Evento nas
dependências do SENGE Sindicato dos Eng.no Estado do Paraná
Data: 01-12-2016 - das
17.30 às 20 h
Anotações pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
(a quem se deve imputar alguma possível falha de interpretação da fala do nobre
Professor).
Na forma bem
resumida, o palestrante tem uma série de livros publicados, tem estudos no BR,
nos USA e Alemanha e atualmente é Professor na UFF Universidade Federal Fluminense (é natural de Natal-RN). No final do governo anterior ele chegou a
presidir o IPEA.
Eu já tinha
passado da metade da leitura do livro dele na ocasião citada acima. Vamos às falas:
O desafio agora é
aprender com os erros que foram cometidos.
Aprender é a busca de nos
tornarmos melhores do que somos.
Tudo que acontece
no mundo é legitimado na nossa mente. (dentre outras formações, ele é Psicanalista).
Por quê o golpe
aconteceu? Foi com a mesma desculpa de
1964. Alegação de combate à
corrupção. Só que combate de forma
seletiva. Um moralismo conservador que
amesquinha a questão ética. Citou
como exemplo. Os poderosos na sanha de
combater a corrupção mas não movem uma palha para reduzir o ganho
estratosférico dos banqueiros que faturam com o pagamento de juros dívida do Brasil na casa de 300 bilhões por
ano. Sangra nosso Orçamento e falta
verba para saúde, educação, segurança, etc.
Disto eles passam ao largo.
Demonizaram o
Estado. Só é visto como corrupto quem
faz parte do Estado. O pessoal do mundo
privado que suborna o Estado não é levado em conta. O combate é “seletivo” porque ele é
fulanizado. E se nota que o Sistema
já é montado para ser corrupto. O
sistema eleitoral, o sistema de funcionamento da política, etc.
Nossa dívida
pública não foi auditada. No mundo, as dívidas
públicas que foram auditadas mostraram que ela é inflada.... bem maior do que
realmente deveria ser...
Falou do Advogado
Raimundo Faoro que é autor do livro Os Donos do Poder. Seria um ataque aos Militares no Poder no
Golpe de 1964. Ele disse que muita
gente da esquerda da época até embarcou no discurso do Faoro, mas na verdade
era sempre o desvio de foco. O Mercado
achacando o cofre público, mas a tática era mostrar somente o agente do Estado
como corrupto. Como se o Mercado fosse
santo..
Ele disse que a
maioria dos teóricos sobre o tema do exercício do poder no Brasil fica como
mosca batendo no vidro...
Lembrou que somos
de colonização portuguesa mas destacou que uma diferença é que em Portugal,
internamente, não se fez uso de mão de obra escrava como ocorreu no
Brasil. Há reflexos na família, na
sociedade ao longo do tempo.
Ele usa a
expressão “ralé” para certa camada da população no contexto de como essa faixa
de população é vista pelos que estão nas camadas superiores da sociedade. Ele
inclusive diz que na prática vivemos desde sempre no Brasil um verdadeiro
apartheid social. A ralé seria vista
como uma legião de seres inferiores.
Como estudioso,
ele diz que não vem da natureza a capacidade humana de elaborar certas
ações. Seria algo do meio social onde
se vive. Um exemplo simples seria: O filho pequeno do pedreiro vai brincar com
um carrinho de mão e de certa forma seu mundo já vai sendo moldado dentro desse
contexto.
Disse que a
própria polícia faz o jogo dos grupos dominantes e oprime a ralé com apoio
destes. É limpar a área, descer o
sarrafo no pobre e por aí vai.
Na visão dele o
Primeiro Golpe (seletivo) recente foi o Mensalão. O impedimento da presidente foi o Segundo
Golpe.
Faz a crítica à
interpretação teórica que Sergio Buarque de Holanda (um dos que ele chama de
vaca sagrada dos nossos estudiosos de humanas) sobre o povo brasileiro. E diz que mesmo havendo muitas
inconsistências nas formulações desse pensador e estudioso, a própria Fundação
Perseu Abramo (ligada ao PT) tem uma
sala em homenagem ao Sergio Buarque de Holanda. E destaca que pessoas como ele, Gilberto
Freire, Roberto da Matta, são estudados e replicados pelas universidades,
apesar dos mesmos terem inconsistências teóricas em suas visões do povo
brasileiro.
Estes que ele
chama de Vacas Sagradas teriam dado o arcabouço teórico (ao seu ver equivocado)
do brasileiro como vira lata. Tipo
somos mesmo um povo corrupto, emotivo, etc. e menos nobre que o povo americano
que é virtuoso...
Nessa de vira
latas, somos meio animais.
Incompletos... Nessa linha, a
alma das pessoas já é de vira latas.
Coloca-se algo como “Somos moralmente inferiores porque somos
mentalmente vira latas...”
Falou algum tanto
sobre Patrimonialismo.
Desmistificando as
“virtudes” dos americanos, exemplificou o que eles fizeram com o Iraque. Usaram a farsa de que eles tinham armas
atômicas, etc (o que depois ficou cabalmente desmentido pelo mundo) como
pretexto para invadir o país, matar milhares de pessoas, se apossar do petróleo
deles mais ainda e deixar o Iraque em situação pior do que nos tempos do Saddam
Hussein.
Os governos de
esquerda no Brasil, apesar de toda a dificuldade por causa das coalizões,
conseguiram combater a pobreza, distribuir renda, melhorar os salários, etc.
Frisou o Sistema
Mundial de corrupção “legalizada”.
Ex: Paraisos fiscais, balanços
maquiados, etc. Na visão dele, como estudioso, é de que as
Esquerdas no Brasil também são colonizadas pela síndrome do vira lata. A elite não se preocupa com a grande
questão moral de massacrar a ralé no Brasil desde sempre. A injustiça social no Brasil é vergonhosa e
vem de longa data.
O rentismo nos
massacrando. O capitalismo financeiro
em sua ação selvagem.
Os que sujaram a mão no golpe recente tiveram
41% de reajuste e se proíbe via PEC, etc. que os comuns mortais tenham
reajustes e tolherão o direito de greve...
O capitalismo
financeiro não é só uma nova realidade econômica. Ele influi nas idéias de consumo, etc. É bem mais abrangente no seio da sociedade.
Hoje está muito na
moda na mídia vender a idéia que a saída é todo mundo virar empreendedor. Trabalhar sem proteção social. Acabar com a CLT, etc.
Para assaltar o bolso das pessoas, primeiro
tem que colonizar a cabeça das pessoas.
Como destaque
positivo, falou da reação dos estudantes das nossas escolas do Paraná que foram
ocupadas como resistência às mudanças do currículo sem consulta popular, etc.
Citou inclusive
este evento da palestra que contou com grande número de lideranças locais como
forma de resistência e que deve ser reverberada.
Este foi o resumo –
da forma que pude captar – da fala dele que durou das 17.40 as 18.20 h. Em seguida foi aberto espaço para debate e
houve bastante colocações interessantes.
A fase de debates foi até 20 h e bastante participativa.
Usaram a palavra
pessoas como o Dr Tarso – Advogado e Professor de Direito Administrativo,
Eng.Civil Valter Fanini, diretor Vice Presidente do Senge PR, o Sr. Claudio
Ribeiro (PT), Professor Hermes (da APP Sindicato)
..........................
continua na parte II (em breve) que será a final, onde há pistas de alguns
caminhos a seguir... (a fase de perguntas e respostas).
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