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domingo, 18 de dezembro de 2016

PARTE III - SIMPÓSIO INTERNAC. MEIO AMBIENTE E MUD.CLIMÁTICAS - CURITIBA - PR

 Palestra 3 – Mudanças Climáticas ou Alterações no Clima? Quais as interferências na  
                       Gestão dos Recursos Hídricos       dezembro/2016
     Palestrante:   Profª Drª. Alice Marlene Grimm  - do Grupo de Meteorologia da UFPr
     A grande maioria dos raios solares é composta de luz na faixa visível e esta entra com facilidade na atmosfera.   Parte desta ao atingir a superfície da terra volta ao espaço com outro comprimento de onda na faixa do infravermelho no que se denomina de “forçantes radiativas” pelo que entendi.    Com a ação humana e o aumento da presença de GEE gases do efeito estufa presente na atmosfera, parte dessas ondas do infravermelho não consegue se dissipar rumo ao espaço pela ação do efeito estufa e volta à terra aquecendo o planeta acima do normal.
     A ciência tem pesquisado o clima do passado distante através de amostras de diferentes camadas do gelo polar.   Retiram porções em cilindros e a amostra vai apresentando em diferentes épocas caracteres que tem correlação com o comportamento do clima no passado.   Em Vostok em região polar, eles tem conseguido por esse meio inferir sobre o comportamento do clima nos últimos 400 mil anos.   Eles tem uma unidade de medida para o C02 aprisionado no gelo e o número médio de partículas na atmosfera no passado chegava ao limite de 300 unidades no universo de 400 mil anos.   Por outro lado, constataram que nos últimos cem anos os índices chegaram a 400 unidades, o que pode ter correlação com intensificação da ação humana alterando o meio ambiente.     Esta constatação tem o aval do IPCC Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, este que envolve uma legião de cientistas de muitos países que trabalham em conjunto nesse setor.   Baseado em muitas pesquisas o IPCC tem sido mais conclusivo nas mudanças da Temperatura Global do que nas mudanças na Pluviosidade Global (chuvas) por ação do ser humano.
     Os dados de temperatura global se alteram de forma não típica dos anos 80 para cá.  Por outro lado ela como pesquisadora destaca que devemos ter cuidado ao elaborar artigos sobre o tema pois poderá eventualmente causar alarmismo.    Mesmo os pesquisadores, após conclusão de trabalhos tem uma série de crivos para evitar alarmismo.    Produção / revisão pelos pares / etc.     Ela tem uma série bastante robusta de gráficos e mapas com dados sobre temperatura e regime de chuvas no Brasil e no mundo.   Mostrou estudo feito para o horizonte até o ano de 2100 com quatro cenários de regimes de chuvas.     As mudanças climáticas nos cenários são menores no Brasil do que no conjunto dos demais países por uma série de razões.   
     Ela diz que não é a quantidade anual de chuvas maior menor que produz desastres na zona urbana ou rural.     Depende da distribuição destas no tempo.    Uma chuva de 40 mm por exemplo, se cair num dia durante o período de 8 h causará efeito bem menor em termos negativos do que se ocorrer em uma hora.      Inundações, deslizamentos de morros com moradias, etc.
     O sol aquece a superfície, evapora água superficial do oceano, forma nuvens que depois retornam como chuvas.
     Ela mostrou um pouco do fenômeno El Niño e La Niña que ocorrem com frequência e que afetam o regime de chuvas inclusive no sul do Brasil.    Tem correlação com o aquecimento (acima da média) das águas do Pacífico na região da linha do Equador.  Ano em que ocorre aquecimento no Pacífico acima da média, ocorre El Niño e na região Sul Sudeste do Brasil tende a haver chuvas acima da média.     Ao contrário, resfriamento do Pacífico um pouco acima da média, forma o La Niña e tende a chover abaixo da média na nossa região.
     Destacou que o El Niño tem algumas nuances entre uma ocorrência e outra.   Ela disse que os modelos desenvolvidos até o momento não tem boa previsibilidade para o comportamento do clima em ocorrência de El Niño Leste.   Há também o E.N. Central.
     Citou de passagem uma entidade que tem dados de acompanhamento e previsão de chuvas para zonas urbanas visando inclusive prevenir catástrofes.    UCCRN  é a sigla da entidade.

