Total de visualizações de página

quinta-feira, 14 de março de 2019

RESENHA DAS FALAS NO EVENTO “GÊNERO E RESISTÊNCIA” - Curitiba - PR. março/19 - Professora Diva - Manuela D´Ávila


RESENHA DAS FALAS NO EVENTO “GÊNERO E RESISTÊNCIA
Realizado dia 11-03-2019 no Teatro da Reitoria da UFPr de casa lotada
            O grupo que vem realizando estudos, articulações e debates sobre o tema tem no Face a página politica.por.de.para mulheres
            O público foi estimado em 95% de mulheres.    Muitas delas, estudantes, professoras, algumas acompanhadas das crianças. 
            Na abertura a cantora Marinalva Gonçalves da Silva cantou à capela uma música engajada.        Umas palavras que captei da letra da música.      ... não queria assistir o fracasso do bom...   o triunfo do mau.    .... eu decidi servir...lutar e construir.    Por isso, Curitiba, eu estou aqui.      (muito aplaudida).
            Duas professoras da UFPr que vem ajudando nas articulações e seminários sobre Gênero e Resistência falaram na abertura e depois passaram a palavra primeiro à Professora Diva Guimarães e em seguida para a Manuela D´Ávila, esta jornalista, que foi vice do Haddad na campanha de 2018 para Presidente da República.
            Consta que o evento teve a transmissão pelo canal de TV da PFPr e deve haver o material no site respectivo.
            Na fala da Professora Eneida Salgado explicando um pouco das atividades dentro do foco do fazer política.   Laboratório / observatório / oficinas.    Destacou que estamos com vinte anos de cotas para a mulher na política (disputando eleições) e tem sido insuficiente.  Busca-se estudar o por quê?   No que melhorar.   Em 2017 fizeram o primeiro curso de formação política para mulheres.    Houve demanda crescente.  Na chamada mais recente, houve 1.647 inscritas.  Um alento.     Saiu um livro dos encontros da pesquisa.   Ela encerra a fala com os dizeres:  Política faz meu gênero.
            Ao citarem uma poeta, deixando claro que o termo já é feminino, destacou algo da nossa poeta Alice Ruiz.      ...”mulher, via um futuro grandioso a quem eu tocava.  Um dia eu me toquei”.
            Foi convidada pelas mulheres do parlamento da Bolívia onde 51% das cadeiras são ocupadas por mulheres.   Até estranhou o fato delas requisitarem a palestra lá, mas as parlamentares bolivianas disseram que apesar de serem maioria no parlamento, mesmo lá entre os pares elas são vistas como pessoas subalternas, o que é uma pena.   Há ainda muito a caminhar por lá também.     
            Dito isso, levantou o punho cerrado e disse: Vamos Resistir.  A plateia toda fez coro.   “Vamos Resistir”.    Falar de gênero é falar de resistência.
                       
            Fala da Professora Diva Guimarães, 78 anos de idade, professora e fisioterapeuta, dedicou a vida ao ensino.   Negra, neta de escravos, viu na mãe um exemplo de resistência e luta.     A mãe nasceu em 1907 em Jacarezinho-PR.          A mãe dela, menina de sete anos, entregava leite na cidade e ficou sabendo de uma professora e pediu para ela ensiná-la a ler.  Um dia o pai dela descobriu e deu uma bronca enorme nela e a proibiu de continuar porque entendia que ela iria passar a ter problemas com o povo da época, pela década de 40. 
            Nos tempos que moravam em Bandeirantes-PR, a mãe atuava junto à Igreja Católica e sempre lutando pelos mais fracos.   Espalharam o boato de que ela era comunista.    Passou a sofrer segregação.   Quando ela quis batizar a Diva aos quatro anos e meio, a igreja local não aceitou.   Teve que fazer o batizado na vizinha Andirá-PR e na hora de batizar, o nome de Diva deu enrosco, porque “não tinha nome de santo”.   Mais uma batalha, mas foi batizada.    
            Estudou primário, ginásio e parte dos estudos em colégio de freiras.   Sempre segregada e tendo que se defender.   Foi inclusive atleta de basquete e disse que treinava bem mais que as colegas para ser aceita.   No primeiro tempo do jogo, era vaiada por uns, mas depois que viam que ela jogava acima da média, passava a ser aplaudida.  Uma luta de cada dia.
            Teve muitas professoras, mas foram cinco que fizeram a diferença na vida dela pelo lado positivo.    Disse que professora pode ser um deus ou um diabo na vida de um aluno.   Pode ser incentivo ou fator de desânimo.   Faz cicatriz na alma e cicatriz na alta não tem cura.
            Aos dez anos de idade ela leu um livro sobre Lampião e se identificou com a luta dele e usa como inspiração. 
            Aqui em Curitiba ela como professora passou em segundo lugar num concurso e poderia ter escolhido dar aulas no Colégio Estadual do Paraná, de destaque, mas optou pelo colégio de periferia lá do Valetão onde estariam seus iguais.   O pessoal estranhou a escolha dela, mas ela tinha em mente que na periferia poderia fazer a diferença para alunos de baixa renda.   Se ela chegou lá em termos de estudo e profissão, que eles também tinham potencial para chegar lá.
            Numa retrospectiva da luta do negro no Brasil, lembrou que em 1837 criaram lei que negro não podia frequentar escola.   Houve estado do Brasil no qual essa lei veio sendo executada na prática até 1950.   Pela lei das Terras, de 1850, foi determinado que terra seria vendida e assim negro não teria acesso à terra para produzir e viver.
            Mudou a chibata.   Antes era do feitor, mais modernamente é o cassetete que é usado nas periferias contra pobres em geral e negros em particular.    Costuma-se dizer que o negro é invisível, mas na hora de perseguição pela polícia à noite, conseguem ver preferencialmente os negros com suspeição e discriminação.
            Aos 78 de idade, ativa e muito lúcida, é um exemplo de resistência e luta.    Ela não perde a esperança na educação.        Foi longamente aplaudida em pé por todos.    Emocionante!

