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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

PARTE IV - SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE E MUDANÇAS CLIMÁTICAS - CURITIBA PR - 05 A 07-12-2016

     5ª fala -  Metabolismo das Cidades e Planejamento sob a ótica da Sustentabilidade
     Palestrante:   Profª Drª Cristina de Araujo Lima – UFPr (tem doutorado em Meio Ambiente)
     Graduada em Arquitetura e Urbanismo – estudos inclusive em Bordeaux – França
     O Brasil teria ao redor de 85% da população residindo na zona urbana.   Numa mesma
cidade poderemos ter um mosaico de situações como parte antiga, parte com comércio, etc.
     O planejamento é limitado.  Ela enfatiza bastante a importância da Gestão.     Destaca que na Europa as cidades tem ritmo menor de expansão urbana do que o Brasil de hoje, onde as cidades de médio e grande porte crescem de forma acelerada.    Soluções por lá podem ser diferentes das soluções para nossas cidades na atualidade.
     Atualmente adquirimos produtos que vem de longe, com destaque para a China.   Não sabemos se esses produtos são feitos de forma sustentável.      Citou também a cidade de Dubai, que é muito bela, luxuosa e toda brilhante, por outro lado às custas de um exagerado gasto de energia, na contramão da sustentabilidade.
     Fala da busca de cidades mais resilientes numa visão holística.   Um equilíbrio entre uso de energia e desenvolvimento.
      Citou o desafio da cidade de Bordeaux na França, que sempre se destacou pela produção de vinhos há séculos.   A expansão urbana tem ocupado terras que antes eram parreirais de uvas.    Preocupa o povo local, pois afetaria até o turismo.
     Ela diz que as pessoas de cada cidade deveriam saber (ter acesso aos dados) quanto está a sua cidade emitindo do CO2 no ar; quanto está gastando de energia; quanto está aquecendo o meio ambiente, etc.     cristinaaraujolima@gmail.com

     6ª fala -   Mudanças Climáticas e Saneamento Básico
     Professor Dr. Eng.Agrônomo Cleverson Andreoli     (ABES/ESAE) FGV    Ele tem doutorado em Meio Ambiente.
     Um grupo de cientistas fez um estudo sobre os maiores problemas ambientais.    Colocaram como primeiro, a questão da perda de biodiversidade no planeta.   Colocaram em segundo lugar a poluição por resíduos de adubos usados em lavouras, poluindo solo e água com Nitrogênio e Fósforo. Em terceiro, a questão do Efeito Estufa e o Aquecimento Global decorrente.
     Ele disse que é comum tentarmos nos colocar do lado do mocinho nisso tudo mas na prática muitas vezes somos os vilões.
     Cita como um dos desafios, a descarbonização do saneamento.
     Inventário das Emissões de Gases do Efeito Estufa.   (GEE)
     Disse que no Brasil a primeira empresa que fez esse tipo de inventário foi a Sanepar.    Emissão de gas metano nas estações de tratamento de esgoto pelo sistema anaeróbico.  O sistema anaeróbico não gasta energia e produz energia.     Queima do metano transformando-o em CO2 com aproveitamento da energia liberada.
     A Sanepar opera por enquanto só um aterro sanitário por enquanto.
     Eficientização energética.
     Ele disse que o Brasil tinha até não muito tempo atrás uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo com destaque em hidrelétricas e etanol.     De uns tempos para cá aumentou o consumo inclusive de gás e outros derivados de petróleo (nas termoelétricas) , sujando nossa matriz energética.
     Há parques eólicos instalados e parados no Brasil há dois anos por falta de licença ambiental para a instalação das redes de distribuição.    Enquanto isso, acionamos termoelétricas altamente poluentes para suprir a demanda com danos ambientais.
     No caso da Sanepar e o tratamento de esgotos, em geral pelo sistema anaeróbico, produzem GEE nos seguintes percentuais:    75% dos GEE no caso são pelo metano e 10% por óxido nitroso.
     Falou do gasto de energia para elevar e transportar água para Curitiba e região metropolitana que se localizam em local alto e que é cabeceira de nascentes e tem pouca água disponível.   Parte da água (grande parte) tem que vir de longe e de lugares mais baixos.   Gasto de energia para fazer a água chegar até aqui.    Citou um dos pontos de captação no Rio da Várzea que requer uma elevação de quase 800 m.
     Lembrou que geograficamente o Sul e Sudeste do BR ficam numa faixa que é bem propensa a extensões de desertos.     No nosso caso isso não ocorre porque muita água é evaporada na amazonia e viram verdadeiros rios aéreos que seguem no rumo do Pacífico, mas encontram a barreira da Cordilheira dos Andes e se desviam para o Sul e Sudeste do Brasil, tornando-o rico em biodiversidade.
      Falou dos povos mais pobres que moram em encostas de morros em locais de risco.  Disse que ficamos indignados com mortos em um acidente aéreo, mas ficamos bem menos indignados com as mortes evitáveis e até previsíveis nos sucessivos deslizamentos que ocorrem nas nossas cidades matando tanta gente.        A engenharia tem as soluções para os deslizamentos, mas depende da vontade política do executivo.
     Sobre a devolução dos efluentes das estações de tratamentos de esgotos nos rios.  No Paraná há quatro classes de rios.     A classe crescente indica a que mais tolera uma carga de DBO (demanda biológica de oxigênio) para diluir o que restou de poluente orgânico após o tratamento.    Os rios classe IV são os mais toleram a carga de DBO.
     Falou de chuvas e os efeitos nas encostas (deslizamentos) e no assoreamento dos rios.     Disse que depende da quantidade e do tempo de cada chuva.  Uma chuva de 30 mm que cai em cinco horas causa menos danos do que uma de 30 mm que cai em meia hora.      Nesta, há menos tempo para infiltração no solo e há mais enxurrada.
     Falou sobre as matas ciliares nas zonas rurais.     Disse que estas nos moldes atuais ajudam efetivamente mais como corredor de fauna e proteção da flora.   Por outro lado, pouco conseguem proteger os rios se nas áreas vizinhas mantidas com agropecuária não forem feitos os sistemas adequados de conservação do solo.     Depois que a água ganha velocidade ladeira abaixo, não será a mata ciliar que vai segurar a barra.    A conservação adequada do solo busca reter a água e evitar as enxurradas.
     Colocou um pouco sobre o consumo de água por pessoa ao longo do tempo.    No ano 100 aC o consumo era ao redor de 12 litros de água por habitante por dia.
     No Império Romano, já se gastava ao redor de 20 litros/habitante/dia
     No  Século XX, média de 40 litros.      Hoje é comum nas cidades, consumo na casa dos 250 litros.       Na Libia estão fazendo uma mega adutora de 3.500 km com 5 m de diâmetro para transportar água para abastecer as populações.    Alto custo inclusive em dispêndio de energia e seus efeitos no aquecimento global.
     Aqui em Curitiba e região metropolitana nossa rede de esgoto padece de, havendo chuvas, parte da água pluvial migrar para a rede de esgoto, causando transtornos nas estações de tratamento de esgotos.
     Sobre reuso de água de esgoto após tratada.     Poderia ser liberada para certos usos de forma controlada.     A China irriga ao redor de 1.300.000 ha de lavouras com água de reuso de esgotos tratados.     Um pouco de matéria orgânica que fica após o tratamento é até benéfico e seguro para muitos tipos de vegetais, quando tudo é planejado e monitorado.

     No Brasil as normas são tão restritivas que tem sido inviável usar água de reuso em agropecuária.      É uma questão que está posta para a Academia e à sociedade.

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