     Palestra 4 – Tomada de Decisão para Sustentabilidade por meio da Avaliação do Ciclo de Vida:  Além das Mudanças Climáticas
     Professora Drª Cássia Maria Lie Ugaya – da UTFPr -  a formação dela é em Engenharia Mecânica.    Exerceu por certo tempo essa profissão, mas não estava satisfeita com o que fazia no ramo e decidiu migrar para os estudos de eficiência no uso de energia.   Nessa busca na área de energia interage com a questão do meio ambiente.   O foco do estudo e atuação dela é na área de ACV Avaliação do Ciclo de Vida no setor de embalagens.    Citou inclusive uma Norma Técnica da ABNT específica. ISO 14040
     Ela mostrou que há algo de relativo na questão de impacto ambiental para uma mesma alternativa dependendo de outros fatores.   Usou um exemplo.    Se utilizo uma área de pastagem degradada na amazonia para plantar palma para usar o óleo desta como biodiesel, pode ser positivo em termos de redução dos GEE.   Na mesma região, se uso uma área que era de soja para plantar a palma para biodiesel, pouco ganho haverá em redução dos GEE.   Certamente se abater a mata para plantar a palma, o resultado é negativo em termos de redução dos GEE.
     Falou sobre produção de arroz irrigado e gasto de energia e emissão de GEE. Citou os dados para carne bovina, para carne de frango, etc.  
     Destacou que estritamente na questão dos GEE as hidrelétricas são mais nocivas que as usinas nucleares.   Claro que há outros parâmetros em jogo.
      Pede cuidados ao se fazer comparações.   Há padrões para isso ser feito de forma racional.   Parâmetros como garantir comparabilidade; garantir unidade funcional; garantir dados consistentes; métodos consistentes; revisão de terceira parte; ponderação – revisão de painel de especialistas.    Procurar não puxar a sardinha para um lado nem para outro.
     Rótulos com parâmetros ambientais.   Se há muitos parâmetros, os consumidores dos produtos ao lerem a embalagem ficarão confusos.    Há uma Comissão Européia tratando disso no âmbito da mesma.    Busca-se sistema único de rotulação baseado no Ciclo de Vida da Embalagem no meio ambiente.     No Brasil o assunto é novo e estamos estruturando o tema.    Citou nosso banco de dados no setor, cuja sigla é IBICT.   Lembrou que além do impacto ao meio ambiente no caso de embalagens, há outros impactos inclusive o impacto social.    Citou como exemplo o caso da Nike que fabricava produtos usando mão de obra barata na Ásia e pelo impacto social gerou protestos.
     Grupo de Trabalho em ACV-S     Projeto ACV Social   - em curso.
          cassiaugaya@utfpr.br
     Parte de perguntas e respostas na parte da manhã: 
     Alguém do plenário perguntou se haveria discrepâncias entre dados do IPCC e do ICCRM que monitora mudanças climáticas e impacto no meio urbano.     A palestrante Alice, da Climatologia, disse que não há discrepâncias.     Ela destacou que nesse tema há lobby dos dois lados, tanto para pintar o quadro trágico como para dizer que não se está afetando o clima.
     Disse que quando o pessoal se alarma muito com a questão do clima tende a carregar nas tintas e setores deste pessoal perde credibilidade no confronto do que a ciência diz. O mesmo vale para o outro lado, se tentar argumentar que não há problema de aquecimento global, etc.    Estudos desqualificam esses argumentos.    Recomenda então embasamento e equilíbrio dos dois lados.
     O Antropólogo destacou que ao falarmos do clima e meio ambiente, temos que sempre colocar o ser humano como componente do sistema.   Destacou que é positivo conhecer o que outros países estão fazendo para melhorar o cenário, mas não recomenda ir importando soluções que são adequadas para determinado meio com diferente economia e cultura.   Citou um exemplo concreto.    Ministrou aqui em Curitiba aula na graduação de um aluno Angolano na área ambiental.    Um dia o aluno lembrou que certas tecnologias aqui abordadas são muito interessantes mas estão distantes da realidade de Angola que passou quatro décadas em guerra civil e está em estado precário em termos econômicos, sociais e ambientais.   Há prioridades.
     ...............até aqui foram abordadas as falas do primeiro dia do evento e as palestras da parte da manhã do segundo dia.     Ainda a colocar no word quatro palestras da parte da tarde deste segundo dia e oito palestras do terceiro dia, etapa final.     Eu chego lá...

                 orlando_lisboa@terra.com.br      www.resenhaorlando.blogspot.com.br

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