            Fala da Manuela D´Ávila
            Diz ser um privilégio fazer o que ela faz.  Mulher, mãe, jornalista, militante.  Luta e Resistência.
            Leu trecho de um poema de uma poeta da Nicaragua que chegou a ser Secretária da Educação no governo sandinista.
            Uns pequenos trechos que captei.     .... não percas a compaixão... nadar contra a corrente.... uma mulher forte.
            No Brasil morrem 62.000 pessoas assassinadas por ano.  Muitos deles, jovens, pobres, negros.
            A Revolução Francesa trouxe alentos da liberdade, igualdade e fraternidade, mas na prática as classes e “raças” sempre em luta.
            Destacou que a sociedade em geral está num contexto de consumismo exacerbado.   As novas tecnologias desempregam.  O sistema econômico mundial está em colapso.   O sistema gera novas formas de Colônias.    Há descarte em massa de camadas da população.
            Ela acredita em Deus.   (a Direita anda postando na internet que ela não acredita em Deus).
            Os primeiros a serem punidos por este sistema econômico são as primeiras, as mulheres.
            Ela está aos 37 de idade.   Aos 25, da luta estudantil, acabou disputando uma vaga a deputada federal pelo RS e foi eleita com meio milhão de votos.
            Destacou que o congresso congelou (aprovou isso do Executivo) o orçamento por vinte anos.    Os programas sociais tem restrição de verbas.    Mães precisam de creches para colocar as crianças para poderem trabalhar.   Corte de orçamento afeta a vida do povo em geral e da mulher em particular.
            A mulher se emancipar.  É importante estar na cabeça da pessoa isso, mas tem que haver condições materiais para isso e políticas públicas tem que estar no contexto.  Um dos exemplos é a demanda por creches.
            Ela destaca a luta das mulheres paranaenses.   Tem que se encarar o problema das desigualdades.    A Manuela é dos quadros do Partido Comunista e destaca que a questão de classe é levada muito em conta nisso tudo.
            Estamos vivendo um período difícil na política brasileira, mas ela até para manter a cabeça em dia, viaja pelo Brasil a convite, proferindo palestras como forma de Resistência.
            Ela inclusive divulgou e autografou o livro REVOLUÇÃO LAURA.
            “Precisamos continuar acreditando no Brasil”.   Amor, empatia, solidariedade.   Ingredientes da resistência.   Depois disso tudo, que venha a primavera e que ela seja nossa.         Aplauso geral.        21 h

     Anotações pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
WhatsApp  41 999172552    -  Curitiba – PR      orlando_lisboa@terra.com.br





quinta-feira, 7 de março de 2019

RESENHA DO LIVRO – O QUE VEM AO CASO – AUTORA: INEZ CABRAL (março/2019)



    (    filha de João Cabral de Melo Neto – mas tem luz própria)

         Resenha (fichamento) pelo Eng.Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida

