade.
Palestra 4 – Tomada de Decisão para Sustentabilidade por
meio da Avaliação do Ciclo de Vida: Além
das Mudanças Climáticas
Professora Drª Cássia Maria Lie Ugaya – da UTFPr - a formação dela é em Engenharia
Mecânica. Exerceu por certo tempo essa
profissão, mas não estava satisfeita com o que fazia no ramo e decidiu migrar
para os estudos de eficiência no uso de energia. Nessa busca na área de energia interage com
a questão do meio ambiente. O foco do
estudo e atuação dela é na área de ACV Avaliação do Ciclo de Vida no setor de
embalagens. Citou inclusive uma Norma
Técnica da ABNT específica. ISO 14040
Ela mostrou que há
algo de relativo na questão de impacto ambiental para uma mesma alternativa
dependendo de outros fatores. Usou um
exemplo. Se utilizo uma área de
pastagem degradada na amazonia para plantar palma para usar o óleo desta como
biodiesel, pode ser positivo em termos de redução dos GEE. Na mesma região, se uso uma área que era de
soja para plantar a palma para biodiesel, pouco ganho haverá em redução dos
GEE. Certamente se abater a mata para
plantar a palma, o resultado é negativo em termos de redução dos GEE.
Falou sobre
produção de arroz irrigado e gasto de energia e emissão de GEE. Citou os dados
para carne bovina, para carne de frango, etc.
Destacou que
estritamente na questão dos GEE as hidrelétricas são mais nocivas que as usinas
nucleares. Claro que há outros
parâmetros em jogo.
Pede cuidados ao
se fazer comparações. Há padrões para
isso ser feito de forma racional.
Parâmetros como garantir comparabilidade; garantir unidade funcional;
garantir dados consistentes; métodos consistentes; revisão de terceira parte;
ponderação – revisão de painel de especialistas. Procurar não puxar a sardinha para um lado
nem para outro.
Rótulos com
parâmetros ambientais. Se há muitos
parâmetros, os consumidores dos produtos ao lerem a embalagem ficarão
confusos. Há uma Comissão Européia
tratando disso no âmbito da mesma.
Busca-se sistema único de rotulação baseado no Ciclo de Vida da
Embalagem no meio ambiente. No Brasil
o assunto é novo e estamos estruturando o tema. Citou nosso banco de dados no setor, cuja
sigla é IBICT. Lembrou que além do
impacto ao meio ambiente no caso de embalagens, há outros impactos inclusive o
impacto social. Citou como exemplo o
caso da Nike que fabricava produtos usando mão de obra barata na Ásia e pelo
impacto social gerou protestos.
Grupo de Trabalho
em ACV-S Projeto ACV Social - em curso.
Parte de perguntas
e respostas na parte da manhã:
Alguém do plenário
perguntou se haveria discrepâncias entre dados do IPCC e do ICCRM que monitora
mudanças climáticas e impacto no meio urbano. A palestrante Alice, da Climatologia,
disse que não há discrepâncias. Ela
destacou que nesse tema há lobby dos dois lados, tanto para pintar o quadro
trágico como para dizer que não se está afetando o clima.
Disse que quando o
pessoal se alarma muito com a questão do clima tende a carregar nas tintas e
setores deste pessoal perde credibilidade no confronto do que a ciência diz. O
mesmo vale para o outro lado, se tentar argumentar que não há problema de aquecimento
global, etc. Estudos desqualificam
esses argumentos. Recomenda então
embasamento e equilíbrio dos dois lados.
O Antropólogo
destacou que ao falarmos do clima e meio ambiente, temos que sempre colocar o
ser humano como componente do sistema.
Destacou que é positivo conhecer o que outros países estão fazendo para
melhorar o cenário, mas não recomenda ir importando soluções que são adequadas
para determinado meio com diferente economia e cultura. Citou um exemplo concreto. Ministrou aqui em Curitiba aula na
graduação de um aluno Angolano na área ambiental. Um dia o aluno lembrou que certas
tecnologias aqui abordadas são muito interessantes mas estão distantes da
realidade de Angola que passou quatro décadas em guerra civil e está em estado
precário em termos econômicos, sociais e ambientais. Há prioridades.
...............até
aqui foram abordadas as falas do primeiro dia do evento e as palestras da parte
da manhã do segundo dia. Ainda a
colocar no word quatro palestras da parte da tarde deste segundo dia e oito
palestras do terceiro dia, etapa final.
Eu chego lá...