         Editora Alfaguara – RJ, ano 2018 – 165 páginas

         Carpina – cidade pernambucana onde o avô tem um sítio.   Mestre Carpina é personagem do poema Morte e Vida Severina  - de João Cabral de Melo Neto
         página 10 – A menina (auto biografia) quer ser fazendeira. O pai pergunta por quê?
                   Pra andar a cavalo, tocar berrante e juntar gado.
         11 – ela dividindo as balas trazidas pelo pai com os irmãos e primos.  Uma para cada e o restante pra ela.    (na minha infância ocorria algo bem assim)
         18 – Em Sevilha (onde o pai serviu como Diplomata).   Os pais colocam ela numa escola pública (religiosa) para imersão na cultura local.   Aulas das 7 as 19 h
         20 – Entre Málaga e Cadiz, região de clima deserto.  O costume da siesta após o almoço.
         51 – O pai é ateu ou agnóstico.   Mãe e irmãos ir à missa nos domingos.  Em certo tempo ela, adolescente sai dizendo que vai à missa mas não vai.   Quando vai, o faz durante a semana.
         53 – Primeira sessão matinê no cinema.   Meias que apertam as pernas grossas, diferentes do padrão das espanholas.   Se lembra de um chavão:   “mulher pra estar bonita tem que sofrer”.
         54 – A mãe dela é assim:  ou pensa como eu ou está errada”
         54 – Enrosco na matéria Geografia.  A mãe envia ela a um povoadinho basco onde vivem menos de 500 habitantes.   Lá tem um mosteiro das freiras ursulinas.  O local se chama Lecumberri.
         55 – Longe da mãe, a principal das vantagens.
         56 – Paqueras aos jovens seminaristas.   “tem coisa melhor na vida do que desencaminhar um seminarista?”
         57 – Em Sevilha, os pais viajavam e os filhos ficavam com a Adela.   Filhos fazem uma festa para celebrar a liberdade, só que os pais chegaram um dia antes, em plena festa... sobrou alguma bronca para Adela mas os pais deixaram a festa continuar.
         Mudam para Genebra na Suiça.
         61 – Na Suíça, dependências da ONU e muitos diplomatas atuantes.   Na escola, discriminação de filhos de diplomatas de outros países.    Certo dia, na frente da comunidade escolar, a mãe de um aluno pergunta à brasileira se é muito difícil subir em árvores.    A menina, de bate pronto, responde:  - Claro que não!  E no meu país há elevadores bem mais modernos do que os seus por aqui.   Risada geral.
         Depois dessa, mãe e filho tomaram chá de sumisso.
         Boletim escolar.  Primeiro a mãe vê e dá a bronca e depois o pai assina.
         63 -  As aulas de francês.  Muitos poemas, inclusive de Victor Hugo.
         74 – termo curioso e popular.   Ela tem um amigo da pá virada.
         77 – Fazer colinha pra prova de química “em letra de formiga”
         85 – Ela tentando arte na escola e a professora não aprova nada.  Conselho do pai poeta:  Não siga o caminho mais fácil.  Arte é suor”.
         87 – Pais conversando sobre ela e ela escutando escondida.   A mãe acha que tudo é fígado, matéria.   Ele pensa em psiquiatra.    (anos 60)   Aqui na Espanha, psicanálise é proibida, dizem que é coisa de falta de fé.   Ela fica muito revoltada com os pais.   Achava que eles poderiam conversar mais com ela e não quererem enquadrá-la.
         O pai sempre compreende e sugere que ela comece a escrever.  Assim não terá professores para podá-la na arte.
         88 – Ela pelos cinquenta consegue conversar mais com o pai.  Logo ele morre e cai a ficha:  deveria ouvi-lo mais nas dicas para a vida e a arte.
         90 – Sair, na juventude, e ter que voltar antes das três da madrugada.  Pais colocam o despertador para três da matina e ela tem que chegar, entrar no quarto deles e desligar antes de soar o alarme.
         94 - … aceita seu destino: ser brasileira e morar no Brasil.
         95 – Anos 60/70.   Mulher no Brasil era pra casar, ser fiel, do lar e o homem pode pular cerca, etc.   Na Europa já havia mudado um tanto essa mentalidade.
         Anos dourados (anos 60) tempos de agito da juventude.  Peças  Hair e Oh Calcuttá!
         101 – Frase sobre o namorado que atua em cinema  (ele uns 16 anos mais velho que ela, desquitado): “Ao cabo de um mês, mudou-se para a casa dele de onde só saiu oito anos e dois filhos depois”.
         105 – O poeta João Cabral (pai dela) e família eram amigos de Dom Helder Câmara (então bispo).
         114 – Filha dela nasceu e recebeu o nome de Dandara.  A avó paterna não se conforma com o nome e torce para que não seja menina para fugir do nome escolhido.    Dandara foi crescendo e se tornou mandona.
         120 – O filho recebeu o nome de Sereno.   Coisa de bichos grilos dos tempos de hippies.
         123 – Um truque de mãe que inventou na hora das crianças irem dormir ou que deveriam ir.   Só deixa chamá-la de mãe até a hora combinada para dormir.  Depois desse horário, tem que chamar pelo nome da mãe.    As crianças entraram na linha e às vezes até iam dormir mais tarde, mas não perturbavam a mãe.
         126 -  Desfaz o relacionamento e avisa por telegrama o pai.  Ele dá força total a ela.
         129 – Ela perticipa da montagem do filme “O Amuleto de Ogum”.
         130 – Resolve ficar com uma mulher.  Tentar outras possibilidades.
         132 – O pai das crianças é omisso total, até em afeto às crias.
         134 – Agora ela tem um “ficante” que trabalha com ela em montagens de filmes.
         137 – A professora idiota que fica na marcação da filha dela que já é alfabetizada e não presta atenção na aula.    A mãe, após reclamação, orienta a filha. A filha leva o ano na boa e no fim a psicologa veio perguntar como a mãe solucionou o problema.   A mãe não queria responder, mas acabou dizendo:   Eu falei pra filha que a professora era uma idiota (não ver que a menina já sabia ler) ...e que ela fizesse tudo direitinho sem incomodar a professora.
         140 – Ela é da geração “bicho grilo”, anos dourados.  (anos 60)
         Hippies, pílula, LSD, etc.
         142 – O problema de punir a criança sem explicar o por quê.
         146 – Um dia ela leva o filho de sete anos para visitar o avô dele.   Na casa do avô poeta, dois amigos estavam presentes.   Otto Lara Rezende e Rubem Braga.  O menino de sete anos tinha lido um conto de Rubem Braga  “A triste história do tuim”. O autor ficou lisongeado e o Otto Lara ficou com ciume.   Gostaria de escrever algo que fosse lido e compreendido inclusive pelas crianças.
         156 – O velório do pai na ABL Academia Brasileira de Letras no RJ.   Os figurões e os holofotes das Tvs.   E ela num canto só observando as falsidades e egos.
         Citou inclusive o episódio dos mortos da queda do avião com o time da Chapecoense.   Que o Temer foi a Chapecó e a turma da segurança convidou os parentes dos mortos para irem ao local onde estava o presidente para os cumprimentos.   Um dos pais disse que não ia porque o Temer era só o presidente e não tinha nada a ver com a família e o momento deles.   -  Eu não vou.  O velório é aqui. Se ele quiser, que venha nos cumprimentar no velório.
         159 – Como ela conseguiu enquadrar o filho de dezesseis anos que andava mal na escola, fumando maconha inclusive no momento de estudar pra prova do dia.  Ela deu a bronca e desafiou ele a sair de casa e se virar.   Ele disse que iria passar a pousar nas marquises, logo no RJ onde o perigo é vinte e quatro horas por dia.   Ela combinou diferente:   Você vai entar pela porta da cozinha, preparar sua comida, lavar suas roupas e dormir no seu quarto sem importunar ninguém.   E assim se fez.   Um dia após ele fazer um café veio perguntar pra mãe se ela aceitava um gole. 
         163 – Ela, cineasta, recebe uma encomenda da Pastoral da Criança, um filme curto e de muito baixo orçamento.   Ela topa a parada e mãos à obra.   Num dia das filmagens, conversa com uma mãe.    A mãe preocupada com o filho jovem e o risco dele querer um tenis de marca e cair na mão de traficantes.   Ela pergunta se essa mãe tem filha.  A mãe diz que tem, as que com elas não se preocupa.
                   Tenho sim, duas.  Mas com as meninas é mais fácil.
                   Mais fácil?
                   Claro.  Se uma menina quiser uma roupa cara, basta abrir as pernas. Depois, lavou, tá novo.

                                            Espero ter despertado a curiosidade dos leitores para lerem a íntegra do livro que é feito em mini contos de uma a duas páginas cada.   Todos ricos em conteúdo e bem objetivos na forma de expressão.   Recomendo muito.
                           www.resenhaorlando.blogspot.com.br         


        

        


sábado, 16 de fevereiro de 2019

RESENHA DO EVENTO - AGROTÓXICO MATA - NO MPT MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO - CURITIBA PR - FEVEREIRO 2019




Anotações pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida – filiado ao Senge
Sindicato dos Engenheiros no Paraná
Data: 12-02-2019 – local – Antifeatro do MPT no centro de Curitiba

O evento ocorreu no espaço do grupo que se reune há anos sob o nome de Forum Lixo & Cidadania e que debate a situação dos catadores de recicláveis e a busca de inclusão social dos mesmos integrando os elos para troca de experiências e conquista de melhorias para o setor. Tenho participado há anos do Forum desde Maringá e depois aqui em Curitiba.
Os catadores de recicláveis já tem uma boa caminhada de associativismo e ainda há muitos desafios a vencer e o apoio da sociedade é muito importante inclusive pelo serviço deles que tem um viés ecológico importante na medida que o que se recicla reduz a quantidade de lixo descartado e há menor pressão sobre novas matérias-primas. Outro fator é que lixo pelas ruas aumenta o risco da dengue e outras doenças semelhantes causadas por água empoçada.
Nas reuniões do Forum – sempre abertas à comunidade – vem pessoas do interior inclusive para trazer resultados de ações realizadas, assim como buscar outras experiências exitosas para levar para sua base. Um intercâmbio entre catadores, autoridades públicas, pessoas de ongs e demais cidadãos que ajudam como voluntários na busca do bem comum.
Vamos ao que estava hoje na pauta - EVENTO – AGROTÓXICO MATA
Na mesa de condução dos trabalhos, o Dr Sinclair – Promotor de Justiça ligado à questão de meio ambiente em âmbito estadual há decadas.
Dra. Rosana – Promotora Pública da Comarca de Campo Mourão – PR.
Um pouco da fala da Dra. Rosana. Ela tem na jurisdição 36 municípios abrangidos pelas ações contra os excessos no uso de agrotóxicos, inclusive nas chamadas áreas periurbanas, afetando a vida das pessoas que moram na cidade. Os produtores aplicam venenos e o vento produz a chamada deriva, que é o arraste de resíduos de veneno para fora das lavouras, podendo atingir a cidade, os córregos, mananciais de abastecimento, etc.
Há tempos ela como Promotora de Justiça recebeu um abaixo assinado com mais de 150 assinaturas de pessoas da cidade de Luziana-PR que pertence à comarca de Campo Mourão. A partir daí ela vem num embate de mais de cinco anos junto com a comunidade dialongando com os proturores e buscando forma de resolver os problemas sem inviabilizar as atividades dos produtores rurais.
No contexto, tem sido criadas as chamadas Cortinas Verdes buscando proteger a zona urbana, inclusive com respaldo de leis municipais criadas para esse fim. Uma das alternativas é deixar de aplicar venenos (agrotóxicos) numa distância definida da zona urbana. Outra é fazer agricultura orgânica (sem uso de venenos) nessa faixa periférica à cidade e outra é plantar fileiras de determinadas árvores para evitar que o veneno trazido pelo vento chegue à cidade.
Já são 14 municípios daquela região de C.Mourão que adotaram a lei municipal da Proteção Verde ou Cortina Verde. Buscam em conjunto comunidade e autoridades, soluções para trazer alternativas aos agricultures para que estes tenham opção viável de continuar tendo renda para continuar na agropecuária.
Havia caso em Campo Mourão onde o Hospital Regional era confrontante em divisa com lavouras que recebiam carga de venenos periódicos. Hospital com setores de Maternidade, Oncologia e outros. A promotoria vem agindo com rigor para evitar que situações desse tipo volte a ocorrer.

Numa rápida fala, a Vereadora de Curitiba, Dra Maria Letícia Fagundes que é médica, destacou que pode haver correlação entre o excesso de agrotóxicos e o aumento de certos tipos de doenças, dentre as quais a intolerância a certos alimentos e mesmo alergias diversas. Disse que como vereadora nota que ao município não há muito espaço legal para legislar sobre o tema, mas busca dentro do possível encontrar alternativas que ajudem a proteger a sociedade.
Ela disse que no Plano Diretor de Curitiba há algumas normas sobre produção, transporte, armazenamento e uso de agrotóxicos. Aqui foi criada lei municipal para dar amparo à agricultura urbana que vem se expandindo de forma alentadora.
Lei de 1989 proibe que no espaço público da cidade se use herbicidas para controle de ervas daninhas.
Ela falou inclusive da preocupação com cemitérios, onde tem que haver critérios para evitar que infiltre água contaminada pelos túmulos e afete o lençol freático da cidade.
Doutora Rosana, usando a palavra, destacou que há um dilema. Produtores rurais não estocam sempre os agrotóxicos na zona rural pelo risco de roubos frequentes. Acabam estocando no quintal de casa na zona urbana, colocando em risco a família e vizinhos. Ela tem cobrado de forma rigorosa ações da ADAPAR e do IAP que são órgãos públicos estaduais que tem obrigações nessa área e o dever de fiscalização.
Disse que espera que nos Planos Diretores das cidades sejam sempre contempladas diretrizes sobre o tema dos agrotóxicos.        ( continua......)
            
  (para continuar lendo, clique no local indicado logo abaixo e o texto continua.....)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

FOTOS DA VIAGEM DE TREM PELA SERRA DO MAR - CURITIBA A MORRETES (PR)

Fotos tiradas com câmera Canon Rebel 75.    Bem amador - Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida - janeiro/19

OBS - na matéria seguinte, há o texto descritivo da viagem em si com dicas sobre o passeio de trem.   Fiz esse passeio duas vezes.
Recomendo.

  Acima, passando pelo município de Pinhais-PR vizinho de Curitiba


  Até aqui, ainda antes de descer a Serra.  Estamos na região que está em altitude de uns 940 m acima do nível do mar.   
Curiosidade:   No alto, antes da serra em si, há araucárias como a vista acima.   Logo em seguida na Serra do Mar já não há araucárias pela mudança do ambiente em si.

 A Mata Atlântica é bem úmida e por isso muito favorável à presença de bromélias que são parentes do abacaxi e muitas vivem sobre a copa das árvores.   Isto é ajudado por haver umidade no ambiente.
 Já na descida da Serra do Mar.   Construções antigas que ainda estão em poder da União estão abandonadas.   A União não cuida e a concessionária Rumo, ex ALL não cuida por não fazer parte da concessão.   Uma pena.

 A guia disse que esta casa acima já foi o que havia de mais moderno em sua época em toda a região.  Com roda de água, gerador de eletricidade, piscina, prédio em três andares e luxo europeu.


 Em destaque as flores do manacá da serra.   Planta que pode ter diferentes nomes conforme a região.  Uns chamam a planta de quaresmeira.



 Essa cachoeira está a uns 400 m da linha do trem.  Usei o zoon máximo da câmera e saiu o que foi possível.

 Aqui o altar da santa do Cadeado.    Passa tão de supetão que quando fui clicar, quase já era.   Ficou um fiapo do altar à esquerda da foto.

 Esta é a ponte metálica sobre o Rio São João, onde o trem passa.   Foto com zoom máximo também.   Consta que esta ponte de mais de 130 anos foi projetada aqui, feita na Belgica e montada aqui.  Vão de quase 100 m e altura na casa dos 70 m. 
 Pico Marumbi em sua beleza.
 Outra vista do famoso pico Marumbi que não é o ponto mais alto do Paraná. 

PASSEIO TURÍSTICO DE TREM PELA SERRA DO MAR - TRECHO CURITIBA A MORRETES (PR)

Neste mês de janeiro de 2019 fizemos num grupo de amigos, um passeio turístico de trem da companhia Serra Verde que desce a Serra do Mar num percurso lindo, nas encostas das montanhas com muito verde e paisagens de tirar o fôlego.   Fui nesse passeio pela segunda vez e nesta fomos entre velhos amigos o que tornou a viagem ainda mais agradável.
     Um pouco do que é a viagem.    O percurso é de uns 80 km e há dois tipos de trens.  Um em estilo mais convencional com vários tipos de serviços em diferentes vagões.    Outro tipo é a chamada Litorina que é como um vagão com maquinário de locomoção preparado para viagem mais exclusiva no ambiente, no serviço e nas paradas no trecho.   O preço também é diferenciado.
     Fomos no trem que tem ao redor de três categorias entre mais simples, mediana e de mais luxo.   Na mais simples, bancos revestidos de forma parecida com os de ônibus urbano e servem uma água, sendo que as demais bebidas são pagas à parte.  
     Na categoria intermediária, na qual fomos, há no combo uma água ou refrigerante e um lanchinho e uma guia que vai explicando sempre em português, os detalhes e particularidades do passeio.   As falas da guia são fundamentais porque as pessoas recebem informações da mata atlântica, um pouco da história da região e da própria ferrovia que é de 1885 e tudo o mais.    Destaco que é a mesma ferrovia que leva mercadorias ao Porto de Paranaguá e vice versa.
     A ferrovia foi feita em apenas cinco anos o que era e ainda seria uma proeza da engenharia, por cortar uma Serra tão íngreme coberta de mata, penhascos e tudo o mais.
     Voltando ao serviço de bordo.    A guia alerta um pouco antes de cada detalhe que merece uma olhada mais apurada de uma ponte, um rio, uma montanha (como o Pico Marumbi), uma casa histórica.    Sem esse alerta que às vezes é visto por frações de segundos, o turista passaria batido, não conseguiria fotografar, nem entender a importância da vista.
     Quanto ao trem no ou nos vagões de mais luxo e também na Liturina, consta que há guias bilingues, o que é fundamental para o tanto de turistas internacionais que descem a Serra do Mar.     Destaque-se que nesta região temos a maior faixa (uns 80 km) de Mata Atlântica preservada, o que é raro no Brasil.
     O passeio de descida da Serra do Mar de Curitiba a Morretes dura entre 3 e meia hora e quatro horas inclusive porque o trem faz paradas técnicas no percurso porque há no trecho os trens de carga compartilhando o trecho e todos são lentos.
     Além da Mata e das montanhas, se vê obras da engenharia como casas, pontes, túneis cavados na pedra há mais de 130 anos (parece haver treze) por onde o trem passa, além de marcos como a cruz do local onde assassinaram o Barão do Cerro Azul e também o Monumento do Cadeado (curva na forma de elo de cadeado) com um pedestal e uma santa.    No terço final da descida, de longe já se enxerga o litoral com parte do oceano e da cidade de Morretes.     As árvores de manacá da serra estão floridas nesta época em suas flores típicas de cor rosada com tons próximos do pink, passando por rosa mais suave e a cor branca.       Há também a subida da serra de trem, porém não recomendo pela demora.      Geralmente quem desce de trem retorna em Vans com ar condicionado que fazem o percurso por preço módico por estrada boa e demoram ao redor de uma hora e meia (pela BR 277 pista dupla) para retornar de Morretes a Curitiba.    Alerto que é uma alternativa interessante já contratar a Van para a volta (paga ao embarcar) ainda em Curitiba onde os agentes contratam "de boca" e entregam um boton para a pessoa usar na lapela e com esse boton o motorista da Van (lá em Morretes) já vai recebendo os visitantes e levando da estação ferroviária para o centro de Morretes.    Em seguida, combinam a hora da saida de volta e pronto.
     Há também ônibus regular que faz o percurso.     É ver os horários e não deixar para a última hora para garantir a passagem para um momento adequado.
     Um dos atrativos de Morretes que tem séculos de história e casario antigo é o prato típico chamado barreado.   Diz a guia que o prato original é feito em panela de barro onde se cozinha carne bovina em fogo brando (panela fechada com massa própria sem saida para vapor) por 12 horas seguidas.   Dizem que os antigos deixavam a carne ao molho cozinhando por 24 h.     É um ensopado de carne que é servido junto com arroz e farinha de mandioca crua e banana da terra.    O prato é saboroso e vale a pena provar.   Cachaça de banana, bala de banana e outras iguarias são destaque da culinária local.
     Caso a pessoa goste do lado histórico, há a opção de visitar também a vizinha Antonina (30 km) que igualmente tem muita história (tem porto local) e um belo casario e bons restaurantes .    A própria igreja matriz de Antonina há anos fez 300 anos de existência e é ampla e imponente.   Visitamos e gostamos.
     Em um dia daria para visitar Morretes e Antonina, mas se a pessoa for ligada em história como eu, pode ser que interesse pousar uma noite em uma das duas cidades.
     Sem dúvida, podendo voltar de carro ou Van pela famosa Estrada da Graciosa, o percurso é um passeio memorável também.    Ela é pavimentada, centenária e vai fazendo as curvas da serra, o que encanta os turistas.   Devido ao traçado da estrada, é de tráfego lento o que também é compatível com quem está passeando e contemplando as paisagens.     Muitos ciclistas sobem ou descem a serra cotidianamente e há pontos de parada para olhar dos mirantes a paisagem da Serra.
  Boa viagem!!!!     orlando_lisboa@terra.com.br      (Uso o Face também)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

MINI CURSO SOBRE O MUNDO DO TRABALHO - Prof. Dr. HELDER MOLINA - UERJ - PARTE 1

RESENHA DO MINI CURSO SOBRE O MUNDO DO TRABALHO - PARTE 1
         Palestrante:   Professor Dr. Helder Molina, da UERJ
         Graduado em História, Mestrado em Economia e História e Doutorado em Ciência Política    (oriundo do Mato Grosso)
         Data e local:    30-11-2018 e 01-12-2018 no SENGE Sindicato dos Engenheiros no Paraná – Curitiba – PR
         Anotações pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida

         Atualmente no âmbito nacional há duas federações da Engenharia, sendo uma a Fisenge , da qual o Senge do Paraná é filiado e a Fenae.  
         As duas federações tem suas diferenças, mas tem dialogado frente aos desafios que tem surgido inclusive com as mudanças conservadoras nas leis do trabalho que afetam os trabalhadores em geral e os engenheiros empregados em particular.
         Destaca que o mundo do trabalho é mais complexo que as relações de trabalho em si.
         Faz um histórico para resgatar as lutas dos trabalhadores ao longo dos tempos.     Diz que a crise é sistêmica e não começou no Brasil.   Destacou que a política normalmente tem grande dose de paixão.   Buscar separar um pouco o lado racional do tema.    A paixão não é sempre ideológica, podendo a pessoa estar sendo instrumentalizada.
         Faz vinte anos que ele está na UERJ Universidade Estadual do Rio de Janeiro.   Torcedor do Botafogo do Rio.
         A utopia é uma busca que nos coloca em movimento e só termina com a morte.   Uma esperança militante.  Aos 58 de idade, motivado.   O que nos traz aqui no Mini Curso é o fato de sermos solidários.   Na busca pelo bem dos outros mesmo que os beneficiários não entendam a nossa luta.
          Disse que o pessimismo dele dura menos de dez segundos.   “A história se entende na longa duração”.   
         As coisas requerem certa paciência.    Relembrou que Marx dizia que a história se repete como fato ou como tragédia.    Os cenários vão se sucedendo numa correlação de forças.   Ganhar ou perder faz parte da luta social.    Ele assessora entidades sindicais paralelamente à atividade de Professor Universitário há trinta anos.   Vivenciou várias fases.   Muitos tipos de sindicalistas.     Classifica em dois grupos:   Os surfistas e os mergulhadores.   Os surfistas não entendem o fenômeno pelo olhar superficial.   Já os mergulhadores entendem os fenômenos em profundidade.
         (eu creio que essa classificação explica também um pouco do que percebemos nas redes sociais quando há debate político, por exemplo)
         Curso de formação, como este.   Buscar aprender a mergulhar.
         Os conceitos de esquerda e direita vem da Revolução Francesa.  Houve os que buscavam avanços e os que buscaram retroagir à condição anterior com monarquia absolutista e tudo o mais.    Ele disse que atualmente ser de esquerda ou de direita não é o que a pessoa se declara.   É o que ela pratica.
         Chama o pessoal que luta por mudanças no rumo da cidadania de Campo Progressista.     Disse que muitos dos que votaram no de direita recentemente tem algo de fascista mesmo não sabendo o que o termo significa.
         História -    Feudo – grande propriedade rural da época.   Um espaço privado, do senhor feudal e a mão de obra era pelos servos.  Feudo – campo; burgo – cidade.   No regime feudal a igreja mantinha aliança com os reis (monarquias absolutistas) e os senhores feudais.      Esse sistema feudal na Europa gerou acúmulo de capital que inclusive impulsionou as grandes navegações na busca de mais mercados e matérias primas.     Esse período marca o início do capitalismo (1400 a 1500).    Potências da época:   Inglaterra, Holanda, Espanha, Portugal, etc.
         Grandes navegações e “descobertas” de novas terras para expansão da atividade capitalista – mercados e busca de matérias primas.   Foi o início da Globalização.
         Nessa lógica, Portugal vem à América na busca de abrir mercado, explorar riquezas naturais, matérias primas.   Usou e abusou do trabalho escravo.  
         Lula e Dilma tentam mudar a lógica de nós sermos colônia.  O Brasil de então apoiou o BRICS – Brasil, Russia, Índia, China e África do sul.   Incluindo a meta do Banco de Desenvolvimento criado pelos BRICS.  Afeta os interesses da potência mundial e vem o castigo.   Dilma deposta e Lula preso.
         O mundo moderno está sob a égide do capitalismo.      Um dos cientistas que estudou em profundidade isso foi Marx.   Sugerida a leitura do texto do Manifesto Comunista, parte 1 – Burgueses e Proletários (oito páginas) .     Destaca que o mundo gira à base da lógica do mercado.     A Europa expande seu comércio para o mundo dentro do modelo capitalista.
         Mudança do sistema produtivo – Revolução Industrial.
         No feudalismo havia um equilíbrio entre campo e cidade.   Mas as mudanças no sistema produtivo com máquinas a vapor, etc. impulsionaram a produção e produtividade e a riqueza concentrou mais na cidade que no campo, esvaziando os feudos e florescendo a burguesia nas cidades.  Muda também o eixo de poder.
         O trabalho no feudo era de baixa produtividade (pelos servos sem ganho) e estes trabalhavam ao senhor feudal uma média de 6 horas por dia.  Já a partir da revolução industrial inclusive com a luz elétrica nas fábricas, acelera a produção e a jornada de trabalho fica mais longa que poderia chegar a até 14 horas por dia.   E emprega homens, mulheres e crianças. 
         No campo a mão de obra ficava mais dispersa e nas fábricas, havia o trabalho coletivo e em ambiente restrito.   A mão de obra interage mais e é um fator inclusive de reivindicações.      O serviço fica sob supervisão de capataz.   Linha dura.   Jornadas de trabalho enormes.    A lógica da revolução industrial é produzir com alta produtividade, em grande escala e procurar ampliar mercados.    Esvazia os feudos e reforça os burgos.    Os senhores feudais (antes poderosos) passam a ser ultrapassados pelos burgos e os burgueses que detem o sistema de produção em massa.
         Essa ascensão da burguesia é também um salto político.
         Derruba os senhores feudais e caem os reinos com seus monarcas apoiados pela igreja e os senhores feudais.      A Inglaterra conseguiu a negociação para mudar o regime e preservar seus reis apesar de que os mesmos tem status mas não tem quase poder.     O mesmo ocorre com outros reinos como a Espanha, Suécia e alguns outros.    
         Sobre as péssimas condições de trabalho na época da Revolução Industrial sugere o filme Germinal baseado no livro homônimo de Emile Zola.   (filme dirigido por Gerard Depardieu).
         A vida média dos trabalhadores de então ficava na casa dos trinta.  Nessa época explode o uso inclusive da mão de obra infantil.   Período de desajustes sociais com migração de pessoas da zona rural para urbana, a questão cultural, a escolaridade, etc.   Pessoas não se adequam bem ao novo sistema.   Conflitos.    O sistema é que produziu os inadequados, vítimas da dinâmica.     É comum estes serem taxados de sem iniciativa (culpados), etc.    Tanto se bate nesta tecla de culpar as vítimas que até estas acabam não entendendo o processo em si e ficam resignados na posição de culpa.
         A partir da Revolução Industrial se cria uma massa de deserdados.   Só se organizando é que podem sobreviver.   Aqui entra o papel inclusive do sindicalismo.
         A fábrica de um lado é o cativeiro do trabalhador, mas também é onde está concentrada a coletivização dos oprimidos.   Gera conflitos e busca de saídas.
         No feudalismo os trabalhadores estavam fragmentados e nas fábricas, estão concentrados.    Facilita a articulação.

............................... continua na matéria seguinte deste blog.

        


MINI CURSO SOBRE O MUNDO DO TRABALHO E CENÁRIOS PARA O BRASIL ATUAL - DEZEMBRO/18 - Professor Dr. Helder Molina - UERJ (II)

 PARTE FINAL – MINI CURSO SOBRE O MUNDO DO TRABALHO
E CENÁRIO ATUAL (DEZEMBRO/2018)
         Palestrante – Professor Dr. Helder Molina, da UERJ
         Graduado em História, Mestre em História e Economia e Doutorado em Ciências Políticas.
         Anotações pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
         Dica de leitura do Professor:   “Mãe” – de Máximo Gorki
         Movimentos pré sindicais.  Três grandes movimentos.    O dos quebradores de máquinas – na Inglaterra do tempo da Revolução Industrial.  Eles não tinham uma pauta de lutas nem lideres definidos.  Algo como uma turba.    Um gesto coletivo.
         Cartistas -  Uma carta com as reivindicações.  Uma das primeiras pautas expressas:  Redução da excessiva carga horária de trabalho.
         No livro Germinal (de Emile Zola) consta que os operários saiam cedinho de casa e chegavam tarde da noite e não viam os filhos acordados.
         Os anarquistas  que articulavam os operários e tinham um projeto político.   Inspirados em teóricos como Proudon, Bakunin, Malaterra e outros.    Os anarquistas eram anti clericais porque na época a igreja apoiava os capitalistas que exploravam sem medida os operários.      No contexto está passagem do romance O Nome da Rosa, de Umberto Eco.
         Os anarquistas eram anti clericais, anti patronais e anti governamentais (contra o Estado).    Uma tese síntese:   Nada a perder, tudo a ganhar.
         Por quarenta dias os Anarquistas tomaram o poder em Paris na chamada Comuna de Paris.     Onde tem poder, tem conflito.   Há que ter alguma organização.   Os anarquistas negam a hierarquia.   Ao contrário, os comunistas primam por haver hierarquia.
         No Brasil
         Primeira fase -  Na fase da Revolução Industrial na Europa, o Brasil ainda estava na treva da escravidão.      Citando a escravidão nos USA, destacou o livro e o filme 12 Anos de Escravidão.  Recomendou.
No Brasil, pelo final dos anos 1800 começamos a receber imigrantes para substituir o trabalho escravo em certa medida.    Estes imigrantes trouxeram experiência dos ofícios e também da organização dos trabalhadores.    Com eles vieram as idéias do anarquismo, comunismo.   Em 1917 ocorre a Revolução Russa, que derruba o reinado dos Romanov.    Na época a Russia era um país pobre e operário.
Anarquistas se reciclam com os revolucionários comunistas e muitos assumiram o comunismo.
O PCB Partido Comunista Brasileiro, vem de 1922.   Os anarquistas no BR, de 1907 em diante.  Confederação Operária Brasileira – Anarquista.
No BR a luta operária desagua em Getúlio Vargas.    Este que é um homem do seu tempo histórico.      Na luta os trabalhadores conseguem arrancar do Estado as leis trabalhistas.   Nada caiu do céu.
1930 – rebelião da burguesia paulista (da riqueza cafeeira).   Partido Republicano Paulista. PRP.    Tentaram retornar à escravidão.
A república (1889) veio derrubando o Império porque este libertou os escravos, contrariando os poderosos de então, senhores de escravos.   A elite atrasada não é de hoje por aqui.
Na visão do Professor, a elite mais atrasada do BR é a elite paulista.
A CLT Consolidação das Leis do Trabalho, da era Vargas, era um pacto com setor da burguesia.   A que detinha o setor da indústria.   Tanto que o trabalhador rural ficou de fora da CLT.   O patronato rural, mais atrasado, não aceitou a CLT.   Só em 1988 a CLT passou a abranger o trabalhador rural.   (relativamente recente).
Vargas criou a CLT e nesta as normas sindicais e estas impediam que grupos políticos (anarquistas, comunistas) pudessem, mesmo sendo operários, ser da diretoria dos sindicatos.
Os anarquistas fundaram no Brasil os primeiros sindicatos locais.   Predominaram de 1922 a 1962.    A partir de 1962 ganha ênfase a ação dos comunistas no sindicalismo brasileiro.     
Nos anos 60 o presidente da URSS Nikita Krushev lança documento falando dos erros de Stalin e isto racha os comunistas do Brasil.   Uns continuam fieis aos conceitos de Stalin e outros não e há cisão, ficando então o PCB e o PCdoB.     Um de linha Stalinista e outro de linha Trotskista.
A URSS foi um polo muito importante de revolução de emancipação de países na América, África, etc.
Ele diz que a elite brasileira não suporta a democracia.    Ela gosta de regime fechado onde ela dita as ordens.    Na atualidade há forças de direita tentando por todos os meios colocar no escanteio o PT e os partidos de esquerda em geral.
O Estado em geral tem entre seus papéis, o de mediar o conflito capital e trabalho.
Resumindo as três fases do sindicalismo no BR:
Primeira fase – os anarquistas
Segunda fase – os comunistas
Terceira fase – trabalhista da era Vargas.  (PTB)
Vargas tenta certa dose de harmonia entre o capital e o trabalho.   Ele coloca o sindicalista Lula nesse contexto. 
Vargas estruturou o País para enfrentar o Imperialismo e criar uma Nação Soberana.   Criou a Petrobrás, siderúrgicas (Volta Redonda, etc) e muita infraestrutura.     O chamado período do Nacional Desenvolvimentismo .    (Da era Vargas).    Quer um projeto de Nação contra  o Imperialismo.   (custou a vida dele...)
Na Europa mesmo as elites concordam que os sindicatos são parceiros.
No Brasil a elite é contra os sindicatos e busca abrir as portas para nosso País voltar a ser colônia.   (Neoliberalismo)
O economista Paulo Guedes é da “Escola de Chicago”.   Ultraliberal.
Mais radical do que o Consenso de Whashington.
         Nos anos 60, o então presidente João Goulart (Jango) estava tentando implementar as suas Reformas de Base.   No contexto, mexeu com o sistema de remessas de lucros das empresas estrangeiras e foi o estopim para o Golpe Militar.       Quem nada contra a corrente dos interesses imperialistas dança.      (Vargas, Jango, Lula, Dilma...)     Mesmo o Collor com o discurso de que nossos carros eram carroças e ensaiou uma abertura do mercado no setor e puxaram o tapete dele.
         Tempos da Ditadura Militar – (1964-1985)    Abrimos o Brasil para o capital estrangeiro.   Nossa economia se internacionaliza entre 1974 a 1976.  Expansão do capital e arrocho salarial.       Como uma das reações, o levante dos empregados do ABC paulista   (Santo André, São Bernardo e São Caetano do Sul).     Os sindicalistas ajudaram a levantar o povo pelo fim da ditadura.     Emerge no contexto o Novo Sindicalismo no Brasil que floresce nas lutas do ABC.  (1979 a 1981).    Em 1981 surge o movimento pró CUT Central Única dos Trabalhadores.   Em 1982 nasce o PT.   Em 1983 é criada a CUT.
         Em 1986, redemocratizado o Brasil (na base da mobilização popular), voltam à legalidade o PCB e o PCdoB.
         Em 1985 o movimento pelas Diretas Já.    1988 promulgada a nossa atual Constituição Federal.
         Em 1989 – Lula e Collor disputam eleição.  Collor eleito.
         Anos 1990 – Neoliberalismo com FHC no comando.   Fernando Henrique Cardoso  (PSDB)
         Até o ano de 1988 funcionário público não podia ser sindicato.   Criavam associações de defesa de classe.   É o caso da APP Associação do Professorado Paranaense.   Hoje APP Sindicato.
         O Brasil para sair do mito tem que derrotar o mito.
         Os países que historicamente se instalaram com partido único não foram muito longe porque sempre há contradições e diferentes classes.  E os consequentes conflitos.

         Sugestão de filme:    Linha de Montagem.
         Há também em pdf uma apostila do Mini Curso que pode estar disponível na internet.

             orlando_lisboa@terra.com.br    (41)  999172552

             Quem puder dar algum retorno sobre o texto lido, sempre anima este anotador e “fazedor” de fichamentos.           The End.